sábado, 31 de maio de 2014

Recuperação da Islândia é retrato da Europa dividida

Numa ilha com 12 vulcões e instalada sobre uma falha geológica, o maior desastre sofrido pelo país veio dos escritórios de banqueiros sofisticados. Há cinco anos, os bancos da Islândia acumularam uma dívida 12 vezes o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Quando eles quebraram, o país derreteu.
Para superar seus problemas, o governo adotou uma política contrária a todas as receitas conhecidas: o governo não salvou os bancos, manteve os benefícios sociais da população, implementou um controle de capitais e deu um calote bilionário em investidores internacionais. Mas, quando o debate foi definir o seu futuro, a ideia que parecia óbvia, de se unir à União Europeia (UE), foi rejeitada pela maioria da população. 

Cinco anos depois da maior crise do continente desde a Segunda Guerra Mundial, o euro sobreviveu graças a resgates bilionários. Se o pior foi evitado, uma das heranças foi um continente mais dividido e mais desigual que nunca. Se o sul quase entrou em colapso, economias como as da Alemanha, Luxemburgo, Áustria e os países escandinavos conseguiram se manter numa situação relativamente positiva. 

Para ler o texto completo de Jamil Chade clique aqui

O centro já não está muito bem das pernas

Está a crescer a lista de países que atravessam conflitos civis prolongados e cada vez piores. Há pouco tempo, os média mundiais mantinham o foco na Síria. Agora é na Ucrânia. Amanhã será a Tailândia? Quem sabe? Chama a atenção a variedade de explicações do conflito e a paixão com que estas que são esgrimidas.
É suposto que no nosso moderno sistema-mundo as elites do establishment que detêm as rédeas do poder debatam entre si e depois cheguem a um “compromisso” que possam manter. Normalmente estas elites situam-se em dois campos principais – centro/direita e centro/esquerda. Há diferenças reais entre elas, mas o resultado dos “compromissos” tem sido tal que o nível de mudança, através dos tempos, é mínimo.
Trata-se de uma estrutura que opera de cima para baixo, no interior de cada país e geopoliticamente entre países. O resultado é um equilíbrio que sobe lentamente. A maioria dos analistas do atual conflito tendem a assumir que os cordéis ainda estão a ser puxados pelas elites do establishment. Cada lado afirma que os atores de base do lado oposto estão a ser manipulados pelas elites. Todos parecem assumir que se o seu lado pressionar com força suficiente as elites do outro lado, estas outras elites acabarão por aceitar um “compromisso” mais próximo às pretensões do seu lado.
Para ler o texto completo de Immanuel Wallerstein clique aqui

Entenda as mudanças de padrão de beleza ao longo da história

Em cada época é fácil identificar o apreço generalizado por um ou outro tipo físico, dos corpos roliços aos mais secos, das barriguinhas pronunciadas aos abdomens tanquinho, dos seios minúsculos aos bustos siliconados. Mas, se hoje qualquer pessoa é dona de seu nariz para decidir se quer frequentar a academia ou viver feliz acima do peso, houve tempos em que ninguém era responsável pelo próprio corpo. Por milênios, a forma física era colocada a serviço de propósitos sociais, militares ou religiosos.
“Na Pré-História, o corpo era arma de sobrevivência, a fim de caçar e correr dos predadores, mas nas primeiras civilizações, os treinos e as atividades sempre estiveram voltados a necessidades coletivas, como guerrear”, diz Denise Bernuzzi de Sant’Anna, professora de história da PUC-SP, autora dos livros Corpos de Passagem e Políticas do Corpo. Em outros períodos, a religião moldou a visão coletiva das questões relativas ao corpo. “Como o corpo era considerado sagrado, a Igreja proibia dissecações e estudos de cadáveres”, diz Luís Ferla, professor de história da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Só entre os séculos 15 e 16 despontou uma nova perspectiva, mais individualizada. Um processo que perdura e se radicaliza até hoje.
Para ler o texto completo de Wilson Weigl clique aqui

Desigualdade e democracia

213 300x198 Desigualdade e democracia
A suposição de que o crescimento econômico é “uma maré alta que levanta todos os barcos”, como proclamou a falecida primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-1990), quando anunciou a guerra ao Estado de Bem-Estar, bem como o lema paralelo de que uma política favorável aos ricos “filtra a riqueza para todos”, estão hoje em dia completamente desacreditados.
Afirma-se que os fatos não mentem. Com fatos, o economista francês Thomas Piketty prova, por meio de uma monumental análise estatística mundial intitulada O Capital do Século 21, que ao longo dos dois últimos séculos o capital obteve maiores dividendos do que o trabalho.
O estudo de Pikety demonstra que o crescimento econômico se distribui de maneira desigual entre as pessoas comuns e os ricos, de maneira que esses últimos captam a maior parte dos benefícios e são cada vez mais ricos.
De acordo com o modelo econômico vigente, os herdeiros de capitais ficam com a parte principal do crescimento. Em outras palavras, sugam sua crescente riqueza do resto da população.
Para ler o texto completo de Roberto Savio clique aqui

Para que serve a filosofia na vida prática

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A filosofia existe para que as pessoas possam viver melhor. Sofrer menos. Lidar melhor com as adversidades. Enfrentar serenamente o perpétuo vai-e-vem de elevações e quedas, para citar uma grande frase de um filósofo da Antiguidade. A missão essencial da filosofia é tornar viável a busca da felicidade.
Todos os grandes pensadores sublinharam esse ponto. A filosofia que não é útil na vida prática pode ser jogada no lixo. Alguém definiu os filósofos como os amigos eternos da humanidade. Nas noites frias e escuras que enfrentamos no correr dos longos dias, eles podem iluminar e aquecer. A filosofia apóia e consola.
Um aristocrata romano chamado Boécio (480-524) era rico, influente, poderoso. Era dono de uma inteligência colossal: traduziu para o latim toda a obra de Aristóteles e Platão. Tudo ia bem. Até o dia em que foi acusado de traição pelo imperador e condenado à morte. Foi torturado. Recebeu a marca dos condenados à morte de então: a letra grega Theta queimada na carne.
Boécio recorreu à filosofia, em que era mestre, para enfrentar o suplício. Entre a sentença e a morte, escreveu em condições precárias um livro que se tornaria um clássico da literatura ocidental: A Consolação da Filosofia. Tudo de que ele dispunha, para escrevê-lo, eram pequenas tábuas e estiletes. Isso lhe foi passado, para dentro da cela, por amigos. “A felicidade pode entrar em toda parte se suportarmos tudo sem queixas”, escreveu ele.
Para ler o texto completo de Paulo Nogueira clique aqui

Conjuntura está mais favorável a uma lei da mídia democrática, diz ativista

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A notícia veiculada, esta semana, de que a presidenta Dilma Rousseff vai encampar a bandeira da regulação econômica da mídia, já definida como questão central da agenda brasileira pelo PT e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, animou os movimentos sociais que lutam pela democratização da comunicação. A avaliação é que o debate público sobre o tema será, finalmente, travado de forma apropriada, plural e democrática.
Mas o fato de a presidenta continuar se negando a enfrentar a questão da regulação de conteúdo preocupa. “Se, por um lado, o debate pode começar a ser desinterditado com essa posição da presidenta, ela também demonstra uma incompreensão do governo federal sobre o conjunto de mecanismos de regulação que estão disponíveis e, inclusive, já estão previstos na legislação brasileira”, alerta Bia Barbosa, da coordenação do Coletivo Intervozes e da executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
De acordo com a ativista, a confusão entre regulação de conteúdo e censura é, historicamente, um dos principais entraves para o debate. “A censura significa uma forma de regulação, mas nem toda regulação é censura. Nem toda regulação de conteúdo é censura. Então, a gente precisa aproveitar o momento do debate público sobre o tema para desconstruir essa ideia. É o desafio que está colocado para o movimento social”, avalia.
Para ler a entrevista de Bia Barbosa clique aqui

Fotógrafo usa câmera de 130 anos para capturar o presente

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Sim, existe um app e uma rede social que deixam as fotos antigas, mas o fotógrafo britânico Jonathan Keys não se dá por satisfeito apenas com edições. Para retratar o cotidiano da cidade inglesa de Newcastle, Keys não sai com um smartphone em mãos, mas com uma grande câmera de madeira Circa da década de 1880.
O que mais chama a atenção no trabalho de Jonathan Keys é sua paciência ao utilizar o antiquado método chamado de colódio úmido. Inventado pelo também inglês Frederick Scott Archer (1813-1857), o processo é assim chamado por usar o colódio – uma mistura formada por nitrato de celulose, álcool e éter - para unir os sais de prata em placas de vidro e formar, posteriormente, os retratos. 
Para ver algumas dessas fotos clique aqui

Copa do Mundo, torneio de homens?

Publicidade de sabão em pó, durante Copa das Confederações. Apontado o machismo, Procter & Gamble, a fabricantes, "pediu desculpas"...
Publicidade de sabão em pó, durante Copa das Confederações. Apontado o machismo, Procter & Gamble, a fabricante, “pediu desculpas”…

Então é Natal; quer dizer, Copa. Então é Copa. Um evento internacional que faz girar toda uma economia própria como um trator sobre os direitos humanos — nada mais normal no capitalismo, devo dizer. Além de todas as questões frequentemente apontadas por setores críticos à realização da Copa do Mundo da FIFA no Brasil em meio a protestos diversos nas ruas de cidades-sede dos jogos, um outro aspecto parece estar sendo curiosamente ignorado: a Copa tem gênero.
Não é preciso muito esforço para perceber que o gênero da Copa — apesar da palavra no feminino — é masculino. A Copa é um evento organizado por uma corporação feita por homens (a FIFA), intermediado por governos compostos majoritariamente por homens (mesmo quando a presidenta é mulher), que tem como mote um esporte associado mais frequentemente com a masculinidade e o público masculino. Alguém ainda não tinha sacado?
Para ler o texto completo de  Marília Moschovich clique aqui

Futebol passarinho

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A realização da Copa do Mundo no Brasil despertou uma grotesca procissão – cada vez mais enfadonha – de abutres e coveiros do Brasil em todas as frentes e latitudes. Erguendo uma verdadeira cortina de fumaça com seus incensórios e turíbulos para dominar a pauta e a percepção do momento, este variegado cortejo reúne de tudo. 
Conduzindo a custódia, vêm os que querem derrubar ou derrotar o governo. São de dentro e de fora do país, liderados neste pelos arautos da velha mídia, e lá pelos cardeais da City londrina, The Economist e Financial Times, ladeados por bispos e arcebispos como El País, El Mercurio, et alii. Em suas orações às vezes suplicantes, às vezes raivosas, alimentam a crendice de que a Copa pode ajudar a reeleger ou deseleger Dilma Rousseff em outubro. Esta ortodoxia se baseia em outra superstição, a de que nosso povo é despreparado para a democracia porque vota com os pés ou o estômago – não com a cabeça ou o coração. (Os mais ricos, pelo menos, têm o privilégio de votar com os bolsos e as bolsas).
Para ler o texto completo de Flávio Aguiar clique aqui

"A beleza que você tem eu também vejo"

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“A verdadeira beleza de uma mulher está refletida em sua alma.” As palavras e a beleza de Audrey Hepburm me fizeram ir além. Sensualidade e feminilidade estão no que sentimos, no que acreditamos, estão nas nossas escolhas e vontades, estão no se permitir e na amplitude de viver naturalmente. Aprendi e descobri a amar meu corpo, aprendi com os desejos da alma a celebrar as formas e as cicatrizes que este corpo carrega. Descobri que outras mulheres também merecem ser vistas desta maneira.
Para ler o texto completo de Carina Calixto clique aqui

Infância: cidadania versus consumo

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O 4 de abril de 2014 foi um dia histórico para as crianças brasileiras e todos os que lutam por uma infância livre de apelos do mercado. Nessa data foi publicada no Diário Oficial a resolução 163/14 do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes), que define como abusivo e ilegal a publicidade dirigida às crianças com a intenção de persuadi-las para o consumo de qualquer produto ou serviço, conforme o Código de Defesa do Consumidor.
A resolução foi aprovada, de forma unânime, e proíbe que anúncios impressos, comerciais televisivos, spots de rádio, banners e sites, embalagens, promoções, merchadisings, ações em shows e nos pontos de venda sejam focados nas crianças menores de 12 anos. Cria, assim, um novo paradigma para a efetivação dos direitos das crianças.
Para ler o texto completo de Lais Fontenelle clique aqui

Boaventura de Sousa Santos: "Uma Europa acabou"

Alexis Tsipras, do partido grego Syriza, integrante da Esquerda Europeia. Depois de vencer eleições do fim-de-semana em seu país, ele prepara-se para disputar governo
Alexis Tsipras, do partido grego Syriza, integrante da Esquerda Europeia. Depois de vencer eleições do fim-de-semana em seu país, ele prepara-se para disputar governo

A Europa que conhecíamos até ontem era a Europa virtuosa, construída politicamente com o objetivo de evitar uma terceira guerra europeia, integrando a Alemanha, sempre imprevisível, num espaço político mais amplo. Assim se esperava consolidar as democracias europeias por via de formas intensas de cooperação e transformar a Europa num continente de promoção da paz num mundo ameaçado pela guerra fria (e por vezes quente) promovida pelos dois imperialismos, o norte- americano e soviético. Já sabíamos, por experiência dolorosa própria, que este projeto tinha colapsado. No domingo passado pudemos visitar as ruínas. Tiramos delas três lições enquanto as contemplamos, talvez menos calmos do que parecemos.
Para ler o texto completo de Boaventura de Sousa Santos clique aqui

"O Corpo" - Maria Teresa Horta

O Corpo

Digo do corpo
o corpo
e do meu corpo
digo do corpo
o sítio e os lugares
de feltro os seios
de lâminas os dentes
de seda as coxas
o dorso em seus vagares
Lazeres do corpo
os ombros
as lisuras    
o colo alto
a boca retomada
no fim das pernas
a porta da ternura
dentro dos lábios
o fim da madrugada
digo do corpo
o corpo
e do teu corpo
as ancas breves
ao gosto dos abraços
os olhos fundos
e as mãos ardentes
com que me prendes
em súbitos cansaços
Vício de um corpo
o teu
com seu veneno
que bebo e sugo
até ao mais amargo
ao mais cruel grau
do esgotamento
onde em silêncio
nado em cada espasmo
Digo do corpo
o corpo
o nosso corpo
digo do corpo
o gozo
do que faço

Digo do corpo
o uso
dos meus dias
a alegria do corpo
sem disfarce

Maria Teresa Horta 

O ateu pede a saideira

Eric Drooker
Deus existe. Mas é ateu.
(Millôr Fernandes)
 
Época eleitoral, promiscuidade concorrencial. No Brasil, foi dada a largada para negociações na penumbra, onde todos os gatos são pardos. Entre os grupos mais cortejados, estão os religiosos. Organizados dentro de partidos ou apenas representando correntes sacras em templos e púlpitos eletrônicos, conseguem a mágica de transformar fervorosos progressistas em pios conservadores. Socialistas se recusam a apoiar o direito das mulheres à interrupção da gravidez, em aberta contradição com o pensamento libertário que os originou. Neodesenvolvimentistas não se envergonham de ficar em cima do muro quando se trata de defender as pesquisas com células-tronco. Todos comparecem a cultos variados, onde aparecem compenetrados (sic), com evidente hipocrisia. Nenhum deles se atreve a condenar o ensino de religião em escolas públicas. Tudo para não enfurecer o bispo fulano ou o cardeal sicrano, que poderiam roubar-lhes preciosos segundos na televisão ou influenciar o voto de muita gente. Renunciam à coerência para prestar vassalagem ao atraso. De onde vem tanto poder?
Para ler o texto completo de Jacques Gruman clique aqui

Wikipedia, a conquista civilizatória do século?

Larry Sanger, co-fundador da Wikipedia. Nascida por acaso, ela alimenta-se da contribuição voluntária de milhões de apoiadores
Mil volumes com cerca 1,2 mil páginas cada, capa dura e texto em preto sobre papel branco. Seria assim a versão impressa da Wikipédia, a maior enciclopédia digital do mundo, se uma campanha de crowdfunding (espécie de “vaquinha virtual”) arrecadasse 50 mil dólares (120 mil reais, aproximadamente). O montante era o necessário para imprimir os 4,3 milhões de artigos da versão do site em inglês, mas a campanha acabou malsucedida no final do mês passado e obteve apenas 25% daquele total. A iniciativa partiu da PediaPress, parceira oficial da Wikimedia Foundation Inc., instituição sem fins lucrativos com sede em São Francisco (EUA), responsável pela Wikipédia e outros projetos. No vídeo da campanha, um dos argumentos sugere que os mil volumes estariam desatualizados tão logo fossem publicados. Então, para que o esforço? Justamente porque transformar a Wikipédia num produto físico seria a melhor maneira de compreender suas dimensões.
Ao longo dos séculos, seja nos 37 volumes da História Natural, de Plínio, o Velho, filósofo e naturalista que viveu no primeiro século da era cristã na biblioteca de Alexandria, fundada no início do século III a.C, até a Encyclopédie, surgida do projeto iluminista conduzido na França do século XIII por Denis Diderot e Jean d’Alembert, o homem sempre ambicionou reunir a totalidade do conhecimento humano. E quem melhor encarnou essa pretensão de descrever o estado atual do conhecimento foram as enciclopédias, termo que surgiu da expressão grega enkylios paideia (educação circular).
O fracasso da “Wikipédia impressa” parece estar ligado a mudanças de hábitos geradas a partir da massificação do uso da internet e do computador. Além disso, o alto custo de produção das enciclopédias impressas e as baixas vendas demonstraram que o antigo modelo de negócio já não era viável.
Para ler o texto completo de Thiago Domenici clique aqui

Praia do Futuro: O imenso mar de Karim Aïnouz

divulgação
Praia do Futuro já se posiciona como um dos melhores filmes deste ano. E um dos melhores do cinema brasileiro atual. O cinema que o cearense Karim Aïnouz vem fazendo (outros de sua autoria: Madame Satã, Céu de Sueli, Abismo prateado*) nos relembra que há vida inteligente nos filmes produzidos no país. O cinema independente, descompromissado, que chega do nordeste – inclusive do cinema de raiz que os pernambucanos fazem -, não se enquadra na moldura das produtoras majors tupiniquins e foge da linguagem narrativa – careta ou maneirista – das produções brasileiras que são extensão das novelas e das minisséries da televisão. O filme é resultado de um mix de investidores alemães e brasileiros e da produtora paulista Coração da Selva.
O cinema de Aïnouz é vigoroso e ao mesmo tempo delicado. Competente, maduro, profissional, seguro. E belíssimo. Narra a história original de um bombeiro salva-vidas trabalhando na famosa praia localizada a 11 quilômetros do Centro de Fortaleza atraído por um viajante alemão, um pouco beat, de passagem pelo Brasil e a caminho da Patagônia – o ator Clemens Schick. Relação iniciada na capital cearense, os dois viajam para Berlim, de onde veio Konrad e, lá, Donato, o brasileiro, vai viver com o companheiro, por algum tempo, uma segunda vida, distante do irmão caçula, Ayrton, menino muito ligado a ele, e que deixa para trás, no Brasil - é mais um excelente trabalho do jovem ator.
Para ler o texto completo de Léa Maria Aarão Reis clique aqui

Como descolonizar o Brasil, no século XXI

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Recentemente, no dia 28 de Abril de 2014, fomos surpreendidos com uma decisão judicial absolutamente controversa. O juiz Eugênio Rosa de Araújo, titular da 17ª Vara Federal, recusou-se a dar ganho de causa a uma ação movida pelo Ministério Público Federal. A ação pedia a retirada de uma série de vídeos do Youtube que ofendiam o Candomblé, a Umbanda e seus praticantes. Assistindo ao vídeos, torna-se difícil aceitar a defesa de que aquele conteúdo não ofendia as religiões supracitadas e seus praticantes.
Porém, a tese defendida pelo juiz rompeu de maneira muito mais brusca os limites da sensatez. Segundo Eugênio Rosa de Araújo, as religiões afrobrasileiras em questão sequer cumpriam os requisitos que, segundo ele, configuravam uma manifestação religiosa como uma religião. Para ele, para algo ser considerado uma religião seria necessário : Ter um Deus a ser venerado (assim, com “D” maiúsculo), ter um livro sagrado e possuir um sistema hierárquico.
Para ler o texto completo de Luã Braga de Oliveira clique aqui

Para quebrar o mito da "ineficiência camponesa"

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Calcula-se que a população mundial, em 2050, chegará aos 9,6 bilhões de habitantes, segundo um relatório das Nações Unidas. O que significa 2,4 bilhões a mais de bocas para alimentar. Diante destes números, existe um discurso oficial que afirma que para dar de comer para tantas pessoas é imprescindível produzir mais. No entanto, é necessário nos perguntarmos: Hoje, falta comida? Cultiva-se o bastante para toda a humanidade?
Atualmente, no mundo, “são produzidos alimentos suficientes para dar de comer para até 12 bilhões de pessoas, segundo dados da FAO”, afirmava Jean Ziegler, relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação, entre os anos 2000 e 2008. E recordemos que o planeta é habitado por 7 bilhões. Sem contar que todo dia é jogada 1,3 bilhão de tonelada de comida, em escala mundial, um terço do total que se produz, conforme um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Segundo estes dados, comida não falta.
Para ler o texto completo de Esther Vivas clique aqui

Europa em xeque? A deterioração do coletivo

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O episódio da eleição do Parlamento Europeu suscita uma série de questionamentos e preocupações com relação à vida em sociedade. Primeiro, a preferência de países como a França e o Reino Unido por representações políticas radicais, que demonstra uma insatisfação com o modelo da integração regional. Afinal, de fato, cresce um descontentamento na Europa desde que a crise se instaurou em 2008 e passou a intimidar até o mais otimista cidadão europeu. Mas o quadro nos deve fazer refletir não apenas porque o maior, e melhor, exemplo de sucesso em termos de integração regional pode estar fadado ao fracasso, mas porque algo mais básico em nossa sociedade pode estar ameaçado: o pensamento coletivo e os direitos humanos tão arduamente estabelecidos.
Para ler o texto completo de Isis Sartori clique aqui

terça-feira, 27 de maio de 2014

Meninas nigerianas, proteção e interesse

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O fato de o casal Obama encabeçar a campanha sensacionalista para a libertação das 234 garotas escolares sequestradas na Nigéria por um grupo terrorista levanta várias perguntas:
1. Por que apenas há duas semanas, se as escolares foram raptadas em 14 de abril? Meses antes, o mesmo grupo havia matado em torno de 1500 crianças e adultos e isso não feriu a sensibilidade dos que hoje agitam a bandeira dos direitos humanos.
2. A cada semana, dezenas de civis no Afeganistão, Paquistão e Iêmen são assassinados ou mutilados pelas bombas lançadas por drones norte-americanos. Por que ninguém pede o envio de comandos aos Estados Unidos para deter os responsáveis por estes atos terroristas?
3. Com que autoridade moral se enviam militares norte-americanos para resgatar estas jovens sequestradas por delinquentes sociais, se eles mesmo, como coletivo, têm sido acusados não só por abusos sexuais a mulheres iraquianas e afegãs (tinham ido a seus países, diziam, para protegê-las), mas também a suas próprias companheiras? Em 2014 foram feitas 5461 denúncias. Uma soldado norte-americana, no Iraque ou no Afeganistão, tinha mais probabilidade de ser estuprada por seu companheiro do que abatida pelo inimigo.
Para ler o texto completo de Nazanín Armanian clique aqui

Por que o Haiti está aqui?

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A vinda de centenas de haitianos do Acre para São Paulo, nas últimas semanas, gerou tensões sobre a questão da imigração na cidade e no país. As discussões envolvendo os políticos dos dois estados com acusações de racismo e irresponsabilidade não serviram para uma compreensão plena da situação, muito menos para sua solução. O governo federal, por sua vez, permanece concedendo vistos humanitários para os haitianos que chegam, mesmo na ausência de uma política nacional para as migrações que reflita as necessidades atuais.
Em janeiro de 2010, um terremoto de sete graus atingiu a região de Porto Príncipe, capital do país mais pobre das Américas. A tragédia levou à morte mais de 300 mil pessoas e forçou outras 1,5 milhão ao deslocamento nacional e internacional.  Em 2012, um furacão atingiu novamente o Haiti, causando mais destruição e miséria em um país cuja vulnerabilidade ambiental é reforçada pela frágil economia, pela política instável e por números de pobreza absurdos.
Para ler o texto completo de  Laís Azeredo Alves clique aqui

Mulheres da Periferia, por elas mesmas

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“Somos a irmã que cuida dos irmãos mais novos até a mãe voltar do serviço e que lava a louça do almoço enquanto o irmão vai jogar bola. Somos aquelas que amam os filhos das patroas. Somos as ‘mãezinhas’ que gritam nos corredores das maternidades. Somos quem chora quando nossos filhos são mortos por serem suspeitos. Somos mães de abril, maio, de junho, setembro. Somos as mães que trabalham para as filhas estudarem. Somos as filhas que se formam na universidade para as mães voltarem para a escola.
“Somos aquela que, depois de oito horas de trabalho e quatro horas no transporte público, ainda passa a roupa e nina o bebê. Somos quem vai no posto atrás de remédio e pra agendar consulta pra daqui a cinco meses. Somos quem cria abaixo-assinados para pedir creches. Somos quem denuncia que a vizinha apanha do marido. Somos operárias, empreendedoras, manicures, jornalistas, costureiras, motoristas, advogadas. Somos esposas, mães, irmãs, primas, tias, comadres, vizinhas. Somos maioria. Somos minoria. Pobres, pretas, brancas, periféricas. Migrante, nordestina, baianinha, quilombola, indígena.”
Para ler o texto completo de Andressa Pellanda clique aqui

Pablo Neruda - "Teu riso"


TEU RISO

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

A misteriosa desaparição do subcomandante Marcos

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Meu imaginário militante foi forjado pelo personagem Marcos. Seu autor (não importa quem ele seja) construiu conscientemente um arquétipo muito poderoso quando vestiu um passa-montanha e afirmou: a história nãoacabou, nem nunca acabará. Da Selva Lancadona, no México, emitia seus comunicados, belíssimos textos de inestimável valor político e estético, que nós, ainda adolescentes, sorvíamos por meio das traduções do Emílio Genari. O nosso guerrilheiro ideal era um escritor que fazia uso da nascente internet para chegar a corações e mentes do mundo todo. E era também o SUP, porque o comando sempre esteve nas mãos do povo, dos indígenas de Chiapas. Um líder/plataforma, por meio do qual a linguagem de um agrupamento político se expressava nos termos exigidos por nosso ocidentalismo. E agora Marcos já não existe…já não é mais necessário, como sua carta final anuncia. Persistirá como linguagem e como afeto, o que talvez seja tudo o que tenha sido (Rodrigo Savazoni, em sua página no Facebook).
O subcomandante insurgente Marcos anunciou esta madrugada (25.05) numa coletiva de imprensa que a partir de hoje deixa de existir como tal entre as filas do Exército Zapatista de Liberação Nacional (EXLN), para dar passagem a sua nova identidade e personagem, o subcomandante insurgente Galeano. E, brincando, disse do personagem anterior: “Foi uma máscara”.
Para ler o texto completo de Isaín Manjuano clique aqui

A ciência entre o capital e as patentes

Marxistelf.wordpress.com
Para nos aproximarmos do que considero uma nova plataforma de sustentação ao ressurgimento do determinismo biológico, precisamos recapitular brevemente dois grandes fenômenos que marcaram as últimas décadas. O primeiro deles diz respeito à emergência e consolidação de conglomerados e atores de extraordinário poder global de coordenação político-econômico: a hegemonia do capital financeiro. E o segundo, conectado a esse, o novo caráter atribuído às informações – mormente aos conhecimentos – circundantes nas mais diversas instituições e mecanismos de produção, controle e divulgação das mesmas: a chamada “economia do conhecimento”, marcada especialmente pela comoditização das informações via o mercado de patentes e copyrights.
Para ler o texto completo de Leandro Modolo P. clique aqui

Custo humano: o lado oculto da "experiência Apple"

Moto X smartphone factory
“Queridos pai e mãe, como vocês estão? Me desculpem por não estar aí para cuidar de vocês. Vocês me perdoam? Eu pensei em cometer suicídio, eu pensei em pular do alto de um prédio, mas eu não tinha nem forças para subir até o topo”.
O texto acima está presente no documentário “Quem paga o preço? O Custo humano dos eletrônicos” (veja abaixo), sendo uma parte do diário da jovem Long, uma chinesa de 18 anos que desenvoveu câncer ao ser diariamente exposta à neurotoxina N-Hexano, enquanto trabalhava em uma fábrica fornecedora de chips para empresas de eletroeletrônicos, smartphones e computadores.
Os cineastas focam nos efeitos que esses compostos químicos têm sobre os milhões de trabalhadores a eles expostos enquanto atuam na fabricação de iPhones, iPads e diversos outros aparelhos eletrônicos que consumidores ao redor do planeta vieram a ser dependentes. O curta de 10 minutos foi realizado pelos cineastas Heather White e Lynn Zhang a respeito dos perigos ocupacionais que os chineses encaram todos os dias trabalhando para a indústria dos eletrônicos na China – principalmente o envenenamento por compostos químicos tóxicos — sendo a benzina a mais perigosa deles.
Para ler o texto completo de Vinicius Gomes clique aqui

Anda por aí um novo Marx

Anunciado por uns como o “novo Marx”, mas acusado por outros de ter renegado o trabalho do autor de O Capital, Thomas Piketty agitou o debate político e económico nos Estados Unidos e na Europa com um alerta: a atual sociedade capitalista está cada vez mais parecida com o mundo desigual do século XIX descrito por Jane Austen e Honoré de Balzac.
Para ler o texto completo de Sérgio Aníbal clique aqui

Jacques Gruman: O ateu pede uma segunda rodada de chope

Como eu, formou-se em química. Em Turim, na Itália, graduou-se com distinção e louvor. O detalhe é que, no diploma, há a menção: “De raça judia”. Vigoravam, naquele 1941 distante, as leis raciais da Itália fascista, e Primo Lévi só conseguiu um emprego clandestino, que mal dava para se sustentar. Envolve-se com a resistência e é preso no final de 1943. Enviado a Auschwitz, seu destino era a morte certa. Auschwitz foi o maior campo de extermínio da Europa, onde cerca de 1,5 milhão de pessoas, a maioria judeus, foram assassinadas com requintes de crueldade. A qualificação científica salvou-lhe a vida: os nazistas precisavam de gente para trabalhar no pequeno laboratório do campo. Lévi é um dos sobreviventes quando, em janeiro de 1945, o Exército Vermelho liberta os últimos e escassos prisioneiros. A experiência em Auschwitz torna Lévi um memorialista obsessivo. Era preciso narrar o indizível, a dissolução da fronteira entre bestas e homens, o horror. Durante décadas, até seu suicídio em 1987, escreveu uma obra decisiva sobre uma das páginas mais negras da humanidade. Refletindo sobre o que passara, disse: “Devo dizer que a experiência de Auschwitz, para mim, foi de tal ordem que varreu qualquer resto de educação religiosa que também tive (...) Há Auschwitz, logo não pode haver Deus. Não encontro solução para o dilema. Busco-a, mas não a encontro”.
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segunda-feira, 26 de maio de 2014

UNIVERSIDADE: A qualidade do objetivo: como qualificar os números?

No meu último texto, A produtividade no ensino: avaliar ou contar? , tratei do tema da avaliação educacional em sentido amplo e procurei estabelecer dois pontos principais: 1. a educação cumpre uma função social; 2. realizar uma crítica simplesmente negativa dos sistemas de avaliação disponíveis, sem apresentar alternativa, pouco acrescenta ao debate e se trata de uma postura que, na minha opinião, deve ser abandonada. Quanto à crítica exclusivamente negativa, escrevi: "O que cobro e sugiro é renunciarmos à negação total e somarmos critérios, na tentativa de dar um pequeno passo à frente. Penso que é necessário manter a base quantitativa, mas qualifica-la com critérios qualitativos." Este é o ponto que quero desenvolver aqui: o que significa qualificar a base quantitativa? Como fazê-lo? Dividirei o texto em duas partes: na primeira, apontarei o quanto de qualificação (para alguns, subjetivismo) já existe na atual estrutura de avaliação - que aparece como exclusivamente quantitativa (para alguns, objetiva); na segunda, registrarei algumas sugestões de mudança que me parecem desejáveis.
1. O que vemos nos relatórios de avaliação do ensino, do nível básico à pós-graduação, são quase que exclusivamente números. De conceitos CAPES a notas do Enem, passando por Ranking Shanghai e Prova Brasil, os competidores (?) são listados de acordo com o número que lhes toca, e este número é desdobrado em outros, resultados parciais de cada um dos critérios de avaliação que compõem a nota final. Interessa-me, nisso tudo, o que não aparece: como os critérios são decididos e o peso que se atribui a cada um deles na participação proporcional do resultado. Em primeiro lugar, o que contaremos? Apenas notas de Português e Matemática? Dentro de Português, haverá avaliação do grau de familiaridade com a tradição literária (nacional, internacional lusófona, internacional geral?) ou só nos preocuparemos com o grau de domínio das habilidades linguísticas de base? Haverá prova de redação? Ela será obrigatória ou facultativa aos candidatos? No nível superior: palestras e conferências contam? Número de cursos ministrados à graduação e à pós? Resumos em anais de congressos ou só se forem expandidos? Capítulos, livros, volumes, verbetes? Livros maiores contam mais?
Para ler o texto completo de Rafael Barros clique aqui

Eduardo Galeano muda de ideia sobre 'As Veias Abertas da América Latina'

Por mais de 40 anos, "As Veias Abertas da América Latina", de Eduardo Galeano, vem sendo o texto clássico dos sentimentos anticolonialistas, anticapitalistas e antiamericanos naquela região.
Hugo Chávez, o presidente populista da Venezuela, deu uma cópia do livro, que ele definiu como "um monumento na história latino-americana", de presente ao presidente Barack Obama no primeiro encontro entre eles.
Mas agora o uruguaio Galeano, 73, renegou o livro, afirmando que não estava qualificado para tratar do tema e que o texto era ruim.
Previsivelmente, suas declarações deflagraram um vigoroso debate regional, com a direita caprichando no "eu não disse?" e a esquerda persistindo em uma defesa ferrenha do livro.
"'Veias Abertas' pretendia ser um livro de economia política, mas eu não tinha o treinamento e o preparo necessários", disse Galeano no mês passado, em resposta a perguntas em uma feira de livros no Brasil, onde ele estava sendo homenageado pelo 43º aniversário da publicação do livro.
Para ler o texto completo de Larry Rohter clique aqui

Informação demais

E-mail. Twitter. Facebook. SnapChat. WhatsApp. SMS. Linkedin. FourSquare. SlideShare. Instagram. Blogs. Infográficos. Notícias. YouTube. Nunca se consumiu tanta informação. Qualquer relatório de tendências mostra que o volume de dados a circular pela rede cresce a uma taxa exponencial. E ninguém duvida que aumentará até que todas as possibilidades de canalizar e manipular dados, através de todos os recursos tecnológicos, estejam esgotadas.
Informação, que um dia já foi sinônimo de poder, hoje mais parece um problema. Fala-se em Tsunamis de conteúdos, em ansiedade de informação, em paradoxos de escolha, em fadiga de contexto, em paralisia de análise.
Dizem os mais exagerados que "O Google emburrece e degrada memórias. Que o Facebook aliena. Que a Internet é reduto de pornografia, com fascistas e maníacos em cultos bizarros. Que o Leviatã digital consolida novas fortunas enquanto destrói economias locais. Que o mundo cibernético representa a vitória dos eremitas, dos plagiadores e dos ladrões de informação. Que é o ápice das Invasões Bárbaras, destruindo as relações entre as pessoas e demolindo a Cultura enquanto anuncia uma nova Idade das Trevas em que a verdade, como no Coliseu romano, será decidida pelos polegares em sinal de positivo."
Para ler o texto completo de Luli Radfahrer clique aqui

ENTREVISTA - Boaventura de Sousa Santos: "Estar na Europa nestas condições é uma prisão"

Boaventura de Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, constata que a Europa da coesão social acabou e que a troika despromoveu Portugal, acentuando-lhe o estatuto de país semi-periférico.
Para ler a entrevista de Boaventura de Sousa Santos clique aqui
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Leia também o artigo “Portugal diante da opção Jangada de Pedra “ de Boaventura de Sousa Santos clicando aqui

ENTREVISTA: MANTHIA DIAWARA E O CINEMA AFRICANO

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Em dezembro de 2012, Manthia Diawara esteve pela primeira vez no Brasil para participar do VI Encontro de Cinema Negro: Brasil, África e Caribe realizado no Rio de Janeiro. Nascido em Bamako, capital do Mali, Diawara é cineasta, crítico cultural e professor de Literatura Comparada na New York University (NYU), onde dirige o Institute of Afro-American Affairs (IAAA). Reconhecido como o maior especialista em cinema africano no mundo, ele tem uma profusa e densa produção literária e cinematográfica na área, tendo escrito mais artigos sobre o assunto que todos os pesquisadores em cinema africano no Brasil juntos. Manthia tem uma fala serena e aguda. Embora seu trabalho seja pouco conhecido no Brasil, Diawara é um autor obrigatório para quem deseja pensar África para além dos estereótipos. Suas festas da juventude eram registradas pelo grande fotógrafo malinense Malick Sibidé.
Para ler a entrevista de Manthia Diawara clique aqui

domingo, 25 de maio de 2014

Hannah Arendt para educadores

A obra de Hannah Arendt (1906-1975) tem despertado uma atenção cada vez maior dos educadores e, evidentemente, não faltam razões para essa acolhida. Em parte, ela se deve à originalidade, força e independência de seu pensamento: um inconformismo radical temperado por uma fé na natalidade como a revelação de um novo alguém no mundo, um ser singular capaz de começar algo novo e imprevisto e, assim, renovar o mundo comum.
No âmbito da educação, Arendt é frequentemente lembrada em razão do ensaio A crise na educação, integrado à coletânea Entre o passado e o futuro. Faltava, entretanto, uma reflexão que relacionasse o ensaio ao conjunto de sua obra. É exatamente essa lacuna que a obra Educação em Hannah Arendt: entre o mundo deserto e o amor ao mundo, de Vanessa Sievers de Almeida, vem preencher.
Para ler o texto completo de Maurício Liberal Augusto clique aqui

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