quinta-feira, 18 de julho de 2013

Franz Kafka e os roteiros da panóptica espionagem global

 
1.
Um dos aspectos mais interessantes da literatura do escritor checo Franz Kafka (1883-1924) está relacionado com a sua potência para mostrar como as relações de poder se inscrevem em todos os lugares, porque tudo está absolutamente misturado. É assim, por exemplo, que no romance O processo (1925), o ateliê do personagem Titorelli, pintor de juízes, é também o seu quarto de dormir, que é também um cubículo de um imenso cortiço popular, que é também o próprio tribunal de justiça, onde K, o protagonista da narrativa, é processado sem ter feito mal algum.
2.
Em consonância com a trama do romance O processo, é possível argumentar que todo e qualquer poder é tanto mais presente quanto mais onipresente; tanto mais potente quanto mais onipotente e tanto mais transcendente quanto imanente, quanto mais existe em qualquer um, de tal maneira que seu centro se confunde com sua periferia, tal como ocorre em outro romance de Franz Kafka, O castelo (1926), cuja trama apresenta um nevoado castelo no topo de uma montanha e uma vila cujos habitantes vivem em função de sua onipresença soberana, não obstante a impossibilidade de alcançá-lo, como se ele existisse de tanto não existir realmente: uma miragem que assombra os aldeões, contaminados que estão com a bruma misteriosa e indevassável que vem do castelo.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

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