Cultura (S) Africana (S) em Livros Didáticos de História: entre o discurso verbal e iconográfico
Nossa pesquisa analisa o texto didático e as imagens sobre a
(s) Cultura (s) Africana (s) em livros didáticos de História do Ensino Médio
quando tratam da História Africana e da História AfroBrasileira. Para a análise
foram escolhidas duas coleções de livros de História: “História Global”: Brasil
e Geral” e “História: das cavernas ao terceiro milênio” do Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD) de 2008 e 2012. Construímos nossa análise valendo-nos de
três eixos principais. Primeiramente, concebemos a produção do livro didático
na interdependência dos avanços tecnológicos; dos interesses das editoras e dos
processos de editoração; das pressões sociais, advindas principalmente dos
movimentos sociais (no nosso caso na luta do movimento negro contra o racismo e
pela valorização da cultura negra); das mudanças que acontecem nos saberes
acadêmicos (educacionais e historiográficos); e das políticas públicas
direcionadas ao livro didático e das diretrizes que determinam a introdução do
ensino da História e da Cultura Africana e Afro-Brasileira no ensino da
História, fazendo parte de uma luta por uma educação antirracista, instituída
oficialmente a partir dos anos 2000, no Brasil. Em segundo lugar, consideramos
a noção de cultura a partir de contribuições da História cultural e da antropologia.
Em terceiro lugar, realizamos uma certa revisão historiográfica que nos
auxiliou a compreender os conhecimentos históricos que tem comparecido ou não
nos capítulos que tratam da História africana e da história afro-brasileira. Os
referenciais contidos nesses três eixos foram mobilizados, por meio da
metodologia da análise de conteúdo e de alguns elementos da análise do
discurso, para identificar e analisar as imagens nas relações com o texto
presente nos livros didáticos escolhidos. Por meio de nossa investigação,
constatamos silêncio, representações eurocêntricas e mudanças que vem sendo
implementadas nos livros didáticos, principalmente, a partir da segunda
avaliação feita pelo MEC por meio PNLD de 2012. Além destes aspectos, podemos
apontar que houve um aumento no número de capítulos destinados especificamente
à História e Cultura (s) Africana (s), mas que, entretanto, ainda prevalecem:
a) a história e as culturas de povos africanos que viveram no continente antes
da chegada dos europeus ou durante o período colonial, sobressaindo os estudos
sobre a costa ocidental do continente em detrimento da costa oriental; b) o
predomínio de representações vinculadas ao período colonial e imperial
brasileiros, com destaque para as imagens canônicas de Debret e Rugendas,
quando pensamos os africanos, seus descendentes e suas culturas no Brasil, em
função da diáspora; c) o não reconhecimento da civilização egípcia como uma
civilização africana e negra. Vale, no entanto, destacar que houve uma melhoria
considerável em relação à qualidade das imagens (tamanho, cores, legibilidade)
e de suas respectivas legendas. Por fim, em nossa pesquisa apontamos para a
necessidade de novos estudos que possam contribuir para o avanço da compreensão
da cultura africana e afro-brasileira na escola, como elemento central para o
avanço da cidadania, na perspectiva de uma educação intercultural e, portanto,
antirracista.
Para ler o texto completo de Sidnei Marinho de Souza clique aqui
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