sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

"Horas rubras" - Florbela Espanca

 




Horas rubras

 

 

 



Horas profundas, lentas e caladas,


Feitas de beijos sensuais e ardentes,


De noites de volúpia, noites quentes


Onde há risos de virgens desmaiadas…




Ouço as olaias rindo desgrenhadas…


Também os astros em fogo, astros dementes.


E do luar os beijos languescentes


São pedaços de prata pelas estradas…




E os meus lábios são brancos como lagos…


Os meus braços são leves como afagos,


Vestiu-se o luar de sedas puras…




Sou chama e neve branca e misteriosa…


E sou, talvez, na noite voluptuosa,


Ó meu poeta, o beijo que procuras!

 

 

 



Florbela Espanca

 

 



(Portugal 1894-1930)




Para ler o Prefácio da 2ª edição do livro CULTURA ACÚSTICA E LETRAMENTO EM MOÇAMBIQUE: Em busca de fundamentos antropológicos para uma educação intercultural” do autor do blog clique aqui


Para adquirir o livro, sob demandaclique aqui

0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP