quinta-feira, 15 de outubro de 2020

"Esperar" - António Vilhena

 



Esperar



Esperar por ti foi inventar a paciência


juntar as partes desavindas na procura


depois de tanta ira e tanta ausência


em regressos e idas de pouca dura.




Esperar por ti foi uma invenção


um capricho do corpo resgatado


onde o vício foi medo e paixão


depois de tudo ter acabado.




Esperar por ti foi sobreviver ao silêncio


no dia em que a noite deixou de o ser


e em que o mar abraçou o rio


como se o poeta nascesse para morrer.




Finalmente, há um horizonte sem fim


no teu rosto de menina quando a tarde


traz os ventos e os melros ficam assim:


olhando nos teus lábios o fogo que arde.




António Vilhena

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