quinta-feira, 2 de maio de 2024

"Companheirismo" - Nisrin Ibn Larbi

 



Companheirismo

 




São cegas as suas laringes

 

nunca chorou uma pomba ou cantou


estava a seduzir o gemido das entranhas.


Tudo quanto viu nunca pôde instigá-la com o gemido,


o nascer ou o pôr-do-sol


seria o mesmo para ela.


O meu gemido é visionário


só se contenta com a saída do sol.


O gemido dispersou o véu do silêncio


debaixo da asa da mosca encontrarias a voz,


e debaixo da asa do corvo descobririas o gemido.


O gemido clamou:


Não me ocultes como o corvo debaixo da tua asa


solitário explodiu o meu gemido, extraviou-se, perdeu a voz.


A eminência é uma emanação da profundidade


sobre ela se derrama a voz e assim conseguiu gritar.


De mim, e não para mim escapou o gemido


Que nunca me atingiu, mas com a minha alma pôde alcançar


os seus confins.


O meu gemido


não me reconheceu quando saiu de mim.


O meu gemido


não me reconheceu quando saiu de mim!


O meu gemido,


Oh, traído pelo eco e pelo vazio!


Nunca deixou de voar o pássaro do gemido no teu céu.


O seu céu abraça o vazio.



Nisrin Ibn Larbi*



*Nisrin Ibn Larbi nasceu em Tetouan (Marrocos) em 1981. Poeta e professora de língua espanhola e literatura na Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade Abdelmalek Essaadi de Tetouan. É doutorada pela Universidade de Granada com uma tese sobre La Dualidad Cervantina. Historia, literatura y moriscos en el Siglo de Oro. Membro de vários comités, tanto em Marrocos como em Espanha, tem proferido várias confer& ecirc;ncias. Ao poema que aqui se publica, foi atribuído, em 2013, o XII Premio Rafael Alberti de Poesía, promovido pela Consejería de Educación Embajada de España en Rabat. Os seus poemas têm aparecido nas revistas Aljamía, da Consejería de Educación en Marrocos, e na revista Dos Orillas, de Algeciras. Publicou o poemário A Fuga na antologia poética Estrecheños, em 2015, e figura n a antologia Encuentro Rencontre, publicada em 2017.




Para ter acesso ao mais recente livro de poesia "Nas sílabas do ventodo autor do blog clique aqui

Como proteger os territórios do neoextrativismo, do "capitalismo parlamentar" e do "Estado de intimidação"?

 


Coletivo elenca políticas que agravaram destruição socioambiental no Brasil entre 2019 e 2022 e evidenciam importância dos “lançadores de alerta” e das Ciências Sociais para evitar tragédias. Para ler a entrevista com Henri Acselrad e Juliana Neves Barros clique aqui

Wagner Miquéias Damasceno: Em defesa da greve nas Universidades Federais


Cintia Alves: O que precisa mudar para que abusos de membros do Ministério Público sejam finalmente punidos


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Rita Casaro? SP: agora, até as águas correm para trás


Pensando um movimento em movimento (2)


O plano de Israel e dos Estados Unidos para Gaza




Não é preciso ser um adivinho para compreender que o plano de jogo de Israel e Estados Unidos para Gaza é mais ou menos assim: Em público, Joe Biden parece “duro” com Benjamin Netanyahu, instando-o a não “invadir” Rafah e pressionando-o a permitir mais “ajuda humanitária” a Gaza. Mas a Casa Branca já está preparando o terreno para subverter a sua própria mensagem. Insiste que Israel ofereceu um acordo “extraordinariamente generoso” ao Hamas – um acordo, sugere Washington, que equivale a um cessar-fogo. Não é o que acontece. Segundo todas as notícias, o melhor que Israel ofereceu foi um imponderável “período de calma sustentada”. E mesmo essa promessa não é confiável. Para ler o texto de Jonathan Cook clique aqui


Daniel Willians: A tentativa de diplomacia de Biden em Gaza falha completamente


Raul Gabriel: As perguntas da Pietá de Gaza


Abed Zagout: Em Gaza fotografei a fome como faminto, a sede como sedento


Trinidad Deiros Bronte: Os idosos, as vítimas invisíveis da guerra de Gaza


Helen Benedict: Estudantes do lado certo da história


Estudantes acampados nas universidades veem Gaza como caminho para luta global contra a opressão


Finian Cunningham: O pacto de segurança Estados Unidos-Ucrânia é o batom numa derrota sangrenta da OTAN


Ramin Mazaheri - O suicídio ucraniano: Lendo "The Defeat of the West" ("A derrota do Ocidente"), de Emmanuel Todd


Francesco Sisci: Sobre a contradição entre os EUA e a China


Christian Edward Cyril Lynch: A Internacional fascista


Conor Gallagher: Stasi no Ocidente


Mikhail Gamandiy-Egorov: As razões para a motivação de vários países africanos para retirarem as suas reservas de moeda-ouro dos EUA


Olumba E Ezenwa e John Sunday Ojo: Rússia empurra os EUA para fora da África Ocidental


Gilbert Achcar: Uma guerra fria com outro nome


Thierry Meyssan: Paris 2024 e Berlim 1936 ao serviço de um impossível sonho imperial


Miguel Vale de Almeida: Portugal - Reparar


Apolo de Carvalho: Reparações? As omissões, os portões trancados da revolução e a petrificação dos cravos


Ricardo Pagliuso Regatieri & Lucas Amaral de Oliveira: Teoria social e desafios pós-coloniais


Nuria Alabao: Quando a crise do capitalismo é narrada como crise "de valores"


Gisela João: "Meu Amigo Está Longe"




Para assistir à interpretação de "Meu Amigo Está Longe" na voz de Gisela João clique no vídeo aqui

 

Navegando pelo cinema





Em carne viva




Transe aborda o fatídico 2018 – ano da vitória de Bolsonaro – a partir de um trisal de artistas, numa instigante mescla de realidade e ficção. Fora da bolha de classe média progressista, eles descobrem com espanto as fissuras, abismos e vertigens do Brasil real. Para ler o texto de José Geraldo Couto clique aqui









O que a série 'Bebê Rena', da Netflix, fala sobre nós




Grande sucesso da Netflix no momento, a minissérie "Bebê Rena" ("Baby Reindeer", no original em inglês) estreou no último dia 11 e rapidamente chegou ao topo das preferências do público, no Brasil e mundo afora. Com igual rapidez, ela deu origem a farto material na mídia explorando o que ela suscita de mais óbvio: quem são os atores, detalhes de produção, o que há de fictício e de real na adaptação feita para a tela, sem falar das inevitáveis fofoquinhas pega-otário (chame de click bait, se quiser) que fazem a festa de certo tipo de produtores — e consumidores — de conteúdo. Para ler o texto de Sylvio Costa clique aqui









"Rivais"




Tashi, uma ex-jogadora prodígio do tênis que virou treinadora, transformou seu marido em um campeão. Mas para superar uma sequência de derrotas, ele precisa enfrentar o ex-melhor amigo e ex-namorado de Tashi. Para ler o texto de Fabiana Lima clique aqui


HUMOR - Dia do Trabalho com Nath Gastanças

 




No Porta News de hoje, aprendemos que sucesso é verem no Instagram os seus Stories no aeroporto, embarcando para Las Vegas segurando um copo Stanley, pois quem vê close não vê os 20% ao mês de juros no rotativo. Pelo menos você vive a experiência de ser rico e ainda se torna um mecenas das artes (financiando o show da Madonna). No fim das contas, "dinheiro" é apenas um conceito, assim como "Deus" e "liberdade". Curiosamente, com dinheiro você se sente um Deus e consegue ter liberdade para fazer o que quer. E se tudo der errado depois que o agiota te encontrar, sempre resta a opção de virar coach ou deputado. Divirta-se clicando aqui




Reflexões sobre o tempo presente





Em busca dos intelectuais perdidos




"Em seu recente livro Las dos torres (Siglo XXI 2024), a ensaísta argentina Beatriz Sarlo recupera alguns de seus textos críticos mais contundentes. As suas análises não se destacam apenas pela diversidade de assuntos que aborda, mas também e sobretudo pela preocupação com uma figura que está em crise: a do intelectual público", escreve Iván Suasnábar. Para ler seu texto clique aqui

 







A homogeneização do regime simbólico: liberdade e pluralidade humanas em xeque



O sinônimo da palavra “espectro” é “fantasma”, e para a Real Academia Espanhola existem mais de oito definições. Em "La vida espectral" (Caja Negra), livro recente do filósofo francês Éric Sadin (tradução de Margarita Martínez), o espectro pode ser assumido como “a imagem de um objeto que permanece na fantasia”, mas também como “ameaça de um risco iminente ou medo de que advenha”. Se, no primeiro caso, o espectro é aquilo que não precisa de um corpo para existir (condição que se dá quando aparecemos nas telas), no segundo, a ameaça pode ser dada pelo crescente desenvolvimento de sistemas especialistas aplicados à vida cotidiana. Para ler a entrevista de Éric Sadin clique aqui






Giorgio Agamben: O contemporâneo é uma relação singular com o tempo




A pergunta que gostaria de escrever no limiar deste seminário é: “De quem e do que somos contemporâneos? E, antes de tudo, o que significa ser contemporâneo?”. No curso do seminário deveremos ler textos cujos autores de nós distam muitos séculos e outros que são mais recentes ou recentíssimos: mas, em todo caso, essencial é que consigamos ser de alguma maneira contemporâneos desses textos. O “tempo” do nosso seminário é a contemporaneidade, e isso exige ser contemporâneo dos textos e dos autores que se examinam. Tanto o seu grau quanto o seu êxito serão medidos pela sua – pela nossa – capacidade de estar à altura dessa exigência. Para ler o texto de Giorgio Agamben clique aqui

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