Navegando pelo cinema
O húngaro Béla Tarr é mais conhecido em alguns círculos como fonte de inspiração para a trilogia de Gus Van Sant (“Gerry”, “Elefante” e “Last Days”), do que pela sua própria obra. No entanto, ele é dono de um universo pessoal cinematográfico absolutamente marcante. Tarr é um daqueles cineastas com uma aproximação tão particular com o cinema que é impossível não reconhecer o seu mundo ao ver um plano qualquer de seus filmes (embora seja verdade que vários dos seus planos têm mais de seis, sete minutos). E este mundo de Tarr (um mundo sempre em preto-e-branco, com movimentos de câmera laterais e verticais constantes, atores que trabalham num registro tons acima ou abaixo do natural e com um som todo particular, com cada ruído refeito em pós-produção, inclusive dublagem dos atores, e uma música repetitiva que impõe um tom) é, ao mesmo tempo, a grande força e a armadilha de seus filmes. Força porque, ao contrário de alguns cineastas, este mundo de um formalismo intenso não nos parece imposto pelo diretor aos seus personagens por força de influências cinematográficas externas, mas sim algo que nasce com e a partir de Tarr: um mundo único e todo dele, que preexiste e ultrapassa os personagens, mas onde eles habitam com naturalidade. Anunciado pelo cineasta como seu último filme, “O Cavalo de Turin” recebeu o prêmio do júri no 61º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Para ver quais os seus 10 filmes essenciais clique aqui
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