quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

"Avenida Guerra Junqueiro" - Manuel de Freitas


Avenida Guerra Junqueiro




para o Rui Miguel Ribeiro



Uma cerveja, uma esplanada, pombas


rondando os magros arbustos


– uma espécie de serenidade, intocável.


Penso como seria diferente este preciso momento


se me tivessem internado durante um mês,


à mercê de exames e de uma firme promessa


de morte.


Penso que nunca tive um melanoma, uma cirrose,


uma hérnia no estômago, essas coisas


por que passaram alguns amigos meus.


E lembro-me de uns versos de Emily Dickinson


muito parecidos com a luz forte de Lisboa.


Penso que tenho, afinal,


um inferno pequeno


mas verdadeiro


por ser, como o vosso, mortal.



Manuel de Freitas



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