A revolta de Chiapas, 20 anos depois
Já se passaram anos e anos, e também balas e mortos, prisões e injustiças. Ocorreram críticas e zombarias, mas Marcos e os zapatistas seguem aqui, presentes. Há quem diga que estão mortos, esquecidos, caídos no poço da história. Mas não. Felipe Arizmendi Esquivel, bispo da diocese local, diz: “muita gente pergunta se ainda existe o Exército Zapatista de Libertação nacional (EZLN) e eu lhes digo que não só existe, como tem presença, força, planos e projetos, não é algo do passado, nem semi-morto”.
Ocorreram tantas coisas que seria preciso detalhá-las por ordem alfabética. Isso pode ser visto, a céu aberto, de um lado da praça, em frente à catedral. Agora instalaram uma pista para patinar sobre o gelo e um tobogã para deslizar-se no presente. A rua Real de Guadalupe é uma miniatura da oferta ultra-liberal. As marcas internacionais tem seu lugar, se oferece “pão europeu”, há bares com nomes em inglês, não menos de quatro restaurantes argentinos e uma infinidade de butiques de luxo que vendem roupa e essa pedra suave como a lua que é o âmbar. “Os indígenas surfam entre essas modernidades”, diz com um tom de lucidez neutra um jovem em um dos muitos bares da moda que se esparramam ao longo da Real Guadalupe.