quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

JOSÉ DE SOUSA MIGUEL LOPES - Educação e culturas africanas e afro-brasileiras: cruzando oceanos

Educação e culturas 
 africanas e afro-brasileiras:
 cruzando oceanos 

Prefácio

Conheci José de Sousa Miguel Lopes no interior do Espírito Santo num desses lúdicos e participativos encontros aos sábados que as Instituições particulares de ensino costumam organizar para ambientar e inquecer nos corações e mentes dos professores as teses sempre atuais das utopias autoritárias.
Nesse processo de evolução da amizade e construção das narrativas e diálogos, vi logo tratar-se de um intelectual brilhante e inteiramente simples. Ao longo de nossa experiência de dor e alívio - sensações do cotidiano profissional docente -, percebi que Miguel não era um professor comum e jamais seria apenas mais um doutor neste mercado cruel e volátil, mesmo para os qualificados.
É um artista cultivado, educador e humanista que tem se debruçado com acuidade, profundidade e especulação iluminista sobre questões e temas complexos como racismo, literatura, etnicidade, cinema, educação, identidade nacional, ações afirmativas... Tudo isso visando construir uma sintonia inteligente e produtiva entre o Ocidente e a África, sobretudo, o pensar, o sentir e o agir dessa terra trágica, referencial e afetiva que é Moçambique.
E é esse o mote do livro que justifica o presente prefácio - Educação e Cultura Africana e Afro-Brasileira: Cruzando Oceanos - série de artigos que projetam as representações, ideias, signos e imagens desta cultura acústica, rica e enigmática que ele decifra como um escultor cuidadoso que tem a sua frente o desafio de esculpir obra de essencialidade cética, sagrada e profana ao mesmo tempo.
É assunto que interessa a todas as ciências humanas, mormente a História e aos historiadores brasileiros, que já conhecem sobejamente os tempos de curta e longa duração da civilização paterna e mediterrânea através do mestre Braudel. Contudo, para nossa melancolia e um quê de constrangimento ainda não tivemos a coragem ética e a sensibilidade de atravessar oceanos à procura desta mãe raiz e fundadora que é a África.
Cruzar os oceanos em busca da memória e da história com razão e encantamento é o que faz o tempo todo Miguel, ele próprio, artífice e integrante da equipe de políticas públicas para a educação de Moçambique, à época do emblemático e revolucionário Samora Machel.
Ítalo Calvino nos impactou com seu Palomar, personagem inquieto e perplexo diante da hegemonia do efêmero e a fragmentação do real. Miguel Lopes, ao contrário, conhecedor da cultura do desencantamento, das ambiguidades e contradições da pós-modernidade, transita entre os mares como um Swann africano atento, que não se perde na volta, em busca de um tempo visto, experimentado e rememorado. Almejo que aproveitem e se deleitem com essa viagem marítima desmistificadora e ampliadora de horizontes, o timoneiro conhece bem os caminhos e as rotas.

Prof. Dr. Carlos Vinícius Costa de Mendonça
Departamento de História da Universidade Federal do Espírito Santo

Sumário
Prefácio
Apresentação
1. Poderá ainda o Ocidente escutar a voz que vem da África?
2. Poder político e educação em Moçambique: entre a tradição e modernidade
3. Educação e etnicidade em Moçambique: em busca de um diálogo entre as diferenças
4. Formação de professores primários e identidade nacional em Moçambique
5. Cultura acústica e letramento em Moçambique: em busca de fundamentos para uma educação intercultural
6. Literatura moçambicana em língua portuguesa: 'na praia do oriente, a areia náufraga do ocidente'
7. Atlântico negro: na rota dos orixás
8. Ações afirmativas: uma contribuição para o debate
9. “Olhos azuis”: um olhar indignado contra o preconceito e a discriminação racial.

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