sábado, 5 de outubro de 2019

"Outro dia, o mesmo dia" - Joaquim Pessoa

Resultado de imagem para o olhar de uma mulher a preto e branco


Outro dia, o mesmo dia

Densos animais, os que se movem numa realidade
dura, doente, inevitável. Densa, também, a chuva que
molha a luz da escrita. O meu poema não quer e não
precisa de explicações, acorre em sobressalto aos
limites, constrói latitudes pacientes onde possa caber
o que ainda é preciso mas que, afinal, nunca fez falta.
Sabes?, não há estrelas nos teus olhos, é o meu olhar
que acendeu a luz de cada sílaba para soletrar o teu
nome e iluminar o teu rosto, tendo o amor como o
mais perfeito combustível.
Perfeito combustível é o amor, para soletrar o teu
nome e iluminar o teu rosto porque não há estrelas
nos teus olhos, cada sílaba é acesa pela luz do meu
olhar. Sabes?, afinal nunca fez falta o que ainda é
preciso, onde o poema constrói pacientes latitudes,
acorrendo em sobressalto, sem querer e sem precisar
de explicações. É densa essa chuva que molha a luz
da escrita, como densa é uma inevitável realidade,
dura e doente, onde densos animais se vão movendo.


Joaquim Pessoa

0 comentários:

  © Blogger template 'Solitude' by Ourblogtemplates.com 2008

Back to TOP