A Guerra na Ucrânia e os seus impactos - 3. Rússia e Ucrânia num mundo novo
Justin Lin Yifu
Justin Lin Yifu (林毅夫)
é o reitor do Instituto de Nova Economia Estrutural da Universidade de Pequim,
e é ex-economista-chefe do Banco Mundial
Contexto
Com a crescente crise da dívida no Sri Lanka, a mídia ocidental
dominante está novamente propagando a chamada "teoria da armadilha da
dívida" chinesa, usando exemplos como o porto de Hambantota naquele país.
Nesta entrevista, Lin Yifu refuta essa distorção midiática da cooperação para o
desenvolvimento da China, aponta a ineficácia da ajuda dos países ocidentais e
suas instituições financeiras multilaterais, e explica como a cooperação para o
desenvolvimento internacional da China transcendeu o modelo ocidental para
alcançar o desenvolvimento mútuo com o Sul Global.
Pontos-chave
- Os problemas da dívida de
muitos países em desenvolvimento se acumularam durante um longo período de
tempo. Por exemplo, estudos feitos por
especialistas mostram que 90% da dívida do governo do Sri Lanka
foram contraídos através de empréstimos a outros países, e apenas 10%
foram creditados a empréstimos chineses. Oitenta e cinco por cento da
dívida dos "países altamente endividados" da África foram
adquiridos de países desenvolvidos antes dos investimentos do país
asiático no continente.
- Depois dos anos 80, com o
recrudescimento do neoliberalismo, o Ocidente empurrou a narrativa de que
a lacuna de infraestrutura poderia ser reduzida pelo setor privado. Seguindo
o conselho do FMI e do Banco Mundial, a maioria dos países em
desenvolvimento implementou reformas para reduzir os gastos públicos do
governo e aumentar o papel do mercado. Isso levou a uma deterioração das
condições econômicas.
- Um exemplo de condicionalidade
resultante de um empréstimo do FMI é que Burkina Faso foi solicitada a
implementar 500 reformas institucionais por ano.
- A assistência prestada a partir
de empréstimos dos países ocidentais aos em desenvolvimento foi baseada na
experiência dos primeiros. Seus investimentos, de modo geral, foram feitos
em setores como educação, saúde, direitos humanos e transparência
política, que não puderam reduzir os gargalos de desenvolvimento.
- Com base em sua própria
experiência como país em desenvolvimento, a China criou um modelo de
desenvolvimento de infraestrutura mais cooperação em parques industriais
baseado nos princípios de consultas extensivas, contribuições conjuntas, e
benefícios compartilhados. O modelo não apenas ajudou a criar um ciclo
contínuo de crescimento econômico para os países em desenvolvimento, mas
também aumentou sua capacidade de pagar suas dívidas. Essa é a razão pela
qual os projetos internacionais de infraestrutura da China são apoiados
por muitos países.
Resumo
Lin assinala que não existe algo como a "armadilha da
dívida" chinesa. Se as economias dos países em desenvolvimento não
crescerem, as regiões sofrerão com o desemprego e agitação social e política.
Os países em desenvolvimento deveriam descobrir um caminho adequado para seu
próprio desenvolvimento com base em seus próprios fracassos e sucessos.
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