"Litania" - Eugênio de Andrade
![Resultado de imagem para mulher amada](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRhrvQ-qkMPsG5CGJma5C_uTPqq9nF3yN16ptO4sa8nNv9YyJRYF3NmxjoTJYpTPw_YLzAfEpKofEdn-UzLvNaBG5JoTuuLu08FjUXe324gEUNKHwoY-gZJ1Sa40hViOyN3fcu8cBOLh0/w1200-h630-p-k-nu/A+brusca+poesia+da+mulher+amada+III+-+Vin%25C3%25ADcius+de+Moraes.jpg)
Litania
O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo, irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;
o triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece;
o peito raso, claro, feito de água;
a boca sossegada onde apetece
navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidão,
atravessadas de alegria e de terror,
são a grande razão, a única razão.
O teu rosto inclinado pelo vento;
a feroz brancura dos teus dentes;
as mãos, de certo modo, irresponsáveis,
e contudo sombrias, e contudo transparentes;
o triunfo cruel das tuas pernas,
colunas em repouso se anoitece;
o peito raso, claro, feito de água;
a boca sossegada onde apetece
navegar ou cantar, ou simplesmente ser
a cor dum fruto, o peso duma flor;
as palavras mordendo a solidão,
atravessadas de alegria e de terror,
são a grande razão, a única razão.
Eugênio de Andrade
0 comentários:
Postar um comentário