domingo, 20 de junho de 2021

Navegando pelo cinema

 


Senhor. senhora!


São quase exatos três mil e quinhentos os quilômetros que inscrevem, desde as nascentes do fértil rio Missouri até os vales do estado do Oregon, um risco territorial e político apelidado “Trilha do Oregon”. Outrora utilizada como rota de peregrinação e comércio para imigrantes esperançosos por uma nova vida na costa oeste – o que, no território norte-americano suscita, evidentemente, a) a “implicitez” pornográfica dos jogos de (des)apropriação e aniquilação religiosa em relação aos ditos nativos, e b) a iniciativa sagrada do lucro como sócio das esperanças praticadas –, o que esta trilha significa para a simbologia estadunidense é sem dúvidas um plano, um tabuleiro para os mitos fundacionais onde estão sob risco de sobrevivência aqueles melhores negociantes, aqueles melhores empreiteiros das rotas corretas. Para ler o texto de Kelly Reichardt clique aqui



Céline - Jean-Claude Brisseau (1992)


Enquanto via Céline, de Jean-Claude Brisseau, fiquei pensando no quanto são fascinantes os trabalhos desses cineastas mais independentes, que não lidam com orçamentos grandes ou com um elenco de grandes estrelas, e que, no entanto, conseguem chegar a uma excelência dentro de suas limitações orçamentárias. Porém, lendo uma entrevista do diretor para o site IndieWire, vi que isso não era necessariamente uma opção do diretor, que ele gostaria sim de fazer filmes "maiores", que ele já havia tentado fazer um sobre a guerra na Indochina e um outro passado na Idade Média, mas que não deu certo. Para ler o texto de Ailton Monteiro clique aqui




Uma luxuosa percepção


Num mundo coagido pelas leis da estrita necessidade como foi o das pantanosas rotas e montanhosos trompe l’oeil da América pioneira, First Cow acha espaço (cava espaço) para os instantâneos preciosos, as experiências faustosas da pequena jouissance de cada dia. O Eclesiastes, o livro mais pessimista do Antigo testamento, tinha razão, pois não há nada de novo sob o sol, mas mesmo trabalhando sob a estreiteza e aspereza dessa economia restrita de pioneiros em rota, em fuga, Kelly Reichardt nos entrega um filme feito pela labuta da luxuosa percepção, uma miríade de epifanias cerzidas pelo hebdomadário gesto, pelo cotidiano de impalpáveis ofertas. Para ler o texto de Kelly Reichardt clique aqui


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