segunda-feira, 30 de junho de 2014

10 maneiras de preparar novas gerações para a vida


Quando se pensa em crianças e adolescentes atualmente, as notícias nem sempre são boas. Cresceu o número de atendimentos psicológicos, aumentaram os casos de distúrbios de comportamento e de depressão infantojuvenil e subiu o nível de desemprego entre os jovens em vários países do mundo.
Diante dessa realidade, uma pergunta nos inquieta: como preparar as nossas crianças para viver em um mundo tão complexo?
Elas precisam desenvolver desde cedo capacidades específicas como consciência e autocontrole das emoções, resiliência, capacidade de resolver problemas, organização e paciência. Esses são alguns exemplos das chamadas habilidades socioemocionais, também conhecidas como competências para o século 21 ou capacidades não cognitivas. É esse conjunto de habilidades que realmente conta quando a vida nos desafia, nos machuca e nos presenteia também.
O mundo mudou profundamente e uma onda de novas possibilidades já chegou. A maneira de aprender e de ensinar está mudando, o nosso jeito de trabalhar está se transformando e a nossa visão sobre o que é necessário para lidar com a vida está se atualizando.
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Guillermo Carballa fotografa as "misteriosas" florestas espanholas

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Educação em jogo


Manuel Evaristo morava em uma casa de pau-a-pique coberta com palha de coqueiro no interior do Rio Grande do Norte. Dormia na rede e, para ajudar nas despesas, vendia cocada. Em uma corrida de rua, sem treino ou preparo físico, o garoto de 11 anos de pés descalços chamou a atenção de Magnólia Figueiredo, campeã olímpica potiguar de atletismo, que logo tratou de levá-lo para treinar profissionalmente em Natal. Manuel Evaristo cresceu, tornou-se campeão, foi medalhista brasileiro de atletismo e hoje, aos 49 anos, dedica-se a resgatar jovens das ruas de Brasília. “Se não fosse o esporte, eu sequer estaria vivo”, acredita o treinador, que faz pelos outros o que um dia alguém fez por ele.
À frente do Instituto Joaquim Cruz, Evaristo já treinou cerca de 250 atletas, mudou o destino de adolescentes que viviam na delinquência e vibra ao ver um garoto que andava armado hoje estudando e trabalhando. “O esporte é um simulacro, uma ótima analogia da vida”, analisa Renato Miranda, professor da Faculdade de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora e consultor de atletas. Autor de dois livros sobre o desempenho humano através do esporte, ele afirma que a postura do educador é determinante, destacando o conhecimento, a autoridade, a educação e a autodisciplina, qualidades essenciais para a obtenção de bons resultados em qualquer matéria.
Ex-técnico de basquetebol e professor aposentado da USP, Dante De Rose Júnior aponta alguns ensinamentos que o educador pode aprender com o esporte. “Muitas vezes, o professor de sala de aula não dá abertura para o aluno se manifestar”, observa. “No esporte existe autoridade, mas exercer autoridade não significa ser autoritário. Vejo professores exigindo respeito quando, na verdade, tem de ser conquistado”, conclui. 
Para ler o texto completo de Silvana Azevedo clique aqui

De como Takiguthi decidiu declarar-se não-artista

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Maurício Takiguthi, pintor, trabalha há 28 anos como pintor, mas ainda se mantém “diante do mundo como aprendiz”, vivendo “cheio de dúvidas, questões, e instigado pela curiosidade de querer entender o que os mestres viam”. Mas acrescenta que não há como medir a plausibilidade deste tipo de desejo, desta ambição. Nunca podemos saber aonde nossos desejos nos levam, mas serve como um motor que nos move e que move o pintor até hoje “depois de 28 anos de estrada”.
“Continuo insistindo em obter respostas, acrescenta ele. Porque continuo frustrado boa parte do tempo por não tê-las. Porque continuo ‘apanhando’ e, mais importante, porque continuo sentindo tesão pelo realismo que me instiga na esperança de um dia ter acesso”.
Para ler o texto completo de Mazé Leite clique aqui

O jogo geopolítico da Rússia e da China

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Governos, políticos e mídia no mundo “ocidental” parecem incapazes de compreender os jogos geopolíticos na forma como são praticados por quaisquer outros. As suas análises do anunciado novo acordo da Rússia e da China são um surpreendente exemplo disto.
Em 16 de maio, Rússia e China anunciaram ter assinado um “tratado de amizade” que duraria “para sempre” mas não é uma aliança militar. Simultaneamente, anunciaram um acordo sobre o gás, pelo qual os dois países irão construir um gasoduto para exportar gás russo para a China. A China vai emprestar à Rússia o dinheiro com o qual esta construirá a sua parte do gasoduto. A Gazprom (maior produtora russa de gás e de petróleo) fez algumas concessões de preço à China, questão que reteve durante algum tempo a assinatura do acordo.

Para ler o texto completo de Immanuel Wallerstein clique aqui

As cabeças cortadas de Sergio Bianchi

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Quem conhece os filmes de Sergio Bianchi sabe que a sutileza não é o seu forte. Sabe também, em compensação, que neles não há lugar para a complacência e muito menos para a hipocrisia. Implacável, inflexível, seu dedo costuma tocar direto nas feridas que outros artistas preferem ignorar ou contornar. Não é diferente com seu novo trabalho, Jogo das decapitações.
Desta vez, o protagonista é Leandro (Fernando Alves Pinto), um estudante de pós-graduação que prepara mestrado sobre a esquerda no período da ditadura militar. Sua mãe é uma ex-prisioneira política (Clarisse Abujamra) que dirige uma ONG de direitos humanos empenhada em conseguir indenizações para vítimas do regime. Seu pai (Paulo César Pereio), artista libertário preso por atentado ao pudor na juventude, virou prisioneiro comum décadas depois por ter matado uma mulher. Numa rebelião num presídio, ele pode ser um dos mortos não identificados, mas também pode ser um dos fugitivos.
É entre esses dois polos – a militância convencional de esquerda encarnada pela mãe e a pulsão transgressora do pai – que transita o atormentado rapaz.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

Iraque: os Estados Unidos cansados de guerra

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Os políticos e assessores conservadores que apoiaram a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque em 2003 não conseguiram convencer a população e nem o Congresso da necessidade de uma nova intervenção militar naquele país, apesar de sua onipresente pressão nos meios de comunicação.
De fato, em contraste com a posição acrítica adotada por quase todos os veículos de comunicação norte-americanos no período prévio à invasão do Iraque, em março de 2003, desta vez vários deles rechaçam abertamente os conselhos dos chamados falcões conservadores sobre a resposta que Washington deve dar ao avanço dos radicais islâmicos sunitas no Iraque.
Para ler o texto completo de Jim Lobe clique aqui

Dez anos de cotas na universidade: o que mudou?

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Em 1997, apenas 2,2% de pardos e 1,8% de negros, entre 18 e 24 anos cursavam ou tinham concluído um curso de graduação no Brasil. O baixo índice indicava que algo precisava ser feito. “Pessoas estavam impedidas de estudar em nosso país por sua cor de pele ou condição social. Se fazia necessário, na época, uma medida que pudesse abrir caminho para a inclusão de negros e pobres nas universidades”, lembra a pesquisadora e doutora em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Teresa Olinda  Caminha Bezerra.
A solução encontrada para que se diminuísse o déficit histórico de presença de negros e pobres nas universidades brasileiras foi a adoção de ações afirmativas por meio de reservas de vagas, que ficaram conhecidas como cotas. Porém, por todo o país, houve resistências à sua implementação.
Para ler o texto completo de Igor Carvalho clique aqui

Fotografando velhos trens nos EUA

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Para ver as fotos de velhos trens nos EUA clique aqui

Para uma Estética das Mulheres Erradas

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Eu tenho os pés grandes. Sou bem mais alta do que a média das mulheres e do que boa parte dos homens em nosso país. Não sou gorda, mas estou bem mais longe de ser magra. Usei óculos durante toda minha vida adulta, até bem pouco tempo atrás. Tenho os quadris (bem) largos. As coxas gorduchas. Um pouco de papo. Pelos em tom escuro. Estrias. Vasinhos nas pernas. Cicatrizes.
Sempre tive – e ainda tenho – dificuldades em encontrar sapatos que me sirvam. Coloridos, diferentinhos, com pequenos charmes? Ainda menos. Roupas também, embora sapatos sejam mais fáceis. Sutiãs perfeitos? Nem sonhando. Sempre destoei, em termos de corpo, tamanho. Sempre me senti um peixe fora d’água (ou uma baleia – e nada contra as baleias, aliás, que lideram minha lista de animais favoritos junto aos elefantes, claro; questão de empatia).
Para ler o texto completo de Marília Moschovich clique aqui

A nova direita


Os Intelectuais de Direita Estão a Sair do Armário é o título de uma reportagem de Paulo Moura publicada na revista 2, do PÚBLICO, no passado domingo. Tal título veicula a suposição de que o pensamento de direita foi reprimido ou levado a um regime de auto-limitação, tendo finalmente chegado o momento da sua libertação e afirmação pública. Pensar assim é um equívoco. A direita apresentada na reportagem não coincide com a direita dura, tradicional, que se sucedeu sob várias formas ao longo do século XX (essa nem precisou de se esconder no armário porque morreu de morte natural).
Para ler o texto completo de António Guerreiro clique aqui

Sem medo de dizer "não"


No livro Limites: entre o prazer de dizer sim e o dever de dizer não, a psiquiatra e psicanalista Nina Rosa Furtado reúne um time de especialistas para abordar as várias faces do dizer “não” e sua importância para a formação do ser humano. Professora da Faculdade de Medicina da PUCRS, ela se dedica à pesquisa com universitários que adoecem emocionalmente na universidade e coordena um ambulatório no Hospital São Lucas para atendimento desses casos.  
Em uma entrevista realizada por e-mail, Nina Furtado fala sobre relações familiares e escolares, limites e autoridade, propondo importantes reflexões para aqueles que estão envolvidos na educação dos jovens em uma realidade em permanente transformação. “O mundo da educação e do desenvolvimento humano sempre está em modificação ou, pelo menos, deveria estar. Vivemos no gerúndio”, diz.
Para ler a entrevista de Nila Furtado clique aqui

Espaços urbanos são para atender o interesse coletivo, não o particular

wikimedia commons

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, toma a segunda medida importante para garantir a melhoria do trânsito – e da vida – na cidade. A primeira foi ampliar e fiscalizar o uso de corredores exclusivos de ônibus, medida iniciada por Marta Suplicy e descontinuada por Serra e Kassab. A segunda, eliminar cerca de quarenta mil estacionamentos de automóveis nas vias, para garantir espaço para ciclovias.
Sem precisar entrar em detalhes em relação ao problema, que é do conhecimento de todos, temos convicção em afirmar que a política a ser adotada, para melhorar o trânsito e a vida das pessoas em São Paulo, é a de restringir a circulação de automóveis particulares e - no curto, médio e longo prazo - investir em infraestrutura e legislação que priorize o transporte público. Essa restrição não é temporária, mas um caminho sem volta, em cidades como São Paulo. Fugir disso é querer aumentar o problema.
Os milhões de carros particulares que circulam diariamente em São Paulo se apropriam de grande parte dos espaços viários e urbanos, muitas vezes com apenas uma pessoa no seu interior. Enquanto isso, milhões de pessoas, nos transportes coletivos, são espremidas nos reduzidos espaços deixados por aqueles.
Para ler o texto completo de José Augusto Valente clique aqui

Homem provoca revolução feminina ao criar máquina de absorventes baratos na Índia

O indiano Arunachalam Muruganantham criou uma fábrica de 
absorventes higiênicos mais baratos

Um homem simples, de uma família pobre na Índia, revolucionou a saúde menstrual em países de baixa renda ao inventar uma máquina que produz absorventes baratos. Para testar seu produto, até mesmo criou um "útero" artificial, com uma bexiga e sangue de cabra.
Num país extremamente conservador e supersticioso, os experimentos de Arunachalam Muruganantham para desenvolver sua invenção tiveram grande custo pessoal - ele quase perdeu sua mulher, sua mãe e chegou a ser expulso de onde vivia. Mas manteve seu senso de humor.
"Tudo começou com a minha mulher", diz. Em 1998, ele era recém-casado e seu mundo girava em torno de sua esposa, Shanthi, e sua mãe viúva. Um dia ele viu que Shanthi estava escondendo alguma coisa dele. Ficou chocado ao descobrir o que era - "trapos asquerosos" que ela usava durante a menstruação.
Quando ele perguntou por que ela não usava absorventes higiênicos, ela disse que não sobrariam recursos para comprar o leite.
Querendo impressionar sua jovem esposa, Muruganantham foi à cidade para comprar-lhe um absorvente. O produto foi entregue a ele apressadamente, como se fosse contrabando. Ele o pesou em sua mão e se perguntou porque 10 gramas de algodão, que na época custava 10 paise (o equivalente a menos de um centavo de real), eram vendidos por 4 rúpias (cerca de R$ 0,40) - 40 vezes mais. Ele decidiu que poderia fazer absorventes mais baratos.
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domingo, 29 de junho de 2014

LÍNGUA PORTUGUESA: A velhíssima mãe e os seus diferentes filhos


É sempre ingrato falar de algo tão usual como a língua, mas talvez seja por muito falarmos dela, com euforia e sem tino, que a ela sempre voltamos, como náufragos sem madeiros que nos valham num mar imenso. Vamos, pois, à língua e aos seus futuros.
Mas é impossível falar em futuro sem relembrar, ainda que brevemente, o passado. O tempo do galego-português (ou galaico-português, se preferirem), nascido do latim no ângulo noroeste da Península Ibérica, depois da presença romana iniciada em 218 a.C. Outras invasões e conquistas trouxeram outros falares. E se o latim escrito continuava como língua de cultura e transmissão de conhecimento, o português nascido de uma das línguas peninsulares (galego-português, castelhano e catalão; os bascos não haviam abraçado o latim e assim se mantiveram) viu o seu vocabulário, latino e grego na origem, enriquecer-se com palavras de origem germânica (menos) ou árabe (mais). O Testamento de D. Afonso II, que está na origem da mais recente euforia celebrativa, está datado de 27 de Junho de 1214 (faz agora exatamente 800 anos) e é, a nível oficial, o mais antigo documento escrito em língua portuguesa de que há registo. Mas o português não parou por aí, e às influências da proximidade com o castelhano (que chegou a ser usado como segundo língua falada e escrita, inclusive por Gil Vicente e Camões) veio depois a ser influenciado, a partir do século XVIII, pela língua francesa. Gramática, Ortografia e Lexicografia iam-se desenvolvendo desde o século XVI. E iam surgindo os dicionários e vocabulários, com realce para os de Bluteau e de Morais e Silva (ambos escritos e publicados já no séc. XVIII). Por onde andava o português falado, já então?
Para ler o texto completo de Nuno Pacheco clique aqui 
Leia também o texto “Língua portuguesa, recurso fabuloso” de José Ribeiro e Castro clicando aqui

A Internacional do Capital Financeiro

Arquivo

A revista Forbes publicou em maio deste ano que 5% do PIB brasileiro está nas mãos de quinze ilustres famílias, que detém um patrimônio de 269 bilhões de reais. Thomas Piketty, autor do "O Capital no Século 21" - mencionado por Paul Krugman como provavelmente o mais importante livro de economia desta década - é autor de uma frase de uma obviedade alarmante nos dias que correm, mas que passa ter valor especial porque é formulada, não por um inimigo do capitalismo, mas por um insatisfeito com os seus rumos atuais: "os poucos que estão no topo  - diz Thomas - tendem a apropriar-se de uma grande parcela da riqueza nacional, à custa da classe média baixa" e que "isso já aconteceu no passado e pode voltar a acontecer no futuro". 
O remédio apontado pelo autor, um imposto global progressivo, vai precisamente contra a tendência autorizada pelas grandes agências financeiras, públicas e privadas, de importância no mundo, como se vê nas medidas em andamento nos países da União Europeia, que pretendem recuperar suas combalidas economias. Estudo recente, publicado pelo "El País" (22 jun. 2014), mostra 10% de queda nos gastos de alimentação da população espanhola no ano de 2013, o que atinge diretamente o consumo básico dos assalariados, aposentados e desempregados, que vivem da parca ajuda estatal. 
Para ler o texto completo de Tarso Genro clique aqui 

Fotografando as mais criativas estátuas e esculturas ao redor do mundo

Expansion, Paige Bradley

Para ver várias fotos das mais criativas estátuas e esculturas ao redor do mundo clique aqui

"Paolo e francesca" - Maria Teresa Horta


Paolo e Francesca
Eles escondem-se
vulneráveis
entre as ruínas

Numa trágica
paixão
que os estilhaça e arrasta

Eles perdem-se
em si mesmos
num amor impossível

Abrem o peito
indefeso
à lâmina nefasta


Maria Teresa Horta 

"O império português é talvez o mais flexível a gerir populações coloniais até ao século XVIII"


O historiador português Francisco Bethencourt, que publicou o livro Racisms: from the crusades to the twentieth century (Princeton University Press), não é, definitivamente, um saudosista do luso-tropicalismo do sociólogo e ensaísta brasileiro Gilberto Freyre. Não defende que o império colonial português tenha sido menos racista do que impérios como o britânico.
O seu livro, ao convocar um tema como o racismo e ao fazer uma história comparativa, vai ao coração das sociedades coloniais e à gestão dessas populações. Como é que se deve lidar com a intensa miscigenação no Brasil dos portugueses com a população indígena e com os escravos africanos, consequência de uma reduzida emigração de mulheres portuguesas logo desde o início da colonização? Porque é que esta população de raça mista ganhou muito mais privilégios sociais e políticos do que no império britânico? Porque é que na América do Norte no século XIX a raça mista desapareceu das classificações raciais e posteriormente passou a ser possível ser apenas branco ou preto? Por que razão, ao contrário, no fim do período colonial no Brasil a nomenclatura racial chegou a ter 150 categorias?
Esta conversa-entrevista durou mais de três horas e começou depois de uma visita guiada pelo King’s College de Londres, onde o historiador é regente da cátedra Charles Boxer. Francisco Bethencourt partira essa manhã de Cambridge às 6h45, onde vive com a família (a mulher, Ulinka Rublack, é professora de História na Universidade de Cambridge, especialista em história da mulher, cultura visual e material do Renascimento e na reforma protestante). Desde a estação de comboio a que chega em Londres, costuma pedalar até ao King’s. A bicicleta aí está, guardada no seu gabinete, por onde passamos a caminho de uma aula.
O historiador português, autor de História das Inquisições, Portugal, Espanha e Itália (Círculo de Leitores, 1994), entrou para o King’s College em 2005, cerca de um ano depois de sair do Centro Cultural da Gulbenkian em Paris, que dirigiu, onde chegou vindo da direção da Biblioteca Nacional de Portugal.
Combinámos que assistiria a uma aula no curso de História Mundial: Poder e Desigualdade ao meio-dia, antes da entrevista. No King’s, Bethencourt ensina, pela primeira vez, o que investiga e cita aliás na introdução a importância do “feedback” dos alunos para a construção do livro. Primeiro é a “lecture”, depois a discussão. O professor Francisco Bethencourt promete aos 16 alunos uma surpresa à primeira imagem: “É de um livro escrito no início do século XIV sobre xadrez e dá-nos uma visão diferente da sociedade das três ordens na Europa. A origem do jogo de xadrez é a Índia e o jogo veio para a Europa no século XI. A rainha pode mexer-se em todas as direções...” O jogo de xadrez era um aperitivo para o tema principal: a importância dos clãs guerreiros nas invasões bárbaras da Europa. Mais à frente, lembra durante a discussão, “uma coisa é como a sociedade se descreve, outra é como funciona”.
Para ler a entrevista de Francisco Bethencourt clique aqui

O papel da autoridade nas relações educativas


O problema da educação no mundo moderno reside no fato de, por sua natureza, ela não poder abrir mão nem da autoridade, nem da tradição, e ser obrigada, apesar disso, a caminhar em um mundo que não é estruturado nem pela autoridade nem tampouco mantido coeso pela tradição (Arendt, 2003, p. 245). Hannah Arendt foi a pensadora mais profunda ao refletir sobre as origens não pervertidas da relação de autoridade na educação. Isso significa buscar o que há de originário na relação educativa, sem ter por que se adaptar ao cânone pedagógico ou a modas vigentes.
A crise da tradição, manifestada na crise da autoridade, torna paradoxal a tarefa de educar no mundo moderno. Se não há nada que mereça ser conservado, em que devemos introduzir as novas gerações, com o sentido que dá a autêntica autoridade, então educar é uma tarefa que desapareceu definitivamente do horizonte. Reivindicar o trabalho educativo da escola exige prioritariamente revalidar em termos sociais a função do professor e da escola, sem cuja “autoridade moral”, como ressaltou Durkheim, não cabe propriamente educar.
Para ler o texto completo de Antonio Bolívar clique aqui
Leia também o texto "Autoridade como responsabilidade pelo mundo" de José Sérgio Carvalho clicando aqui

EUA: No país das highways, o uso do carro patina


Nos EUA, o carro perde espaço não apenas como meio de locomoção mas também como objeto de desejo e expressão de um certo modo de vida. Demografia e economia, além da questão ambiental, fazem com que menos jovens tirem carteira de motorista e cidades invistam em sustentabilidade para atrair moradores.
Para ler o texto completo de Raul Juste Lores clique aqui

O mundo é uma multinacional, chama-se 'Existe, Lda.'


Vencedor da primeira edição do Prémio José Saramago, atribuído em 1999 ao romance Natureza Morta – o segundo de uma trilogia sobre autores portugueses do século XIX – Paulo José Miranda (n. 1965) não teve nos anos que se seguiram, apesar de ter continuado a publicar com assiduidade, a mesma projecção mediática dos vencedores portugueses das edições posteriores do prémio (José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe e João Tordo).
Esta quase ausência de atenção por parte da comunicação social ter-se-á devido ao facto de Miranda ter tomado a decisão de não viver em Portugal. “A minha vida deu muitas voltas. Vivi em muitas cidades e muitas vidas diferentes. Mas isso faz parte da minha história pessoal”, disse ao Ípsilon.
Para ler a entrevista de Paulo José Miranda clique aqui

6 pontos sobre a Primeira Guerra Mundial

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No dia 28 de junho de 1914, 100 anos atrás, o auto-proclamado nacionalista iugoslavo, muitas vezes descrito como um anarquista, Gavrillo Princip, de 19 anos, assassinou em Sarajevo o Arquiduque Franz Ferdinand da Áustria e sua esposa Sophie, Duquesa de Hohenberg. O Arquiduque, sobrinho do Imperador Franz Joseph I (primo irmão de D. Pedro II), era o herdeiro do trono em Viena. Princip atirou duas vezes contra o Arquiduque, que era seu alvo. A primeira bala atingiu-o no pescoço. A segunda-bala atingiu o abdomen da Duquesa, que se interpusera entre o Arquiduque e o assassino, tentando protegê-lo. Ambos morreram poucos momentos depois. Naquele dia, durante o desfile que o casal fazia em Sarajevo, já houvera uma tentativa de matá-los através de uma bomba que, com um dispositivo de retardo, demorou a explodir a atingiu o quarto carro que vinha atrás.
Apesar disto, não houve precauções especiais tomadas, a não ser a orientação para mudar o roteiro posterior do desfile, o que não foi obedecido. Ao se dar conta do erro, o cocheiro parou o carro para dar meia-volta. Nesta ocasião Princip se aproximou e fez os disparos. Além deles dois, quatro outros conspiradores estavam no caminho para matar o Arquiduque. O atentado fez parte de uma série deflagarada contra diferentes aristocratas em toda a Europa.  A tia de Franz Ferdinand, a Imperatriz Sissi (Elisabeth da Baviera) já fora vítima de um, em Genebra. Princip morreria na prisão quatro anos depois, de tuberculose.
Para ler o texto completo de Flavio Aguiar clique aqui

sábado, 28 de junho de 2014

A experiência do Programa Jovens Urbanos


Fundado há 27 anos, o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) foi criado com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade da educação pública. Entre os desafios colocados a uma organização com essa missão, as questões ligadas à juventude impuseram-se como um tema essencial.
Entre 1997 e 2000, o Cenpec fez sua primeira incursão nessa área com o projeto “Jovens, saber e socialização”, em parceria com o Banco Itaú e a Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. A pesquisa teve como objetivo criar um espaço de diálogo com os alunos do ensino fundamental público para verificar como suas experiências, os sentidos a elas atribuídos e sua condição de vida relacionavam-se com o processo de aprendizagem e o cotidiano escolar. 
A análise das falas e produções elaboradas pelos jovens ao longo das oficinas ofereceu pistas significativas para conhecê-los melhor, compreender sua visão de mundo, seus pontos de vista, a imagem que têm de si mesmos e das pessoas com as quais convivem, o modo como olham para o lugar onde vivem, seus gostos e o que consideram importante saber. 
O projeto resultou na produção de uma coleção de três volumes (Escutar: um ponto de encontro, Olhar: histórias de lugares e vínculos e Pertencer: subjetividade, socialização e saber), com uma tiragem de 3 mil exemplares, distribuída a educadores sociais, professores, técnicos e gestores de secretarias municipais e estaduais de educação. 
O conhecimento e as reflexões decorrentes desse projeto subsidiaram a concepção do Programa Jovens Urbanos, uma iniciativa da Fundação Social Itaú com a coordenação técnica do Cenpec. 
Para ler o texto completo de Wagner Santos e Lilian Kelian clique aqui


As 13 previsões mais catastróficas, e furadas, sobre a Copa no Brasil

Arquivo

A Copa do Mundo não resolveu e não irá resolver todos os problemas do país. Aliás, nem é esta a função de um evento esportivo privado. Mas que o mundial atrai turismo e investimentos externos, não há mais dúvidas. Como também não há nenhuma de que ele mexe com autoestima de um país incentivado durante séculos a cultivar um inapropriado “complexo de vira-latas”! 
Por isso, agora que o sucesso do evento já é reconhecido em todo o mundo, que o país já provou que pode ser organizar uma bela copa e que os turistas e os investimentos estrangeiros continuam chegando, é hora de dar boas gargalhadas com previsões mais pessimistas  feitas pelas cartomantes de plantão que tanto torceram contra a realização do mundial.
Das adivinhações às avessas do mago Paulo Coelho à mudança de planos da cineasta que fez sucesso afirmando que não viria ao Brasil, dos prejuízos contabilizados pelo tucanato ao delírio do protesto do chuveiro no “modo quentão”, do mau-humor da imprensa estrangeira à campanha permanente da Veja. 
Confira as 13 previsões mais catastróficas – e furadas – sobre a Copa do Mundo no Brasil clicando aqui

Por que roqueiros dos anos 80 se tornam neoconservadores?

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Fazendo caras feias e rostos vincados, roqueiros dos anos 80 se zangam e protestam dizendo que 30 anos depois, nada mudou no País. Artistas e bandas de rock que na década de 1980, inspirados no punk e pós-punk, se opunham ao regime militar e reivindicavam pelas Diretas Já e democracia. Hoje, queixam-se para uma mídia ávida por declarações conservadoras não só contra o Governo e o PT, mas  contra a própria instituição da Política e dos políticos. Por que só depois de 30 anos descobriram que o País “só patina ou piora”? Oportunismo em meio de carreiras em declínio? Forma de ganhar visibilidade midiática adotando o neoconservadorismo? Talvez a explicação não seja tão simples: por trás do niilismo e pessimismo fashion desses roqueiros talvez exista a repetição do trauma de uma geração que cresceu sob o impacto da cultura hiperinflacionária dos anos 80. Presos a essa cena de décadas atrás, de contemporâneos tornaram-se extemporâneos.
Em foto promocional do 18° discos dos Titãs, o grupo posa com caras de maus e vestidos de preto sobre lambretas. “São as caras feias de um Brasil que, vira e mexe não muda”, dá legenda o jornal O Globo. E na matéria o guitarrista (e colunista do próprio jornal) Tony Bellotto, 53, fuzila: “é uma merda pensar como o Brasil há 30 anos ou patina, ou piora”.É recorrente a leva de roqueiros dos anos 80 como Lobão, Roger, Dinho Ouro Preto, Léo Jaime entre outros que não só desfilam opiniões catastrofistas e de descrédito não só ao Governo Federal e ao PT, mas em relação à própria instituição da Política em redes sociais e grande mídia.
Para ler o texto completo de Wilson Roberto Vieira Ferreira clique aqui

'A juventude do Afeganistão vai sucumbir ao soft power dos EUA'

Wolgrand Ribeiro

Prestes a completar 43 anos e há duas décadas radicado em Genebra, na Suíça, o jornalista e documentarista brasileiro Wolgrand Ribeiro tem larga experiência em regiões de conflito, forjada em coberturas e filmagens realizadas em locais como Bósnia, Palestina e Timor Leste, entre outros. De volta do Afeganistão, onde filmou o documentário Kaboul Song, uma tocante história sobre o retorno do cantor popular Ustad Arman a seu país de origem após 25 anos de exílio na Suíça, o brasileiro se diz impressionado com o abandono em que se encontram os afegãos e denuncia que, órfã de iniciativas culturais populares e influenciada pela rápida expansão das redes privadas de televisão no país, a juventude afegã já sucumbe ao soft power emanado da publicidade e dos americanizados programas de tevê.
Ribeiro acompanhou o dia-a-dia de Ustad Arman, de 78 anos, em sua volta ao Afeganistão, onde o cantor foi convidado para ser jurado do programa de tevê Afhgan Star – uma cópia de American Idol, programa de revelação de novos talentos exibido nos Estados Unidos – transmitido pelo canal privado Tolo TV. Em sua terra natal após longo exílio, Ustad, ainda reconhecido e assediado nas ruas pelos afegãos, dividiu seu tempo entre as gravações e as andanças em procura por velhos amigos e lugares que marcaram sua trajetória na hoje arruinada Cabul. Ao também acompanhar alguns jovens aspirantes a astro que participam do programa de tevê, o documentarista brasileiro propõe uma importante reflexão sobre a degradação cultural do Afeganistão, a falta de perspectiva da juventude afegã e a força da presença norte-americana em um país arrasado e carente.
Para ler a entrevista de Wolgrand Ribeiro clique aqui

Fotografando à beira do abismo ou a aventura dos limites humanos


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O ensino de literatura e a formação de leitores críticos


Falar sobre literatura é falar sobre leitura. E falar sobre leitura, se é entusiasmante, é bastante complexo: há muitas portas de entrada nessa discussão, muitos vieses. Neste texto está a minha porta de entrada, as minhas convicções, que, sendo convicções, constituem-se naquilo em que acredito e, em que pese serem minhas, são advindas de muitas outras pessoas com quem conversei, do que li, do que observei. Contudo, cabe sempre lembrar que, na caminhada de um professor, a reflexão é uma constante; portanto, a revisão de seu pensamento e de suas convicções também, o que significa dizer que, embora sejam minhas convicções no momento, elas não são o único caminho e estão passíveis de mudança.
Minha primeira convicção é a de que só gostamos daquilo que conhecemos. Isso vale para tudo na vida. Adaptando ao ensino da literatura, só gostamos daquilo que entendemos. E fazer os alunos entenderem literatura é papel da escola; ensinar os alunos a ler literatura é papel da escola. Mark Twain, escritor norte-americano do século XIX, disse que o homem que sabe ler e não lê bons livros não leva nenhuma vantagem sobre o homem que não sabe ler. Se ele está certo, o papel da escola é não apenas ensinar os alunos a ler literatura, mas apresentar a eles os bons livros. 
Para ler o texto completo de Suzana Borges da Fonseca Bins clique aqui


Dez teses sobre a ascensão da extrema direita europeia


O resultado das eleições para o Parlamento Europeu, no fim de maio, registrou na prática o fortalecimento dos partidos de extrema direita no continente. Para sociólogo, discurso com que esquerda explica o crescimento do fascismo pela via da crise econômica reduz fenômeno e deixa de lado suas raízes históricas.
1. As eleições europeias confirmaram uma tendência observada já há alguns anos na maior parte dos países do continente: o crescimento espetacular da extrema direita. Esse é um fenômeno sem precedente desde os anos 1930. Em muitos países, essa corrente obtinha entre 10 e 20%. Hoje, em três países (França, Inglaterra e Dinamarca), ela já atinge entre 25 e 30% dos votos. Na verdade, sua influência é mais vasta do que seu eleitorado: ela contamina com suas ideias a direita "clássica" e até mesmo uma parte da esquerda social-liberal. O caso francês é o mais grave; o avanço da Frente Nacional ultrapassa todas as previsões, mesmo as mais pessimistas. Como escreveu o site Mediapart em um editorial recente: "São cinco para meia-noite".
Para ler o texto completo de Michael Lowy clique aqui

O jornalismo de hoje: entre o Mercado e o Povo

Eric Drooker

Por ter larga carreira na profissão, me pediram para dar minha opinião às novas gerações sobre o que é o jornalismo.
O fato é que em pouco mais de uma geração, o jornalismo viveu transformações profundas. Cabe lembrar que foi criado pelas elites. No apogeu da era colonial, o Times de Londres tinha uma circulação de apenas 50.000 cópias, todas para a elite e para os funcionários do Império Britânico.
O jornalismo se transformou em um meio de comunicação de “massa”, quando, no século XIX, os Estados Unidos de depararam com uma onda de imigrantes e tiveram de adequar seu jornalismo às necessidades de sua “panela de culturas”, em que milhões de pessoas de lugares muito diferentes tiveram de se adaptar ou assumir a identidade americana.
Para ler o texto completo de Roberto Savio clique aqui 

Depois de reinventar o faroeste, Eastwood não fez sequer um filme ruim


Clint Eastwood já deixou de ser astro para se tornar lenda há tempos. Aos 84 anos, continua trabalhando como nunca, com "Jersey Boys: Em Busca da Música", seu33° longa como diretor, aterrissando agora nos cinemas. Clint começou a carreira ao fim dos anos 50 em um sem número de pontas no cinema e na TV. A série "Rawhide", com oito temporadas e mais de duzentos episódios, o tornou sinônimo de western, imagem que ele solidificou ao lado do diretor Sergio Leone em três clássicos: "Por Um Punhado de Dólares"," Por Uns Dólares a Mais" e, sim, "Três Homens em Conflito" – este último, uma das maiores obras primas já concebidas no cinema.
Lançado em 1966, o faroeste de Leone era o ápice de um gênero ainda eterno. O título original, "O Bom, o Mau e o Feio", trazia um trio de atores tão diverso quanto inesquecível. O mau era Lee Van Clif, de feições magnéticas e olhar gélido. Eli Wallach era o feio, ator versátil e eclético, que trabalhou sem parar até sua morte, há poucos dias, aos 98 anos – Van Clif se foi em 1989, aos 64. Para Clint, sobrava o papel do "bom", o mocinho de feições duras e coração nobre.
Para ler o texto completo de Roberto Sadovski clique aqui
Para ver o trailer legendado clique aqui

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Fotógrado Herman Damar captura o cotidiano de aldeias indonésias

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Para ver o trabalho fotográfico no qual Herman Damar captura o cotidiano de aldeias indonésias clique aqui

"Mais um adeus" - Vinicius de Morais


Mais um adeus
Olha, benzinho, cuidado
Com o seu resfriado
Não pegue sereno
Não tome gelado
O gim é um veneno
Cuidado, benzinho
Não beba demais
Se guarde para mim
A ausência é um sofrimento
E se tiver um momento
Me escreva um carinho....
O amor é uma agonia
Vem de noite, vai de dia
É uma alegria
E de repente
Uma vontade de chorar
Vinicius de Morais

Chico Buarque - "Essa Moça Tá Diferente"


Para escutar "Essa Moça Tá Diferente" na voz de Chico Buarque clique aqui

Drogas: tenente da PM propõe legalização

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Ter que sair às ruas por pouco mais de três anos para prender traficantes e combater os pontos de venda de drogas fez o tenente Danillo Ferreira, de 28 anos, da Polícia Militar na Bahia, refletir sobre o seu papel como agente do Estado na guerra contra as drogas. “Todo policial sabe que a gente enxuga gelo nessa questão”, resume, antes de completar com uma conclusão sobre o assunto: “É impossível proibir o consumo de qualquer tipo de substância em uma democracia”.
Apesar de ser policial militar, Danillo Ferreira tornou-se, há um ano, porta-voz da Law Enforcement Against Prohibition (LEAP) no Brasil, uma organização internacional que reúne juízes, promotores, policiais e agentes penitenciários a favor da legalização de todas as drogas, com o objetivo de reduzir o número de mortes e impedir o desenvolvimento de estruturas criminosas que nascem com o tráfico.
Para ler a entrevista de Danillo Ferreira clique aqui

A melancólica decadência da velha mídia brasileira

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1. TODOS os grupos de mídia fizeram a mesma cobertura negativa da Copa, com os mesmos tons de cinza, o mesmo destaque às irrelevâncias, prejudicando seu próprio departamento comercial pelo desânimo geral que chegava aos anunciantes.
2. NENHUM grupo preparou uma reportagem sequer mostrando os detalhes de uma organização exemplar, que juntou governos federal, estaduais, municipais, Ministério Público, Tribunais de Conta, Polícia Federal, Secretarias de Segurança, departamentos de trânsito, construtoras, fundos de investimento. NENHUM!
3. Depois, TODOS fazem o mea culpa e passam a elogiar a Copa no mesmo momento.
4. Na CPMI de Carlinhos Cachoeira TODOS atuaram simultaneamente para abafar as investigações.
5. Na do “mensalão”, TODOS atuaram na mesma direção, no sentido de amplificar as denúncias e esmagar qualquer medida em favor dos réus, até as mais irrelevantes.
6. Na Operação Satiagraha, pelo contrário, TODOS saíram em defesa do banqueiro Daniel Dantas, indo contra a tendência histórica da mídia de privilegiar o denuncismo.
7. No episódio Petrobras, TODOS repetiram a mesma falácia de que a presidente Maria da Graça disse que foi um mau negócio e o ex-presidente José Sérgio Gabrielli disse que foi bom negócio. O que ambos disseram é que, no momento da compra, era bom negócio; com as mudanças no mercado, ficou mau negócio. TODOS cometeram o mesmo erro de interpretação de texto e martelaram durante dias e dias, até virar bordão.
8. No anúncio da Política Nacional de Participação Social, TODOS deram a mesma interpretação conspiratória, de implantação do chavismo e outras bobagens do gênero, apesar das avaliações dos próprios especialistas consultados, de que não havia nada que sugerisse a suspeita. Só depois dos especialistas desmoralizarem a tese, refluíram – com alguns veículos ousando alguma autocrítica envergonhada.
É um cartel, no sentido clássico do termo.
Para ler o texto completo de Luis Nassif clique aqui

A quem seu candidato trairá, na próxima eleição?

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Quando votei em 2010, eu não sabia tudo o que deveria saber sobre o meu candidato. Conhecia sua história e acreditei em suas promessas. Acho que até ele mesmo acreditava. Assim como muitos eleitores, eu não me considerava um simples eleitor. Ajudei na campanha, no convencimento de outros eleitores de que ele era um bom candidato. Afinal, ele vinha do nosso meio, era uma pessoa que conhecia a realidade das pessoas e o sofrimento daqueles que mais precisavam de um Estado justo e solidário, tinha sido um ativista dos movimentos sociais no passado. Era de um partido histórico que sempre representou as bandeiras históricas de construção por uma sociedade mais justa.
Para ler o texto completo de Dão Real Pereira dos Santos clique aqui

A nova batalha pelo controle da internet

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Mapa global dos 460 milhões de IPs (endereços públicos da rede) em 2012. Ele revela intensa concentração nos EUA, Europa e China (vermelho e amarelo indicam pontos de densidade máxima). Clique para ver ampliado

A internet tem dono? Oficialmente, não. Sobretudo por seu aspecto descentralizado, a internet é constituída por muitas redes independentes interconectadas voluntariamente, o que dá a ela o caráter de “rede de redes”. Nesse emaranhado, cada uma é dona de si mesma e, ao integrar-se, se dispõe a contribuir para que o tráfego flua conforme os protocolos de roteamento estabelecidos previamente pelos organismos que administram a rede (ver, abaixo, “Quem dirige a internet”). Funciona como cidades que se interligam numa malha viária, sob um regime de leis de trânsito.
Demi Getschko, membro de “notório saber” do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), talvez a figura brasileira que mais entende do assunto, responsável pela primeira conexão em território nacional, costuma dizer em suas entrevistas que “ninguém controla a internet”. No entanto, os EUA são geralmente apontados como os mandachuvas da rede global de computadores. Isso se explica porque Washington exerce o controle de dois recursos importantíssimos do sistema: o dos “servidores-raiz” e o da Internet Corporation for Assigned Names and Numbers (Icann, Corporação para Atribuição de Nomes e Números na Internet), uma entidade sem fins lucrativos com sede em Marina del Rey, no estado americano da Califórnia, subordinada ao Departamento de Comércio americano (ver “O que faz a Icann?”).
Para ler o texto completo de Thiago Domenici clique aqui

Quem tem medo da sociedade civil

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A reação negativa das presidências da Câmara e do Senado Federal e dos partidos de oposição ao governo federal diante do decreto 8243 de 2014, que institui a Política Nacional de Participação Social, é uma tentativa de conter o avanço de uma democracia participativa no Brasil. Esta tentativa busca, fundamentalmente, proteger os interesses daqueles grupos sociais que, historicamente, já tem acesso privilegiado ao Estado, porém é apresentada ao público como defesa do princípio da separação dos poderes.
Contrariamente à oposição, juristas do porte de Fabio Konder Comparato, Celso de Mello e Dalmo Dallari entendem que o decreto respeita a Constituição Federal e não fere o princípio da separação dos poderes. Lendo o decreto, constata-se que a política se aplicaapenas a administração pública federal, dando extensão e detalhamento a processos participativos já existentes e com menção explícita aos limites estabelecidos na legislação em vigor. Por exemplo, artigo 10 do decreto apresenta diretrizes para a constituição de novos conselhos e para a reorganização dos conselhos já constituídos “ressalvando o disposto em lei”. Já o parágrafo segundo do mesmo artigo afirma que a “publicação das resoluções de caráter normativo dos conselhos de natureza deliberativa vincula-se à análise de legalidade do ato pelo órgão jurídico competente”. Ou seja, tais mecanismos de participação operarão nos limites da legislação existente e não substituirão os representantes eleitos pelo povo na função de legislar. A democracia representativa pode ser também participativa. Além disso, são várias as regras voltadas a garantir a transparência, a responsabilidade, a diversidade e a rotatividade de representação nestes mecanismos de participação, o que minimiza o risco de se constituírem como objetos de cooptação da sociedade civil pelo Estado. Basta ler o texto.
Para ler o texto completo de Felipe Amin Filomeno clique aqui

Marrocos: Fotografando o azul

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Para ver as fotos de Chefchaouen, uma pequena cidade do norte de Marrocos, clique aqui

"Ode à Poesia' - Pablo Neruda


Ode à Poesia

Perto de cinquenta anos
caminhando contigo,
Poesia.
A princípio me emaranhavas os pés
e eu caía de bruços
sobre a terra escura
ou enterrava os olhos
na poça
para ver as estrelas.
Mais tarde te apertaste a mim
com os dois braços da amante
e subiste pelo meu sangue
como uma trepadeira.
E logo te transformaste
em taça.
Maravilhoso foi ir derramando-te
sem que te consumisses,
ir entregando tua água inesgotável,
ir vendo que uma gota caia
sobre um coração queimado
que de suas cinzas revivia.
Mas ainda não me bastou.
Andei tanto contigo
que te perdi o respeito.
Deixei de ver-te como náiade vaporosa,
te pus a trabalhar de lavadeira,
a vender pão nas padarias,
a tecer com as simples tecedoras,
a malhar ferros na metalurgia.
E seguiste comigo andando pelo mundo,
contudo já não eras
a florida estátua de minha infância.
Falavas agora com voz de ferro.
Tuas mãos foram duras como pedras.
Teu coração foi um abundante
manancial de sinos,
produziste pão a mãos cheias,
me ajudaste a não cair de bruços,
me deste companhia,
não uma mulher,
não um homem,
mas milhares, milhões.
Juntos, Poesia, fomos ao combate,
à greve, ao desfile, aos portos,
à mina e me ri quando saíste
com a fronte tisnada de carvão
ou coroada de serragem
cheirosa das serrarias.
Já não dormíamos nos caminhos.
Esperavam-nos grupos de operários
com camisas recém-lavadas
e bandeiras rubras.
E tu, Poesia,
antes tão desventuradamente tímida,
foste na frente e todos se acostumaram
ao teu traje de estrela cotidiana,
porque mesmo se algum relâmpago delatou tua família,
cumpriste tua tarefa,
teu passo entre os passos dos homens.
Eu te pedi que fosses utilitária e útil,
como metal ou farinha, disposta a ser arada,
ferramenta, pão e vinho, disposta,
Poesia, a lutar corpo-a-corpo e cair ensanguentada.
E agora, Poesia,
obrigado,
esposa, irmã ou mãe ou noiva,
obrigado,
onda marinha, jasmim e bandeira,
motor de música,
longa pétala de ouro,
campana submarina,
celeiro inextinguível,
obrigado terra de cada um de meus dias,
vapor celeste e sangue de meus anos,
porque me acompanhaste
desde a mais diáfana altura
até a simples mesa dos pobres,
porque puseste em minha alma
sabor ferruginoso e fogo frio,
porque me levantaste
até a altura insigne dos homens comuns,
Poesia,
porque contigo,
enquanto me fui gastando,
tu continuaste desabrochando tua frescura firme,
teu ímpeto cristalino,
como se o tempo
que pouco a pouco me converte em terra
fosse deixar correndo
eternamente as águas de meu canto.

Pablo Neruda

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