"A íris selvagem" - Louise Glück (Prêmio Nobel da Literatura 2020)
A íris selvagem
No final do
meu sofrimento
havia uma saída.
Me ouça bem:
aquilo que você chama de morte
eu me recordo.
Mais acima,
ruídos, ramos de um pinheiro se movendo.
Então, nada. O sol fraco
cintilando sobre a superfície seca.
É terrível
sobreviver
como consciência,
enterrada na terra escura.
Então tudo
acabou: aquilo que você teme,
se tornando
uma alma e incapaz
de falar, encerrando abruptamente, a terra dura
se inclinando um pouco. E o que pensei serem
pássaros lançando-se em arbustos baixos.
Você que não
se lembra
da passagem de outro mundo
eu te digo poderia repetir: aquilo que
retorna do esquecimento retorna
para encontrar uma voz:
do centro de
minha vida veio
uma vasta fonte, azul profundo
sombras na água do mar azul.
Louise Glück*
*O júri escolheu a poeta norte-americana pela
“sua inconfundível voz poética que com austera beleza torna universal a
existência individual”. Atualmente a viver em Cambridge, Massachussetts,
nos EUA, Louise Glück, de 77 anos, é professora de Língua Inglesa na
Universidade de Yale.
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