Ettore Scola, um dos maiores nomes do cinema italiano, morre aos 84 anos
Ettore Scola, em 2003, antes
da exibição do longa 'Genti di Roma', no festival de Annecy
|
DE
SÃO PAULO - 19/01/2016
Morreu na terça-feira (19), aos 84
anos, Ettore Scola, um dos maiores nomes do cinema italiano. Desde
domingo (17), o diretor estava em coma no departamento cardiológico do hospital
Policlino de Roma. De acordo com familiares, seu coração parou por "cansaço".
Scola nasceu em Trevico, uma pequena
cidade de mil habitantes na província italiana de Avellino, em 10 de maio de
1931. Antes de virar cineasta, estudou direito em Roma, passando também pelo
jornalismo e pelo rádio.
Estreou na direção em 1964, com a comédia
"Fala-se de Mulheres". Em 1976, venceu o prêmio de melhor diretor em
Cannes por "Feios, Sujos e Malvados". Também ganhou o prêmio César de
melhor filme estrangeiro com "Nós que nos Amávamos Tanto" (1974).
Em 1984, ganhou o Urso de Prata no
festival de Berlim por "O Baile". Outras de suas obras mais
conhecidas são "Aquele Que Sabe Viver" (1962), no qual assina o
roteiro, "O Jantar" (1998) e "Um Dia Muito Especial
(1977)", que rendeu uma indicação ao Oscar de melhor ator para Marcello
Mastroianni.
O cineasta deixa a mulher, a
roteirista Gigliola Scola, e as filhas Paola Scola e Silvia Scola, que também
seguiram carreira no cinema italiano e fizeram parcerias com o pai.
Sua morte "deixa um enorme
vazio na cultura italiana", afirmou o primeiro-ministro Matteo Renzi. O
premiê disse ainda que Scola dominava a "incrível capacidade de leitura da
Itália, desde sua sociedade até suas mutações, sentimentos ao longo do tempo e
consciência social".
Já o ministro italiano para os Bens
Culturais e Turismo, Dario Franceschini, lembrou o vigor do cineasta. "Um
grande professor, um homem extraordinário, jovem até o último dia de sua
vida", comentou no Twitter.
Também na rede social lamentou Juan
José Campanella, diretor argentino que levou o Oscar de melhor filme estrangeiro
em 2010 por "O Segredo dos Seus Olhos": "Ettore Scola, obrigado
por mudar minha vida", escreveu.
ÚLTIMO TRABALHO
Seu último filme foi "Que
Estranho Chamar-se Federico", de 2013, em que homenageia o amigo e
conterrâneo Federico Fellini (1920 - 1993). Destaque no festival de Veneza, o
filme conta não só a trajetória de Fellini, mas retrata seu universo e
reconstrói a amizade emocionante entre os dois mestres do cinema italiano.
Intelectual da esquerda italiana,
Scola idealizava o potencial de crítica social da comédia, tendo como mestres
Mario Monicelli, Totó e Dino Risi. Em "Feios, Sujos e Malvados",
satiriza a antiga cultura popular solapada pela miséria.
"Precisamos mesmo de outra bela
guerra", diz um dos personagens de "O Terraço". Roteirista de
comédias em crise de criação, revoltado com o neoconformismo de uma Itália
americanizada e o capitulacionismo dos companheiros de geração, esse
personagem, vivido por Jean-Louis Trintignant, é dos mais autobiográficos de
sua obra.
FONTE: Aqui
0 comentários:
Postar um comentário