segunda-feira, 15 de agosto de 2022

"Iemandite" - Leonor Scliar-Cabral


 


Iemandite

 

 

 



Emerge em névoa e balança os seios


e sobre a espuma a flotar em flocos


repete múrmura ao seu amante:


Vem, meu amado.




conduz-me firme, a cintura e cinge,


mistura o sémen ao sal e às algas


e ao vai-e-vem em transporte singra,


mar que me afoga




Morrer eu quero, morrer de amor,


cavalgando corcéis fogosos,


colhendo salvas recém jogadas


como oferenda




por quem da praia lançou-me rosas.


O espinho sangra e os deuses choram.


Serão eternas tão breves as ondas


e o seu marulho.



Leonor Scliar-Cabral

 


Brasil (Porto Alegre) 1929


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