"Requiem por Palma" - J.P. Pinto Lobo
Requiem por Palma
Jovens e crianças em Palma
degoladas / adultos descabeçados em morte violenta /
Ante sirenes maputenses
impávidas / escoltando o roncar dos Mercedes C-180
Selvagens islâmicos em
Palma espalham terror/ kalashnikovam gente espavorida e inocente /
Sob o silêncio esfíngico e
ensurdecedor / dos defensores que não estancam a torrente
Famílias inteiras são
destroçadas / casas e vidas completamente devastadas /
Em Palma choram-se os seus
mortos / sem poderem homenagear os seus corpos
Sonantes discursos vácuos
e palavrosos / de combate à pobreza absoluta /
Em parlamento Land
Cruiseano proclamados / por gente supostamente impoluta
Refugiados esfomeados de
Palma / de todos os cantos clamam por uma gamela /
Perante apelos a
atrapalhada calma / alguém em faustoso banquete se refastela
Prendem-se os mensageiros
jornalistas / como se algozes shabaabianos fossem /
Silenciando notícias de
ondas terroristas / como se isso impedisse que elas alastrassem
Jovens soldados e polícias
deixados à sua sorte / em Palma sem logística e munições etc. e tal /
Ante monólogos prenhes de
desnorte / sem direito a perguntas na capital
Fervilhando noticiam as
televisões do mundo / estupefactas perante o maligno imundo /
(Só agora) face algumas
mortes estrangeiras / apesar dos inúmeros alertas de padres e freiras
Certificando que todas as
vidas são iguais / mas há umas mais iguais que outras…
J.P. Pinto Lobo
Cascais, 30 de Março 2021
Observação: Para os leitores não moçambicanos importa dar a conhecer alguns dados adicionais, para se comprender melhor o poema de J. P. Pinto Lobo. Para o efeito clique Aqui e aqui
Agradeço ao autor a gentileza por me autorizar a postar seu poema inédito.
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