sexta-feira, 30 de abril de 2021

"Para Agripina" - António Ramos Rosa

 



Para Agripina

 

 


Amanheceu a minha vida no teu rosto


de uma doçura intensa e tão suave


como se um divino fundo nele brilhasse


Eu era o que nascia soberanamente leve


e encontrava na limpidez centro do equilíbrio


Só em ti cheguei amanhecendo


na minha madurez. Entrei no templo


em que a luz latente era a secreta sombra


Foste sonhada por meus olhos e minhas mãos


por minha pele e por meu sangue


Se o dia tem este fulgor inteiro é porque existes


E é porque existes que se levanta o mundo


em quotidianos prodígios


em que ao fundo brilha o horizonte certo.


 

 

António Ramos Rosa



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