"É para ti que escrevo" - Rosa Lobato de Faria
É para ti que escrevo
É para ti que escrevo. E nao me engano
se digo rosa riso rouxinol.
É para ti que escrevo. E todo o ano
na carta que te escrevo bate o sol.
É para ti que escrevo. E não te digo
a cidade a saudade o desespero.
E não te conto os dias em que conto
o sem conta dos dias em que espero.
É para ti que escrevo. Que loucura
esta renda de letras no papel
esta rede de traços de amargura
este recado que me rói na pele.
É para ti que escrevo. E sou constância.
Como não sê-lo em carta selo tinta
por naves aves ar voo distância
onde és fome de mim de ti faminta?
É para ti que escrevo. E que sorrio
e pergunto e respondo e recomeço.
É para ti que mando este navio
em que chego. Em que chamo. Em que
te peço.
Rosa Lobato de Faria
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