DOSSIÊ: Massacre em Paris
Com estilo jihadista, ataque sugere
escalada
IGOR GIELOW
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
13/11/2015
Poucos meses depois dos ataques contra o jornal satírico
"Charlie Hebdo", o terror voltou com força multiplicada a Paris. As
características da ação, coordenada e envolvendo pelos primeiros relatos
armamento pesado e explosivos, demonstram o fracasso do esquema de reforço no
policiamento da capital francesa.
Ao longo deste ano, turistas contornavam grupos de soldados do
Exército com fuzis em frente a pontos sensíveis, como as sinagogas e lojas
judaicas do tradicional bairro do Marais, além de todas as diversas atrações
parisienses. Nesta sexta, uma das ações ocorreu justamente em um restaurante
não distante da redação do "Charlie".
Este texto é escrito sem confirmações de autoria, mas todos os
sinais iniciais indicam o tipo de terrorismo que emergiu com a Al Qaeda, a rede
fundada por Osama bin Laden: coordenação, alvos que simbolizam o que o jihadismo
vê como a decadência ocidental (restaurantes, boates, eventos de massa) e um
senso de espetacularização da violência.
Naturalmente, a pergunta central será sobre o envolvimento da
facção Estado Islâmico, que domina porções consideráveis da Síria e do Iraque e
que está sob fogo do Ocidente e da Rússia. Até aqui, o grupo parecia mais
inspirar do que efetivamente organizar ataques fora de seus domínios.
Ao assumir como obra de um grupo afiliado seu a derrubada de um
Airbus russo sobre o Sinai, no fim de outubro, o EI assustou o mundo com a
possibilidade de expandir seu terror para os chamados "soft targets":
turistas e a indústria que eles movem, basicamente.
Assim como acontecia com a Al Qaeda, a dificuldade central de
vigilância enfrentada pelos governos se dá pelo fato da horizontalidade desse
tipo de ação. Qualquer maluco pode alegar ser egresso de uma "célula
dormente" do EI, é fato, mas o que os ataques de Paris sugerem é algo
completamente diferente.
Tudo isso, claro, precisa passar pelo crivo de investigações que
começaram há poucas horas. Mas parece insinuar uma escalada que o Ocidente já
viu antes, na esteira dos ataques do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
A proximidade da COP-21, a reunião sobre o clima que trará
diversos chefes de Estado em Paris, apenas agrava essa perspectiva.
Há algumas semanas, diplomatas franceses em Brasília comentavam
sobre as medidas extremas de segurança que iriam ser tomadas para evitar
ataques durante a reunião, que pareciam bem draconianas. Deverão ser duplicadas
agora.
Leia o texto “Choro de
Hollande, lágrimas de crocodilo” de Breno Altman clicando aqui
Para ler o
texto “Massacre em Paris: O milagre da paz diante do convite à barbárie”
de Leonardo Sakamoto clique aqui
Leia o texto “Ataques a Paris trazem de volta inquietação com ações
jihadistas” de Luiz
Felipe de Alencastro clicando aqui
Leia o texto "Por que novamente em Paris?" de Hugo Bachega clicando aqui
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