sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Democracia ou Capitalismo?

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No início do terceiro milênio as esquerdas debatem-se com dois desafios principais: a relação entre democracia e capitalismo; o crescimento econômico infinito (capitalista ou socialista) como indicador básico de desenvolvimento e de progresso. Nesta carta, centro-me no primeiro desafio.
Ao contrário do que o senso comum dos últimos cinquenta anos nos pode fazer pensar, a relação entre democracia e capitalismo foi sempre uma relação tensa, senão mesmo de contradição. Foi-o certamente nos países periféricos do sistema mundial, o que durante muito tempo foi chamado Terceiro Mundo e hoje se designa por Sul global. Mas mesmo nos países centrais ou desenvolvidos a mesma tensão e contradição esteve sempre presente. Basta lembrar os longos anos do nazismo e do fascismo.
Para ler o texto completo de Boaventura de Sousa Santos clique aqui

terça-feira, 26 de novembro de 2013

PERRY ANDERSON: ‘Snowden foi um herói de nosso tempo’


O artigo “A pátria americana“ está voltado para a política interna dos Estados Unidos, não para a ordem imperial americana no exterior. Mas um feito distintivo do governo Obama tem sido o de apagar a fronteira entre essas duas esferas em um grau inédito. Sob Obama, foi criado um sistema global de vigilância que abarca implacavelmente tanto chefes de Estado estrangeiros – como os presidentes do Brasil e do México descobriram – quanto o mais humilde cidadão americano. Ao expor essa espionagem cibernética universal, Edward Snowden foi um herói de nosso tempo. O fato de que nenhum país ocidental – nem mesmo o Brasil, uma vítima desse sistema – tenha ousado dar asilo a Snowden é mais revelador das realidades da pax Americana do que o orçamento militar dos Estados Unidos, que é maior do que os orçamentos combinados de todas as outras potências com alguma pretensão de ter um papel internacional.
Numa sequência de A pátria americana, que será publicada no fim deste mês na New Left Review, eu discuto a atuação externa do Estado norte-americano desde os anos 1930. A seguir, adianto um trecho sobre o atual governo.
Para ler o texto completo de Perry Anderson clique aqui

Um argumento em defesa da liberdade das biografias

Os argumentos contrários a restrições com relação à escritura e circulação de biografias “não autorizadas” têm se valido de um valor estruturante da nossa forma civilizatória: o princípio da liberdade de expressão. Com efeito, o princípio é pétreo: sua abolição implicaria o risco de dissolução daquilo que o grande teórico social alemão, Norbert Elias, definiu como o processo civilizador. Os argumentos mais restritivos, por sua vez, valem-se de cláusula em nada estranha ao mesmo processo: os princípios da privacidade e da proteção dos indivíduos inserem-se, de modo pleno, no mesmo catálogo de valores que conformaram a nossa forma de vida. Catálogo também composto pelo princípio da liberdade de expressão.
É tão fácil como tentador opor essas duas ordens de princípios, uma à outra, como se representassem formas civilizatórias distintas. Na verdade, ambas decorrem de mesma matriz: a fixação no século 17, a partir da obra de pensadores tais como John Locke, de direitos subjetivos, ou seja, direitos que decorrem não de circunstâncias particulares, mas de um modo próprio de conceber a natureza humana como constituída pelo direito natural – e, portanto, não circunstancial – à liberdade, incluído neste termo tanto vontades de expressão como desejos de proteção.
Para ler o texto completo de Reanto Lessa clique aqui

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O fantasma da proletarização atemoriza os médicos

Tramitação do Mais Médicos está dentro do previsto, diz Padilha
O que ocorre na medicina não é diferente do que ocorre no resto da economia capitalista. A luta entre patrão e empregado, a tal luta de classes, faz que o trabalho direto seja substituído pelas máquinas. E esse processo não é indolor.
Os equipamentos médicos, em geral produzidos por empresas monopolistas, estão cada vez mais caros. Só são lucrativos se operados em grande escala. Clínicas e hospitais são uma resposta a isso. A centralização de capital ocorre também no lado da demanda, mediante os convênios de saúde que aglutinam pacientes. A monopolização (poder de mercado via cartelização) avança, com a omissão e mesmo com a cumplicidade das instâncias (Executivo, Legislativo e Judiciário) que, supostamente, deveriam coibi-la. Ela só não avança entre os médicos, que cada vez mais se transformam em assalariados (explícitos ou disfarçados).
Mercado e saúde não têm se revelado uma boa combinação: custos elevados, empobrecimento/assalariamento dos médicos, mau atendimento ao público, dificuldades para marcação de consultas, negativas de exames e de cirurgias. O setor público não se sai melhor. O corporativismo e uma política deliberada de privatização contribuem para isso. É nesse contexto que as reações ao Programa Mais Médicos precisam ser analisadas.
Para ler o texto completo de Paulo de Tarso Soares, Ana Paula Paulino da Costa e José Paulo Guedes Pinto clique aqui

Ramonet: “Inevitável Mundo Novo”?

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Seria pertinente reler, hoje, Admirável Mundo Novo? Seria pertinente retomar um livro escrito há aproximadamente 70 anos, numa época tão distante que nem sequer a televisão havia sido inventada? Seria essa obra algo além de uma curiosidade sociológica, um best seller comum e efêmero que, no ano de sua publicação, 1932, vendeu mais de um milhão de exemplares?
Essas questões parecem ainda mais pertinentes porque o gênero da obra — a fábula premonitória, a utopia tecno-científica, a ficção científica social — possui um alto grau de obsolescência. Nada envelhece tão rápido quanto o futuro. Ainda mais na literatura.
E, entretanto, quem superar essas reticências e novamente mergulhar nas páginas do Admirável Mundo Novo certamente ficará chocado com sua atualidade surpreendente. E irá constatar que o presente alcançou o passado, pelo menos por uma vez.
Para ler o texto completo de Ignacio Ramonet clique aqui

Martírio: um filme que o Brasil precisa ver

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A história dos povos indígenas guarani e kaiowa no Mato Grosso do Sul tem ganhado áreas dramáticos nos últimos anos, apesar de ser um longo sofrimento o contato desses povos com a sociedade nacional, especialmente as frente do agribusiness que se instalaram lá a partir do final dos anos 1970 e 1980. Com a chegada da monocultura da soja e da cana, sobrepostas à pecuária, a convivências dos índios com os fazendeiros se tornou um filme de terror. Lideranças são assassinadas anualmente, de forma sistemática. E o último caso que provocou revoltas nas redes sociais foi a invasão dos fazendeiros à sede da FUNAI, quando uma senhora grita: “Morram todos”. Para essa ameaça, os índios já deram resposta em carta que provocou comoção ano passado: “Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar nossos corpos”.
Para ler o texto completo de Felipe Milanez clique aqui

domingo, 24 de novembro de 2013

"Difícil fotografar o silêncio" - Manoel de Barros

Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada, a minha aldeia estava morta. Não se via ou ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas. Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã. Ia o silêncio pela rua carregando um bêbado. Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada. Preparei minha máquina de novo. Tinha um perfume de jasmim no beiral do sobrado. Fotografei o perfume. Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo. Fotografei o perdão. Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa. Fotografei o sobre.
Foi difícil fotografar o sobre. Por fim eu enxerguei a nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski – seu criador. Fotografei a nuvem de calça e o poeta. Ninguém outro poeta no mundo faria uma roupa
Mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.
 
Manoel de Barros
 

Cinco civilizações destruídas por mudanças climáticas

Será que as grandes civilizações do passado desapareceram por causa de mudanças climáticas? Esta ideia não é nova, e estudos recentes mostram que muitos colapsos históricos, ou períodos de guerra e agitação, coincidiram com mudanças climáticas. Porém, o papel destas mudanças climáticas permanece controverso.
Para ler o texto completo de Cesar Grossmann clique aqui

Orquestra feita com instrumentos de reciclados

Muitos de nós tocamos: guitarra, violino, flauta e violoncelo e as vezes. Quandonosso instrumento está quebrado pensamos somente em jogá-lo no lixo. Isso pode não ser o fim da vida de todos os instrumentos.
Algum tempo atrás, no Paraguai , Nicolas Gomez, um coletor de lixo, ele encontrou um pedaço de violino e levou-a para Favio Chávez, maestro. Entre eles reconstruir o violino com outros resíduos, dando-lhe a opção de dar uma vida da criança com o instrumento novamente.
Aterro Harmonic é um documentário que mostra a criação de uma orquestra criado com estes materiais reciclados em uma das cidades mais pobres da América Latina. O projeto busca o apoio do Kickstarter para trazer este exemplo para o mundo, e realizar Orchestra reciclado para uma turnê mundial.
Veja a orquestra clicando no vídeo aqui

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A Cidade e o Pós-colonial - parte II

As sociedades coloniais exerceram um impacto de longa duração nas práticas e identidades dos centros imperiais e esta conexão reflete-se na paisagem europeia pós-colonial. A assunção comum de que a descolonização e o fim do Império foram recebidos com indiferença nos antigos centros imperiais euro­peus deve ser reanalisada, tomando em consideração a perma­nência nas ex-metrópoles de processos que foram hegemónicos no contexto imperial1. Os passados coloniais continuam pre­sentes nos contextos pós-coloniais de várias formas, as quais podem ser encontradas quer na cultura pública, quer em luga­res inesperados do quotidiano e na esfera do mundano, mos­trando que os entendimentos comuns em relação ao Império, no período pós-descolonizações, se articulam com uma grande variedade de canais e instituições2.
Os passados imperiais podem ser interpretados no contexto de uma cultura nostálgica em relação ao Império, expressa tanto em investimentos patrimoniais feitos sobre os seus vestígios materiais, quanto na recuperação e na reprodução de imagens coloniais na cultura popular (na alimentação, nos livros escola­res, na publicidade)3. Subsistem também na persistência de uma «mentalidade colonial» em tempos pós-coloniais, que tem na base visões parcelares mundanas e que serve, também, de instrumento às políticas criadas a partir de anteriores sistemas de governação, como é o caso da Commonwealth4. Mas a persistência dos passados imperiais no presente pode ser entrevista de outras formas. As relações de poder e de diferença estabele­cidas pelos imperialismos europeus modernos são muitas vezes reativadas nas cidades europeias contemporâneas, condicio­nando estatutos económicos, divisões de classe e políticas raciais. Nestas cidades, as migrações pós-coloniais produzem comuni­dades de diáspora de acordo com sistemas de poder prevale­centes, que adquirem uma dimensão espacial e são habitados por tensões sociais e interraciais culturalizadas5.
Para ler o texto completo de Nuno Domingos e Elsa Peralta clique aqui

20 de Novembro: o que podemos comemorar?

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Em 20 de novembro a Convenção dos Direitos das Crianças e Adolescentes da ONU faz aniversário. Temos o que comemorar? Sim. Pois até 1990, antes da promulgação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) – dispositivo legal que dispõe sobre a proteção integral às crianças e adolescentes –, eles eram vistos como objetos. Hoje, o Artigo 227 de nossa Constituição Federal de 1988, considerada Constituição Cidadã, afirma: “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.” Inaugurou assim a doutrina da proteção integral da criança e o conceito de prioridade absoluta da infância. O que falta, então? Efetividade da lei? Ou é uma questão ética e moral? Talvez o que falte de fato seja o reconhecimento das crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, além de seres vulneráveis que precisam ser protegidos e resguardados nessa fase de desenvolvimento.
Para ler o texto completo de Lais Fontenelle clique aqui

As consequências do declínio americano

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Imagem: Jacob Jordaens, O Rei Feijão
Tenho sustentado há muito que o declínio dos Estados Unidos como potência hegemônica começou por volta de 1970; e que este processo, no início lento, precipitou-se durante a presidência de George W. Bush. Comecei a escrever sobre o tema em 1980. À época, a reação a tal argumento, em todos os campos políticos, foi rejeitá-lo como absurdo. Nos anos 1990, acreditava-se em todas as faixas do espectro político que, ao contrário, os EUA tinham alcançado o ápice de seu domínio unipolar.
No entanto, depois do estouro da bolha financeira, em 2008, a opinião de políticos, teóricos e do público em geral começou a mudar. Hoje, uma ampla percentagem das pessoas (embora não todas) aceita a realidade de ao menos algum declínio relativo do poder, prestígio e influência norte-americanos. Nos EUA, este fato é aceito com muita relutância. Políticos e teóricos rivalizam-se em apresentar fórmulas sobre como o declínio ainda pode ser revertido. Acredito que ele é irreversível.
Para ler o texto completo de Immanuel Wallersten clique aqui

FILME Tiro de misericórdia

Dois náufragos flutuam a esmo sobre o que restou de um bote. Eles sabem que o mar quer tragá-los. (O mar, essa imensidão inconsciente.) Suas forças estão se esvaindo, eles sabem que não já não é possível resistir, que o espaço exíguo para escapar do naufrágio os arremessa um contra o outro. Um deles vai morrer. Um deles precisará morrer. Eis, então, a pergunta que a filosofia se faz há muito tempo: o sobrevivente é um assassino? E se, em nossa sociedade patológica, essa for a base das experiências morais? Pois esta é a pergunta que embasa a experiência do espectador de Testemunhas de uma guerra (2009), filme dirigido por Danis Tanovic.
 Dois fotógrafos experientes vão a mais uma guerra. Eles são testemunhas. (Que ninguém nos ouça: eles são cúmplices.) Estamos no Curdistão, a bucha de canhão de todos os países ao redor. Irã, Iraque, Síria. O Curdistão sempre perde. Mas os fotógrafos não querem deixar de capturar o lirismo da guerra, a beleza de um grito para sempre suspenso pelo clique, um estilhaço perfurocortante, o crepúsculo que vela os moribundos. As fotos só não conseguem retratar o cheiro de putrefação dos cadáveres que ainda respiram, dos escombros que agonizam.
Para ler o texto completo deFlávio Ricardo Vassoler clique aqui


quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Giorgio Agamben: a crise sem fim como instrumento de poder

Giorgio+Agamben+-+Filósofo+Italiano
Filósofo italiano sustenta: em nome de projeto míope, liderado pelos alemães, Europa renega seu passado e destroi instituições que poderiam preservá-lo.
Leia a entrevista que Giorgio Agamben concedeu a Dirk Schümer clicando aqui

“Mensalão”: os fatos e a farsa

Mensalão
Há quem diga ser uma farsa o julgamento do chamado “mensalão”. Não, não é uma farsa. É fruto de fatos. Ou era mesada, o tal “mensalão”, ou era caixa dois. Mas não há como dizer que há uma farsa. E quem fez, que pague o que fez. A farsa existe, mas não está nestes fatos.
Farsa é, 14 anos depois, admitir a compra de votos para aprovar a reeleição em 98 — Fernando Henrique –, mas dizer que não sabe quem comprou. Isso enquanto aponta o dedo e o verbo para as compras agora em julgamento. A compra de votos existiu em 97. Mas não deu em CPI, não deu em nada.
Para ler o texto completo de Bob Fernandes clique aqui

Consciência negra, para feministas brancas

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Desde cedo entendi o que era o racismo. Filho de uma mãe um tanto racista, numa família racista de negros, mulatos e descendentes de espanhóis, meu pai — de pele bem branca, olhos azuis e cabelo bem cacheadinho — fazia questão de pontuar que todos eram iguais e se horrorizava com o racismo. Minha mãe, nascida de uma mistura de europeus diversos e indígenas, sempre reforçava atitudes anti-racistas e criticava abertamente indivíduos e comportamentos discriminatórios. Quando comecei a me envolver em movimentos sociais, na adolescência, descobri o movimento negro e suas mais do que legítimas reivindicações. Só recentemente, porém, depois de muitos anos de militância, compreendi que talvez meu papel principal, nessa luta, seja mais óbvio e muito mais difícil do que eu imaginava: me reconhecer branca.
Quando nascemos, nós, pessoas de pele e fenótipo socialmente lido como “brancos” (doravante aqui denominados apenas “brancos”, pra facilitar a leitura) somos ensinados que existem pessoas negras. Somos ensinados que têm a pele diferente da nossa. Em todas as formas de transmissão de cultura — escola, televisão, conversas em família, entre outros — a cor da nossa pele nunca é tratada como uma questão. É como se não tivéssemos cor. Nesse pensamento está baseada a expressão racista “pessoa de cor”, que pressupõe que nós brancos e brancas não temos cor.
Para ler o texto completo de Marília Moschkovich clique aqui

Documentário "Olhos Azuis"

Poucos sabem o que aconteceu numa pequena escola na cidade de Riceville no interior do estado de Iowa nos EUA no dia 5 de abril de 1968. Talvez muitos saibam o que aconteceu no dia anterior, que foi a ignição para o evento que desejo narrar aqui: o assassinato de Martin Luther King Jr. Muita gente na época comemorou, outras não se importaram e muita gente se lamentou, mas pouquíssimas reagiram como Jane Elliott. Inconformada com o preconceito e o racismo em nossa sociedade, ela resolveu tomar uma atitude e ensinar os alunos de sua escola o que significa de fato esse comportamento tão abominável. Munida apenas de suas habilidades como professora de 34 anos, de sua determinação em levar as situações até o limite e de sua conhecida máxima: "Oh, Grande Espírito, não me deixe jamais julgar um homem antes de andar em seus sapatos.", ela elaborou uma dinâmica para realizar com seus alunos do ensino elementar na manhã seguinte. Enquanto dava aula para uma turma da 3º série no ano de 1968, após a morte do líder negro Martin Luther King, Jane Elliot convidou seus alunos para fazer um exercício sobre o racismo. As crianças, animadas, esperavam mais um divertido jogo de sua professora querida. No entanto, o que ela fez foi rotular as crianças que tinham olhos azuis com uma 'coleira' de pano e criar um clima de racismo contra elas. Não é preciso dizer que, para as crianças, foi uma experiência traumática. Não há melhor maneira de entender o racismo que sentir na pele a discriminação. No documentário "Olhos Azuis" Elliot faz o mesmo exercício com adultos. Desde a entrada, ela trata mal as pessoas de olhos claros, coloca-lhes uma 'coleira' e as deixa esperando dentro de uma sala mal ventilada, com poucas cadeiras e sem comida. No documentário, baseado em workshop emocionalmente exaustivo e difícil, as surpreendentes reações e comentários dos participantes são intercalados com explicações sobre o que ela pretende provocar.
Para ver este documentário surpreendente clique aqui


VIDA DE PROFESSOR: Uma carreira promissória

Em seu livro Conversas com um professor de literatura (Rocco, 2013), Gustavo Bernardo (UERJ) explica que um dos motivos para os baixos salários docentes é uma visão negativa, compartilhada por muitos, com relação à profissão (“coitado, ele é professor”), embora todos concordemos sobre a importância da educação.
O professor é visto como menos capacitado do que outros profissionais “porque se conforma em não produzir conhecimento para apenas reproduzi-lo”, escreve Gustavo. A sociedade deseja educação de qualidade, no entanto, considera (implicitamente) que os professores já recebem a remuneração adequada, ou, pelo menos, o equivalente à de outros subempregados. É por isso que as greves dos professores incomodam, mas não comovem a população. Greve é notícia lateral na imprensa, com maior ênfase apenas se houver manifestação nas ruas e pancadaria.
Sem dúvida, houve e sempre haverá, na cabeça de cada um de nós, aqueles poucos professores especiais, idealizados, formadores, e não apenas “aulistas” que exigem decoreba. Os heróis se destacam de um grupo maior, marcado pela rotina e abnegação. Os heróis brilham na mídia vez por outra, romanticamente apresentados, referências eternas do que é ser um verdadeiro educador. Professores heróis não reivindicam melhorias salariais...
Para ler o texto completo de Gabriel Perissé clique aqui

Espionagem dos EUA supera expectativas

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Quando Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, visitou a Casa Branca em abril para discutir as armas químicas da Síria, as negociações de paz entre Israel e Palestina e a mudança climática, ele teve um encontro cordial e rotineiro com o presidente Barack Obama. Entretanto, a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) começou a trabalhar antecipadamente e interceptou os pontos que Ban discutiria na reunião, feito que a agência mais tarde relatou como um “destaque operacional” em um boletim interno semanal cheio de bravatas.
É difícil imaginar que vantagem isso poderia ter dado a Obama em uma conversa amigável. Mas foi uma ação emblemática de uma agência que, durante décadas, operou sob o princípio de que qualquer bisbilhotagem que possa ser praticada contra um alvo estrangeiro de qualquer interesse concebível deve ser feita. De milhares de documentos secretos, a NSA emerge como um animal eletrônico onívoro de capacidades inacreditáveis, espionando e se intrometendo mundo afora para saquear os segredos de governos e outros alvos. Ela espiona rotineiramente amigos e inimigos. A missão oficial do órgão inclui usar seus poderes de vigilância para obter “vantagem diplomática” sobre aliados como França e Alemanha e “vantagem econômica” sobre Japão e Brasil, entre outros países.
Com as revelações sobre a NSA, houve um desfile de protestos na União Europeia, no Brasil, no México, na França, na Alemanha e na Espanha. James R. Clapper Jr., diretor da inteligência nacional, refutou repetidamente essas objeções como hipocrisia e insolência de países que também praticam espionagem. Mas, em uma entrevista recente, ele reconheceu que a escala da intromissão da NSA, com seus 35 mil funcionários e verbas anuais de US$ 10,8 bilhões, a diferenciam. “Não há dúvida de que, de um ponto de vista de capacidade, nós provavelmente somos muito maiores que qualquer um no planeta, talvez com exceção de Rússia e China”, disse ele.
Para ler o texto completo de Scott Shane clique aqui

Conheça o livro "Volta ao mundo em 13 escolas"



O livro “Volta ao mundo em 13 escolas” nasceu de um sonho compartilhado por um coletivo de pessoas: André Gravatá, Camila Piza, Carla Mayumi, e Eduardo Shimahara. Em busca de histórias inspiradoras com novos olhares para a educação contemporânea, eles visitaram nove países em cinco continentes. Os 13 espaços de aprendizagem visitados representam parte das iniciativas que hoje estão reinventando a educação e, pouco a pouco, trazendo para o centro das discussões valores como autonomia, cooperação e felicidade. Este livro é mais do que o registro de iniciativas, é uma plataforma para estimular mudanças práticas na educação. Não há fórmulas mágicas espalhadas pelos capítulos, mas sim histórias e perguntas para que o leitor se inspire e se questione. Esperamos que as experiências relatadas aqui possam ajudar a criar e fortalecer uma nova e significativa educação para o século 21.
Para baixar o livro “Volta ao mundo em 13 escolas”, clique aqui



quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Darcy Ribeiro explica a desvantagem histórica do negro em relação ao branco

(Negros libertos em Porto Alegre em 1895. Foto de Herr Colembusch. Acervo Ronaldo Bastos)
 
Uma das maiores balelas do discurso anti-cotas no Brasil é que as políticas de ação afirmativa não se justificam porque “todos são iguais perante à lei”. Iguais como, se uns saíram na frente, com séculos de vantagem, em relação ao outro? As cotas vieram justamente para ser uma ponte sobre o fosso histórico entre negros e brancos. Para dar aos negros condições de alcançarem mais rápido esta “igualdade” que alguns insistem que já existe.
Ninguém melhor do que o antropólogo Darcy Ribeiro, grande inspirador deste blog, para explicar como esta “igualdade” de condição nada mais é do que uma falácia por parte de quem, no fundo, deseja perpetuar as desigualdades raciais em nosso país. Os trechos que selecionei são do livro O O Povo Brasileiro (Companhia das Letras), cuja leitura recomendo fortemente. Deveria ser obrigatório em todas as escolas. Atentem para um detalhe: reconheçam no texto de Darcy os futuros meninos de rua. (Leia também o texto que postei ano passado, aqui.)
E viva o Dia da Consciência Negra!
Cynara Menezes

Leia o texto de Darcy Ribeiro clicando aqui
 


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Blue Jasmine, de Woody Allen: Realidade é comer pizza vendo TV

Desta vez Woody Allen diz que não há saída da realidade (e do sentimento da culpa) – a não ser na loucura. Ou ele quer dizer que a loucura é a realidade? “As pessoas aguentam muitos traumas; até que um dia vão para as ruas gritar e falar sozinhas”, diz Janete, nome real de Jasmine, a Blue Jasmine, genial personagem do mais recente filme de Woody Allen, de 76 anos, um dos melhores trabalhos que o americano vindo do Brooklin fez na sua carreira de mais de quarenta filmes. E o mais surpreendente.
Em Blue Jasmine Allen dá um show de argúcia, inteligência, graça e crítica social. A inglesa Cate Blanchett, (Oscar de melhor atriz em 2005) nos brinda com outra exibição colocando-se em definitivo como uma das grandes intérpretes da sua geração.
Depois de anos filmando pequenas comédias da vida, alguns filmes quase medíocres, histórias saídas da sua prodigiosa imaginação, e aceitando convites e financiamentos de várias prefeituras de cidades notórias como Barcelona, Paris e Roma (Londres, onde fez o seu magistral Match Point, é exceção) Allen não conseguia levantar fundos para continuar trabalhando nos Estados Unidos. E aí está: ele volta à grande forma de mestre do cinema e da arte de pensar a sua época, na cidade de São Francisco.
Para ler o texto completo deLéa Maria Aarão Reis clique aqui



NOAM CHOMSKY: As 10 Estratégias de Manipulação da Mídia

 
A chamada 'mídia corporativa' é igual em toda parte. À medida que as empresas de jornalismo foram virando grandes conglomerados, seus interesses econômicos foram pesando mais e mais. No passado, grandes barões da mídia, como Joseph Pulitzer, se apoiavam sobretudo no dinheiro trazido diariamente por seus leitores para sobreviver. Por isso o jornalismo defendia causas sociais. Em meados do século passado, o quadro já mudara inteiramente. Um dos mais instigantes pensadores contemporâneos, o americano Noam Chomsky, montou um decálogo sobre a alma da "grande mídia" em nossos tempos.
Para ler o texto completo de Noam Chomsky clique aqui


domingo, 17 de novembro de 2013

ENTREVISTA de Franklin Martins sobre África

A África atual se ressente da falta de uma infraestrutura que promova a integração entre os países do continente, segundo o jornalista e ex-ministro brasileiro Franklin Martins. O filme contém 15 episódios e é composto de entrevistas com os líderes de 13 dos maiores países africanos, entre os quais África do Sul, Angola, Moçambique, Egito e Tunísia. Também são apresentadas características históricas e geográficas e a realidade do continente que mais cresceu economicamente nos últimos dez anos. Em entrevista a "Opera Mundi", Martins que foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social do Brasil durante o mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, de 2007 até 2010, conta suas impressões do “momento crucial” da África.
Leia a entrevista clicando aqui
Veja também a 1a parte do filme “Presidentes Africanos” clicando aqui

 



sábado, 16 de novembro de 2013

"Receita para não engordar sem necessidade de ingerir arroz integral e chá de jasmim" - Carlos Drummond de Andrade

Receita para não engordar
sem necessidade de ingerir
arroz integral e chá de jasmim
 
Pratique o amor integral
uma vez por dia
desde a aurora matinal
até a hora em que o mocho espia.
 
Não perca um minuto só
neste regime sensacional.
Pois a vida é um sonho e, se tudo é pó,
que seja pó de amor integral. 
 
Carlos Drummond de Andrade



Capitalismo não apresenta mais saídas para a crise

Por que discutir Marx hoje? Afinal, não diziam (alguns ainda insistem em dizer) que o marxismo está morto e enterrado? Fomos ouvir o que opinam sobre o assunto dois especialistas portugueses e participantes do II Congresso Karl Marx: os historiadores Fernando Rosas, um dos organizadores do congresso e professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, e Manuel Loff, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Leia a entrevista de Fernando Rosas e de Manuel Loff clicando aqui



A Cidade e o Colonial - parte I

Este livro analisa o modo como as sociedades coloniais do antigo Império português se constituíram, tomando as cidades como unidades de investigação. Um dos seus principais argu­mentos diz respeito à força dos mecanismos da reprodução social e política. Ou seja, a inércia de muitos hábitos e de várias estratégias de dominação concretizou-se não só num conjunto de espaços e temporalidades diferentes, mas acabou por extravasar o tempo colonial e chegar até à atualidade. Neste sentido, a cidade configura-se como um objeto de investigação a partir do qual é possível colocar uma série de problemas acerca da constituição de sociedades coloniais – incluindo nelas as suas metrópoles ou capitais – e da maneira como os seus princípios de organização se reproduzem em contextos pós-coloniais.
Para ler o texto completo de Nuno Domingos e Elsa Peralta clique aqui


Belas animações artísticas chinesas

Veja as animações artísticas chinesas clicando aqui

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Ação Penal 470: uma exceção para a história

Ao bem afamado Péricles, o ateniense, é atribuída a opinião de que, embora sendo certo que nem todos têm sabedoria para governar, a capacidade de julgar um governo em particular é universal. A observação parece valer com razoável generalidade. Por exemplo: nem por faltar um diploma em medicina está um adoentado impedido de avaliar a competência do profissional que o assiste. Assim, ainda que não portadaor de títulos ou conhecimentos para ocupar assento no Supremo Tribunal Federal, tenho como direito constitucional e recomendação de um clássico grego inteira liberdade para opinar sobre a Ação Penal 470.
Posso dispensar a cautela de não me indispor com aquele colegiado, pois não tenho licença para advogar oficialmente ou não a causa de quem quer que seja. E contrariando desde logo o juízo de algumas pessoas de bem, não enxergo qualquer efeito pedagógico nesse julgamento e não desejo em hipótese alguma que se repita em outros processos. Falacioso em seu início, enredou os ministros em pencas de distingos argumentativos e notória fabricação de aleijados fundamentos jurídicos. Não menciono escandalosos equívocos de análise com que a vaidade de alguns e a impunidade de todos sacramentaram, pelo silêncio, o falso transformado em verdadeiro por conluio majoritário. Vou ao que me parece essencial.
Para ler o texto completo de Wanderley Guilherme dos Santos clique aqui

O exercício do caos, cinema essencial

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O exercício do caos, em cartaz em sete capitais brasileiras, é o que se pode chamar, sem medo de errar, de “filme de autor”. Por qualquer critério.
Do ponto de vista teórico ou abstrato, é de autor porque traduz em narrativa audiovisual uma visão pessoal do cinema e da vida. Mas é de autor também num sentido muito concreto: Frederico Machado escreveu, dirigiu, produziu e fez a fotografia do filme.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto e assitir ao trailer do filme clique aqui

MAYRA ANDRADE: uma voz de Cabo Verde

A voz de Mayra, cantora cabo-verdiana detentora de vários e prestigiados prémios internacionais é uma mistura de tons radiantes, dançantes, batidas aveludadas e melodias apimentadas como se a Europa da música pop tivesse sempre sido um arquipélago tropical. O seu mais recente álbum "Lovely Difficult" contém canções cantadas em crioulo cabo-verdiano, inglês e português. A sonoridade pop de Mayra abrange o mundo inteiro, desde o romantismo ocidental até à sensualidade do sul, o reggae tradicional e a música africana.
Deste seu último álbum pode escutar a canção "We Used to Call it Love" clicando aqui

BOLSA FAMÍLIA: Deu no 'New York Times'

“Suíça pode criar renda mínima de R$ 6,3 mil”.
A notícia, publicada na edição de sexta-feira (15/11) do Estado de S. Paulo, é a versão traduzida de um texto da jornalista especializada em política econômica Annie Lowrey, que escreve no New York Times.
Na linha fina que sustenta o título, o jornal afirma: “Programas assistenciais tipo Bolsa Família são cada vez mais debatidos em todo o mundo”. A seguir, relatos de experiências desse tipo feitas em países ricos e opiniões de economistas sobre os resultados dessas ações sociais.
Agora, sugerimos que o prezado leitor e a leitora atenta tentem se recordar de como a imprensa brasileira tratou, desde o início, os programas sociais de distribuição de renda adotados pelo governo do ex-presidente Lula da Silva. Expressões como “bolsa-esmola” e “incentivo para a vagabundagem” ainda podem ser apreciadas em artigos e reportagens publicados a partir de 2003, quando a prática de combater a miséria com a concessão de renda virou política pública.
Depois de passar anos condenando o programa, a imprensa se convenceu de seus resultados e passou a cobrar uma “porta de saída” para os beneficiários e “adequações” do sistema. Ainda no ano passado, o Globo publicava ampla reportagem na qual fazia uma avaliação dos benefícios da injeção de dinheiro nas famílias pobres, reconhecendo como efeitos colaterais alguns dos resultados previstos ainda no lançamento do projeto: drástica redução do trabalho infantil, aumento da escolaridade nas regiões beneficiadas, diminuição da violência familiar e novo protagonismo da mulher.
Ao cobrar “aperfeiçoamentos”, o jornal citava o caso de uma faxineira, do Piauí, que rejeitou um emprego de babá porque preferia continuar com seus próprio filhos, sustentada pelo dinheiro do governo. O Globo apresentava essa história como crítica ao programa, como exemplo de que em alguns casos os beneficiários prefeririam não trabalhar fora, com medo de perder a renda mínima.
E é justamente nesse ponto que se revela a miopia social da imprensa brasileira: ao escolher ficar com seus próprios filhos, a mulher citada na reportagem estava justamente realizando o propósito do projeto social, ou seja, procurava assegurar com sua presença que os filhos fossem à escola. Se fosse cuidar dos filhos da patroa, certamente ganharia mais dinheiro, mas quem cuidaria de suas próprias crianças?
Para ler o texto completo de Luciano Martins Costa clique aqui

A melancolia fora de lugar

Gravura "Mellancolia", de Albrecht Dürer
Refletir, pensar, saber o porquê: eis uma das características marcantes dos seres humanos – que se acentua em alguns, noutros menos.
Sentir, provar, viver intensamente o que se apresenta, eis outra característica que também se acentua em uns, em outros não tanto.
Ser melancólico e saber o que é melancolia, creio, sempre acompanhou o homem em sua trajetória pela terra. Melancolia, então, tornou- se um grande enigma: por uns vivido, por outros pretensamente desvendado.
Embora presente em todas as culturas, foi entre os gregos da Antiguidade que se destacou a sua racionalização, ou seja, a real compreensão do que poderia ser. Em Aristóteles conseguimos ter sua sistematizacão, que chegou até nós após ter influenciado várias sociedades. Ele faz uma clara associação entre melancolia e criatividade.
Para ler o texto completo de Arlindenor Pedro clique aqui

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Revolução e cinema: o exemplo português

Fotograma do filme colectivo 'As Armas e o Povo', 1975
Fotograma do filme colectivo 'As Armas e o Povo', 1975
 
Por ocasião do quadragésimo aniversário da Revolução de Abril, o colóquio internacional “Revolução e cinema: o exemplo português” pretende debruçar-se sobre a representação cinematográfica do acontecimento desde 1974 até à actualidade. A palavra “revolução” é aqui entendida no sentido primeiro e etimológico de “rotação”, “giro” e “retorno”.
Retornar ao passado, revisitar a memória, nas imagens de 48 de Susana de Sousa Dias. Histórias de prisão e tortura são contadas neste filme através de fotografias antropométricas da PIDE e de testemunhos de antigos presos políticos do Estado Novo, de vozes que vêm da penumbra luminosa dos arquivos, vozes hesitantes de um presente que não esquece.
A palavra “retornar” é entendida também na acepção de “voltar em sentido contrário”, à semelhança do que em 48 acontece com as imagens do inimigo: as imagens da ditadura são convertidas em formas de expressão de uma memória persistente e activa, dando consistência ao indizível e ao invisível, ao tempo complexo da história.
Para ler o texto completo de Raquel Schefer & Mickaël Robert-Gonçalves clique aqui

LYA LUFT: "Lembro-me de ti..."

Lembro-me de ti
Nesse instante absoluto,
A vida conduzida por um fio de música.
Intenso e delicado, ele vai-nos fechando num casulo
Onde tudo será permitido.
Se é só isso que podemos ter,
Que seja forte. Que seja único.
Tão íntimo quanto ouvirmos a mesma melodia,
Tendo o mesmo - esplêndido - pensamento.



Por que prender Zé Dirceu não vai mudar o Brasil. Ou: é o financiamento público de campanha, estúpido!

(foto: Márcio Fernandes/AE)

Não vejo como algo “normal” que o PT tenha feito caixa 2 para eleger Lula em 2002. Não acho “normal” que o PT, partido que cresceu prometendo ser diferente dos demais, tenha agido igualzinho aos outros. Sim, acho justo que políticos comecem a pagar por estes erros. Mas não, não acho que a prisão de José Dirceu é, como pinta a grande imprensa, um acontecimento capaz de mudar toda a maneira como se faz política no Brasil. Como se a prisão de uma só pessoa fosse uma espécie de derrubada das torres gêmeas da corrupção. Isso é mentira, um artifício para manipular o eleitor contra o PT e encobrir algo muito maior que Dirceu.
Escrevo para você, vítima do mau jornalismo de veículos que colocam o ex-ministro da Casa Civil de Lula na capa, com ares de demônio, e promovem biografias mal-escritas (leia aqui e aqui) onde Zé Dirceu é pintado como “o maior vilão do Brasil”. Você, que se empolga com as manifestações quando elas ganham espaço na mídia, mas não vai a fundo nas questões quando passa a modinha. Você, que repete chavões ouvidos no rádio e na televisão contra a corrupção, embora ache política um assunto chato e fuja de leituras mais aprofundadas sobre as razões pelas quais a tal roubalheira existe. Eu vou tentar te explicar.
Para ler o texto completo de



André Singer defende ruptura do PT com os conservadores e critica leilão de Libra

 
(André e Lula no Palácio do Planalto em 2006. Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Ex-porta-voz e secretário de Imprensa de Lula (2003-2007), o cientista político André Vítor Singer tem se destacado como teórico –e crítico– do que chama de “lulismo”. Nesta entrevista ao colaborador do blog João Paulo Martins, o autor de Os Sentidos do Lulismo (Companhia das Letras) analisa erros e acertos do PT no poder e lamenta a ausência de uma esquerda forte o suficiente para pressionar o governo pela aceleração das mudanças.
Ele também aponta a “falta de confrontação com o capital” e aposta que o leilão de Libra foi feito para agradar “a burguesia que está passando por um período de grande hostilidade” em relação ao governo Dilma. “A Petrobrás teria condições de fazer a exploração de Libra por si mesma, sem a necessidade de associação com empresas privadas. Parece-me razoável, sendo o petróleo um elemento estratégico para o desenvolvimento do país”, disse.
Para Singer, é necessário “algum grau de afastamento das forças conservadoras” . É arriscado? Sim. Mas o partido poderia correr o risco. “Para manter uma posição mais firme na perspectiva das mudanças estruturais que o Brasil precisa”, defende. Leiam a íntegra da entrevista abaixo.
Leia entrevista de André Singer clicando aqui


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Como morrem os médicos

(com charges do grande Quino)
Escritores octogenários que entrevistei coincidiram em dizer que o duro na vida não é envelhecer, mas enterrar os amigos, aguentar a saudade deles que fica. Você começa a encarar a morte de perto. Suponho que a isso se chame amadurecer. E dói.
Dizem as estatísticas que a média de idade das pessoas subiu, mas a realidade ao lado da gente desmente a estatística. Cada vez que uma pessoa querida se vai, fico pensando na forma como nós encaramos a morte e como a medicina tradicional nos trata no final de nossas vidas. Será que não existe uma maneira menos sofrida?
Pesquisando sobre o tema, encontrei, em um dos meus sites de jornalismo independente favoritos, o Alternet, um artigo do mês passado muito esclarecedor, que traduzi, adaptei e publico para vocês, sobre como os médicos norte-americanos planejam a própria morte. E a imensa maioria opta por não fazer os tratamentos invasivos que eles mesmos indicam a seus pacientes, preferindo cuidados paliativos.
Os cuidados paliativos são um conceito em ascensão no mundo mas que engatinha no Brasil por desinteresse da classe médica. É chamado de hospice ou “casas para os que morrem”: centros voltados para a melhoria da qualidade de vida de pacientes diagnosticados com doenças incuráveis. Para que possam passar seus derradeiros momentos no mundo tranquilos, assistidos, da maneira menos dolorosa possível, cercado pelos familiares, em vez de tentando procedimentos invasivos –e inócuos– até o fim.
(Há um bom artigo científico sobre o movimento hospice, inclusive no Brasil, aqui.)
Esta reportagem aborda também o lucro que o prolongamento da vida com o uso de aparelhos dá à indústria da assistência médica, à custa do sofrimento do paciente e dos familiares. Leiam. Espero que seja útil para alguns de vocês.
Leia o texto de Melinda Welsh clicando aqui


Açúcar, droga pesada

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A alimentação talvez seja o exemplo mais emblemático da distância que pode existir entre riqueza e prosperidade. Parte importante daquilo que o sistema econômico oferece à vida social agrava problemas cujas soluções vão ficando cada vez mais difíceis e caras.
Não há dúvida de que para eliminar a vergonhosa existência de 1 bilhão de pessoas em situação de fome é necessário dispor de alimentos. Mas a verdade é que há, no mundo contemporâneo, 500 milhões de obesos. Somados às vítimas do sobrepeso, é um contingente que supera e cresce muito mais que o de famintos.
As doenças do excesso ameaçam mais gente que as enfermidades da falta. Os riscos sociais que decorrem daí são crescentes e repercutem sobre a própria viabilidade de financiamento dos sistemas de saúde em diferentes países.
Esta é a razão pela qual o tema desperta o interesse não só dos especialistas em saúde pública, mas também de organizações financeiras globais.
Para ler o texto completo de Ricardo Abramovay clique aqui

O machismo sutil de quem nos cultua

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Recebi recentemente algumas críticas, ao aproximar a cultura de estupro das ideias um tanto filóginas – a princípio – de autores conhecidos do atual jornalismo brasileiro. A filoginia pode parecer contrária ao machismo, uma vez que coloca as mulheres como objeto de admiração e amor. Se pensarmos um tiquinho, porém, é possível sacar de que maneira a filoginia pode ser absolutamente machista, e como o pensamento do machismo filógino compartilha as ideias mais básicas do que chamamos de “cultura do estupro”.
Vamos pensar por etapas, compreendendo essas definições todas. Vejam, o machismo é uma maneira de pensar que coloca os homens como detentores do poder sobre as mulheres. Até aí, imagino que não seja lá muito difícil entender, certo? Pois então; a filoginia seria um grande amor generalizado pelas mulheres. Vocês já devem ter lido textos como este, de Xico Sá, e este, de André Forastieri, que exaltam qualidades das mulheres, nos elogiam e nos colocam numa posição quase de “seres sagrados” – como são as vacas, para os hindus.
Para ler o texto completo de Marília Moschkovich clique aqui
 


EUA X Irã: como a paz tornou-se possível

Mulheres iranianas diante de imagem anti-EUA. Como gesto de boa vontade, cartazes como este estão sendo retirados das ruas, pela prefeitura de Teerã
Mulheres iranianas diante de imagem anti-EUA. Como gesto de boa vontade,
 cartazes como este estão sendo retirados das ruas, pela prefeitura de Teerã

Os gestos de aproximação entre Teerã e Washington multiplicam-se rápido. Uma nova era parece começar. Agora, parece possível uma solução política, para pôr fim ao conflito a respeito da energia nuclear que opõe, há mais de trinta anos, o Irã e os Estados Unidos. De repente, gestos recíprocos de conciliação tomaram o lugar das ameaças e ofensas proferidas durante décadas. A ponto de a opinião pública se perguntar como passamos tão depressa de uma situação de enfrentamento constante à perspectiva, agora plausível, de um acordo.
Há apenas dois meses, no início de setembro passado, estávamos – uma vez mais – à beira da guerra no Oriente Médio. Os meios de comunicação de alcance global anunciavam em seus títulos o “ataque iminente” dos Estados Unidos contra a Síria, grande aliado do Irã, acusada de ter cometido, em 21 de agosto, um “massacre químico” na periferia de Damasco.
Para ler o texto completo de Ignacio Ramonet clique aqui


terça-feira, 12 de novembro de 2013

Vertical Tango no Festival Mundial do Cirque de Demain

Veja esta bela e original coreografia realizada por Stone Gossard e Hank Khoir no 26º Festival Mundial do Cirque de Demain, em Paris clicando aqui 

Wallerstein: os exércitos no poder

Exércitos no poder significam quase sempre uma má notícia. No Egito, o Exército tem sido a força decisiva desde 1952. A recente destituição do presidente Mohamed Morsi pelo Exército egípcio não foi um golpe de Estado. Não se pode desferir um golpe de Estado contra si mesmo. O que aconteceu foi simplesmente que o Exército mudou a forma de governar o país. Durante um curto período, o exército autorizara a Irmandade Muçulmana a tomar algumas limitadas decisões de Estado. Quando começou a sentir que as ações do governo de Morsi poderiam levar a um aumento significativo do poderio da Irmandade Muçulmana à custa do Exército egípcio, o general Abdel Fattah al-Sisi decidiu que já chegava. E atuou de forma brutal para aumentar o poder quotidiano do Exército.
Os exércitos no poder são em geral altamente nacionalistas e autoritários. Tendem a ser forças muito conservadoras em termos da economia-mundo. Além disso, os oficiais veteranos não só permitem que o exército tenha um papel empresarial direto, como também tendem a usar o seu poder militar como uma forma de enriquecimento pessoal. Foi sem dúvida o que aconteceu na maior parte do tempo desde que o Exército egípcio assumiu diretamente o poder desde 1952 – ou, melhor dito, pelo menos desde 1952.
Para ler o texto completo de Immanuel Wallerstein clique aqui

BERTOLT BRECHT - Sempre atual

Grandes artistas foram consagrados por perceber o caráter revolucionário das manifestações artísticas. Bertold Brecht (1898- 1956), dramaturgo e poeta, foi um exemplo que marcou profundamente o teatro e a poesia. Suas obras ressaltaram a importância de dar vida ao texto tanto em prosa como poesia, que este poderia ir muito mais longe do que simplesmente fornecer alegria e distração. Portanto sua obra é pautada por prover a conscientização a partir das múltiplas características pertencente a produção textual, possibilitando um constante encontro da crítica e da reflexão.
Veja a declamação do poema “O analfabeto político” clicando aqui
Veja também a declamação do poema “Depois de ler Maiakovskiclicando aqui
 

 


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