sábado, 27 de agosto de 2011

“A estratégia da aranha”: o mito do traidor e do herói (2ª Parte)

Hobbes, em “Do Cidadão” (2002), classificava como traidor aquele súdito que se voltava contra o seu soberano ou contra a sua cidade, declarando não mais obedecê-lo total ou parcialmente (renegando, por exemplo, seu direito de declarar guerra, impor tributos, legislar, nomear funcionários públicos e magistrados, etc.). Apenas isto já era considerado traição. Considerava, também, traidor o que pegasse em armas contra a cidade, o que debandasse para o lado inimigo durante a guerra ou o que cometesse algum ato de violência contra o soberano ou alguém sob suas ordens. Sustentava que a traição era uma violação não das leis civis, mas das leis naturais (aquelas que nasceram com os homens, declaradas por Deus em sua palavra eterna, como exposto acima). Por conta disto, concluía Hobbes que os traidores deveriam ser punidos não pelo direito civil, dos homens, mas pelo direito natural, ou seja, pelo direito de guerra, porque eram inimigos das cidades. Veja-se por suas próprias palavras:

Os rebeldes, traidores e todas as outras pessoas condenadas por traição não são punidos pelo direito civil, mas pelo natural: isto é, não como súditos civis, porém como inimigos ao governo – não pelo direito de soberania e domínio, mas pelo de guerra (Hobbes, p. 233). Para continuar a ler o artigo de José de Sousa Miguel Lopes, clique aqui...

“A estratégia da aranha”: o mito do traidor e do herói (1ª Parte)

A Estratégia da Aranha, filme de Bernardo Bertolucci, baseia-se numa pequena ficção do escritor argentino Jorge Luís Borges – “Tema do Traidor e do Herói” -, texto que Borges situa num país oprimido e tenaz e que, na data em que o mesmo foi escrito (1944), ele “vislumbrou na Polônia, República de Veneza, algum Estado sul-americano ou balcânico”, para optar depois pela Irlanda. O episódio fala-nos de um rebelde, Fergus Kilpatrick, que, descoberto como traidor, se faz imolar ás mãos dos companheiros, para que a sua morte passe a ser olhada como um nefando crime cometido por algum desconhecido, o que apressaria o eclodir da revolta, que a partir daí passaria contar com seu heróico mártir. Partindo desta idéia, Bertolucci adapta-a às circunstâncias políticas e históricas da Itália e oferece-nos a sua perspectiva. Em lugar da Irlanda, a Itália; em vez de Fergus Kilpatrick, Athos Magnani.

Nesta digressão fílmica, Bertolucci constrói sua teia de aranha com os fios da verdade e da mentira, colocando a problemática do traidor e do herói como central, ao mesmo tempo que nos remete para a questão da identidade, do mito como sistema de legitimação e de significação, bem como das tradições inventadas e dos “lugares de memória” como mecanismos de manipulação. A temática tratada nos remete inevitavelmente para o interior da sala de aula, “locus”, por excelência, onde opera a memória histórica e lugar privilegiado onde se “difundem” os heróis e os traidores. Os discursos organizados dão à memória coletiva uma certa configuração a partir da definição do que será lembrado e de quais lembranças serão proibidas. Os conteúdos da História podem ser impedidos de contribuir para uma reflexão sobre o passado. Poderão ser esquecidos, em virtude da ação dos discursos organizados, ou não são visíveis, porque se encontram diluídos na memória coletiva. Que desafios se colocam ao professor no tratamento do diálogo entre memória e História? O que será preciso lembrar do processo histórico?
Para continuar a ler o texto de José de Sousa Miguel Lopes clique aqui...

Educação e apropriação da realidade local

É essencial uma criança sentir que a sucessão de anos que passa na escola lhe permite efetivamente entender o contexto onde vive, apropriar-se da realidade que a cerca. A criança, mais que o adulto que tem oportunidades de conhecer diversas regiões, interpreta o mundo pela cidade ou pelo bairro onde mora.

O seu espaço de referência é o espaço local. Proibir-lhe que brinque no córrego vizinho da sua casa é prudente, mas gera apenas medo. Entender os fluxos dos riachos e as fontes concretas de poluição lhe assegura desde já ancorar o conhecimento abstrato em vivências concretas, e lhe permitirá mais tarde entender a gestão de bacias hidrográficas. Aprender a representação em escala do seu próprio bairro, das ruas que conhece, evitará mais tarde a quantidade de adultos que sabem decorar uma aula de geografia, mas que são incapazes de interpretar um mapa para se orientar.

Para continuar a ler o artigo de Ladislau Dowbor clique aqui...



Elogio da Dialética

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.


Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.


Só a força os garante.


Tudo ficará como está.


Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.


No mercado da exploração se diz em voz alta:


Agora acaba de começar:


E entre os oprimidos muitos dizem:


Não se realizará jamais o que queremos!


O que ainda vive não diga: jamais!


O seguro não é seguro. Como está não ficará.


Quando os dominadores falarem


falarão também os dominados.


Quem se atreve a dizer: jamais?


De quem depende a continuação desse domínio?


De quem depende a sua destruição?


Igualmente de nós.


Os caídos que se levantem!


Os que estão perdidos que lutem!


Quem reconhece a situação como pode calar-se?


Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.


E o "hoje" nascerá do "jamais".


Bertolt Brecht



Carta às esquerdas

Não ponho em causa que haja um futuro para as esquerdas mas o seu futuro não vai ser uma continuação linear do seu passado. Definir o que têm em comum equivale a responder à pergunta: o que é a esquerda? A esquerda é um conjunto de posições políticas que partilham o ideal de que os humanos têm todos o mesmo valor, e são o valor mais alto. Esse ideal é posto em causa sempre que há relações sociais de poder desigual, isto é, de dominação. Neste caso, alguns indivíduos ou grupos satisfazem algumas das suas necessidades, transformando outros indivíduos ou grupos em meios para os seus fins. O capitalismo não é a única fonte de dominação mas é uma fonte importante.

Os diferentes entendimentos deste ideal levaram a diferentes clivagens. As principais resultaram de respostas opostas às seguintes perguntas. Poderá o capitalismo ser reformado de modo a melhorar a sorte dos dominados, ou tal só é possível para além do capitalismo? A luta social deve ser conduzida por uma classe (a classe operária) ou por diferentes classes ou grupos sociais? Deve ser conduzida dentro das instituições democráticas ou fora delas? O Estado é, ele próprio, uma relação de dominação, ou pode ser mobilizado para combater as relações de dominação?

Para continuar a ler o artigo de Boaventura de Sousa Santos clique aqui...


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

De Nagasaki a Fukushima: o legado nuclear do Japão

Os níveis de radiação nos reactores nucleares de Fukushima, no Japão, aumentaram nas últimas semanas, alcançando patamares de até 10.000 milisieverts (mSv) por hora no mesmo lugar. Este foi o nível máximo informado pela Companhia Eléctrica de Tóquio, a TECO, desprestigiada empresa proprietária da central nuclear, embora caiba dizer que esse número é o máximo que o Contador Geisel possa medir. Em outras palavras, os níveis de radiação literalmente ultrapassam todas as medições. A exposição a 10.000 milisieverts durante um curto período de tempo tem consequências fatais: provoca a morte em apenas semanas (a título de comparação, a radiação total de uma radiografia dental é de 0,005 mSV e a de uma tomografia computadorizada do cérebro é de 5). O jornal The New York Times informou que, após o desastre, funcionários do governo japonês ocultaram os prognósticos oficiais sobre para onde se dirigia a chuva radioactiva devido ao vento e ao clima para evitar o caro deslocamento de centenas de milhares de habitantes.


“O segredo, uma vez aceite, converte-se em vício”. Essas palavras bem que podiam descrever a manobra realizada pelo governo japonês diante da catástrofe nuclear.
Para continuar a ler o artigo de Amy Goodman clique aqui...

Como mudar o mundo, novo livro de Hobsbawm

Após se sentir parte da geração com a qual se extinguiria o marxismo da vida política e intelectual do ocidente, as crises financeiras, a espiral conflitiva do capitalismo e as mudanças na América Latina deram a Eric Hobsbawm, aos 94 anos, a alegria de voltar a Marx. Em seu novo livro, que tem o sugestivo título "Como mudar o mundo", o historiador refuta com sua habitual lucidez as más interpretações, arquiva os preceitos que envelheceram e utiliza as ferramentas oferecidas pelo autor de "O Capital" para entender o mundo no século XXI e fazê-lo um lugar melhor.
Para ler o artigo completo de Fernando Bogado clique aqui...

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Comunidade científica, gênero e escola

Em cerimônia bastante concorrida, no dia 11 de julho, a presidente Dilma Rousseff entregou a cinco pesquisadores brasileiros o Prêmio Anísio Teixeira. A solenidade faz parte das comemorações dos 60 anos da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

O prêmio, segundo o site da instituição, que a cada cinco anos escolhe os agraciados, "é uma homenagem ao educador Anísio Teixeira, intelectual baiano que difundiu o papel transformador da educação e da escola para a construção de sociedade moderna e democrática".

Todos os escolhidos, a saber, Álvaro Toubes Prata (engenharia), Fernando Galembeck (química), João Fernando Gomes de Oliveira (engenharia), Luiz Bevilacqua (engenharia) e Nelson Maculan Filho (engenharia) são cientistas de grande destaque em suas áreas de atuação e nas comunidades científicas nacional e internacional.

Chama a atenção, no entanto, o fato de nenhuma mulher ter sido escolhida para receber condecoração tão importante, rara e, por isso mesmo, de grande valor simbólico. Para continuar a ler o texto de Luciano Mendes de Faria Filho e Eliane Marta Santos Teixeira Lopes clique aqui...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

11 perguntas (de adolescentes) para Mia Couto – e uma entrevista inspiradora

E se você tivesse a oportunidade de entrevistar um escritor? Pois os alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio São Luís, em São Paulo, tiveram. E não foi um escritor qualquer. Há duas semanas, os adolescentes estiveram com o moçambicano Mia Couto no auditório da escola. Em quase duas horas de conversa, os meninos não se intimidaram: fizeram perguntas inteligentes e não deixaram espaço para silêncios constrangedores (a propósito, veja o que o escritor tem a dizer sobre o silêncio na oitava pergunta).

Marina Azaredo esteve lá para acompanhar a entrevista e, junto com os alunos, riu e se emocionou com as respostas de Mia. Ao final, ainda teve a chance de perguntar a ele sobre a diferença que a Educação fez em sua vida. Confira abaixo a entrevista e encante-se com as histórias de Mia Couto, um dos maiores escritores africanos da atualidade. (Marina fez questão de deixar as respostas na íntegra. Ficaram longas, mas valem a leitura, garante ela!). Clique aqui...


sábado, 20 de agosto de 2011

Repensando os estudos sociais de história da infância no Brasil

Os Estudos Sociais e de História da Infância no Brasil tiveram um promissor impulso inicial em fins dos anos de 1980. Passados mais de quinze anos, esses estudos aparentam perda do ímpeto inaugural, apresentando reduzido crescimento, bem como certa homogeneidade conceitual e analítica. Com base em revisão bibliográfica nacional e internacional, este artigo examina alguns desafios a serem enfrentados pelos aportes de História da Infância no Brasil que implicam, por um lado, o exame de extensa e diversificada literatura internacional, destacadamente dos chamados new social studies of childhood com vistas ao alargamento dos horizontes conceituais; por outro, implicam superação de preconceitos que bloqueiam diálogos necessários com as Ciências Biológicas e Psicológicas. Para ler o artigo completo de Mirian Jorge Warde clique aqui...

SUJEITOS, ESPAÇOS EDUCATIVOS E PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: UMA DISCUSSÃO A PARTIR DE BAKHTIN

O objetivo deste trabalho de Cecília Goulart é discutir a constituição de sujeitos, linguagem e conhecimento, com base na filosofia da linguagem de Bakhtin, na perspectiva de problematizar a organização de espaços educativos e processos de ensino-aprendizagem. Alguns aspectos e categorias da filosofia da linguagem de Bakhtin são apresentados para discutir a concepção de sujeito, linguagem e conhecimento do autor. Em seguida, Cecília Goulart reflete sobre a constituição de espaços educativos e processos de ensino-aprendizagem, trazendo essa discussão para a atualidade. A intervenção na educação brasileira de propostas de organismos internacionais é ilustrada e criticada. Dando continuidade à reflexão, procura apontar indícios de caminhos para a construção de escolas que contribuam para a formação de cidadãos críticos. Para ler o texto completo clique aqui...

Educação intercultural: a descoberta do outro passa necessariamente pela descoberta de si mesmo

Face a um conceito rígido que pretendendo respeitar todas e cada uma das culturas, as acaba paralisando e isolando umas das outras, não considerando sua evolução através, precisamente, do contacto entre elas, torna-se imperioso um posicionamento claro da educação intercultural. Tal contacto, evidentemente, deve ocorrer em condições de igualdade e justiça, não de dominação/subordinação.
A educação intercultural não pode assumir toda a responsabilidade na implementação da justiça social necessária, mas pode sim, mediante os mecanismos pedagógicos e escolares, propiciar a interacção dialógica entre culturas, num clima democrático que defenda o direito à diversidade no marco da igualdade de oportunidades, flexibilizando os modelos culturais que se transmitem na escola.

Para continuar a ler o texto de José de Sousa Miguel Lopes clique aqui...

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vinte anos para mudar o mundo

Há uma década, quando eu e alguns outros falamos do declínio dos Estados Unidos no sistema-mundo, fomos recebidos no máximo com sorrisos de pena por nossa ingenuidade. Os EUA não eram o superpoder, envolvidos em cada canto remoto do planeta, capazes de obter o que queriam em quase todas as ocasiões? Essa era uma visão difundida em todo o cenário político.
Hoje, a visão de que os Estados Unidos declinaram, e declinaram seriamente, é uma banalidade. Todos dizem isso, com exceção de alguns políticos norte-americanos que temem ser culpados pela decadência, se a debaterem. O fato é que hoje quase todos acreditam na realidade desse declínio.

Para continuar a ler o texto de Immanuel Wallerstein clique aqui...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O gosto dos outros

Os cinemas franceses estão repletos de filmes iranianos. São quatro títulos simultâneos, além de Au Revoir, que estreia dentro de duas semanas. O Irã está melhor representado do que a Itália, Alemanha ou a Espanha, por exemplo – para citar alguns países vizinhos de mais longa tradição cinematográfica. A Separation superou todas as expectativas ao atingir mais de 750 mil espectadores, uma bilheteria muito melhor que diversas comédias francesas. Os jornalistas tentaram explicar este sucesso pelas críticas positivas, mas muitos outros filmes receberam críticas ainda mais entusiasmadas e nem por isso tiveram uma bilheteria tão expressiva.
Para continuar a ler o texto de Bruno Carmelo, clique aqui...

Sobre a Tolerância Zero Britânica, ou do prólogo "(não) como nossos pais"







A estratégia de "tolerância zero" do primeiro ministro britânico, além de mostrar a séria ruptura social por que passa a sociedade capitalista moderna, tenta esconder aquilo que é sua pior realidade: Seus próprios filhos não se mostram preparados para tomar as rédeas de todas as "conquistas" construídas por seus pais e a perpetuação dos modos de reprodução se encontra em risco.

Famílias desestruturadas, a bonança de recursos e bens materiais encontra entra em sincronia com o esvaziamento de valores e referênciais de família, sujeito e sociedade. O medo de uma realidade que aporta seus primeiros sinais provoca pânico. Será que estamos preparados a viver durante um período de recessão de hábitos? Os reflexos sociais das manifestações inglesas ainda não "bateram" de maneira eficaz em outras realidades, continua enquanto evento pavoroso que acontece no velho continente, berço oscilante do capitalismo e do iluminismo.

Ao afirmar que o multiculturalismo falhou, Cameron "sugere" que, conceitos construídos vagamente não imputam políticas públicas eficazes no combate à um mal maior: a intolerância genética do ser humano. No instante em que a crise social, e econômica, toca à porta dos países provedores, algumas das marcas e cicatrizes carregadas ao longo de longas décadas de opressão e submissão ao mercado, fazem com que os filhos mais carentes de uma pátria se voltem contra os filhos abandonados de outras que buscam uma oportunidade de se tornarem os mesmos "sujeitos livres" que viram nas propagandas de TV.

O admirável mundo novo não apresentou o cenário futurista e hedonista que foi propagado no romance de Huxley, acabamos ficando só com o vazio, a sujeira, as ruínas e um medo de desesperança. O mundo carece de novos líderes e os que estão por aí continuam martelando no mesmo discurso de mercado que apregoa a necessidade de consumo para o mercado, tão canibal e frágil, não entre em colapso e gere uma crise de ainda maiores proporções. É a velha imagem da cobra mordendo o próprio rabo. É o eterno dilema que não apresenta solução. Como mudar as alternativas se não buscamos uma alternância nas posturas?

 Para ler o texto da carta capital sobre as atitudes do primeiro ministro britânico, clique aqui...

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Obra “68 A Geração que Queria Mudar o Mundo: relatos”


O livro “68 – a geração que queria mudar o mundo” é composto por relatos de uma centena de ex-militantes políticos, organizados e sistematizados ao longo dos anos por Eliete Ferrer, do grupo “Os Amigos de 68”. Trata-se de contribuição ímpar para a difusão da memória daqueles que combateram o regime militar por descrever, sob diversos matizes, as percepções e concepções de vida que eles sustentaram, o modo como lutaram contra a ditadura, bem como as interrupções que tiveram em suas vidas e os recomeços que puderam construir. Nesse sentido, a publicação da obra é ato de reparação moral, pois contribui para a conexão da geração de 1968 com a história do país, permitindo que suas lutas e memórias constituam efetivamente parte da identidade nacional brasileira. Para ler a obra completa editada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e que está tendo distribuição gratuita clique aqui...

Identidade


Preciso ser um outro
para ser eu mesmo


Sou grão de rocha

Sou o vento que a desgasta


Sou pólen sem inseto


Sou areia sustentando

o sexo das árvores


Existo onde me desconheço

aguardando pelo meu passado

ansiando a esperança do futuro


No mundo que combato morro

no mundo por que luto nasço


Mia Couto

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