terça-feira, 25 de janeiro de 2022

"Canção para um país agrícola" - Carlos Loures

 




Canção para um país agrícola



 

 

 

 

 

Quem a morte semeia


a morte colhe,


que a espingarda é arado


que não escolhe


leira ou prado


para lavrar.


Quem a morte semeia


a morte colhe,


que a baioneta é foice


que não escolhe


courela ou seara


para ceifar.


A espingarda tem gatilho,


mas não memória,


tem cão,


destino não,


hoje incendeia o dia,


amanhã constrói a História.


Quem a morte semeia


A morte colhe,


que a espingarda é enxada


que não escolhe


a terra que trabalha –


destrói e constrói,


liberta e escraviza,


incendeia sem destino,


mata hoje o herói,


amanhã o assassino.


Não escolhe o peito,


o sangue, a veia.


Quem a morte semeia,


a morte colhe.





 

 

 

Carlos Loures



 

 

 

 

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