Imbuído dessa perspectiva, proponho uma análise da versão dos oligopólios
midiáticos sobre a tragédia que resultou na morte de mais de duas centenas de
jovens na boate que se incendiou em Santa Maria, interior de Rio Grande do Sul.
Como sempre, a versão geral e irrestrita dos meios de comunicação é precisamente
a que se funda tendo em vista a crença absoluta em alguns lugares: o lugar da
juventude, a maioria branca e ascendente, inclusive sob o ponto de vista
escolar, pois a maior parte dos jovens cursava uma universidade pública; o lugar
da mais-valia, o lugar do espetáculo, do show.
O primeiro lugar da versão do oligopólio midiático se inscreve na crença
hierárquica de que a morte humana é mais trágica e, portanto sofrível, narrável,
pessoal, se for de jovens predominantemente brancos e, diz-se, plenos de futuro,
por cursarem prestigiosos cursos universitários. A propósito, a presidente Dilma
Rousseff mesmo fixou alguns lugares ao dizer mais ou menos esta pérola:
“Perdemos médicos, engenheiros, advogados, agrônomos”, omitindo uma infinidade
de outros, como o lugar do professor, por exemplo, na suposição prévia de que é
um lugar sem futuro digno.
Não ignoro e muito menos desprezo o inominável escândalo dos jovens que
morreram na boate de Santa Maria: mortes estúpidas, banais, violentas,
criminosas, imperdoáveis, indeléveis. Minha argumentação tem, no entanto, outro
foco, sem lugar fixo para morte, porque fundado na evidência de que por todos os
lados, no mundo, as pessoas (inclusive milhões, podendo chegar a bilhões de
jovens, mortos de antemão porque condenados a não terem futuro) morrem de forma
violenta, principalmente de guerras induzidas e com participação direta do
genocida lugar por excelência do Ocidente: o imperialismo
americano/europeu/sionista. Por que, tal como reagimos com a tragédia de Santa
Maria, não nos escandalizamos igualmente com essa profusão sem fim de banais,
violentas, estúpidas, criminosas mortes? Por que o oligopólio midiático não
convoca seus famosos apresentadores e jornalistas para, de dia e de noite,
discutir, chorar, denunciar todas essas mortes estúpidas, banais, violentas,
criminosas, inclusive exigindo que algo seja feito para que elas nunca mais
ocorram?
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