sexta-feira, 27 de setembro de 2019

"A caverna luminosa do poeta" - Adão Cruz

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A caverna luminosa do poeta

Quando entraste na luminosa caverna do poeta
Fugindo à chuva, ao vento, ao frio
Tudo me dizia que eras a mesma poesia
Que hoje ilumina as águas deste rio.

Tudo me diz que és tu a mesma poesia
Deste sol da tarde, sem chuva e sem frio
Nascida do ventre de uma vertigem
Revolvendo as águas calmas de outro rio.

Assim mo diz a luz incendiada dos teus olhos
E a tímida febre dos teus lábios quentes.
Nem sempre a poesia é metáfora e falso gesto
Nem sempre o poema é de versos impotentes.

Já não crescem em mim rebentos de sol
Nem me afligem conflitos de escura tristeza.
Por isso eu sei que o sol desta caverna
Não é brilho do poeta mas luz da tua beleza.

Adão Cruz

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