terça-feira, 12 de agosto de 2014

"Solidão a duas vozes" - Nuno Bermudes


Solidão a duas vozes

Desde que existo que te espero
no vazio leito de minha solidão
a duas vozes
- duas vozes que disseram
tudo o que havia para dizer
e só por falta de coragem
nunca disseram não

Por isso vem a qualquer hora,
meu amor,
Vem, como se nosso encontro
tivesse sido combinado
num outro encontro
antigo e verdadeiro
apesar de só imaginado

Nuno Bermudes, poeta moçambicano
(1921-1997). In: “Exílio voluntário”

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