"Tudo muda e nada muda" - Lawrence Ferlingetti
Tudo muda e nada muda
Tudo muda e nada muda
Séculos findam
e
tudo continua
como
se nada findasse
Como nuvens estáticas a meio-voo
Como
dirigíveis presos contra o vento
E a urbana febre das feras do
cotidiano
ainda
domina as ruas
Mas ouço cantarem
ainda
agora as vozes dos poetas
mescladas
ao grito das prostitutas
na
velha Mannahatta (*)
ou
na Paris de Beaudelaire
chamados
de pássaros ecoam
nas
ruelas da história
renomeados
E agora são os Novecentos
e
a Bolsa quebrou de novo
E meu pai vagabundeia aqui perto com
toda a sua coragem
os
olhos na calçada
uma
única lira italiana
e
um penny com a figura da cabeça de um indiano
no
bolso
Traficantes
de bebidas e carros fúnebres passam
em
câmera lenta
Enquanto ternos novos correm para o
trabalho
em
arranha-céus que oscilam.
Lawrence Ferlingetti
(*) Mannahatta: antigo nome dado
pelos índios americanos ao lugar onde hoje se encontra Nova York.
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