quarta-feira, 3 de julho de 2013

A sociedade espetacular planetária de maio de 68


Os filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari propuseram duas formas de política para atuar, pensar, criar, ler, viver: uma política existencial molar e uma política existencial molecular. A primeira, a molar, é constituída por planos fixos, segmentados, já instituídos, como certa ideia de esquerda em contraposição a outras não menos previsíveis visões do que seja direita; bem versus mal, povo homogêneo, amigo versus inimigo, centro e periferia; pobre e rico; homem e mulher, heterossexual, homossexual; ser branco, ser negro, ser índio, ser criança, ser latino, ser americano, ser jovem, fases etárias, saberes instituídos, a própria língua, entendida como um conjunto de convenções que nos faz falar cadeira, por exemplo, e imediatamente pensar ou ver uma cadeira, objeto de quatro pernas contendo um suporte onde sentamos para realizar múltiplas atividades cotidianas; enfim, molar é tudo que está estratificado, organizado, dado, realizado, sendo perceptível, dedutível, acreditável. Por sua vez, a segunda perspectiva existencial, a molecular, é precisamente o contrário da molar: é tudo que não está dado, que não está pronto, que não está instituído, nunca é um à priori, de modo que também não é fixo, é movente, metamórfico, uma coisa e outra e outra, sem que possamos regular de antemão; sem que possamos dizer, “é isto”, “é aquilo”, porque é sempre um aglomerado de partículas, de misturas, de heterogêneos, de imperceptíveis, de séries divergentes. O molecular é, pois: o não visto, o não sentido, não pensado, não escutado, não realizado, não esquadrinhado, multiplicidades imprevisíveis.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

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