terça-feira, 29 de novembro de 2022

"Soneto" - Luiz Ruiz Contreras

 




Soneto

 

 

 



Não, não temas... Que a minha boca impura


nada dirá do que meu peito sente,


não, não receies que meu beijo ardente


possa manchar-te a virginal brancura!




Nem temas ver em torno da cintura


meu braço - como astuta e vil serpente


nem que teus puros sonhos de inocente


destruam seu cantar, minha loucura.




Ah! meus olhos, no entanto, consumidos


ao fogo dos teus olhos, meu desejo


atiçam, loucos, num incêndio mudo,




tua imagem levando aos meus sentidos...


E eu te possuo com o olhar, te beijo!


E tu sorris, amor... e ignoras tudo!

 

 

 



Luiz Ruiz Contreras

 

 


(Espanha, 1863-1953)

 



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