terça-feira, 21 de maio de 2024

No caminho das artes





 "A estrada de Flandres"




Algumas palavras sobre um romance que considero uma das obras mais impressionantes, instigantes e interessantes da história da literatura: "La route de Flandres", no Brasil "A estrada de Flandres", de Claude Simon, prêmio Nobel de Literatura em 1985. É um dos livros mais importantes da minha formação como leitor e como escritor e acho que não é difícil de entender por quê. Para ler o texto de Fábio Fonseca de Castro clique aqui

 







Arquitetura urbana e pós-modernista da Coreia do Norte




Edifícios altos e coloridos, ruas sem publicidade, mas com propaganda e estradas novas... sem carros. A Reuters reuniu uma fotogaleria com imagens enviadas pela Agência Central de Notícias da Coreia que mostram a arquitectura da capital Pyongyang e empreendimentos tecnológicos e de habitação de outras províncias do país, passando pelo parque aquático Munsu. Para ver as fotos clique aqui










Imagens inspiradoras capturadas pelo talentoso fotógrafo Daniel Kordan




As fotografias notáveis de Daniel Kordan mostram as maravilhas ilimitadas do nosso planeta, revelando paisagens encantadoras que ainda não foram totalmente exploradas. Cada uma das suas fotografias transmite uma sensação de beleza natural e detalhes fascinantes, desde as cativantes ilhas da Indonésia até as majestosas montanhas da Nova Zelândia. Confira alguns dos melhores trabalhos de Daniel Kordan clique aqui e aqui


Reflexões sobre o tempo presente

 





Dossiê antecipa as possibilidades e os riscos da inteligência artificial




Nova edição da Revista USP mostra que a aplicação da IA em diversas áreas – como educação, saúde e ambiente – já se tornou realidade, mas ainda é necessário criar mecanismos que garantam o uso responsável da nova tecnologia. Para ler o texto de Luiz Prado clique aqui








 Força-de-lei e estado de exceção - Giorgio Agamben




A foça-de-lei é o aspecto mais importante do estado de exceção que, ao aplicar a norma a desaplicando, torna aquilo que não é lei constituído de força-de-lei, gerando um espaço de anomia para justamente permitir a existência de uma ordem jurídica estável posterior que o pressupõe. Para ler o texto de Vinicius Siqueira clique aqui








Michael Heinrich e a revisão de discursos sacralizados




Sem recorrer ao “supertrunfo” da dialética, Michael Heinrich nos introduz à crítica da economia política, programa que, ao minar a autoevidência das ciências econômicas, aprofunda a teoria do conhecimento com uma pesquisa das relações sociais capitalistas. Para ler o texto de Guilherme Leite Gonçalves clique aqui

segunda-feira, 20 de maio de 2024

"Um vento de amores e marés" - Imane El Khattabi


 


Um vento de amores e marés

 




Há sapos na rua das trevas,


o ruído é estridente e constrangedor.


Há sapos com beijos agora no esquecimento,


as palavras leva-as o silêncio.


O vento faz-se eco de novos ares,


já sem sapos. Já sem beijos. Já sem palavras.



 

Que o matagal me não impeça de ver as árvores em tuas veias.


Que o matagal me não extermine os latidos do ar cálido


Que o matagal seja rumor, seja pó, seja nada.


  

 

Rei sol, ilumina meus pensamentos,


agrada aos meus prazeres em tua erupção,


afasta o frio abrasador em teu esquecimento.


Rei sol, não escureças o meu destino.


Pega nas minhas ideias e afasta os fantasmas vazios.



 

Dor de folhas secas, pressentimento em meu olvidado músculo,


pensamento: razão obscura


dor: alívio passageiro


amor: palavra antiga.


Dor de folhas secas é o que sinto pelo esquecimento. 



 

A verdade dos céus esconde o segredo da tua boca.


A verdade dos mares cala a tempestade do teu silêncio.


A verdade dos amantes silencia o desejo carnal de Vénus.


A verdade dos olhares cegos esconde o tesouro que tanto calas.


 

 

Companheiro de viagem, proprietário do caminho do viver.


Companheiro da memória, sonho de papoilas e girassóis.

 

Companheiro de viagem. Sempre tu, sempre eu.


Sempre nós. Companheiro de viagem.



 

E tu dizes-me um «quero-te».


Para além do âmago do cristal.


Para além do bem e das tormentas.


Para além do fio infinito da tua voz.


E eu digo-te um instante eterno.


Para cá das minhas veias.


Para cá da minha razão.


E para cá do tu e do eu.



 

Dança em mim a água e sente os meus beijos na tua pele.


Recorda as minhas carícias. Não as esqueças.


Protege as minhas carícias na tua pele.


Dança em mim e sente os meus suspiros em tua boca.

  

Lembra os meus lábios. Não os esqueças.


Beija-os até me deixares sem alento.


Dança em mim e deixa-me morrer em teus braços.



 

O beijo no pescoço,


o suave toque dos lábios no frágil pescoço,


fez de mim um cisne com penas de cristal:


Fénix renascida do Amor.


Enredo de conto de fadas.


Tule vaporoso e de sopros azuis.


Enredo de sonho dourado.


Brilho de luz água-marinha e leito apaixonado.



 

Para além do âmago do cristal.


Para além do eco débil das veias.


Para além do oceano das pupilas.


Para além do olhar: Um amor para além de ti:


Um silêncio quebrado.



 

Para além de ti. A vida e a morte.


Gotas de água gelada percorrem as minhas veias,


são a cristalização das memórias,


dormem na litania dos meus sonhos,


são a bruma branca,


são a respiração na imensidão do meu frio.


A vida e a morte. São tu e eu, talvez.



 

Um amor arrogante e poderoso. Sem a despedida.


Um amor de vento e de marés. Sem o alento.


Um amor com margens. Sem escrituras.


Um amor de preâmbulos vazios. E finais sem saber o que dizer.



 

Em mim te descubro. Vivo-te, sinto-te.


Mesmo que exista um mar mais ou menos estreito.


Ainda que passem os anos. Nem tu perdes a beleza,


Nem eu a esperança de te recuperar.



 

Tu, minha cidade, íntima e maravilhosa.


Contigo volto a nascer, ao abrigo de muralhas e de nevões.


Tu, minha cidade, fria e distante.


Contigo volto a nascer, ao som do Amor e da Sabedoria.


Tu, minha cidade, Tu, minha dor e meu pranto,


Tu, agora distante. Tu, ainda ontem tão próxima.



 

Já vivemos todos os sonhos,


«Se uma vida, como tudo, é uma questão de histórias,


Aproximar-me das tuas ruas foi criar um destino».


Sente a minha falta.


Manda-me luz e amor cada vez que pensares em mim,


cada vez que anoitece no teu íntimo.


Sente a minha falta, ou não.


E fiquemo-nos por aí. Não será para sempre. Nada é para sempre.



 

O último vagão de sombras


sulca imparável o meu mar ferruginoso.


Leva as minhas ânsias e as minhas nostalgias.


Leva o tu e o eu e a minha cidade incessantemente.


O último vagão vazio de ausências


detém-se na minha história solitária.


Leva os meus olhares para outro sítio.


Leva o meu último adeus e fico sem nada.



 

Com a palavra me rebelo.


Sonho a manhã com as veias.


E, no entanto, caminho longa e demoradamente.


Sempre em tapete vermelho.


E, no entanto, estremece o meu destino.


Com recortes da minha palavra.


Sempre em tapete vermelho.



 

Cravo-me no mês dos assombros.


Cavalo branco e bosque verde.


Fixo-me nos olhos do meu destino.


Pluma branca e terra molhada.


Fixo-me nos escritos.


Página em branco e ponto e final.



 

Imane El Khattabi



 

Nasceu em Tetouan em 1974. Doutorada em Língua e Literatura Árabe, é funcionária do Ministério da Cultura e Comunicação de Marrocos. É membro da União de Escritores de Marrocos e da Casa da Poesia de Marrocos. Os seus poemas têm sido publicados em jornais e revistas, tendo dado à estampa em 2001, O mar no princípio da maré, e, em 2014, Operadora do corpo, traduzida para espanhol em 2016, e publicada no Chile. Os seus poemas encontram-se traduzidos para espanhol, francês, inglês e curdo.





Para ter acesso ao mais recente livro de poesia "Nas sílabas do vento" do autor do blog clique aqui

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