sábado, 29 de novembro de 2014

"Homens fortes prosperam na sua capacidade de manter as pessoas com medo" - Rafael Marques de Morais


Em primeiro lugar, gostaria de compartilhar convosco uma experiência pessoal que tive com Carlos Cardoso, o grande amigo que nunca tive oportunidade de conhecer pessoalmente. Em 1999, quando estava preso em Angola por chamar o Presidente Dos Santos de ditador e corrupto, Carlos Cardoso foi fundamental na mobilização de advogados, jornalistas e interessados moçambicanos a darem-me o seu apoio.
Depois da minha libertação, começámos uma correspondência de e-mail regular que foi além das minhas batalhas judiciais, a convicção, a perseguição política e a proibição de viajar. Ampliámos a conversa sobre unirmo-nos para expormos principalmente o flagelo da corrupção em ambos os nossos países. Acreditávamos na conquista do espaço público para se enraizar as liberdades de expressão e de imprensa.
Fizemos a luta pelo nosso espaço público. Enquanto Carlos era pioneiro como jornalista em tempo integral. Eu dirigia uma organização internacional que providenciava, entre outros, o apoio aos media independentes emergentes. Continuei a escrever para afectar a opinião pública. Prometi a Carlos que logo que fosse autorizado a viajar, gostaria de ir primeiro a Moçambique, para finalmente conhecê-lo; agradecer-lhe pessoalmente, e levar a nossa “conspiração” para outro nível. Mantive a minha promessa, mas apenas para pagar os meus respeitos à sua viúva.
Fui finalmente autorizado a viajar dois meses depois de ele ter sido brutalmente assassinado, em Novembro de 2000. Apesar de já ter recebido muito apoio internacional, a solidariedade de Carlos foi a mais inspiradora para mim. Ele era um profissional cuja própria obra de expor a corrupção e os males dos governantes moçambicanos, bem como os seus procuradores de negócios, tinham colocado a sua vida na linha de fogo. No entanto, ele era meu irmão-de-armas da mesma trincheira tal como era e vigiava as minhas costas. Eu não pude vigiar as suas. Mas hoje, o legado está embutido no meu trabalho, como um jornalista investigativo. 
Para ler o text o completo de Rafael Marques de Morais clique aqui

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