"Rente ao cair da folha" - Adão Cruz
Rente ao cair da folha
O plácido abrir da madrugada vai
espalhando pelo chão da alma adormecida
todos os gestos sensuais do cair da
folha
Os olhos presos no teto escuro pousam
por momentos na frouxa luz
que entra pela frincha da janela
Sonâmbulo ainda, o corpo estremece, e
os dedos cruzados na tábua do peito
começam a bulir, tirando do sono os
fios do pensamento
A fantasia esfrega os olhos de
entontecida, e do teto começa a descer
o fio-de-prumo de uma consciência
desconjuntada pelos sonhos da noite
Nasce da mente um fino nevoeiro de
ilusão tentando encobrir a desilusão
da realidade de mais um dia.
Mais um dia…menos um dia, a caminho
do meu poema azul
Adão Cruz
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