Nos caminhos da arte
Daniel Popper é um artista multidisciplinar conhecido por suas esculturas de madeira grandiosas que celebram a natureza. O artista sul-africano pretende conectar pessoas e natureza através de suas obras surreais. Daniel recebeu muitos elogios por suas enormes instalações de arte pública em festivais proeminentes como o festival Electric Forest nos EUA, o Boom Festival em Portugal, o festival Rainbow Serpent na Austrália, bem como o Afrikaburn no Tankwa Karoo na África do Sul. Muitas de suas obras integram iluminação LED, mapeamento de projeção e música eletrônica como componentes principais. Seus trabalhos quase sempre se concentram em belos fungos e vida vegetal, permitindo-nos refletir sobre a conexão entre o mundo natural e nosso lugar nele. Para ver alguns dos seus trabalhos clique aqui aqui e aqui
A maioria dos seres humanos não tem noção da importância da
natureza que nos cerca e acredita que ela estará sempre lá. Ignoramos a
industrialização pesada, a modernização e outros fatores provocados pelo homem,
que prejudicam e destroem nossa natureza maravilhosa e levantam um sério medo
de que, no futuro, ela não mais exista. A Nature Conservancy é uma das
organizações líderes no mundo em suas atividades para preservar a natureza e
proteger a terra e o mar de importância ecológica. A fim de aumentar a conscientização
sobre a necessidade de preservar o meio ambiente, a organização inicia uma
competição anual de fotografias que, neste ano, já teve mais de 50.000 fotos
tiradas por fotógrafos de mais de 135 países. Recentemente, as imagens
vencedoras foram anunciadas e convidamos você a conhecer algumas das principais
e mais impressionantes clicando aqui
Como ler literatura, roteiro da aula
I O cânone
A
importância de ler o cânone e, mais importante, de ler o cânone a contrapelo:
ler quem foi incluído, ler quem foi excluído.
Cânone
vs clássico: o que significa usar uma ou outra palavra. Clássico é critério de
valor; cânone é um processo histórico. Falar em “clássico” é acreditar que
existe um ranking de valor artístico e buscar por essa hierarquia de mérito na
cultura caótica. Falar em “cânone” é querer entender o processo histórico
através do qual alguns livros se tornam “clássicos”. Ou seja, estudar o mesmo
livro como clássico e como cânone significa abordá-lo de maneira completamente
diferente.
Todo
livro está no cânone por um motivo, mas não necessariamente qualidade: ninguém
tem obrigação de gostar nem do cânone nem dos livros canônicos, mas é sempre
instrutivo se perguntar: por que estão no cânone? Pensar o processo de
canonização nos ensina mais sobre a sociedade que os canoniza (suas
prioridades, seus interesses, seus preconceitos) do que sobre as obras em si.
II. Língua, edição,
versão
A
importância de ler no original: mesmo se ler mal, pois só temos como chegar no
ponto de ler bem uma língua estrangeira depois de anos e anos lendo mal.
A
importância de uma boa tradução: diferentes teorias de tradução, como escolher
uma tradução pra você.
A
importância de uma boa edição: prefácio, introdução, posfácio, notas, aparato
crítico, explicações.
III. Como ler
não-ficção
Ler
no mínimo dois livros sobre qualquer assunto que queria se informar: o primeiro
para se informar (e se auto iludir que sabe) e o segundo para se dar conta de o
quão pouco realmente sabe.
IV. Como ler ficção
Na
não-ficção, lemos para saber qual é a mensagem da autora: vidro transparente,
para ver o outro lado. Ficção não tem mensagem: o meio é a mensagem: o vidro é
um mosaico, o próprio vidro é uma arte.
Todo
grande livro nos ensina a lê-lo, ele é uma linguagem por si só e só pode ser
julgado em função de si mesmo.
Abrir
se para a experiência da ficção: qual é a experiência que essa artista criou
para nós? Se entregar à obra. Não julgar a autora, nem as personagens.
Só
dá pra saber o que achamos de um livro de ficção depois que acabamos de ler.
Não
ler tentando decodificar uma única mensagem que a autora teve intenção de
passar. Ou: não presumir que existe essa mensagem. Não colocar palavras na boca
da autora. Aceitar ambiguidades. Presumir que possa existir mais de uma
mensagem, inclusive contraditórias.
Começar
pela obra prima, pela obra mais representativa daquela autora.
V. Poesia
Ler
poesia em voz alta: poesia é som.
Importância e o valor dos audiolivros para apreciarmos a sonoridade da língua.
Na
ficção, o meio é a mensagem: toda autora que escreve em verso poderia ter
escolhido escrever em prosa. Então, devemos ler em verso o que foi escrito em
verso, etc.
VI. Como ler livros
antigos
Todo
livro é escrito com algum tipo de leitora ideal em mente. Nos livros escritos
em nossa cultura e em nossa época, em nosso país e em nossa língua, quase
sempre somos nós. Só ler esses livros pode nos tornar leitoras complacentes e
preguiçosas. A melhor coisa de ler livros antigos é exercitar nossa alteridade:
esses livros não foram escritos para nós, eles não vêm até nos, mas exigem que
façamos o movimento de ir até eles
A
importância de uma boa tradução, de uma boa edição, de boas notas, de um bom
professor, é diminuir essa distância entre o texto antigo e suas expectativas
de leitora ideal, e nós, leitoras de hoje com expectativas de hoje.
O
papel do professor de literatura é garantir que alunas saibam aquelas coisas
que a pessoa autora nem se deu ao trabalho de explicar porque presumia que seu
público soubesse: Machado de Assis, Paulo
e Virgínia.
A
autora sempre escreve presumindo que o público sabe X coisas, pois não é
possível falar tudo: mas o tempo passa, o público muda, e às vezes, quase
sempre, muito se perde. O texto nasce do contexto histórico e vocabular da
autora, que não conhece nem tem como conhecer o contexto histórico e vocabular
de quem está lendo, décadas, séculos, milênios no futuro.
VII. O livro e você
Nem
todo livro é pra todo mundo, e nosso gosto pessoal não é critério de qualidade
literária: não é porque eu pessoalmente não gostei de um livro que ele é ruim,
e vice-versa
Mantra:
"Meu gosto pessoal sobre uma obra de arte é sempre 100% válido e nunca tem
nenhuma relação com o valor ou falta de valor artístico dessa obra." O
fato de eu não
ter gostado não quer dizer q o livro é ruim ou fraco justamente porque
dizer isso equivaleria colocar o meu gosto pessoal idiossincrático como juiz da
boa literatura mundial.
A
leitura é um espaço virtual, fora da obra, fora de mim, onde se encontram o
texto da obra e o meu olhar. Como o meu olhar sempre muda, a leitura sempre é
diferente, mesmo que a obra permaneça igual. A obra se completa no leitor: o
significado será diferente para cada pessoa.
Podemos
nos dar ao direito de não gostar, mesmo que a maioria goste. E vice-versa.
Se
permitir começar, largar, parar, desgostar, retomar livros à vontade: não tem
regras, ninguém está olhando, fazemos o que quisermos. Leitura é diversão.
VIII. O cânone
ocidental mínimo
Sugestão
de cânone ocidental mínimo para uma pessoa brasileira, somente ficção. O
critério é serem obras importantes, influentes, representativas, muito
referenciadas e citadas.
Fonte: Aqui
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