domingo, 19 de janeiro de 2025

João Cavalcanti / Pedro Luis: "Indivídua"




Indivídua




Essa ser humana tá me enlouquecendo

Essa indivídua tá me atazanando

Tá me bagunçando de maneira assídua

Tá me entorpecendo essa sujeita insana

É uma fonema que me enche a boca

Toda correlata me substantiva

Tão objetiva super adjunta

Sou um prisioneiro da sua sentença

Ela é intransitiva

Ela é intransitória

Me deixa em carne viva

De tão contraditória

Ela é intransigente

Ela é intransponível

Seu nexo é indecente

Seu sexo inesquecível

É uma objeta na minha sintaxe

Toda predicada vem me dominando

Quando adjetiva me bajula as frases

Uma idioma me flexionando

É uma parágrafa tão incoesa

Que me dá certeza de ser abstrata

Não inventa crises, nem exige crases

Mas sua linguística só me maltrata

Ela é intransitiva

Ela é intransitória

Me deixa em carne viva

De tão contraditória

Ela é intransigente

Ela é intransponível

Seu nexo é indecente

Seu sexo inesquecível

"Indivídua, na cama dos meus sonhos é assídua, atrevida.

Mistura arte, vida

Sem bússola, busco-a na avenida, divina diva, me deixa à deriva

Me afogo no mar da sua saliva

Cuspindo palavras em chama, sua língua lasciva


Me queima a pele, me deixa a alma em carne viva"

Ela é intransitiva

Ela é intransitória

Me deixa em carne viva

De tão contraditória

Ela é intransigente

Ela é intransponível

Seu nexo é indecente

Seu sexo inesquecível

 

João Cavalcanti / Pedro Luis 



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