"Não faças nada" - Casimiro de Brito
Espera um pouco: não faças nada o silêncio
decompõe as cores desse país solar ondas
de silêncio negado multiplicado escuta
um pouco: Ouve o sangue da luz a luz que circula
na matéria vulnerável do teu corpo: Espera
um pouco: O deus que não tenho não é um objecto
insensível e pouco inelegível
como o deus desenhado pelos teólogos: Ouve
as tuas árvores as mãos que tecem e destecem
as rugas do mar a trémula violência
de cada acto: O que te peço é que não faças nada
a não ser o silêncio: Espera um pouco.
Casimiro de Brito
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