sábado, 30 de setembro de 2017

"Arrebatada" - Maria Teresa Horta

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Arrebatada

Eu não quero a ternura
quero o fogo
a chama da loucura desatada

quero a febre dos sentidos
e o desejo
o tumulto da paixão arrebatada

Eu não quero só o olhar
quero o corpo
abismo de navalha que nos mata

quero o cume da avidez
e do delírio
sequiosa faminta apaixonada

Eu não quero o deleite
do amor
quero tudo o que é voraz

Eu quero a lava

Maria Teresa Horta

Licínio Azevedo filmou o comboio que roubou vidas a Moçambique

O realizador Licínio Azevedo

Aquele que é considerado um dos pais do cinema moçambicano tem novo filme: “Comboio de Sal e Açúcar”, uma viagem de amor e tragédia no tempo da guerra civil. 
Para ler o texto de Bruno Horta clique aqui


Leia” Uma cavalgada com o seu quê de heroico” de Luis Miguel Oliveira clicando aqui

Descobrir o mundo ou mudá-lo: como a revolução de Che Guevara foi vivida pelo irmão

A 9 de outubro passam 50 anos da morte de Ernesto "Che" Guevara. Antes, no dia 4, é publicado o livro de memórias "O Meu irmão Che", do qual o Observador pré-publica um excerto. 
Para ler esse excerto clique aqui

Por que eu haveria de ir embora do Brasil?

Parte da equipe do El País Brasil, na redação em São Paulo, na última quarta-feira, 27 de setembro.
Parte da equipe do El País Brasil, na redação em São Paulo, na última quarta-feira, 27 de setembro

Da liberdade de informação dependerá em boa parte que o Brasil possa ressurgir de suas cinzas. 

Para ler o texto completo de Juan Arias clique aqui

O azul dos oceanos como nunca o vimos

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Para ver as belas imagens ligadas aos oceanos clique no vídeo aqui

A sub-representação dos negros na política brasileira

Paulo Paim é o único senador negro do país, diz pesquidador
Paulo Paim é o único senador negro do país, diz pesquisador

Mais da metade da população brasileira (54%) é composta de cidadãos que se autodeclaram negros – grupo que, segundo o IBGE, reúne pretos e pardos. Mas isso não se reflete na representação política. No Estado de São Paulo, por exemplo, dos atuais 94 parlamentares da Assembleia Legislativa, somente quatro são negros, ou seja, o equivalente a 4,2% dos eleitos. "A ausência de negros no Parlamento representa um contrassenso, em que a minoria passa a resolver os problemas da maioria", afirma o cientista social Osmar Teixeira, autor da tese Direitos Políticos e representatividade da população negra na Assembleia Legislativa de São Paulo e na Câmara Municipal. 
Para ler o texto completo de Malu Delgado clique aqui

Cortes na Ciência ameaçam o futuro do Brasil, dizem ganhadores do Nobel

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Os cortes orçamentários em Ciência e Tecnologia “comprometem seriamente o futuro do Brasil” e precisam ser revistos “antes que seja tarde demais”, segundo um grupo de 23 ganhadores do Prêmio Nobel, que enviou nesta sexta-feira, 29, uma carta ao presidente Michel Temer, recomendando mudanças na postura do governo com relação ao setor.
O documento, enviado por e-mail ao gabinete da Presidência, faz referência ao corte de 44% no Orçamento deste ano do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), assim como à perspectiva de um novo corte em 2018 – que deverá ser da ordem de 15%, caso o Projeto de Lei Orçamentária Anual enviado pelo governo ao Congresso seja aprovado como está.
“Isso danificará o Brasil por muitos anos, com o desmantelamento de grupos de pesquisa internacionalmente reconhecidos e uma fuga de cérebros que afetará os melhores jovens cientistas” do País, escrevem os pesquisadores. 
Para ler o texto completo clique aqui

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

"Amor" - Pedro Miguel S. Duarte

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Amor

Quem ousará dizer que ele é só Alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar um puro grito
de orgasmo, num instante infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da própria vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a ideia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o clímax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, estátuas
estátuas vestidas de suor, agradecendo
o que a um Deus acrescenta o amor terrestre.

Pedro Miguel S. Duarte

A Coreia do Norte é o regime mais previsível do mundo. A verdadeira ameaça é o governo dos EUA

Soldados norte-coreanos passam diante dos retratos dos ex-líderes da Coreia do Norte / AFP PHOTO / Ed JONES (Photo credit should read ED JONES/AFP/Getty Images)

O bate-boca nuclear entre o presidente Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un às vezes parece uma enlouquecedora brincadeira de provocação, em que um comentário descompensado de um lado logo recebe uma réplica alucinada do outro. Trump chama Kim de “homem foguete”, Kim chama Trump de “velho gagá”, Trump publica no Twitter que Kim “não dura mais muito tempo”, e por aí vai.
Tudo isso levanta uma questão importante: qual desses homens incrivelmente equivocados é o mais instável e perigoso? 
Para ler o texto completo de Peter Maass clique aqui

Como catalães e curdos reabilitam o debate sobre Estado-nação

Bandeira Catalunha

Movimentos separatistas reivindicam Estados próprios, mostrando que os conceitos de nacionalismo e fronteira não ficaram no século 19. 
Para ler a entrevista do professor de relações internacionais da PUC/SP, Reginaldo Nasser clique aqui

Drogas e capitalismo no Canadá (2): as pegadas da Big Pharma

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Centenas de pessoas estão morrendo a cada ano por abuso de opioides em um dos países mais ricos do mundo. Mas a crise não deflagra uma “guerra às drogas” — porque está envolvida a indústria farmacêutica transnacional.
Para ler o texto completo de Paulo Pereira clique aqui

Progredir: o novo lema que Temer quer adotar para o governo mais reacionário desde a ditadura

BRASÍLIA,DF,26.09.2017:TEMER-LANÇAMENTO-PLANO-PROGREDIR - O presidente Michel Temer durante cerimônia de lançamento do Plano Progredir, no Palácio do Planalto em Brasília (DF), nesta terça-feira (26). O Progredir disponibiliza, entre outros pontos, R$ 3 bilhões anuais em microcrédito para a população de baixa renda. (Foto: Fátima Meira/Futura Press/Folhapress)

Michel Temer tem se mostrado o presidente mais reacionário desde a ditadura militar. Não, não é exagero. O próprio Sarney, com seu bigodão e sua origem escancaradamente oligárquica, pelo menos trazia algo de novo: o governo dele marcava o início de uma democracia. E os que vieram depois sempre trouxeram certo ar de novidade, ainda que algumas tenham sido tão desastrosas quanto o Plano Collor.
Temer é diferente. Não traz nenhum cheirinho de pós-modernidade e, apesar de parecer improvável, consegue soar ainda mais antiquado do que sua figura vampiresca transparece. Desde que se pendurou na faixa presidencial, deu ainda mais espaço no governo a nomes como Geddel Vieira Lima e Romero Jucá, políticos que têm feito de tudo para que nada mude – ou mude só a favor deles. E que pertencem a um partido que se tornou símbolo da imobilidade e do fisiologismo. 
Para ler o texto completo de Tomás Chiaverini clique aqui

A Rocinha, entre Nem e o Iluminismo

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Os filósofos das Luzes queriam que os cidadãos agissem como súditos e soberanos. Quando resta-lhes apenas obedecer, prevalece a sabedoria do chefe do tráfico.
Para ler o texto completo de Eduardo Migowski clique aqui

Exceção/Extração/Exinção - projeto ANTROPOCENAS


Para ler a entrevista do antropólogo Paulo Tavares sobre a violência que se tem abatido sobre os povos indígenas no Brasil clique aqui


Desde a ditadura, "é o pior momento da história indígena", diz Sônia Guajajara. 
Para ler a entrevista de Sônia Guajajara, uma das principais lideranças do país, de Renata Machado, da Rádio Yandê, e do antropólogo Rubem Thomaz de Almeida clique aqui

Elis, simplesmente Elis, a Pimentinha perfeita


Apesar do metro e meio, Elis Regina foi a maior voz do Brasil. Estreia-se agora o filme biográfico de Hugo Prata, desculpa perfeita para recordar a cantora e as coisas que aprendemos nos discos. 
Para ler o texto completo de Luis Freitas Branco e assistir a algumas interpretações de Elis Regina clique aqui

Boaventura reexamina as formas de luta

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O que diferencia revolução, luta institucional, rebeldia e desobediência civil? Por que, nas últimas décadas, a ciência política esqueceu este debate? Vale a pena retomá-lo?
Para ler o texto completo de Boaventura de Sousa Santos clique aqui

A síndrome de Mourão


"As ameaças de 'intervenção' assemelham-se mais a barganhas, tais como as feitas no Congresso Nacional, por ganhos em troca do apoio incondicional que um governo ilegítimo e desacreditado precisa para o controle da revolta social."
Para ler o texto completo de Edson Teles clique aqui

Leia "Qual o nível de controle civil e de hierarquia no Exército" segundo Pierre Leirner clicando aqui

Leia "É ilusão pensar em governo militar como forma de combate à corrupção', de Dulce Pandolfi” clicando aqui

China Miéville narra a Revolução Russa


Você conhece a Revolução Russa? Antes de responder, leia o incrível novo livro de China Miéville: "Outubro". 
Para ler o texto que Mauro Iasi escreveu para a orelha do livro e para assistir á fala de China Miéville clique aqui.

Os limites e possibilidades da democracia dentro do PT

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Esta pesquisa analisou a trajetória de partidos de esquerda da Europa e América do Sul, a partir do estudo de caso do processo de institucionalização e transformação do sistema político do PT (Partido dos Trabalhadores). Entre as conclusões, a autora destaca que o PT possui um sistema político permeado por vícios e falta de transparência, mas segue mantendo uma expressão da pluralidade de opiniões. Além disso, o estudo analisou como tendências democráticas e oligárquicas se encontram em disputa dentro do partido.
Para ler o texto completo de Tassia Rabelo de Pinho clique aqui


Entre o senso comum e a ciência: existe 'cura gay'?


A patologização da homossexualidade é um expediente que se alimenta da homofobia e que a reproduz. É uma tentativa de legitimar preconceitos e discriminação, de um modo pseudocientífico. 
Para ler o texto completo de Renan Quinalha e Roger Raupp Rios clique aqui

Leia "Cura gay: os "cristãos" contra Cristo" de Fran Alavina clique aqui

Leia "Somos todos doentes"

Milly Lacombe*

24/09/2017
 
Aqui estamos outra vez divididos. De um lado, a bancada evangélica pregando a cura gay e buscando, com êxito, apoio das instituições. Do outro, os que concordam com a ciência e entendem que a homossexualidade não é diferente da heterossexualidade.
"Para criaturas tão pequenas como somos essa vastidão é suportável apenas através do amor", escreveu o astrônomo Carl Sagan há 30 anos.
E, em 2017, talvez já não devêssemos estar debatendo tipos de relações amorosas porque é aceitável que adultos se relacionem de forma íntima desde que os dois (ou os três, sabe-se lá) assim desejem.
Se alguma coisa faz com que eu me sinta bem e não causa mal a nenhum outro ser ou à Terra, ela é correta. E superemos isso para, juntos, podermos suportar a vastidão sobre a qual Sagan falou.
Até porque não há debate possível quando a arena passa a ser a religiosa: é preciso apenas que se respeite a crença alheia. É aqui, portanto, que a estrada termina: crenças não devem ser impostas, devem ser vividas.
Trata-se da diferença entre a moral e o moralismo: impor uma crença ao modo de vida de outra pessoa é moralismo, e o moralismo sempre carrega com ele um tanto de recalque, um tanto de inveja e pouquíssimo de moral.
É como se gays e lésbicas saíssem por aí questionando o que causa a heterossexualidade e buscando formas de corrigi-la porque, afinal, a heterossexualidade não faz sentido para mim.
Permitir que a homossexualidade seja considerada doença é desumanizante com milhões de pessoas porque rouba delas a dignidade, e não há violência maior do que não reconhecer a humanidade de alguém. Mas é árdua a batalha contra a estupidez -e vamos considerar estupidez qualquer ideologia que se oponha a forças como o amor, a arte e a liberdade.
Existe, claro, uma doença relacionada à homossexualidade: chama-se homofobia, e ela pode matar (em 2016 foram registradas quase 400 mortes diretamente ligadas à homofobia).
"A homofobia é uma forma de odiar tudo o que não é patriarcado", escreveu Rebecca Solnit em seu "A Mãe de Todas as Perguntas"; assim como o racismo, a misoginia, o classismo -doenças graves que há séculos contaminam muitos em nossa sociedade.
O que talvez devêssemos estar debatendo, em nome de um mundo melhor, é a qualidade das relações, e não o tipo de relação que queremos impor uns aos outros.
"Uma relação humana honrosa -uma na qual as pessoas tenham o direito de usar a palavra amor- é um processo; delicado, violento, muitas vezes torturante para os envolvidos, um processo de aprimoramento em relação às coisas que um pode dizer ao outro", escreveu a poetisa lésbica Adrienne Rich.
Mas para viver a experiência em sua totalidade precisamos de tempo, e nesse corre maluco, agachados nas trincheiras que construímos para nos isolar, entregues aos mais variados escapes -de drogas a tecnologias- deixamos de nos ver, de nos aprofundar em conversas, de olhar uns nos olhos dos outros.
"Atenção é a forma mais rara e pura de generosidade", disse Simone Weil. E uma sociedade incapaz de praticar generosidade é uma sociedade profundamente adoentada.

*Milly Lacombe, 50, é autora do romance "O Ano em Que Morri em Nova York" (Planeta), colunista das revistas Trip e Tpm, e lésbica

FONTE: Aqui




Ensino religioso em escolas no Brasil

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Leia ”Juristas comentam decisão do STF em autorizar o ensino público religioso” clicando aqui

Leia “O que muda com o ensino religioso em escolas? 8 perguntas e respostas” clicando aqui

Leia "STF distorce o Estado laico ao liberar "catequese" em sala de aula" de Eloísa Machado clicando aqui

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

"Alguns gostam de poesia" - Wilawa Szyborska

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Alguns gostam de poesia

Alguns...
ou seja nem todos.
nem mesmo a maioria de todos, mas a minoria.
sem contar a escola onde é obrigatório
e os próprios poetas
seriam talvez uns dois em mil.

Gostam...
mas também se gosta de canja de galinha,
gosta-se de galanteios e da cor azul,
gosta-se de um xale velho,
gosta-se de fazer o que se tem vontade
gosta-se de afagar um cão.

De poesia –
mas o que é isso, poesia.
muita resposta vaga
já foi dada a essa pergunta.
pois eu não sei e não sei e me agarro a isso
como a uma tábua de salvação.

Wilawa Szyborska

Panorama | Pesquisas cientificas no Brasil

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Para assistir ao vídeo clique aqui

O dia em que a Catalunha começou a virar o jogo

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Truculência do governo espanhol serviu de amálgama: agora, plebiscito independentista tornou-se indispensável – e ameaça um pilar do conservadorismo europeu.
Para ler o texto completo de Flávio Carvalho clique aqui

Capitalismo e Política (primeira parte): A corrupção

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Nas democracias burguesas a instituição da representação adquiriu um fim em si mesma. Ao invés de se escolher representantes para servirem como meio para o exercício do poder de toda a sociedade, a democracia se diluiu na escolha de representantes, não são os cidadãos que exercem a soberania, mas uma aristocracia com o nome de democracia. Nesse modelo de sistema político, os setores sociais que conseguem controlar os representantes eleitos são os que realmente detêm a soberania. Uma vez que esse controle é exercido geralmente por quem tem mais dinheiro. 
Para ler o texto completo de Maurício Abdalla clique aqui

As três batalhas de Raduan Nassar

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Aos 81 anos, Raduan Nassar, paulista de Pindorama, norte do estado, possui uma trajetória de inquietude. Abandonou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco no quinto ano, já fisgado pela literatura. A filosofia e o jornalismo foram casas temporárias de um homem que aprendeu, na adolescência, a gostar de palavras, então aluno de uma de suas irmãs, professoras de português. O pendor pela palavra desembocou em Lavoura arcaica (1975), Um copo de cólera (1978) e uma coletânea de contos publicados de maneira esparsa ao longo dos anos, incluindo Menina a caminho, O ventre seco, Hoje de madrugada e outros. 
Para ler o texto completo de Guilherme Henrique e Cristiano Navarro clique aqui



'Desigualdade no Brasil é escolha política', diz economista

Economista irlandês Marc Morgan no prédio do Ipea, em Brasília

'Desigualdade no Brasil é escolha política', diz economista

MARIANA CARNEIRO
FLAVIA LIMA
DE BRASÍLIA

24/09/2017  

As medidas de ajuste fiscal do governo do presidente Michel Temer tendem a elevar ainda mais a desigualdade no Brasil, diz o economista irlandês Marc Morgan Milá, 26.
Em entrevista à Folha na última segunda-feira (18), ele afirma que a contenção dos gastos públicos afetará especialmente os mais pobres.
As novas conclusões do economista estão provocando um debate sobre a realidade dos últimos 15 anos: a desigualdade no Brasil não caiu como se pensava até então.
Para ele, os sucessivos governantes brasileiros optaram por não enfrentar o problema, evitando políticas que poderiam limitar a renda do topo da pirâmide, como um sistema tributário mais justo.
"A história recente do Brasil nos leva a dizer que houve uma escolha política pela desigualdade."
Morgan está no Brasil, onde participa de estudos com economistas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). O grupo pretende lançar, ainda neste ano, uma série da desigualdade brasileira com início em 1926.
*
Folha - Os críticos dos governos do PT partem da sua pesquisa para questionar a leitura de que a desigualdade caiu. O que aconteceu de fato?
Marc Morgan Milá - Análise mais minuciosa mostra que, na verdade, não é que a desigualdade não caiu entre 2001 e 2015, ela não caiu tanto quanto se imaginava. Meu estudo mostra que a queda da desigualdade é bem menor.
A interpretação anterior estava errada?
É apenas equivocada, não representa a sociedade corretamente. Houve declínio da desigualdade de renda no mercado de trabalho, como mostra a Pnad [pesquisa por domicílio realizada pelo IBGE]. Mas os mais ricos não respondem a pesquisa ou escondem fontes de riqueza. Então, não há representação acurada do topo.
Quem são os ricos no Brasil?
O grupo dos 1% mais ricos tem cerca de 1,4 milhão de pessoas, com renda anual a partir de R$ 287 mil. O 0,1% mais rico reúne 140 mil pessoas com renda mínima de R$ 1,4 milhão. Enquanto isso, a renda média anual de toda a população é de R$ 35 mil. É uma discrepância muito grande. Esse é o ponto importante no caso brasileiro: a concentração do capital é muito alta.
O Brasil é um caso extremo?
O Brasil é um animal diferente. É o país mais desigual do mundo, com exceção do Oriente Médio e, talvez, da África do Sul. Um ponto importante é que todos os governos brasileiros das últimas décadas têm responsabilidade por isso.
Em que sentido?
A história recente indica que houve uma escolha política pela desigualdade e dois fatores ilustram isso: a ausência de uma reforma agrária e um sistema que tributa mais os pobres. Para nós, estrangeiros, impressiona que alíquotas de impostos sobre herança sejam de 2% a 4%. Em outros países chega a 30%. A tributação de fortunas fica em torno de 5%. Enquanto isso, os mais pobres pagam ao menos 30% de sua renda via impostos indiretos sobre luz e alimentação.
Que papel têm os programas de transferência de renda na redução da desigualdade?
As transferências chegam aos mais pobres, mas o sistema tributário injusto faz com que o ganho líquido se torne menor. Como esses programas representam cerca de 1,5% da renda nacional, o nível de redistribuição que se pode obter com eles é limitado. Fora que as transferências são financiadas por impostos que incidem sobre o consumo. E como o consumo pesa mais no orçamento dos mais pobres, é possível dizer que os mais pobres estão pagando por parte das transferência que recebem.

O Brasil falhou ao não resolver o problema durante o boom de commodities?
A alta das commodities poderia ter sido usada para melhorar o quadro, mas não é preciso um boom de commodities para reorganizar o sistema tributário. Tributação mais justa é muito mais importante dos que as transferências de renda e algo que todos os governos brasileiros nas últimas décadas falharam em fazer.

O ajuste fiscal pode impactar a desigualdade?
O congelamento das despesas públicas por 20 anos pode ter impacto negativo sobre a desigualdade porque são os mais pobres que dependem mais dessas despesas. Também pesam na conta a legislação sobre terras e a política fiscal, seja na criação de uma tributação mais justa, seja na retirada de renúncias que beneficiam os mais ricos.

Quais renúncias?
A principal é a taxação de lucros e dividendos. O Brasil é um dos únicos que não taxam dividendos distribuídos à pessoa física. Obviamente, isso favorece as pessoas de renda mais elevada.

Por que é tão difícil reduzir a desigualdade no Brasil?
É uma escolha política. O conflito distributivo vem de longa data, o país foi o último do Ocidente a abolir a escravidão. Outra explicação para o nível alto de desigualdade está na natureza do Estado: grande historicamente. Isso não é necessariamente ruim, mas sim a forma como ele se organiza e transfere recursos. Acredito que tenha relação com a estrutura herdada de regimes passados.

Que tipo de estrutura?
Por exemplo, as evidências do período da ditadura são de que a desigualdade era maior, em especial no fim do regime militar. O crescimento econômico podia ser maior, mas a desigualdade era também elevada. Não há evidências de que o país esteja voltando àqueles níveis, mas é uma possibilidade.

Melhor combater a pobreza em vez da desigualdade?
Pobreza e desigualdade estão relacionadas. Há políticas que podem atacar ambas, não devemos restringir o foco em apenas uma delas.

Nos últimos 15 anos, a pobreza foi reduzida, é inquestionável. Ao mesmo tempo, a desigualdade melhorou um pouco porque muitas pessoas pobres ascenderam.
Mas os pobres ainda são muito pobres e a diferença de renda entre os dois extremos é muito elevada. Ao se excluir os 20% mais ricos, a renda dos 80% restantes no Brasil é equivalente à dos 20% mais pobres na França. A desigualdade é semelhante à da França do final do século 19.
Daí, é possível ver a jornada que se tem pela frente. Talvez não sejam necessários cem anos, afinal Brasília foi construída em cinco.
Não fizemos novamente o bolo crescer sem distribuí-lo?
Não devemos enxergar crescimento e desigualdade como opostos, como se para ser mais igualitário fosse necessário reduzir o crescimento. A economia acelera quando as pessoas que estão na base passam a consumir ou poupar mais.
Será que os que estão no topo da pirâmide vão parar de consumir ou investir menos se pagarem um pouco mais de impostos? Não é o que parece.
Qual o impacto da recessão sobre a desigualdade?
Políticas de austeridade costumam afetar mais os pobres. É plausível pensar que os níveis desigualdade vão parar de melhorar nos próximos anos se essas políticas forem implementadas. As expectativas não são favoráveis para a continuidade da queda da desigualdade de renda.


FONTE: Aqui

Negro drama: bom de cama, viril e selvagem?


Ser homem negro no Brasil é conviver com uma série de estereótipos, que envolvem gênero, raça e classe social. Discutir isso é reiterar a noção básica de que ninguém é uma coisa só. 

Para ler o texto completo de Carolina Ito clique aqui


terça-feira, 26 de setembro de 2017

A única solução para a violência como na Rocinha é a descriminalização


Em 1o de julho de 2001, foi promulgada em Portugal uma lei que descriminalizou todas as drogas. Sob essa lei, ninguém que seja encontrado portando ou usando narcóticos é preso em Portugal, ou considerado criminoso. Nem o uso, nem a posse de drogas são considerados crimes em qualquer hipótese. Em vez disso, as pessoas encontradas nessas situações são encaminhadas para conversar com um painel de conselheiros e terapeutas especializados em drogas, onde lhes são oferecidas opções de tratamento. 
Para ler o texto completo de Glenn Greenwald e David Miranda clique aqui

O fim do império americano em perspectiva

White House Chief of Staff John Kelly (L) and US President Donald Trump are seen in a mirror as they listen to opening statements before a luncheon with US and African leaders at the Palace Hotel during the 72nd United Nations General Assembly on September 20, 2017 in New York. / AFP PHOTO / Brendan Smialowski (Photo credit should read BRENDAN SMIALOWSKI/AFP/Getty Images)

Em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou sua intenção de desmantelar a ordem mundial construída a duras penas pelo país no último século. Trump enalteceu o nacionalismo perante os membros do organismo multinacional que os EUA ajudaram a criar. “Os EUA sempre serão a minha prioridade; assim como vocês, líderes de seus países, também devem colocar o seu próprio país em primeiro lugar”, disparou. E acrescentou: “Nada pode substituir nações independentes, fortes e soberanas.” 
Para ler o texto completo de Murtaza Hussain clique aqui

Novo rosto, velha mensagem em Angola

O novo presidente de Angola, João Lourenço

José Eduardo dos Santos deixa o poder e João Lourenço herda um país em crise e dependente do petróleo. 

Para ler o texto completo de Gemma Parellada clique aqui

Seis passos para conseguir educar nossos filhos na igualdade

Ilustração da artista costa-riquenha Jessica Fernández

Com base nos conselhos de três autoras, apresentamos os truques para educar crianças feministas. 

Para ler o texto completo de Silvia C. Carpallo clique aqui

Arábia

Arábia - filme brasileiro

Grande vencedor do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (Melhor filme, ator, montagem, trilha sonor e prêmio da crítica), Arábia é uma pérola no cinema brasileiro. Tanto que já tinha feito parte da seleção do Festival de Rotterdam desse ano. Transitando entre o épico e o lírico, mais até que no dramático, consegue nos colocar em um lugar de diálogo impressionante. Para ler o texto completo de Amanda Aouad clique aqui

A homofobia dos magistrados

A homofobia dos magistrados

Na última sexta (15), o juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho determinou, liminarmente, que o Conselho Federal de Psicologia (CFP) alterasse a interpretação da Resolução 01/99 de modo a não mais impedir “os psicólogos de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re)orientação sexual”. 
Para ler o texto completo de Christian Dunker e Renan Quinalha clique aqui

Dos miseráveis da terra à camada média superior: A armadilha dos 99%

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Em 2011, o movimento Occupy Wall Street se construiu em torno de uma ideia, um slogan: “Temos em comum o fato de sermos os 99% que não toleram mais a avidez e a corrupção do 1% restante”. Diversos estudos acabavam de demonstrar que a quase totalidade dos ganhos da recuperação econômica tinha beneficiado o 1% dos norte-americanos mais ricos. (escute o artigo na versão original). 
Para ler o texto completo de Serge Halimi clique aqui

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

"Amo-te" - Casimiro de Brito

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Amo-te


23
Amo-te, dizemos muitas vezes. Em várias línguas. É que nós, os amantes, temos pouca memória.



58
Amo-te. Amo amar-te. Ontem foste cascata, hoje és torrente, amanhã quem sabe? Talvez um rio. Um rio paciente? Exaltado? Amo amar-te e nunca sei quantos somos nesta cama: sinto a terra, vejo estrelas, ouço o mar.



80
Amo-te mas não posso amar-te, não posso amar um sorriso que já não há, ou só na minha imaginação.



102 
Amo-te, invado o teu corpo, pulso em ti mas nunca poderei possuir-te. Não sei nada, não possuo coisa nenhuma. Entro no vazio intacto. E saio. E entro de novo.



263
Amo-te e não sei fazer mais nada.



357
Amo-te como se tocasse um alaúde, um instrumento humilde e um pouco cansado — e, no entanto, de cada som que arranco do teu corpo maduro, eleva-se uma gota de luz que todo me lava. E resplandecemos. Assistimos à nossa queda como se de facto estivéssemos a cair noutro mundo, a renascer noutro mundo e tudo em volta é um canto grato e silencioso.



581
Amo-te. Quero dizer: faz de mim o teu banquete.


Casimiro de Brito

Kenarik Boujikian: 'A seletividade é um marco da Justiça brasileira'

Kenarik Boujikian: ‘A seletividade é um marco da Justiça brasileira’

 Em 2014, o juiz João Batista Damasceno foi a julgamento por pendurar uma charge de Carlos Latuff na parede do seu gabinete no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Na imagem, um homem negro com um tiro no peito faz as vezes de Jesus Cristo, crucificado em frente a um policial fardado com uma arma na mão. O quadro acabou indo a leilão depois que Damasceno recebeu uma comunicação para que retirasse a obra das dependências do Tribunal. A renda seria destinada à família de Amarildo Dias de Souza, ajudante de pedreiro torturado e morto dentro de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na favela da Rocinha em julho de 2013. A obra foi arrematada por Kenarik Boujikian Felippe, 58, juíza desembargadora do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). A charge é uma das primeiras coisas que se veem ao abrir a porta do seu gabinete, na região central da capital paulista. 
Para ler sua entrevista clique aqui

SAM HARRIS: a criação de máquinas sobre-humanas

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Para assistir à palestra do neurocientista e filósofo Sam Harris na qual aborda a criação de máquinas sobre-humanas e das dificuldades em lidar com os problemas associados a tal criação clique aqui

Seis brasileiros concentram a mesma riqueza que a metade da população mais pobre

Estudo Oxfam sobre desigualdade social

Estudo da Oxfam revela que os 5% mais ricos detêm mesma fatia de renda que outros 95%. Mulheres ganharão como homens só em 2047, e os negros como os brancos em 2089. 

Para ler o texto completo de Marina Rossi clique aqui

Sororidade é a palavra de ordem

Tentei - filme brasileiro

Há uma força imensa na palavra, mas por vezes o não dito consegue ser tão ou mais potente. A protagonista Glória do curta-metragem Tentei de Lais Melo quase não fala em cena, mas seu corpo e expressões dizem tudo. A começar pelo primeira frase da obra que a traz encolhida em um canto da cama enquanto seu marido se espalha pela mesma. 
Para ler o texto completo de Amanda Aouad clique aqui

O museu que digitalizou 3.000 anos de design


Instituição americana realizou esforço massivo, tornando públicos centenas de milhares de ítens. 
Para ler o texto completo de Juliana Domingos de Lima clique aqui

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Compartilhar a dor


Psicóloga fala sobre sofrimento, uso das redes sociais e como precisamos pensar formas responsáveis de utilizá-las para debater a questão do suicídio. 
Para ler o texto completo de Paula Holanda clique aqui

"Ausência" - Sophia de Mello Breyner Andresen

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Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua

Sophia de Mello Breyner Andresen

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