quarta-feira, 31 de julho de 2013

3º chamada - corpo - VIDA E MORTE

Santiago Sierra, 133 personas remuneradas para ser teñidas de rubio (133 persons paid to have their hair dyed blonde), 2001. Installation view, Venice Biennale. Courtesy of Galerie Peter Kilchmann, Zurich.
A vida e a morte são compreendidas em relação a determinado marco. Independentemente deste, continuam a ter lugar, e esse facto põe em questão o próprio marco e o campo ontológico que define o seu estatuto.
De acordo com Judith Butler em Frames of War: When Is Life Grievable?, a figura humana pode ser apreendida como VIVA mas não ser reconhecida como VIDA. Assim, a questão da VIDA em abstracto, ou melhor, do VIVO, responde a posições próximas do humanismo e do individualismo liberal. Estas questões remetem-nos directamente para o nosso primeiro call for papers, que denunciava a existência de certas normas que estabelecem um reconhecimento diferenciador, razão para algumas vidas serem choradas (em formas de luto e de dor publicamente aceites) e outras não, separação que se inscreve na concepção do que é normativamente humano. Para Michel Foucault, “o homem moderno é o animal, em cuja política, a sua vida de ser vivo está em questão”. Na mesma linha, Butler refere que não podemos ficar ancorados a debates sobre o que se considera ou não um indivíduo vivo. Podemos antes experimentar outra abordagem: perguntarmo-nos sobre as condições que tornam a vida vivível.
Para ler o texto completo editado por Buala clique aqui

terça-feira, 30 de julho de 2013

PAPA POP & PROVOCADOR : Estado laico esquecido, religião oficial consagrada

Ninguém lhe roubará o título de figura mais humana, simpática e mais calorosa do mundo. Quintessência da bonomia e da lhanura. Esses galardões o papa Francisco conquistou no seu primeiro périplo internacional, aqui, no Brasil, e o manterá, esperamos, por um longo tempo.
Percebeu a bagunça na organização do evento e generosamente a atribuiu a si, acobertando involuntariamente a irresponsabilidade embutida na incúria e na incompetência dos anfitriões.
Por outro lado, a visita do sumo pontífice, embora riquíssima em matéria de provocações e estímulos de ordem moral e política, não conseguiu nos aproximar da discussão direta sobre um dos problemas centrais do mundo contemporâneo: o poder religioso e a ausência de um contrapoder democrático para contrabalançá-lo. Em outras palavras: a questão do laicismo do Estado continuará fermentando, adiada e explosiva.
Para ler o texto completo de Alberto Dines clique aqui

domingo, 28 de julho de 2013

Sobre mim mesmo

Não é de hoje que o narcisismo tem má reputação. A depreciação dessa característica remonta pelo menos à antiga mitologia grega. Uma das narrativas desse velho mundo conta que o belo caçador Narciso (que, sem dúvida, ficaria bem satisfeito com sua atual fama) observou seu próprio reflexo na água e se apaixonou profundamente. O rapaz ficou tão impressionado com a imagem de si mesmo que morreu olhando para ela. Para a psicanálise, trata-se de um aspecto fundamental para a constituição do sujeito. Um tanto de amor por si é necessário para confirmar e sustentar a autoestima, mas o exagero é sinal de fixação numa identificação vivida na infância. A ilusão de que o mundo gira ao nosso redor é decisiva durante a infância, mas para o desenvolvimento saudável é necessário que se dissipe, conforme enfrentamos frustrações e descobrimos que não ser o centro do universo tem suas vantagens. Afinal, ser “tudo” para alguém (como acreditamos, ainda bem pequenos, ser para nossa mãe) é um fardo pesado demais para qualquer um. Alguns, no entanto, se iludem com o fascínio do papel e passam sua vida almejando o modelo inatingível de perfeição.
Para ler o texto completo de Scott O. Lilienfeld e Hal Arkowitz clique aqui


sábado, 27 de julho de 2013

"O capitalismo é a neurose da humanidade"

A liberdade é uma coisa boa, não é? Nem sempre, argumenta a filósofa eslovena Renata Salecl. A liberdade de escolher entre um número ilimitado de opções de carreira ou marcas de café acaba se tornando um fardo. Nossa sociedade capitalista moderna é governada por uma "tirania da escolha".
Para ler a entrevista da filósofa Renata Salecl clique aqui
 
 


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sebastião Salgado: O silencioso drama da fotografia


Doutorado em economia, Sebastião Salgado só enveredou pela fotografia já estava na casa dos 30 anos, mas a disciplina tornou-se numa obsessão. Os seus projetos, que duram anos, captam de forma bela o lado humano de uma história global que frequentemente envolve morte, destruição ou decadência. Aqui, ele conta uma história profundamente pessoal de um ofício que quase o matou e mostra fotografias impressionantes do seu último trabalho, "Genesis", que documenta as pessoas e os lugares esquecidos pelo mundo.
Para ver a palestra de Sebastião Salgado clique aqui

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Na encruzilhada brasileira, a Reforma Tributária

Um certo clima de impasse marca a cena brasileira, depois da grande onda de manifestações em junho. Qual será o próximo lance? Mídia e conservadores, ávidos por capturar os protestos, constroem uma narrativa primária, porém relativamente eficaz. Tem dois eixos: “a culpa é do governo, incompetente; será preciso apertar os cintos”. Tal simplismo, presente em toda a cobertura midiática, é duplamente funcional. Volta o foco do descontentamento contra um projeto político que a maior parte das elites não aceita; e, em especial, evita que a luta por direitos, ainda difusa, evolua para o perigoso questionamento da desigualdade.
Mas e entre os que fomos às ruas para exigir cidades habitáveis, um país menos injusto e uma nova democracia? Quais os próximos passos, após a redução das tarifas de ônibus? Que propostas são capazes de sensibilizar novamente a multidão? Como criar uma alternativa ao discurso conservador? Na busca de respostas, vale considerar o que sugere Ladislau Dowbor, um economista com vasta experiência em temas como redistribuição de riquezas e formas colaborativas de produção. Ele quer recolocar na pauta nacional o tema da Reforma Tributária. Seu raciocínio é claro: não há mágicas, na vida pública; para conquistar direitos, é preciso enfrentar privilégios; só se abre espaço para o Comum impedindo que poucos se apropriem da riqueza produzida por todos.
Para ler a entrevista de Ladislau Dowbor clique aqui

terça-feira, 23 de julho de 2013

Para desempatar o jogo

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Junho de 2013 não será esquecido tão cedo. Pela primeira vez desde a campanha pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor, centenas de milhares de pessoas foram (e algumas continuam indo) às ruas gritar por direitos, por projetos, protestar contra uma infinidade de fatos e apoiar causas das quais muitas vezes não têm a mínima informação. Os grupos que iniciaram esses protestos, como o Movimento Passe Livre (MPL), perderam rapidamente o controle e o rumo das massas.
Percebendo a chance de aproveitar as passeatas para desgastar o governo federal, a grande mídia muda radicalmente seu discurso (literalmente do dia para a noite) e propagandeia bandeiras mais do que suspeitas, de modo a contemplar interesses específicos e diluir tudo o mais numa pauta infinita de reivindicações abstratas. Jornais, revistas e TVs usam todo o seu conhecimento sobre o funcionamento da indústria cultural, construído ao longo de mais de cem anos, para introduzir como gritos de guerra slogans vazios retirados de propagandas comerciais como “o gigante acordou” (Johnny Walker – “estranhamente” semelhante a palavras de ordem evocadas na fatídica Marcha da Família com Deus pela Liberdadede 1964) e “vem pra rua” (Fiat).
Para ler o texto completo de Vinícius Souza e Maria Eugênia Sá clique aqui

Existe amor nas revoluções?

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O corpo humano é sábio. Ele dá sinais a todo momento do seu esgotamento. “É hora de parar e reavaliar”, nos diz aquela dor constante. Nossas mentes inteligentes e astutas vão levando. Até que acende o sinal vermelho e uma simples gripe nos derruba. Mas a nossa resistência é grande e já criamos muitos anticorpos para ir sobrevivendo. Também temos as crenças que nos aliviam e resignam. Superstições vão nos distraindo, enquanto o milagre não chega. Afinal, fomos criados com hábitos que passam de pai pra filho ou de mãe pra filha que grudam feito cola de sapateiro. “Sempre foi assim, não vai mudar”.
Mas, eis que um dia, algo fora do comum acontece e coloca em xeque tudo o que sempre acreditei. Pode ser um câncer, uma poderosa depressão, uma morte inesperada de uma pessoa muito querida. O mundo desaba e tudo que fiz até então é questionado.
Para ler o texto completo de Katia Marko clique aqui

Todos os políticos são iguais?

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Virou clichê dizer que “todos os políticos e partidos são iguais”. É essa também a impressão de uma grande parcela de cidadãos que aderiu às manifestações em todo o país. Para chegar a essa quase-certeza (ou certeza, para os mais convictos), houve a colaboração intensiva da mídia no dia a dia da cobertura política. É verdade que boa parte dos políticos tem contribuído para que essa percepção prevaleça. Mas esse sentimento quase unânime foi também habilmente construído pelos meios de comunicação. Pura e simplesmente por omissão, por sonegar informação ao leitor, ao radiouvinte, ao telespectador, ao internauta.
Para ler o texto completo de Celso Vicenzi clique aqui

JORNALISMO E RELIGIÃO: Ateofobia no ‘Jornal do SBT’

Nos últimos meses, Rachel Sheherazade,âncora e comentarista do Jornal do SBT, tem se destacado como uma das principais vozes do obscurantismo midiático. Para a apresentadora da emissora de Silvio Santos, o adultério deveria ser criminalizado, a homofobia doentia de Marco Feliciano é “liberdade de pensamento e expressão” e o programa Bolsa Família gera “parasitas sociais”.
Em uma determinada ocasião, ao comentar sobre a Justiça Federal ter negado o pedido do Ministério Público de São Paulo para retirar a expressão “Deus seja louvado” das cédulas de real, Rachel Sheherazadedemonstrou toda a sua ignorância civil:
“Liberdade, honestidade, respeito, justiça, são todos princípios do cristianismo. O mesmo cristianismo que vem sendo perseguido pelos defensores do Estado Laico. Intolerantes, eles [ateus e agnósticos] são contra o ensino religioso, são contra as cruzes em repartições públicas, e agora voltaram a sua ira contra a minúscula citação nas notas de real. É no mínimo uma ingratidão à doutrina que inspirou nossa cultura, nossos valores e até mesmo a nossa própria constituição, promulgada sob a proteção de Deus”, asseverou a âncora do Jornal do SBT.
Ora, conforme citado pela nossa Carta Magna, “é vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança”. Portanto, pleitear a extinção do ensino religioso nas instituições escolares e a retirada de crucifixos em repartições públicas não é sinônimo de intolerância ateísta, como pensa Rachel Sheherazade, mas simplesmente reivindicar que o Estado não favoreça determinada religião em detrimento dos demais credos.
Para ler o texto completo de Francisco Fernandes Ladeira clique aqui

Peter Pál Pelbart: "Anota aí: eu sou ninguém"

Slavoj Zizek reconheceu no "Roda Viva" que é mais fácil saber o que quer uma mulher, brincando com a "boutade" freudiana, do que entender o Occupy Wall Street.
Não é diferente conosco. Em vez de perguntar o que "eles", os manifestantes brasileiros, querem, talvez fosse o caso de perguntar o que a nova cena política pode desencadear. Pois não se trata apenas de um deslocamento de palco --do palácio para a rua--, mas de afeto, de contaminação, de potência coletiva. A imaginação política se destravou e produziu um corte no tempo político.
A melhor maneira de matar um acontecimento que provocou inflexão na sensibilidade coletiva é reinseri-lo no cálculo das causas e efeitos. Tudo será tachado de ingenuidade ou espontaneismo, a menos que dê "resultados concretos".
Como se a vivência de milhões de pessoas ocupando as ruas, afetadas no corpo a corpo por outros milhões, atravessados todos pela energia multitudinária, enfrentando embates concretos com a truculência policial e militar, inventando uma nova coreografia, recusando os carros de som, os líderes, mas ao mesmo tempo acuando o Congresso, colocando de joelhos as prefeituras, embaralhando o roteiro dos partidos --como se tudo isso não fosse "concreto" e não pudesse incitar processos inauditos, instituintes!
Para ler o texto completo de Peter Pál Pelbart clique aqui


ZÉLIA DUNCAN & HAMILTON DE HOLANDA: "Naquela mesa"

Uma saudade demonstrada com muito talento. Todos nós temos estas lembranças em nossa memória. Veja a belíssima apresentação de Zélia Duncan & Hamilton de Holanda clicando aqui

domingo, 21 de julho de 2013

Quem são os ‘mercados’?

Privatizações, desmantelamento dos serviços públicos, menos impostos para os mais poderosos, decadência das classes médias. "Década perdida” na América Latina.
Absolutismo de mercado de resultados duvidosos.
Segundo a informação que conhecíamos em 2011, a desigualdade nos países da OCDE alcançava a sua cota mais alta nas últimas décadas. Uma elite se beneficiou de um sistema que favorece, que lhe permite dar renda solta na sua avareza. Em tempos de globalização, a elite é global, alguns poucos de cada lugar se beneficiam.
Rússia e Brasil acrescentam cada vez mais multimilionários às listas anuais.
Grupos de pessoas, elites, trabalham para render culto ao seu deus, o dinheiro. O lucro máximo. Os mercados são cidadãos com a capacidade de influir, de coagir. Com nomes e apelidos. Com interesses pessoais.
Utilizam distintos mecanismos para o seu benefício, enfrentando o bem-estar da imensa maioria.
As agências de qualificação podem realizar predições equivocadas e enviesadas, mas conseguem exercer uma pressão efetiva. A pressão dos mercados, isto é, de uma pequena minoria capaz de impor mudanças de governo e jogar as dívidas para cima dos cidadãos.
Para ler o texto completo de Diego Escribano clique aqui

sábado, 20 de julho de 2013

A era do Pré-Sal e suas polêmicas

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O bloco de Libra faz parte do pré-sal, aquela acumulação de petróleo descoberta em 2007, e que se transformou num verdadeiro mito: passou a significar a promessa de fabulosos recursos que permitirão que o Brasil alcance, finalmente, um padrão de serviços públicos condizente com as necessidades básicas da população. O petróleo do pré-sal de fato existe. E em grande quantidade. Nesse sentido, é uma promessa real, concreta. Mas o caminho para transformá-lo em dinheiro disponível é cheio de riscos. Pelo mundo há vários exemplos de outras sociedades ricas em petróleo que viram frustradas as expectativas em torno dessa mesma promessa. A oferta pública para exploração de Libra representa nosso primeiro passo na tentativa de fazer com que, de fato, o dinheiro gerado com a venda do petróleo produzido se transforme na melhoria dos serviços públicos, tão claramente reivindicada nos recentes movimentos de rua.
Para ler o texto completo de André Garcez Ghirardi clique aqui
Leia também o texto de Paulo Metri Por que o leilão de Libra golpeia o país 


Médicos: os números por trás do preconceito

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Nestas horas, o melhor a fazer é procurar informações consolidadas.
Muitos desses dados podem ser encontrados num levantamento conhecido como demografia médica, atualizado todos os anos pelo Conselho Federal de Medicina.
Este link contém dados que se referem a dezembro de 2011. Você pode encontrar o levantamento de 2012 na internet.
Mas o de 2011 é mais instrutivo porque traça um levantamento completo dos médicos brasileiros. Fala das formaturas, ano após ano. Fala de sua distribuição, estado por estado.
O levantamento mostra que o número de médicos no setor privado cresce numa velocidade maior do que no setor público. Você sabe quais são as implicações disso num país onde a maioria da população se utiliza de serviços públicos. É matemática traduzida para o comportamento: filas enormes, mau atendimento, equipamento sucateado.
Em regiões mais pobres, o contraste é ainda maior. O próprio levantamento do Conselho Federal de Medicina se encarrega de mostrar o tamanho dessa diferença, comparando Rio de Janeiro e Bahia.
Para ler o texto completo de Paulo Moreira Leite clique aqui

Como ludibriar o leitor

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Uma das vantagens que os jornais supostamente oferecem em relação aos outros meios de informação é o sistema de organização das notícias: elas são distribuídas por seções temáticas, quase sempre agrupadas em cadernos específicos, facilitando a busca do leitor por seus assuntos preferidos.
O fato de esse pacote de informações se renovar diariamente reforça a percepção de uma ordem e uma correlação entre os acontecimentos, o que também funciona para passar ao leitor a confiança de que a cada dia ele está recebendo o que há de mais atual, e que com isso estaria adquirindo um conhecimento objetivo sobre a realidade que lhe interessa.
Por isso, quando a imprensa quebra esse elo, a consequência pode ser desastrosa.
Para ler o texto completo de Luciano Martins Costa clique aqui

Europa: a face hipócrita da “austeridade”

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Durante a última cúpula dos chefes de Estado europeus, realizada no final de junho em Bruxelas, o tema principal foi o desemprego que afeta hoje em dia 23% da juventude, sendo que na Espanha chega a 41%.
A Organização Internacional do Trabalho havia publicado previamente um dramático estudo dando conta de uma geração perdida. Segundo suas projeções, a prevalência de trabalhos temporários sem contribuições sociais, significará que a geração atual terá aposentadoria no valor de 480 euros.
Após uma longa discussão, os chefes de Estado decidiram destinar US$ 6 bilhões de fundos europeus à luta contra o desemprego juvenil. E depois de uma reunião bem mais curta, aprovaram um pacote de ajuda aos bancos europeus no valor de US$ 60 bilhões, que se somam a subsídios generosos concedidos no passado: só o Banco Central Europeu cedeu US$ 1 trilhão aos bancos a custo nominal.
Para ler o texto completo de Roberto Savio clique aqui

O cinema segundo Eduardo Coutinho

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Este é, para todos os efeitos, o ano de Eduardo Coutinho. Aos 80 anos, o cineasta vive seu apogeu de produtividade e prestígio. Enquanto prepara um novo documentário, foi uma das estrelas maiores da recente Festa Literária de Paraty (Flip) e será homenageado na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro, quando virá à luz um grande livro coletivo a seu respeito.
Sua entrevista na Flip, conduzida pelo diretor e montador Eduardo Escorel, seu velho amigo e parceiro, está inteira no YouTube.
Uma espécie de versão compacta do futuro livro acaba de ser publicada pela editora Cosac Naify, com organização de Milton Ohata. No pequeno e precioso volume, intitulado O olhar no documentário, há textos do próprio Coutinho, essenciais para quem quer conhecer sua visão do cinema e da vida.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

"As farmacêuticas bloqueiam medicamentos que curam, porque não são rentáveis"



O Prémio Nobel da Medicina Richard J. Roberts denuncia a forma como funcionam as grandes farmacêuticas dentro do sistema capitalista, preferindo os benefícios económicos à saúde, e detendo o progresso científico na cura de doenças, porque a cura não é tão rentável quanto a cronicidade.
Para ler a entrevista de Richard J. Roberts clique aqui

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Franz Kafka e os roteiros da panóptica espionagem global

 
1.
Um dos aspectos mais interessantes da literatura do escritor checo Franz Kafka (1883-1924) está relacionado com a sua potência para mostrar como as relações de poder se inscrevem em todos os lugares, porque tudo está absolutamente misturado. É assim, por exemplo, que no romance O processo (1925), o ateliê do personagem Titorelli, pintor de juízes, é também o seu quarto de dormir, que é também um cubículo de um imenso cortiço popular, que é também o próprio tribunal de justiça, onde K, o protagonista da narrativa, é processado sem ter feito mal algum.
2.
Em consonância com a trama do romance O processo, é possível argumentar que todo e qualquer poder é tanto mais presente quanto mais onipresente; tanto mais potente quanto mais onipotente e tanto mais transcendente quanto imanente, quanto mais existe em qualquer um, de tal maneira que seu centro se confunde com sua periferia, tal como ocorre em outro romance de Franz Kafka, O castelo (1926), cuja trama apresenta um nevoado castelo no topo de uma montanha e uma vila cujos habitantes vivem em função de sua onipresença soberana, não obstante a impossibilidade de alcançá-lo, como se ele existisse de tanto não existir realmente: uma miragem que assombra os aldeões, contaminados que estão com a bruma misteriosa e indevassável que vem do castelo.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

LEGENDAS E TRADUÇÕES: Diversidade e unidade da língua portuguesa


O Canal Brasil, presente na grade de programação de quase todas as operadoras de TV por assinatura, tem um lema: “Vários sotaques, uma só língua”. Pois no dia 09/07 (00h15min), no programa “Mostra do Cinema Português”, a emissora não seguiu seu justo mote. O apresentador Ricardo Pereira, português de nascimento, anunciou o filme da noite: A outra margem, do realizador Luís Felipe Rocha (2007, Portugal), em português do Brasil. Com o acento dos cariocas. O ator já conhece o Brasil há um bom tempo, e agora vive no Brasil.
Enquanto Ricardo apresentava a película aos telespectadores, um pensamento cruzou minha mente: “Depois desta introdução feita por um lusitano em perfeito português brasileiro, só falta agora exibirem uma fita com legendas e gente brasileira no elenco”. Dito e feito: mal começou a conversação, e lá estavam os subtítulos e os brasileiros na tela. Se o canal Brasil tem “vários sotaques, e uma só língua”, para que as legendas? Nossos falares tornaram-se tão diferentes que agora precisamos de tradução e legendas para manter conversação? Enquanto isso, na fita, portugueses e brasileiros conversavam naturalmente. Entendiam-se perfeitamente. Mas havia legenda na tela. O paradoxo foi constrangedor e não guardava relação com o que acontecia na fita e na vida.
Acaso não podemos dialogar entre nós, brasileiros, portugueses, angolanos, timorenses, e todos os povos de fala portuguesa, sem necessidade de tradutores? Há dificuldades em entender o que falam os portugueses, mesmo quando eles conversam com brasileiros em um filme? Os diálogos não fluem naturalmente na cena em tela e fora dela também? Acaso alguém esqueceu a memorável cobertura que a RTP fez da Primeira Guerra do Iraque em 2003? Alguém por acaso teve dificuldade de entender o que falava lá de Bagdá o excelente Carlos Fino? Não podem os portugueses assistir à programação brasileira sem necessidade de legendas? Não compramos e vendemos, brigamos e festejamos sem precisar de tradução? Por que legendar os filmes?
Para ler o texto completo de Sergio da Motta e Albuquerque clique aqui

MÍDIA & POLÍCIA: Também somos o chumbo das balas


Você está na sala assistindo à TV. Ou está no restaurante, com seus amigos. Ou está voltando para casa depois de um dia de trabalho. Você ouve tiros, você ouve bombas, você ouve gritos. Você olha e vê a polícia militar ocupando o seu bairro, a sua rua. É difícil enxergar, por causa das bombas de gás lacrimogêneo, o que aumenta o seu medo. Logo, você está sem luz porque a polícia atirou nos transformadores. O garçom que o atendia cai morto com uma bala na cabeça. O adolescente que você conhece desde pequeno cai morto. Um motorista está dirigindo a sua van e cai ferido por um tiro. Agora você está aterrorizado. Os gritos soam cada vez mais perto e você ouve a porta da casa do seu vizinho ser arrombada por policiais que quebram tudo e gritam com ele e com sua família. Em seguida você vê os policiais saírem arrastando um saco preto. E sabe que é o seu vizinho dentro dele. Por quê? Você não pergunta o porquê, do contrário será o próximo a ser esculachado, a ter todos os seus bens, duramente conquistados com trabalho, destruídos. Se você está em casa, não pode sair. Se você está na rua, não pode entrar.
O que você faz?
Nada.
Você não faz nada porque não aconteceu com você. Você não faz nada especialmente porque se sente a salvo, porque sabe que não apenas não aconteceu como não acontecerá com você. Não aconteceu e não acontecerá no seu bairro. Isso só acontece na favela, com os outros, aqueles que trabalham para você em serviços mal remunerados.
Para ler o texto completo de Eliane Brum clique aqui

Han Kim, em clarinete, interpreta "Czardas"


A magnifica execução em clarinete das "Czardas" de Vittorio Monti, pelo músico Han Kim acompanhado pela pianista Yunsil Kim, em Seul, Korea, pode ser vista clicando aqui

terça-feira, 16 de julho de 2013

Hacker alemão avalia limites entre liberdade e controle na rede


Ainda abrigado no aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, o procurado americano de 29 anos, ex-CIA, delator do esquema orwelliano de vigilância, voltou à imprensa internacional pela primeira vez nesta sexta-feira (12/7) com uma carta. Começava assim: “Olá. Meu nome é Ed Snowden. Há um mês, eu tinha uma família, uma casa no paraíso. Também tinha a capacidade de, sem nenhuma permissão, vasculhar, ler e apreender suas comunicações. A comunicação de qualquer um, a qualquer hora. Esse é o poder de mudar o destino das pessoas.”
Publicada no WikiLeaks, a carta foi lida ao lado de ativistas da Anistia Internacional e do Human Rights Watch. Trazia também um pedido às autoridades russas. Acossado num jogo de espiões, Edward Snowden quer asilo político temporário na terra de Putin. Após a saga mirabolante Havaí-Hong Kong-Moscou, o ex-técnico do Serviço Secreto americano tropeçou na impossibilidade de cruzar os céus europeus para desembarcar num dos países latino-americanos que lhe ofereceram refúgio diplomático, como Bolívia e Venezuela.
Para ler a entrevista de Andy Müller-Maguhn clique aqui

A politização do cotidiano, a classe média e a esquerda


As mobilizações que tomaram conta do país nas últimas semanas – as “jornadas de junho” – caracterizaram-se, em um primeiro momento, por uma pauta tradicional da esquerda: a luta por um direito social, o transporte público. A forma de organização do movimento que impulsionou essas mobilizações (autonomista e horizontal) e sua estratégia de luta tampouco são originais: existe uma larga experiência histórica que as antecede. O mérito do Movimento Passe Livre (MPL) foi o de ter sido capaz de resgatar essa experiência em um momento no qual ela parecia ultrapassada; no qual a esquerda permanecia na confortável ilusão de que seria possível avançar na luta por direitos sociais sem mobilização popular e sem a politização do cotidiano. Não é.
Para ler o texto completo de Carlos Henrique Pissardo clique aqui

Novas revoltas globais: o sentido está em disputa



Mulheres egípcias em manifestação no Cairo, usada pelos militares como pretexto para golpe de Estado

O levante, agora persistente, na Turquia foi seguido por uma revolta ainda maior no Brasil, que por sua vez foi acompanhada por manifestações menos noticiadas, mas não menos reais, na Bulgária. Obviamente, estes protestos não foram os primeiros, e muito menos os últimos, em uma série realmente mundial de revoltas, nos últimos anos. Há muitas maneiras de analisar este fenômeno. Eu o vejo como um processo contínuo de algo que começou com a revolução mundial de 1968.
É claro que todas as revoltas são particulares em seus detalhes e na correlação de forças interna em cada país. Mas existem certas similaridades que devem ser notadas, se quisermos dar sentido ao que está acontecendo e decidir o que todos nós, como indivíduos e como grupos, deveríamos fazer.
Para ler o texto completo de Immanuel Wallerstein clique aqui

segunda-feira, 15 de julho de 2013

"No meio do caminho havia um menino" - Um conto de André Kondo



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André Kondo é autor de Além do Horizonte e dos premiados: Amor sem Fronteiras, Contos do Sol Nascente, Cem pequenas poesias do dia-a-dia e Palavras de Areia. Pós-graduado pela University of Sydney, viajou por 60 países em busca de inspiração. Vencedor de dezenas de prêmios literários, continua viajando, pelo universo da literatura.
 
 

A família do sultão de Deli ainda morava em uma ala do Palácio de Maimoon. O resto da imponente construção se tornou um decadente museu. Em frente, as palmeiras gigantes alardeavam uma suntuosidade botânica, em meio a um vasto jardim displicente. Do outro lado da linha férrea, podiam se avistar os domos negros de Mesjid Raya. E no meio, bem no meio desta linha de trem, podia se ver um menino sentado nos trilhos.
Entre a suntuosidade, ainda que decadente, de uma existência material representada pelo palácio de Maimoon e a frugalidade, ainda que suntuosa, de uma existência espiritual materializada pela mesquita de Raya, estava sentada a realidade de um menino perdido. Nenhum dos lados lhe pertencia, por isso, ele ficava no meio da linha, nem uma coisa nem outra, apenas o nada.
 
Para ler o conto completo de André Kondo clique aqui



Polêmica: a revolução será pós-televisionada



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Página da Mídia Ninja no Facebook (2/7/2013):
“A revolução será postelevisionada. Já são 72 horas de transmissão ininterrupta da Ocupação da Câmara Municipal de Belo Horizonte.”
Em 1970, Gil Scott-Heron lançou esta música, que marcou uma geração: “A revolução não será televisionada”.
Mais de 40 anos depois, entretanto, as novas mídias corrigem o artista: a revolução, seja ela qual for, será transmitida e retransmitida pela internet, esta outra grande revolução do território do nosso pensamento. Mas não o corrigem em tudo: “The revolution will be live/ A revolução será ao vivo”.
Enquanto isso, muita e muita gente continua perplexa com o futuro que é hoje, uma realidade cíbrida, termo cunhado por pesquisadores de arte e da Web, estudiosos da cibercultura (ver abaixo). Uma realidade em que estamos online e offline o tempo todo, em celulares e redes.
Lendo análises de alguns de nossos intelectuais sobre as jornadas de junho de 2013, chego à conclusão de que eles parecem desconhecer o novo mundo em que vivem no século 21. Que suas categorias de pensamento precisam ser urgentemente revistas, pois existe uma nova forma de vida em sociedade, desterritorializada e desespacializada. “A linearidade cognitiva, discursiva e ideológica do século 20 está posta em xeque”, como leio em João Telésforo, um jovem mestre em Direito, de 25 anos, na rede.
Para ler o texto completo de Elizabeth Lorenzotti clique aqui

FHC: as portas do Brasil abertas à CIA



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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que “nunca soube de espionagem da CIA” no Brasil. O governo atual cobra explicações dos Estados Unidos, e a presidente Dilma trata do assunto com a cúpula do Mercosul, no Uruguai, nesta quinta-feira (11). O Congresso Nacional envia protesto formal ao governo de Barack Obama.
Vamos aos fatos. Entre março de 1999 e abril de 2004, publiquei 15 longas e detalhadas reportagens na revista CartaCapital. Documentos, nomes, endereços, histórias provavam como os Estados Unidos espionavam o Brasil.Documentos bancários mostravam como, no governo FHC, a DEA, agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas, pagava operações da Polícia Federal. Chegava inclusive a depositar na conta de delegados. Porque aquele era um tempo em que a PF não tinha orçamento para bancar todas operações e a DEA bancava as de maiores dimensão e urgência.
Para ler o artigo completo de Bob Fernanddes clique aqui

Como a Microsoft oferece o Skype à espionagem



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Um novo artigo publicado na noite desta quinta-feira no site do jornal britânico The Guardian e assinado por Glenn Greenwald, o jornalista e jurista que tornou públicas pela primeira vez as revelações de Edward Snowden, e também por Ewen MacAskill, Laura Poitras, Spencer Ackerman e Dominic Rushe traz novas revelações que mostram que os técnicos da Microsoft trabalharam estreitamente com a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos, bem como com o Federal Bureau of Investigation (FBI) para facultar o acesso de programas de vigilância em massa, como o PRISM, aos seus serviços de e-mail, como o recém-lançado portal Outlook.com (que inclui o popular Hotmail) ou ao serviço de “cloud” (armazenamento de ficheiros em servidores na Internet) SkyDrive.
Para ler o artigo completo publicado pela Esquerda.net clique aqui
 


Snowden: hora de subverter o neo-totalitarismo


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Foi um tapa na cara do Império. Edward Snowden, o ex-funcionário terceirizado dos serviços secretos norte-americanos, invocou os Princípios de Nuremberg, ao falar, sexta-feira (12/6) à tarde a organizações de defesa dos direitos humanos, no aeroporto de Sheremetyevo (Moscou). Ao fazê-lo, evocava a luta contra o totalitarismo, e o papel destacado que os EUA nela jogaram, entre o fim da II Guerra Mundial e o início dos anos 1980.
Snowden está confinado em Sheremetyevo há duas semanas. Pelo menos três países latino-americanos — Equador, Nicarágua e Venezuela — concederam-lhe asilo político, na condição de refugiado político. Mas os EUA pressionam intensamente estas nações a recuar, como revela o New York Times. Paira, desde o ato de pirataria aérea contra Evo Morales, ameaça implícita de um atentado contra o voo que o trará à América do Sul. Pior: nas últimas horas, Washington passou a pressionar diretamente Moscou, para que não conceda asilo ao homem que denunciou a espionagem global.
Foi certamente por isso que Snowden relembrou os Princípios de Nuremberg. Adotados no julgamento dos crimes de guerra nazistas, assumidos em seguida pela ONU como parte do Direito Internacional, eles frisam que não é possível invocar ordens superiores, ou mesmo leis, para justificar o desrespeito a princípios éticos.
Sinal dos tempos: em Nuremberg, os EUA tiveram papel central para desfazer o mito segundo o qual os atentados contra os direitos humanos devem ser perdoados, quando cometidos por quem recebeu “orientações de cima”. Hoje, Washington escora-se numa legalidade esfrangalhada para pedir que o mundo permita-lhe perseguir quem revelou seus crimes (Antonio Martins)…
Para ler a fala de Snowden clique aqui 

domingo, 14 de julho de 2013

Dilemas da civilização tecnológica

Dilemas da civilização tecnológica
Nascido em Moçambique, Hermínio Martins exilou-se nos anos 1950 na Inglaterra
, onde desenvolveu suas pesquisas sobre filosofia e sociologia da ciência e da tecnologia. (foto: Margaret Martins)  

A vocação e o destino tecnológicos da civilização contemporânea são os temas que vêm ocupando, há várias décadas, o sociólogo Hermínio Martins. Nascido em Moçambique, em 1934, ele é considerado um dos grandes pensadores portugueses da atualidade. Em novembro passado, Martins esteve no Brasil para lançar Experimentum humanum – civilização tecnológica e condição humana (editora Fino Traço), livro que reúne artigos produzidos ao longo de quase 20 anos.
Forçado ao exílio na década de 1950, o sociólogo desenvolveu sua trajetória acadêmica na Inglaterra. Ensinou nas Universidades de Leeds e de Essex, no Reino Unido, e também nas universidades da Pensilvânia e Harvard, nos Estados Unidos. Atualmente, é professor emérito do St. Anthony’s College, da Universidade de Oxford, e pesquisador honorário do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
Ao pensar criticamente os rumos da tecnociência, Martins serve-se de dois signos fortes do nosso imaginário: Prometeu, que dá à humanidade o fogo roubado aos deuses, e Fausto, o que pactua com o demônio. Por meio dessas figuras, ele sinaliza a tensão – entre o entusiasmo e o pesadelo – do projeto de controle total da natureza.
Para ler a entrevista de Hermínio Martins clique aqui     

sábado, 13 de julho de 2013

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS: “Desculpe, Presidente Evo”



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Esperei uma semana que o Governo do meu país lhe pedisse formalmente desculpas pelo ato de pirataria aérea e de terrorismo de Estado que cometeu, juntamente com a Espanha, a França e a Itália, ao não autorizar a escala técnica do seu avião no regresso à Bolí­via depois de uma reunião em Moscou, ofendendo a dignidade e a soberania do seu país e pondo em risco a sua própria vida. Não esperava que o fizesse, pois conheço e sofro o colapso diário da legalidade nacional e internacional em curso no meu país e nos pa­íses vizinhos, a mediocridade moral e política das elites que nos governam, e o refúgio precário da dignidade e da esperança nas consciências, nas ruas e nas praças, depois de há muito terem sido expulsas das instituições. Não pediu desculpa. Peço eu, cidadão comum, envergonhado por pertencer a um país e a um continente que são capazes de cometer esta afronta e de o fazer de modo impune, já que nenhuma instância internacional se atreve a enfrentar os autores e os mandantes deste crime internacional.
Para ler o texto completo de Boaventura de Sousa Santos clique aqui

Tabu reinventa a África colonial


 
 
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Tabu, do português Miguel Gomes, é desde já um dos filmes do ano, por sua originalidade desconcertante, seu frescor, sua rara combinação de liberdade de imaginação e rigor de linguagem. Não foi à toa que essa coprodução luso-franco-germano-brasileira ganhou o prêmio da crítica internacional no festival de Berlim do ano passado.
Rodado num discreto preto e branco de baixo contraste e grande profundidade de campo, que dá a ver todos os matizes do cinza, o filme se divide em duas partes bem distintas. Na primeira, na Lisboa atual, Pilar (Teresa Madruga), uma solitária militante católica dos direitos humanos, tenta salvar do desastre sua vizinha Aurora (Laura Soveral), uma velhota amalucada viciada em jogo e em remédios, sempre às turras com a empregada cabo-verdiana (Isabel Cardoso). A atmosfera, o entrecho e os personagens um tanto insólitos lembram alguns melodramas irônicos de Almodóvar, como A flor do meu segredo ou Abraços partidos.
Para ler o texto completo de José Gerlado Couto clique aqui

DOSSIER Rede Globo: pode ser muito grave “o que vem por aí”



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Conversei com duas fontes importantes, que trouxeram esclarecimentos sobre o episódio da sonegação de impostos da Globo, denunciada pelo blog “O Cafezinho” de Miguel do Rosário.
Uma das fontes é um ex-funcionário público (que conhece bem instituições como a Receita Federal e o Ministério Público no estado do Rio). Esse homem é o mesmo que Miguel do Rosário tem chamado de “garganta profunda”. Por isso, também o chamaremos assim nesse texto. A segunda fonte (será chamada aqui de “fonte 2″) é uma pessoa que esteve no governo federal (funcionário de carreira), nunca exerceu cargos eletivos, mas sabe muito sobre os bastidores do poder – e suas intercessões com o mundo das finanças e da mídia. Seguem abaixo as informações que recebi dos dois. O texto é longo, mas peço atenção porque trata de assunto gravíssimo.
Para ler o texto completo de Rodrigo Vianna clique aqui
Leia o texto de Luiz Carlos Azenha Como o dossiê da Globo desapareceu da Receita
Leia o texto de Amaury Ribeiro Jr. e Rodrigo Lopes GloboLeaks: investigação-bomba pode reaparecer
Leia o texto de Rodrigo Vianna GloboLeaks: Por que mídia e Ministério Público abafam caso



 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Assim se fazem os santos



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No dia 3 de setembro de 2000, o Papa João Paulo II beatificou o Papa Pio IX (beatificação é o terceiro e penúltimo degrau para a santidade – certifica que um milagre verdadeiro foi produzido por meio da intercessão de uma pessoa morta, estabelecendo um dia de festa litúrgica para essa pessoa e autorizando a oração dos fiéis a ela). Pio IX era uma figura de extremos. Arrancou do Conselho do Vaticano a declaração de sua própria infalibilidade; condenou heresias modernas como… o governo democrático; tomou de sua família uma criança judia, Edgardo Mortara, com base no fato que a enfermeira cristã do garoto batizou-o quando era criança — o que a faria pertencer à Igreja, não a seus pais infiéis a Cristo.
Para ler o texto completo de Garrry Wills clique aqui

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS: O papel central da Reforma Política no Brasil



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Os protestos no Brasil perderam intensidade, mas, se o governo não der uma resposta rápida às reivindicações do povo, podem voltar ainda mais fortes – e de forma incontrolável. O alerta é do português Boaventura de Sousa Santos, doutor em sociologia pela Universidade de Yale (EUA) e diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal).
Autor de estudos sobre emancipação social, direitos coletivos e democracia participativa, ele vê a onda de indignação que tomou as ruas do país como fruto das mudanças vividas pela sociedade brasileira nas últimas décadas. A classe média, afirma, cresceu e com ela as demandas dos cidadãos por melhores serviços públicos ganharam força.
Para Boaventura, o Congresso está “divorciado das prioridades dos cidadãos” e, por isso, uma reforma política se faz necessária. “Há medidas de emergência que têm de ser tomadas, mas nada disso é possível se não houver uma reforma política profunda. Neste momento todo o sistema político tende a perverter e a inverter as suas prioridades”, afirma em entrevista à DW Brasil.
Para ler a entrevista de Boaventura de Sousa Santos clique aqui

Assange: a América Latina na era das cyberguerras



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O que começou como meio para preservar a liberdade individual pode agora ser usado por Estados menores, para frustrar as ambições dos maiores.
O cypherpunks[1] originais eram, na maioria, californianos libertaristas.[2] Eu vim de tradição diferente, onde todos nós buscávamos proteger a liberdade individual contra a tirania do Estado. Nossa arma secreta era a criptografia. Já se esqueceu o quanto isso foi subversivo. A criptografia, então, era propriedade exclusiva dos Estados, para uso em suas muitas guerras. Ao escrever nossos próprios programas e distribuí-los o mais amplamente possível, liberamos a criptografia, a democratizamos e a espalhamos pelas fronteiras da nova internet.
Para ler o texto completo de Julian Assange clique aqui

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Cinema e Filosofia

 
CHEGANDO ao século XXI como mais um artefato destinado à satisfação do belo em nossa sociedade, o cinema mantém ainda uma posição de destaque frente ao que é oferecido pela televisão e pelos modernos jogos virtuais. Por ser uma forma de “imersão total”, de duração relativamente curta, realizada em um espaço público onde diversas obras circulam, é uma experiência concentrada e múltipla, e sendo assim, o filme possui um poderoso efeito de fechamento formal que explica o poder com que essa arte emite uma significação do mundo, um julgamento dos valores e um olhar distanciado – como que de fora – da estrutura da realidade. Essa vontade de significado está longe de se mostrar explicitamente, pois se faz mediante uma rede de construções conceituais que subjazem à ficção apresentada.
Para ler o texto completo de José de Sousa Miguel Lopes publicado na Revista “A Página da Educação” clique aqui e, em seguida clique na capa da revista no canto superior direito. O texto está inserido na página 91. 


NOAM CHOMSKY: Empresas da web permitirão a governos 'saber tudo' sobre internautas

O linguista americano Noam Chomsky

O linguista americano Noam Chomsky, conhecido pelas críticas que faz à conduta das autoridades de seu próprio país, acredita que as grandes corporações da internet estão juntando dados diversos de usuários da internet com mais competência do que os governos, e que isso permitirá que as autoridades possam conhecer "tudo" a respeitos dos seus cidadãos.
Em entrevista à BBC Mundo, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) --no mesmo lugar onde, em 1962, John Carl Robnett Licklider concebeu pela primeira vez a ideia de uma rede global--, Chomsky opina que as revelações do ex-técnico da CIA Edward Snowden sobre a espionagem de cidadãos praticada pelos EUA são uma prova de que os governos podem se beneficiar de dados sobre usuários que são coletados pelas grandes corporações.
Chomsky, que revolucionou a linguística e escreveu mais de cem livros, reconhece que a web pode ser valiosa - ele mesmo a usa o tempo todo -, mas desmistifica seu impacto e questiona suas consequências.
O linguista argumenta que o advento do telégrafo e das bibliotecas públicas teve um impacto muito maior do que a rede mundial de computadores nas comunicações e no acesso ao conhecimento.
Além disso, ele considera o Google Glass - óculos inteligentes ainda em fase de testes - "orwelliano e ridículo" e acredita que a web pode isolar e radicalizar seus usuários.
Para ler a entrevista de Noam Chomsky clique aqui

terça-feira, 9 de julho de 2013

Os aviões não tripulados das edições midiáticas


Marx, no primeiro volume de O Capital (1867), forneceu-nos a fórmula de nosso sistema mundial de produção de mercadorias: D-M-D, onde d é dinheiro e m é mercadoria. Não sem humor, o que Marx pretendia mostrar com essa equação era simplesmente que ela se constitui como um verdadeiro círculo vicioso, pois qualquer relação mediada pelo dinheiro perde seu conteúdo intrínseco, suas qualidades próprias, e se torna parte de uma relação mercantil; entra, quer queiramos ou não, no circuito das relações mercadológicas – na verdade um curto-circuito que atinge indistintamente o amor da mãe pelo filho, os amores carnais, as amizades mais sinceras, as lutas pela emancipação da humanidade. Através da falsa – mas soberana – universalidade da abstração do dinheiro, tudo tende a ser sequestrado, entrando no redemoinho do domínio do capital, situação que faz com nada mais possa se tornar referência comum, planetária: só o dinheiro pode ser global, razão por que, nesse contexto, tornamo-nos os cordeiros do deus dinheiro, seus súditos, suas mercadorias.
Para ler o texto completo de Luís Eustáquio Soares clique aqui

O ‘portuglês’ que merecemos


O céu da boca brasileira não tem limite para os desvarios da língua portuguesa. A Veja desta semana reagiu em duas páginas à síndrome Odorico Paraguaçu que tomou conta dos políticos depois dos 15 dias que abalaram o Brasil. Foi para confundir a voz das ruas que os poderosos de Brasília exercitam empolamento, eufemismo e embromação como garante a revista? É preciso um Elio Gaspari botar em ação a Madame Natasha de suas colunas no Globo e na Folha de S.Paulo, a professora que cuida de evitar que o idioma português seja colocado em áreas de risco? Ou esse linguajar é próprio de Brasília como há tempos Augusto Nunes vem distribuindo o troféu besteirol às frases dos políticos?
Elas beiram o vocabulário do melhor personagem de O Bem Amado (Dias Gomes), “para cada problemática uma solucionática”, “destabocado somentemente”, “providenciamentos inauguratícios”.
“Talqualmente”, como diria Odorico, Joaquim Barbosa referiu-se a empoladas “proposituras” quando as ruas queriam ação, Brasília resolveu discutir “mobilidade urbana” quando o povo pedia redução do preço das passagens, e Renan Calheiros compareceu ao casamento de um amigo em Trancoso a bordo de um avião da FAB, que no seu linguajar tratava-se de “um avião de representação”.
O veterano correspondente no Brasil do jornal espanhol El País, Juan Arias, matou a charada numa mesa da FLIP: “Tenho a sensação de que a sociedade brasileira está falando uma língua e o poder, outra”.
Para ler o texto completo de Norma Couri clique aqui

segunda-feira, 8 de julho de 2013

De onde vem o dinheiro da Copa?



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Alguns manifestantes chegam a defender um boicote ao evento em protesto contra o que consideram um desperdício de recursos públicos. Para eles, as entidades governamentais deveriam estar investindo em educação e hospitais os bilhões usados para construir estádios e outras obras ligadas ao evento.
O ex-jogador e deputado Romário engrossou o coro em um vídeo que se tornou viral na internet, no qual ataca a Fifa e alega que a Copa brasileira custará cerca de três vezes mais do que as anteriores – número contestado pelo Comitê Gestor da Copa do Mundo de 2014, o CGCopa.
“A África do Sul teve um gasto de R$ 7,7 bilhões de reais, o Japão de R$ 10,1 bilhões, a Alemanha de R$ 10,7 bilhões e o Brasil já está em R$ 28 e alguma coisa (bilhões). Ou seja, desculpe a expressão, mas que sacanagem. É sacanagem com o dinheiro do povo. Falta de respeito e escrúpulos”, disse o deputado.
As autoridades envolvidas na organização da Copa se defendem alegando que muitos desses bilhões na realidade serão gastos em obras de infraestrutura e mobilidade urbana que precisavam ser realizadas com ou sem o torneio.
A presidente Dilma Rousseff também garantiu, em discurso em rede nacional, que nem um centavo do orçamento foi usado em estádios. Mas isso não quer dizer que não tenham sido usados recursos públicos em tais obras.
Para ler o texto completo de Ruth Costas clique aqui

TV Globo, sonegação e negócios obscuros

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Não apenas multinacionais norte-americanas e europeias sonegam impostos de seus países por meio de operações fictícias realizadas na economia clandestina. Também a Globo, nossa “vênus platinada”, usou o paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas para “disfarçar” a compra dos direitos exclusivos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 sob a rubrica contábil de “investimentos e participação societária no exterior”.
Para ler o texto completo de Inês Castilho clique aqui

Egito: contradições da multidão em movimento

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Em 1º de julho, após manifestações gigantescas nas ruas egípcias, o exército publicou comunicado afirmando “seu apoio às demandas do povo” e dando “a todo mundo” 48 horas de prazo, como “última chance [para] assumir sua responsabilidades neste momento histórico”. Se as reivindicações não fossem satisfeitas, prosseguia o comunicado, caberia “às forças armadas anunciar o caminho para uma saída, e medidas supervisionadas por elas, em cooperação com todas as forças patrióticas e sinceras […] sem excluir nenhum partido”.
Ainda que esta última parte da frase – “sem excluir nenhum partido” – procure oferecer garantias à Fraternidade Muçulmana, que teme o retorno à velha ordem e a prisão, a direção do grupo rejeitou o ultimato e o presidente Mohamed Morsi afirmou que permaneceria em seu posto. Parece pouco provável que sobreviva a este desafio [este texto foi escrito horas após sua queda]. Até mesmo o porta-voz do partido salafista [que representa o ultra-fundamentalismo islâmico, e obteve 25% de votos nas eleições], Nader Bakkar, explicou a seu meio milhão de seguidores no Twitter que o califa Othman, terceiro sucessor do Profeta, preferiu renunciar à vida a deixar correr o sangue dos fiéis.
Para ler o texto completo de Alain Gresh clique aqui
Pode ler o texto de Carolina Linhares No Cairo, com milhões, antes do golpe

Por que os médicos cubanos assustam



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A virulenta reação do Conselho Federal de Medicina contra a vinda de 6 mil médicos cubanos para trabalhar em áreas absolutamente carentes do país é muito mais do que uma atitude corporativista: expõe o pavor que uma certa elite da classe médica tem diante dos êxitos inevitáveis do modelo adotado na ilha, que prioriza a prevenção e a educação para a saúde, reduzindo não apenas os índices de enfermidades, mas sobretudo a necessidade de atendimento e os custos com a saúde.
Essa não é a primeira investida radical do CFM e da Associação Médica Brasileira contra a prática vitoriosa dos médicos cubanos entre nós.
Em 2005, quando o governador de Tocantins não conseguia médicos para a maioria dos seus pequenos e afastados municípios, recorreu a um convênio com Cuba e viu o quadro de saúde mudar rapidamente com a presença de apenas uma centena de profissionais daquele país.
A reação das entidades médicas de Tocantins, comprometidas com a baixa qualidade da medicina pública que favorece o atendimento privado, foi quase de desespero.
Elas só descansaram quando obtiveram uma liminar de um juiz de primeira instância determinando em 2007 a imediata “expulsão” dos médicos cubanos.
Para ler o texto completo de Pedro Porfírio clique aqui

Ignacio Ramonet: “Somos todos vigiados”





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Nós já temíamos (1). Tanto a literatura de (1984, de George Orwell), como o cinema (Minority Report, de Steven Spielberg) haviam avisado: com o progresso da tecnologia da comunicação, todos acabaríamos sendo vigiados. Presumimos que essa violação de nossa privacidade seria exercida por um Estado neototalitário. Aí nos equivocamos. Porque as revelações inéditas do ex-agente Edward Snowden sobre a vigilância orwelliana acusam diretamente os Estados Unidos, país considerado como “pátria da liberdade”. Aparentemente, desde a promulgação, em 2001, da lei Patriot Act (2), isso ficou no passado. O próprio presidente Barack Obama acaba de admitir: “Não se pode ter 100% de segurança e 100% de privacidade”. Bem-vindos, portanto a era do “Grande Irmão”…
Para ler o texto completo de Ignacio Ramonet clique aqui
Pode ler o texto de John Pilger Rumo a um neo-totalitarismo?


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