sábado, 31 de outubro de 2020

"Poema de Outono" - Adão Cruz

 






Poema de Outono


 


Ainda caiem a meus pés


bolinhas de sol e pérolas de chuva


do alto da varanda que eu já fui


e fazem brilhar humildemente


a ilusão das cores e a frouxa luz


que há na sombra dos dias.


O poema mais lindo da minha vida


ainda não nasceu.


Sonhei criá-lo hoje contigo


neste princípio de Outono


semente e fruto de teus jovens abraços.


Mas tu caminhavas na outra margem


de rosto escondido atrás da máscara


fugindo do amor banal


olhos baços de chorar sem lágrimas


a alma tão resignada de cruéis memórias


que o beijo ardente se perdeu no rio.


O meu rio


outrora vivo e turbulento


hoje parado e vencido nos braços do estuário


onde me dizem que ainda há versos


voando perdidos e dispersos


como gaivotas bailando.


Mas o mar ali tão perto tudo engole


nas furiosas ondas do seu ancestral poder


devorando qualquer poema antes de nascer.


Que ao menos a réstia de luz do fim da tarde


mesmo sem bolinhas de sol e pérolas de chuva


me deixe pintar a memória da emoção


na tela sofrida e nua do teu corpo


deitado sobre a luminosa doçura da ilusão.



 

Adão Cruz


Tarso Genro: A guerra em curso

 



A guerra está em curso. A extrema direita, aqui no Brasil, aliada com o Centrão precisa dela, a interna e – se for necessário – a aventura extrema de uma Guerra externa, orientada pelos Estados Unidos, pelas mentiras compulsivas do seu Presidente, que – em acordo com o nosso – compôs um acordo estratégico que estupra a nação: o acordo do “orgulho de sermos párias globais” num mundo devastado pela Pandemia, que se reflete num país –o nosso – que arde em chamas tão altas como a intensidade do desprezo pelos pobres, pela academia, pela ciência, pela total destruição dos protocolos das instituições que nos regem como República. Para ler o texto de Tarso Genro clique aqui

Alain Badiou: 13 teses e alguns comentários sobre a política hoje

 



A ambição máxima do trabalho político por vir: que pela primeira vez na história, é a primeira hipótese – a revolução impedirá a guerra – que se realiza, e não a segunda – a guerra causará a revolução. Para ler o texto de Alain Badiou clique aqui


Leia "Outubro continua vermelho" de Jaldes Meneses clicando aqui


Leia "As coisas que vimos" de Julian Coupat clicando aqui


Leia "Assisti à guerra estourar nos Bálcãs. É o que vejo nos EUA hoje" de Elizabeth Rubin clicando aqui


Leia "Por dentro dos prédios vazios, fábricas vazias e promessas vazias da Foxconn em Wisconsin, nos Estados Unidos" de Josh Dziedza clicando aqui


Leia "29 de outubro de 1936: chegam ao Tarrafal os primeiros presos políticos" de Mariana Carneiro clicando aqui

Uma noite com Nat King Cole (1963) - Concerto organizado pela BBC

 



Um especial de TV de 47 minutos no qual Nat King Cole interpreta muitos sucessos de maneira inimitável e com ótimo acompanhamento. Os últimos dez minutos apresentam backing vocals datados, ao estilo de Mitch Miller, mas mesmo assim isso não pode obscurecer o grande músico/artista que ele foi. Para assistir ao show, no qual ele interpreta as seguintes canções, clique no vídeo aqui

 

0:49 Aren’t You Glad You’re You


3:18 Unforgettable


5:34 Day In Day Out


7:39 Here’s That Rainy Day


9:58 But Beautiful


13:17 That’s The Way You Look Tonight


17:11 When I Fall In Love


21:02 It’s Only A Paper Moon


25:17 Sweet Lorraine


28:02 Let There Be Love


33:00 Mona Lisa


35:21 In The Good Old Summertime


37:00 That Sunday, That Summer


40:22 Those Lazy Hazy Crazy Days Of Summer


42:48 Ramblin’ Rose


45:27 A Lovely Way To Spend An Evening

 


Leia o texto “Nat King Cole ainda continua sendo "um dos grandes presentes da natureza" 100 anos depois” clicando aqui


Caso Stálin: o papel da vilania na História

 


Despidas de suas vestes históricas, certas categorias como violência, ditadura ou democracia estão sempre sujeitas a todo tipo de fraude positiva ou negativa. Para ler o texto de Breno Altman e Jones Manoel clique aqui


'Geração digital': por que, pela 1ª vez, filhos têm QI inferior ao dos pais

 


Para neurocientista Michel Desmurget, crianças de hoje 'são atordoadas por entretenimento bobo, privadas de linguagem, incapazes de refletir sobre o mundo, mas felizes com sua sina'. Para ler sua entrevista clique aqui

'O livro dos prazeres' leva o existencialismo de Clarice Lispector de volta ao cinema

 



Projeto de uma década da diretora Marcela Lordy, longa tem como protagonista Simone Spoladore, cujo ar melancólico e distante casa perfeitamente com a atmosfera onírica da obra. Para ler o texto de Joana Oliveira clique aqui



Cinema científico e cinema documentário





Considerações a partir das reflexões de Paulo Emílio Salles Gomes sobre esses dois gêneros cinematográficos. Pra ler o texto de Victor Santos Vigneron clique aqui





sexta-feira, 30 de outubro de 2020

"Ai daqueles que nos amam" - Hilda Hirst



 


Ai daqueles que nos amam



Nós, poetas e amantes



o que sabemos do amor?



Temos o espanto na retina



diante da morte e da beleza.



Somos humanos e frágeis



mas antes de tudo, sós.





Somos inimigos.



Inimigos com muralhas



de sombra sobre os ombros.



E sonhamos. Às vezes



damos as mãos àqueles



que estão chorando.



(os que nunca choraram por nós)





Ah, meus irmãos e irmãs...



Ai daqueles que nos amam



e que por amor de nós se perdem.



Ah, pudéssemos amar um homem



ou uma mulher ou uma coisa...



Mas diante de nós, o tempo



se consome, desaparece e não para.





Ouvi: que vossos olhos se inundem



de pranto e água de todo o mundo!



Somos humanos e frágeis



mas antes de tudo, sós. 



Hilda Hirst


Maria Rita Kehl: Naturalizamos o horror?

 

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É noite. Sinto que é noite/ não porque a treva descesse/ (bem me importa a face negra)/ mas porque dentro de mim/ no fundo de mim, o grito/ se calou, fez-se desânimo//
Sinto que nós somos noite/ que palpitamos no escuro/ e em noite nos dissolvemos/ Sinto que é noite no vento/ noite nas águas, na pedra/ E de que adianta uma lâmpada?/ E de que adianta uma voz?” (Carlos Drummond de Andrade, “Passagem da Noite”, em A rosa do Povo, 1943-45).

Nós, humanos, nos acostumamos com tudo.

Melhor: com quase tudo. Há vida humana adaptada ao frio do Ártico e ao sol do Saara, à mata Amazônica ou o que resta dela assim como às estepes russas. Há vida humana em palacetes e palafitas, em academias de ginástica e UTIS de hospital. E o pulso ainda pulsa. Há pessoas sequestradas por psicopatas durante décadas, há meninas e meninos estuprados pelo tio ou pelo patrão da mãe. Sem coragem de contar, porque podem levar a culpa pelo crime do adulto. E o pulso ainda pulsa.

Mas o Brasil – tenham dó! – tem caprichado no quesito do horror já faz tempo. Para ler o texto de Maria Rita Kehl clique aqui


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