Um poema de “Canto matinal” - Casimiro de Brito
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Como são belos os teus seios! Foram feitos
à medida das minhas mãos. Pousa-os
na minha boca e conta-me
a tua história. Não tens
história? A noite, o vazio, a praia
demasiado branca? Fala-me então da noite,
da migração dos pássaros — fala-me de ti
antes de possuíres um nome, uma história. Sim
em qualquer parte lançaremos os nossos corpos
na relva: armas efémeras
ardidas na guerra. Como são belos
os teus seios! Trémulas
palavras. E voam! Deixa que neles me afogue
como quem se deita num rio. Sinto
a terra mover-se. Iluminas
as águas e as estrelas. O percurso
é longo. Montanhoso o silêncio. Debruço-me
na tua solidão.)
Casimiro de Brito
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