sábado, 14 de novembro de 2015

DOSSIÊ: Massacre em Paris


Com estilo jihadista, ataque sugere escalada

IGOR GIELOW
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

13/11/2015
Poucos meses depois dos ataques contra o jornal satírico "Charlie Hebdo", o terror voltou com força multiplicada a Paris. As características da ação, coordenada e envolvendo pelos primeiros relatos armamento pesado e explosivos, demonstram o fracasso do esquema de reforço no policiamento da capital francesa.
Ao longo deste ano, turistas contornavam grupos de soldados do Exército com fuzis em frente a pontos sensíveis, como as sinagogas e lojas judaicas do tradicional bairro do Marais, além de todas as diversas atrações parisienses. Nesta sexta, uma das ações ocorreu justamente em um restaurante não distante da redação do "Charlie".
Este texto é escrito sem confirmações de autoria, mas todos os sinais iniciais indicam o tipo de terrorismo que emergiu com a Al Qaeda, a rede fundada por Osama bin Laden: coordenação, alvos que simbolizam o que o jihadismo vê como a decadência ocidental (restaurantes, boates, eventos de massa) e um senso de espetacularização da violência.
Naturalmente, a pergunta central será sobre o envolvimento da facção Estado Islâmico, que domina porções consideráveis da Síria e do Iraque e que está sob fogo do Ocidente e da Rússia. Até aqui, o grupo parecia mais inspirar do que efetivamente organizar ataques fora de seus domínios.
Ao assumir como obra de um grupo afiliado seu a derrubada de um Airbus russo sobre o Sinai, no fim de outubro, o EI assustou o mundo com a possibilidade de expandir seu terror para os chamados "soft targets": turistas e a indústria que eles movem, basicamente.
Assim como acontecia com a Al Qaeda, a dificuldade central de vigilância enfrentada pelos governos se dá pelo fato da horizontalidade desse tipo de ação. Qualquer maluco pode alegar ser egresso de uma "célula dormente" do EI, é fato, mas o que os ataques de Paris sugerem é algo completamente diferente.
Tudo isso, claro, precisa passar pelo crivo de investigações que começaram há poucas horas. Mas parece insinuar uma escalada que o Ocidente já viu antes, na esteira dos ataques do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
A proximidade da COP-21, a reunião sobre o clima que trará diversos chefes de Estado em Paris, apenas agrava essa perspectiva.
Há algumas semanas, diplomatas franceses em Brasília comentavam sobre as medidas extremas de segurança que iriam ser tomadas para evitar ataques durante a reunião, que pareciam bem draconianas. Deverão ser duplicadas agora.
Leia o texto “Choro de Hollande, lágrimas de crocodilo” de Breno Altman clicando aqui
Para ler o texto “Massacre em Paris: O milagre da paz diante do convite à barbárie” de Leonardo Sakamoto clique aqui
Leia o texto “Ataques a Paris trazem de volta inquietação com ações jihadistas” de Luiz Felipe de Alencastro clicando aqui
Leia o texto "Por que novamente em Paris?" de Hugo Bachega clicando aqui


0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP