segunda-feira, 3 de julho de 2023

"Rapsódia de Ouro Preto" - B. de Barros

 




Rapsódia de Ouro Preto

 

 

 




O ouro já não se encontra


mais à flor da terra


em ouro preto. Eu sei.


Vagueei a noite inteira


pela praça imensa


suspensa das ladeiras,


Marilia não achei


por entre a multidão


de peregrinos uma pepita


um grão sobre o lajedo


uma faísca à luz


inconvincente não vislumbrei


Marilia de ouro preto


madeixas nas janelas.


Em tempos idos quando


meninos e cabritos moravam


nestes morros, as flores de ouro


preto rolaram pelas serras


deixando a sua ausência,


Marilia, à flor da terra


oculta em grupiaras no


seio de aluviões. Entretanto,


Marilia, nesta noite


de ausência, sob a ponte


de pedra, do mais fundo


o riacho cantava o meu amor


à flor da terra toda de ouro preto


presente em seu barroco resplendor.




 

 

B. de Barros


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