domingo, 9 de abril de 2017

O fado tecnicolor de Gisela João no Coliseu de Lisboa

Gisela João no Coliseu dos Recreios, Lisboa

Mais do que cantar, Gisela João encarna. Esta constatação não é de agora – desde que a vimos pela primeira vez, em defesa do intocável álbum de 2013, que percebemos que a minhota é mais do que uma simples intérprete. 
Para ler o texto de Lia Pereira clique aqui

Gisela João dá vida a fados ancestrais e composições a estrear com uma personalidade que a torna inconfundível; em palco, junta àquela voz, prodígio de rigor e emoção, uma vivacidade e uma paixão pela performance capazes de tornar memorável cada concerto. Se tem dúvidas, escute-a num de seus fados mais emblemáticos "Fado para esta noite" clicando aqui

Segue abaixo a letra do fado:

Fado Para Esta Noite

Volta esta noite pra mim,
Volta esta noite pra mim,
Canto-te um fado, no silêncio, se quiseres
Mando recado ao luar, que se costuma deitar
Ao nosso lado, para não vir hoje, se tu vieres

Anda deitar-te, fiz a cama de lavado
Cheira a alfazema o meu lençol alinhado,
Pus almofadas com fitas de cor,
Colcha de chita com barra de flor,
E à cabeceira tenho um santo alumiado.

Volta esta noite p'ra mim
Volta esta noite p'ra mim
Canto-te um fado no silêncio, se quiseres
Mando um recado ao luar, que se costuma deitar,
Ao nosso lado, p'ra não vir hoje, se tu vieres

Pus o meu xaile p'ra nos servir de coberta
E um solitário ao pé da janela aberta
Pus duas rosas que estão a atirar
Beijos vermelhos, sem boca para os dar
Sem o teu corpo, minha noite está deserta

Volta esta noite p'ra mim,
Volta esta noite p'ra mim,
Ser abraçada, por teus braços, atrevidos
Quero o teu cheiro sadio, neste meu quarto vazio,
De madrugada, beijo os teus lábios, adormecidos

Mando recado ao luar, que se costuma deitar,
Ao nosso lado, pra não vir hoje, se tu vieres

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