Em 2010, em um texto sobre a produção literária maringaense publicado no site do projeto
Contos Maringaenses, escrevi que Marcos Peres era “um escritor do fantástico em ascensão”. Nos últimos três anos, Peres tem sido responsável por criativas histórias publicadas no
Contos. Alguns desses contos foram republicados em sites de cultura independente, como o
Nego Dito. Seus textos, porém, têm circulado apenas entre um pequeno círculo intelectual de Maringá e região, formado por escritores e críticos da pacata
Space City (utilizando aqui a expressão do
Nelson Alexandre, um dos nomes fortes do norte do Paraná). De fato, há toda uma produção literária alternativa circulando por meios virtuais e físicos, afastada dos veículos editoriais tradicionais.
Entretanto, esse perfil
underground de Marcos Peres indubitavelmente vai mudar. Nessa semana, ele foi contemplado com o
Prêmio Sesc de Literatura, na categoria
melhor romance. Dentre os 37 finalistas, a obra
O Evangelho Segundo Hitler foi considerada a mais criativa e estimulante, arrebatando a premiação nacional. Como resultado da premiação, o livro será publicado pela Editora Record. Em muito breve, os leitores brasileiros terão o prazer de conhecer o estilo de escrita do jovem Peres.
A notícia do prêmio do Sesc foi divulgada pelo crítico literário José Flauzino Alves, que, além de revisar o manuscrito de
O Evangelho Segundo Hitler, também analisou os originais de
Nihonjin, de Oskar Nakasato,
vencedor do prêmio Jabuti de 2012. Na noite de sábado (16/03), Flauzino – um crítico que tem acompanhado de perto os escritores do Contos Maringaenses – escreveu: “Honradamente, o prêmio é merecido pelo Marcos. Dono de uma imaginação prodigiosa, dá-nos uma trama inteligente. O livro surpreende. E mais: o cara nem 30 anos tem. Está só começando. Sua literatura há de amadurecer”.
Os elogios de Flauzino não são exagerados. A imaginação de Marcos é realmente prodigiosa. Aliás, o título do livro premiado é genial. Quem não ficaria curioso com o conteúdo de um livro com o título O Evangelho Segundo Hitler? A obra de Marcos Peres, entretanto, não possui semelhança com a polêmica publicação de José Saramago. O livro homenageia os escritores que brincam com elementos fantásticos, como Umberto Eco e Jorge Luis Borges, através de uma trama embevecida em teorias conspiratórias que une dois personagens contemporâneos.
Entrevistei o escritor Marcos Peres pela internet nesta noite de sábado. Neste breve bate-papo, ele responde algumas questões sobre suas influências, sobre o livro premiado e sobre a produção literária de Maringá. A conversa mostra a honestidade intelectual de Peres e seu sentimento de gratidão com a criação colaborativa proporcionada pela literatura.
Para ler a entrevista de Marcos Peres clique
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