quarta-feira, 13 de maio de 2020

9º Aniversário do blog Navegações nas Fronteiras do Pensamento

Número 100 com seis noves

O blog "Navegações nas fronteiras do pensamento" celebra hoje, dia 13 de maio, seu 9º Aniversário.
Nesta trajetória mantivemos o nosso propósito desde o primeiro número: o de procurar estabelecer um diálogo frutuoso com a Educação, lançando mão de temas desafiadores e instigantes nos campos das ciências sociais e das artes. Nessa perspectiva, o ponto de partida foram as leituras e discussões de renomados cientistas, artistas e grandes intelectuais da atualidade que se destacam pela ousadia de pensar a contemporaneidade. Pretendemos o estabelecimento de enfoques dialógicos e, porque não - quando a necessidade assim o exigir - o desencadeamento de “enfrentamentos” ao lugar comum, ao definitivamente aceite, visando fazer emergir novas e estimulantes perspectivas de olhar o mundo em facetas até então ignoradas ou obscurecidas pelo pensamento hegemônico. Estabelecer e fomentar tais diálogos implica direcionar nosso olhar para uma perspectiva de fronteira, na qual nosso posicionamento no mundo se faça de modo mais aberto.
O blog ultrapassou a marca de 16.000 postagens com leitores de todos os continentes. Apresentamos abaixo apenas os primeiros países por ordem decrescente de leitores:

Brasil
Estados Unidos
Alemanha
Portugal
Noruega
Rússia
França
Holanda
Inglaterra
Moçambique
Hong-Kong

É justo salientar a relevância de alguns temas que se traduziram no elevado número de postagens:

Política: 6340
Valores: 5483
Arte: 5360
Economia: 2487
Educação:1662
Poesia: 1500
Africanidades:1394
Cinema:1378
Entrevistas:1345
Ciência: 1064
Saúde Pública:810
Pesquisa: 796
Geopolítica :787
Filosofia: 609
Meio ambiente:547
Religião: 503
Violência contra a mulher: 488
Redes sociais: 343
Psicologia: 334
Povos indígenas:314
Antropologia: 288
Biologia: 162
Meus textos: 96


Pai e filho, olhando para o futuro, conceito de silhueta | Foto ...

Diariamente o blog abre sempre com uma poesia. Hoje é a vez do poema 
"Aos que virão depois de nós" do poeta alemão Bertold Brecht

Aos que virão depois de nós

I
Eu vivo em tempos sombrios.
Uma linguagem sem malícia é sinal de
estupidez,
uma testa sem rugas é sinal de indiferença.
Aquele que ainda ri é porque ainda não
recebeu a terrível notícia.
Que tempos são esses, quando
falar sobre flores é quase um crime.
Pois significa silenciar sobre tanta injustiça?
Aquele que cruza tranquilamente a rua
já está então inacessível aos amigos
que se encontram necessitados?
É verdade: eu ainda ganho o bastante para viver.
Mas acreditem: é por acaso. Nado do que eu faço
Dá-me o direito de comer quando eu tenho fome.
Por acaso estou sendo poupado.
(Se a minha sorte me deixa estou perdido!)
Dizem-me: come e bebe!
Fica feliz por teres o que tens!
Mas como é que posso comer e beber,
se a comida que eu como, eu tiro de quem tem fome?
se o copo de água que eu bebo, faz falta a
quem tem sede?
Mas apesar disso, eu continuo comendo e bebendo.
Eu queria ser um sábio.
Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo
e sem medo passar o tempo que se tem para
viver na terra;
Seguir seu caminho sem violência,
pagar o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!
II
Eu vim para a cidade no tempo da desordem,
quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo
da revolta
e me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas,
deitei-me entre os assassinos para dormir,
Fiz amor sem muita atenção
e não tive paciência com a natureza.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
III
Vocês, que vão emergir das ondas
em que nós perecemos, pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sombrios
de que vocês tiveram a sorte de escapar.
Nós existíamos através da luta de classes,
mudando mais seguidamente de países que de
sapatos, desesperados!
quando só havia injustiça e não havia revolta.
Nós sabemos:
o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca!
Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o caminho para a
amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão.
Bertold Brecht





2 comentários:

Renata Castro 14 de maio de 2020 às 10:42  

Parabéns, Prof. Miguel, pela militância de 9 anos de produção de conteúdo!
Abraços,
Renata

Cida Domingues 14 de maio de 2020 às 21:53  

Parabéns, professor Miguel, pelo excelente blog !! Meu obrigada pelo saber compartilhado!!
Abraço fraterno!
Cida.

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