José de Sousa Miguel Lopes: Os meus cem filmes preferidos
1.“O sétimo selo” – Ingmar Bergman (Suécia, 1958)
2.“Antes da chuva” – Milcho Manchevsky (Macedónia, 1994)
3.“Lavoura arcaica” – Luiz Fernando Carvalho (Brasil, 2003)
4.“Arca russa” – Aleksandr Sokúrov (Rússia, 2002)
3.“Lavoura arcaica” – Luiz Fernando Carvalho (Brasil, 2003)
5.“Os diários de motocicleta” – Walter Salles (Brasil, 2004)
José de Sousa Miguel Lopes: Os meus
cem filmes preferidos
Em finais de 2005, um site de São
Paulo[1] convidou-me a indicar os meus cinco filmes de cabeceira, de modo a
integrar uma seção intitulada “A seleção do Cinéfilo”. Deveria igualmente,
fazer um breve comentário (duas a três linhas) sobre cada um dos filmes
selecionados. Dada a quantidade de grandes filmes, produzidos ao longo de um
século de cinema, a tarefa, como se pode imaginar, não foi fácil. Até porque,
como é obvio, não vi todos eles e, dentre esses, seguramente, alguns poderiam
entrar nesta lista. Assim sendo, seria impossível – ou, pelo menos,
irresponsável – preparar uma lista dos filmes mais importantes, perfeitos,
inesquecíveis ou significativos, especialmente se a lista procurasse fazer
justiça e cobrisse toda a história da sétima arte. Nunca tendo realizado antes
este exercício, debrucei-me sobre o papel e comecei a relembrar os filmes que,
de algum modo, me tivessem marcado na minha trajetória de cinéfilo[2].
Acabei produzindo uma lista de cem
filmes (ver abaixo). Esta lista pode ser considerada elitista ou
auto-indulgente, mas não acho que seja. O filme é uma das mais acessíveis
formas de arte e, por isso, mesmo a obra mais obscura pode ser entendida por
qualquer não-especialista inteligente, o que eu presumo que o leitor seja. A
partir desta lista, indiquei os meus cinco filmes de cabeceira:
- “O sétimo selo” – Ingmar Bergman (Suécia, 1958) - Simplesmente o melhor filme da
história do cinema. Bergman, provavelmente o cineasta que mais
obras-primas produziu na 7a arte, presenteia-nos nesta obra a
preto e branco, com a mais fascinante e espantosa alegoria sobre a morte.
- “Antes da chuva” – Milcho Manchevsky (Macedónia, 1994) - Combinando
com maestria um enredo circular, o autor macedônio nos envolve no
entrelaçamento de três histórias, impregnadas de política, violência e
poesia. Olhar perspicaz, impiedoso, desafiador e delicado de Manchevsky
sobre os problemas da etnicidade e da intolerância.
- “Lavoura arcaica” – Luiz Fernando Carvalho (Brasil, 2003) - Um
Bergman dos trópicos! Um poema visual (sedução, erotismo e violência
simbólica), numa história contada com mão segura sobre facetas menos
luminosas da instituição familiar. Excepcional desempenho dos principais protagonistas.
- “Arca russa” – Aleksandr Sokúrov (Rússia, 2002) - Um prodígio de
criatividade e de técnica cinematográfica: filmar num único plano de 96
minutos e no interior de 35 salas de um mais espetaculares museus do
planeta, o Hermitage, em São Petersburgo, a história russa desde início do
século XIX até à Revolução Bolchevique.
- “Os diários de motocicleta” – Walter Salles (Brasil, 2004) - Num mundo em que
as utopias parecem ter-se perdido, Salles apresenta-nos a bela trajetória
por terras latino-americanas, do jovem Ernesto que viria a tornar-se um
depositário dos sonhos e de utopias da juventude e uma das figuras mais
emblemáticas do século XX: o Che.
1) Trata-se
do site www.2001video.com.br 30/10/05.
2) Foi um pouco a situação
em que se viu envolvido Luis Fernando Veríssimo (2005, p.4), quando relatou a
sua reação a um pedido semelhante. Segundo ele: “Me pediram uma lista dos dez
melhores filmes que vi em 2005 e não adiantaram os socos na testa, ameças de
britadeira, nada. Meu cérebro só forneceu dois, e de má vontade. Mas a lista de
1960 estava pronta. Eu entendo. Ele está se protegendo. Se ele soubesse o que
significa, diria que está rejeitando inputs para evitar uma overloading
e um flame-out do sistema, mas a ideia é esta, a recusa de registrar
novas informações que ameacem as lembranças do passado, essa tranquila terra de
coisas estabelecidas a salvo do esquecimento. Não aprovo, mas entendo”.
A
lista dos
meus cem filmes preferidos (30/10/05)
1.
Excetuando os cinco primeiro filmes (os
indicados como meus filmes de cabeceira), a sequência dos restantes é
aleatória, não se regendo por uma classificação em termos de qualidade.
2.
O país indicado é o da nacionalidade do
diretor.
1. O sétimo selo – Ingmar Bergman (Suécia, 1958)
2. Antes da chuva – Milcho Manchevsky (Macedónia, 1994)
3. Lavoura arcaica – Luiz Fernando Carvalho (Brasil, 2003)
4. Arca russa – Aleksandr Sokúrov (Rússia, 2002)
5. Os diários de motocicleta – Walter Salles (Brasil, 2004)
6. O olhar de Michelangelo - Michelangelo Antonioni (Itália,2004)
7.
Um olhar a cada dia – Theo Angelopoulos (Grécia, 1997)
8. A estratégia da aranha – Bernardo Bertolluci (Itália, 1970)
9. Além das nuvens – Michelangelo Antonioni (Itália) e Wim Wenders
(Alemanha) – 1995
10. Morte em Veneza - Luchino Visconti (Itália, 1971)
11.
De olhos bem fechados – Stanley Kubrik (EUA, 1999)
12.
2001 Odisseia no espaço - Stanley Kubrik (EUA, 1968)
13.
O último ano em Marienbad – Alain Resnais (França, 1961)
14.
Hiroshima, mon amour - Alain Resnais (França, 1959)
15.
Ladrões de bicicletas – Vittorio de Sica.(Itália, 1948)
16.
O milagre
de Milão - Vittorio de Sica.(Itália, 1950)
17.
Cinema Paradiso – Giuseppe Tornatore (Itália, 1988)
18.
Cidadão Kane – Orson Welles (Inglaterra, 1941)
19.
O Encouraçado Potemkine – Sergei Eisenstein (URSS, 1925)
20.
A última noite de Boris Gruchenko – Woody Allen (EUA, 1975)
21.
A doce vida – Federico Fellini (Itália, 1960)
22.
Amarcord - Federico Fellini (Itália, 1973)
23.
O leopardo - Luchino Visconti (Itália, 1963)
24.
Central do Brasil – Walter Salles (Brasil, 1998)
25.
Abril despedaçado - Walter Salles (Brasil, 2001)
26.
Casablanca – Michael Curtis (EUA, 1942)
27.
Laranja Mecânica - Stanley Kubrik (EUA, 1971)
28.
E o vento nos levará – Abbas Kiarostami (Irã, 1999)
29.
O gosto da cereja - Abbas Kiarostami (Irã, 1997)
30.
O baile – Ettore Scola (Itália, 1983)
31.
O jantar - Ettore Scola (Itália, 1998)
32.
A eternidade e um dia - Theo Angelopoulos (Grécia, 1998)
33.
Paisagem na neblina - Theo Angelopoulos (Grécia, 1988)
34.
Underground - Mentiras de Guerra - Emir Kusturica.(Ioguslávia, 1995)
35.
Morangos silvestres – Ingmar Bergman (Suécia, 1957)
36.
A fonte da donzela - Ingmar Bergman (Suécia, 1959)
37.
Gritos e sussurros - Ingmar Bergman (Suécia, 1972)
38.
Amor à flor da pele – Wong Kar-Whai.(China, 2000)
39.
Rocco e seus irmãos - Luchino Visconti (Itália, 1960)
40.
O último ano em Marienbad – Alain Resnais (França, 1961)
41.
Fellini Oito e meio – Federico Fellini (Itália, 1963)
42.
A aventura - Michelangelo Antonioni (Itália, 1960)
43.
A noite - Michelangelo Antonioni (Itália, 1961)
44.
O eclipse - Michelangelo Antonioni (Itália, 1962)
45.
Mulheres á beira de um ataque de nervos – Pedro Almodóvar (Espanha, 1986)
46.
Fale com ela - Pedro Almodóvar (Espanha, 2002)
47. Sarabanda – Ingmar Bergman (Suécia, 2003)
48.
O enforcamento – Nagisa Oshima (Japão, 1968)
49.
Voando sobre um ninho de cucos – Milos Foreman (Checoslováquia, 1975)
50.
Amadeus - Milos Foreman (Checoslováquia, 1984)
51.
Os contos de Canterbury – Pier Paolo Pasolini (Itália, 1976)
52.
O conformista - Bernardo Bertolluci (Itália, 1970)
53. Apocalypse Now – Francis Ford Coppola (EUA, 1979)
54. Xala – Ousmane
Sembene (Senegal, 1974)
55. Ceddo - Ousmane
Sembene (Senegal, 1976)
56. O declínio do
império americano – Denys Arcand (Canadá, 1986)
57. As invasões
bárbaras - Denys Arcand (Canadá, 2002)
58. A liberdade é azul
– Krzystof Kieslowsky (Polônia, 1992)
59. A igualdade é branca - Krzystof Kieslowsky (Polônia, 1994)
60. A fraternidade é
vermelha - Krzystof Kieslowsky (Polônia, 1994)
61.
Alexandre Nevski - Sergei Eisenstein (URSS, 1938)
62. Ivan, o terrível -
Sergei Eisenstein (URSS, 1944)
63.
O charme discreto da burguesia – Luis Buñuel (Espanha, 1972)
64. Taxi Driver – Martin Scorcese (EUA, 1976)
65. O touro indomável
- Martin Scorcese (EUA, 1980)
66. Era uma vez na
América – Sérgio Leone (Itália, 1984)
67. Tempos modernos –
Charlie Chaplin (EUA, 1936)
68. Psico – Alfred
Hitchock (EUA, 1962)
69. A regra do jogo –
Jean Renoir (França, 1939)
70. Cavalgada Heróica
– John Ford (EUA, 1939)
71. Deus e o diabo na
terra do sol – Glauber Rocha (Brasil, 1964)
72. Rapsódia em Agosto
– Akira Kusosawa (Japão, 1991)
73. Contos da lua vaga
– Kenji Mizoguchi (Japão, 1953)
74. Johnny Guitar - Nicholas Ray (EUA, 1954)
75. Fúria de viver –
Nicholas Ray (EUA, 1955)
76. Há lodo no cais –
Elia Kazan (EUA, 1954)
77. A leste do paraíso
– Elia Kazan (EUA, 1955)
78. Sorrisos de uma
noite de verão – Ingmar Bergman (Suécia, 1955)
79. Antes da revolução
– Bernardo Bertolucci (Itália, 1964)
80. Onde fica a casa
do meu amigo – Abbas Kiarostami (Irã, 1987)
81. Os amantes de
Pont-Neuf – Leos Carax (França, 1991)
82. E a tua mãe também
– Alfonso Cuarón (México, 2001)
83.
Dogville – Lars Von Trier (Dinamarca, 2003)
84. Short Cuts – Robert Altman (EUA, 1993)
85. As horas – Stephen Daldry.(EUA, 2002)
86. História Oficial –
Luis Puenzo.(Argentina, 1985)
87. Filhos do paraíso
– Majid Majidi (Irã, 1997)
88. Adeus meninos –
Louis Malle (França, 1987)
89. O livro de
cabeceira – Peter Greenaway (Inglaterra, 1996)
90. Blad Runner – o caçador de andróides – Ridley Scott (EUA, 1982)
91. Paris Texas – Wim Wenders (Alemanha, 1984)
92. Blow –Up –
Michelangelo Antonioni (Itália, 1967)
93. A rosa púrpura do
Cairo – Woody Allen (EUA, 1985)
94.
Jules e Jim – François Truffaut (França, 1962)
95.O deserto vermelho
- Michelangelo Antonioni (Itália, 1964)
96. O acossado –
Jean-Luc Godard (França, 1959)
97. Persona – Ingmar
Bergman - (Suécia, 1966)
98. Uma cidade sem
passado – Michael Verhoeven (Alemanha, 1989)
99. Hannah e suas irmãs – Wody Allen (EUA, 1986)
100. A hora do lobo -
Ingmar Bergman - (Suécia, 1968)
Importa
salientar que hoje eu poderia, seguramente, alterar um pouco esta lista
substituindo alguns filmes (acredito que em torno de uma dezena, no máximo) por outros que vi depois de 2005. Lembro,
por exemplo,
os seguintes:
·Coringa
- Todd Phillips (EUA, 2019)
·Vicky Cristina Barcelona - Woody Allen (EUA, 2008)
·O som ao redor - Kleber Mendonça Filho
(Brasil,2013)
·Aquário - Kleber Mendonça Filho
(Brasil,2016)
·Roma – Alfonso Cuarón (México,2018)
·Parasita – Bong Joon-ho (Coreia do Sul,
2019)
·Bacurau – Kleber Mendonça Filho
(Brasil,2019)
Não
farei esse exercício, pois seria “penoso” retirar alguns desses filmes da lista para substituí-los por
outros mais recentes.
1 comentários:
Momento profícuo para assistir alguns!
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