sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Cultura (S) Africana (S) em Livros Didáticos de História: entre o discurso verbal e iconográfico


Nossa pesquisa analisa o texto didático e as imagens sobre a (s) Cultura (s) Africana (s) em livros didáticos de História do Ensino Médio quando tratam da História Africana e da História AfroBrasileira. Para a análise foram escolhidas duas coleções de livros de História: “História Global”: Brasil e Geral” e “História: das cavernas ao terceiro milênio” do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) de 2008 e 2012. Construímos nossa análise valendo-nos de três eixos principais. Primeiramente, concebemos a produção do livro didático na interdependência dos avanços tecnológicos; dos interesses das editoras e dos processos de editoração; das pressões sociais, advindas principalmente dos movimentos sociais (no nosso caso na luta do movimento negro contra o racismo e pela valorização da cultura negra); das mudanças que acontecem nos saberes acadêmicos (educacionais e historiográficos); e das políticas públicas direcionadas ao livro didático e das diretrizes que determinam a introdução do ensino da História e da Cultura Africana e Afro-Brasileira no ensino da História, fazendo parte de uma luta por uma educação antirracista, instituída oficialmente a partir dos anos 2000, no Brasil. Em segundo lugar, consideramos a noção de cultura a partir de contribuições da História cultural e da antropologia. Em terceiro lugar, realizamos uma certa revisão historiográfica que nos auxiliou a compreender os conhecimentos históricos que tem comparecido ou não nos capítulos que tratam da História africana e da história afro-brasileira. Os referenciais contidos nesses três eixos foram mobilizados, por meio da metodologia da análise de conteúdo e de alguns elementos da análise do discurso, para identificar e analisar as imagens nas relações com o texto presente nos livros didáticos escolhidos. Por meio de nossa investigação, constatamos silêncio, representações eurocêntricas e mudanças que vem sendo implementadas nos livros didáticos, principalmente, a partir da segunda avaliação feita pelo MEC por meio PNLD de 2012. Além destes aspectos, podemos apontar que houve um aumento no número de capítulos destinados especificamente à História e Cultura (s) Africana (s), mas que, entretanto, ainda prevalecem: a) a história e as culturas de povos africanos que viveram no continente antes da chegada dos europeus ou durante o período colonial, sobressaindo os estudos sobre a costa ocidental do continente em detrimento da costa oriental; b) o predomínio de representações vinculadas ao período colonial e imperial brasileiros, com destaque para as imagens canônicas de Debret e Rugendas, quando pensamos os africanos, seus descendentes e suas culturas no Brasil, em função da diáspora; c) o não reconhecimento da civilização egípcia como uma civilização africana e negra. Vale, no entanto, destacar que houve uma melhoria considerável em relação à qualidade das imagens (tamanho, cores, legibilidade) e de suas respectivas legendas. Por fim, em nossa pesquisa apontamos para a necessidade de novos estudos que possam contribuir para o avanço da compreensão da cultura africana e afro-brasileira na escola, como elemento central para o avanço da cidadania, na perspectiva de uma educação intercultural e, portanto, antirracista.
Para ler o texto completo de Sidnei Marinho de Souza clique aqui

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