sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Um livro com o tupi nosso de cada dia

Mouzar Convite

Por que você está na pindaíba?
Pode ser porque está desempregado, não? Ou porque tem emprego mas o salário é baixo. Ou porque estourou o cartão de crédito e paga juros muito altos, não sobra dinheiro pra nada. Ou porque o aluguel aumentou demais, o salário não acompanhou. Se é aposentado, então, pior ainda.
Mas os índios de língua tupi há séculos já podiam ficar na pindaíba, sem esses motivos.
É que pindá, em tupi, significa anzol. Iba, significa ruim. Então, pindaíba quer dizer anzol ruim. E nos povos que viviam em grande parte da pesca, anzol ruim é mesmo de deixar a pessoa sem ter o que comer.
Pindaíba é um dos mais de oitocentos e trinta verbetes do livro Paca, Tatu, Cutia! – Glossário ilustrado de Tupi, que escrevi em parceria com o Ohi (textos meus, ilustrações dele) e que acaba de ser publicado pela Editora Melhoramentos.
Não é um “dicionário”, pois não tem aquelas formalidades necessárias para isso, nem a estrutura de um dicionário. E em muitos dos verbetes conto alguma historinha relacionada a eles. Tem um pouco de informações históricas e humor.
Para ler o texto completo de Mouzar Benedito clique aqui

Lançamento Boitempo: "Trabalhadores, uni-vos!"

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A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) se tornou símbolo da luta de classes e influenciou as ideias de milhões de trabalhadores ao redor do planeta. O aniversário de 150 de sua fundação, em 1864, oferece uma importante oportunidade de reler suas resoluções e aprender com as experiências de seus protagonistas, para repensar os problemas do presente. Com textos inéditos, cuidadosamente selecionados e traduzidos, Trabalhadores uni-vos configura um arquivo de valor inestimável para a história e a teoria do movimento dos trabalhadores, bem como para a crítica do capitalismo.
Para ler o texto completo clique aqui



Assédio nas ruas de Nova Iorque torna campanha viral


O vídeo foi produzido pelo movimento Hollaback!, que alerta a sociedade para acabar com o assédio de rua, e consistiu em colocar uma câmara oculta na pessoa que andava uns metros à frente da rapariga. Durante as dez horas em que percorreu as ruas de Nova Iorque, foi assediada verbalmente mais de 100 vezes, sendo mesmo "acompanhada" ao longo de vários minutos do seu trajeto por alguns dos autores das palavras de assédio.
Para a Hollaback!, o assédio de rua é uma forma de assédio sexual no espaço público e pode ir desde o piropo, a perseguição até à masturbação em público e agressão. "O assédio de rua atinge desproporcionadamente as mulheres, as pessoas de cor, lésbicas, gays, bissexuais, trangéneros e queer (LGBTQ) e jovens", diz o site do movimento. "Embora o grau de assédio sobre a Shoshana [a rapariga do vídeo] seja chocante, a verdade é que o assédio que as pessoas de cor e LGBTQ enfrentam é frequentemente bem mais grave e mais provável de escalar para a violência", acrescentam.
"Estas formas de assédio não são apenas sexistas - mas também racistas e homofóbicas por natureza", concluem os organizadores da campanha que contou com o apoio do criativo Rob Bliss para a execução do vídeo. Bliss diz ter-se inspirado na experiência da sua namorada, que sofre assédio verbal com enorme frequência, e foi ele que transportou a câmara que filmou o vídeo que se tornou viral, recuperando o debate sobre o assédio verbal nas ruas de todo o mundo.
Para ver o vídeo clique aqui

Leitura literária e performance: a poesia em cena


De acordo com Cosson (2006), ler implica troca de sentidos não só entre o escritor e o leitor, mas também com a sociedade onde ambos estão localizados, pois os sentidos são resultado de compartilhamentos de visões do mundo entre os homens no tempo e no espaço(p.27). Ou seja, a troca e produção de sentidos que se estabelecem com a leitura literária extrapolam a relação entre quem escreve e quem lê, dilatando-se e expandindo-se para a atmosfera e esfera social. Para Bakhtin (1992), a literatura é parte inseparável da cultura e não pode ser entendida fora do contexto pleno de toda a cultura de uma época. Em consonância com o filósofo russo, é possível reafirmar a importância da presença do texto literário no cotidiano escolar já que, através deste, é possível a compreensão do universo sócio-histórico que nos abarca.
Para ler o texto completo de Hélen Queiroz clique aqui

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Quatro grandes filmes na Mostra de São Paulo

Em "O velho do Rastelo", Manuel de Oliveira  imagina diálogo entre Camões, Cervantes, Camilo Castelo Brancoe o poeta saudosista Teixeira de Pascoaes

O argentino Relatos selvagens, que entrou em cartaz em 23 de outubro, nos cinemas do Brasil, é, para além de suas qualidades e defeitos, um verdadeiro fenômeno, e como tal deve ser estudado e discutido.
O longa-metragem de Damián Szifrón, que há uma semana abriu a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, já foi visto em seu país por mais de três milhões de pessoas, um recorde absoluto, que no Brasil corresponderia, proporcionalmente, a quinze milhões de espectadores.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

terça-feira, 28 de outubro de 2014

LIVROS & LEITORES: Esplendor e miséria do best-seller


Este texto de 1948 estava em uma pasta do acervo de Paulo Rónai (1907-92), intitulada “Material para novos livros”, e jamais foi publicado. O escritor e tradutor parte de estudos em língua inglesa para questionar se há a receita perfeita para um best-seller e se os números de vendas significam algo na qualidade dos livros.
O que é um best-seller? À primeira vista a resposta não parece difícil: o livro que mais se vende ou um dos livros que mais se vendem. Mas, ao examinarmos os casos em que se emprega essa palavra, tão frequente na crônica literária dos jornais, verificaremos que seu sentido se está enriquecendo de novas matizes.
Mais de uma vez poderemos achar-lhe uma nuança pejorativa, e esse uso não é exclusivo do Brasil. Numa resenha francesa da produção literária de 1947 encontro esta observação: “O termo best-seller entre nós vai designar, dentro em breve, não o livro que melhor se vende, mas um certo gênero’ de romance, de leitura fácil, longo, obrigatoriamente traduzido...”. E uma estudiosa inglesa não hesita em afirmar que “best-seller é um epíteto quase totalmente depreciativo entre pessoas cultas”. Não seria difícil encontrar exemplos em que o termo, por si só, equivale a uma crítica.
Para ler o texto completo de Paulo Rónai clique aqui

LÍNGUA & LINGUAGEM: ‘Oncotô’, ou um livro bem interessante


Acaba de ser publicada a tradução de um livro de Guy Deutscher pela Editora Mercado de Letras, de Campinas (SP). O livro se chama O desenrolar da linguagem. A competente tradução é de Renato Basso e Guilherme Henrique May.
O objetivo principal é descrever – e tentar explicar – um fenômeno que ocorre com as línguas humanas que talvez seja o único sobre o qual se pode ter certeza absoluta: as línguas (todas) mudam. Uma das teses de qualquer linguista é que, mesmo mudando, as línguas não degeneram.
A maioria das pessoas, mesmo que sejam sofisticadas representantes do pensamento em outras áreas, acredita que as línguas degeneram. De fato, uma das teses mais arraigadas é que a gramática (o vernáculo) é espancada diariamente. A sobrevivência do mito é curiosa. A meu ver, ela se deve, por um lado, à ignorância dos fatos e, por outro, a valores ideológicos arraigados, entre os quais a tese de que o povo sempre erra. Falando ou votando.
Para ler o texto completo de Sírio Possenti clique aqui

"Para meu coração teu peito basta" - Pablo Neruda


Para meu coração teu peito basta

Para meu coração teu peito basta,
para que sejas livre, minhas asas.
De minha boca chegará até o céu
o que era adormecido na tua alma.
Mora em ti a ilusão de cada dia
e chegas como o aljôfar às corolas.
Escavas o horizonte com tua ausência,
eternamente em fuga como as ondas.
Eu disse que cantavas entre vento
como os pinheiros cantam, e os mastros
Tu és como eles alta e taciturna.
Tens a pronta tristeza de uma viagem.
Acolhedora como um caminho antigo,
povoam-te ecos e vozes nostálgicas.
Despertei e por vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam em tua alma.


Pablo Neruda

LUIS GUERREIRO: um virtuose da guitarra portuguesa - "Uma vida noutra vida" & “Valsa Chilena”


Para ver a interpretação de Luis Guerreiro (guitarra portuguesa) que junto com Diogo Clemente (guitarra clássica) e Marino de Freitas (viola baixo) acompanha a fadista Carminho em “Uma vida noutra vida" no Festival de Dança e Folk em Rudolstadt (Alemanha) em 5 de julho de 2013 clique no vídeo aqui

Para ver a interpretação de Luis Guerreiro  em Valsa Chilena” em Londres clique no vídeo aqui

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

SEIS TEXTOS PARA REFLETIR SOBRE AS ELEIÇÕES NO BRASIL


Como se desperta o pior que há em nós

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Temos a tendência de enxergar nossas identidades como estáveis e muito separadas das forças externas. Porém, décadas de pesquisa e prática terapêutica convenceram-me de que as mudanças econômicas estão afetando profundamente não apenas nossos valores, mas também nossas personalidades. Trinta anos de neoliberalismo, forças de livre mercado e privatizações cobraram seu preço, já que a pressão implacável por conquistas tornou-se o padrão. Se você estiver lendo isto de forma cética, gostaria de afirmar algo simples: o neoliberalismo meritocrático favorece certos traços de personalidade e reprime outros.
Para ler o texto completo de Paul Verhaeghe clique aqui

Assédio eleitoral

14.10.27_Jorge Luiz Souto Maior_Assédio eleitoral_

Os trabalhadores têm sofrido os males do denominado “choque de gestão empresarial”, que, baseado no argumento da necessidade competitiva, procura extrair maior produtividade no trabalho por meio da imposição de metas, quase sempre impossíveis de serem cumpridas. Tudo se faz ligado a uma estratégia que é de fato a de não permitir que os trabalhadores percebam que se trata na verdade da continuação da mesma lógica extrativa de mais valor relativo de sua “força de trabalho”, trazendo como benefícios paralelos, e talvez de forma ainda mais importante, o reforço da alienação e da reificação.
Para ler o texto completo de Jorge Luiz Souto Maior clique aqui

sábado, 25 de outubro de 2014

Participação e aprendizagem na educação da criança indígena



Para ler o texto completo de Rogério Correia da Silva clique aqui

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Guerra contra o Estado Islâmico: vitória da indústria bélica



Para ler o texto completo de Robert Fisk clique aqui

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Aos meus amigos que votarão em Aécio


Recentemente encuquei com a quantidade de pessoas que julgo inteligentes e que estão declarando voto-protesto em Aécio “para mudar tudo isso aí”. Sempre que alguém me diz que “do jeito que as coisas estão não dá mais” me pergunto se essa pessoa nasceu e cresceu na Dinamarca e chegou no Brasil há alguns anos apenas. O que não dá mais exatamente? As coisas não estão ótimas, mas já foram imperialmente mais grotescas. Talvez tudo esteja melhor com exceção do trânsito nas capitais – e vamos combinar que trânsito na capital não é a rigor um problema do Governo Federal.
“Ah, mas a corrupção está insustentável”.
Como assim, meu amigo? A corrupção é esporte nacional desde que o tal Dom João aportou por aqui. Pode não ter melhorado, mas agora está aí para ser julgada e condenada, como de fato está sendo.
“O PT quer instalar a ditadura”, já escutei gente que sei que é do bem dizer.
Para ler o texto completo de Milly clique aqui

terça-feira, 21 de outubro de 2014

“Neoliberalismo é o oposto da democracia”, diz estudioso francês ao analisar o atual período eleitoral brasileiro

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Dominique Plihon, professor da Universidade Paris 13, em entrevista exclusiva ao Brasil Debate: “Se um candidato neoliberal ganha no Brasil, certamente ficarei triste pelos brasileiros, mas também triste pela ordem internacional. Precisamos de líderes que saibam resistir às grandes potências, ao setor financeiro, e não que sejam seus aliados”. Para ler a entrevista de Dominique Plihon clique aqui

As eleições presidenciais e os cenários da política brasileira

14.10.21_Carlos Eduardo Martins_As eleições presidenciais e os cenários da política brasileira

O segundo turno da política presidencial no Brasil coloca frente a frente dois projetos: o neoliberal, liderado pelo PSDB e representado na candidatura de Aécio Neves; e o de uma centro-esquerda, a la terceira via, que ensaia as bases de um capitalismo de Estado, liderado pelo PT e pela candidatura de Dilma Rousseff. Se o caráter extremamente disputado desta eleição sinaliza para um esgotamento da hegemonia do projeto petista, tal como ele aqui foi elaborado, uma eventual vitória de Aécio Neves representará uma drástica regressão nas conquistas alcançadas nos últimos anos, entre elas, a projeção que o Brasil alcançou no cenário internacional.
Para ler o texto completo de Carlos Eduardo Martins clique aqui

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

"O Reich tropical: a onda fascista no Brasil"



A história do início do século 21 parece repetir a do século 20. De um lado, insurgências populares eclodem aqui e acolá. De outro, há o claro crescimento da extrema direita conservadora. Mas há uma diferença significativa, e profundamente preocupante, entre o passado e o presente. Desencantada de sua história e imersa em pequenos conflitos que causam grandes desgastes, a esquerda hoje está muito mais fraca do que há cem anos*.
O desequilíbrio entre uma esquerda enfraquecida e uma direita que detém o monopólio do capital financeiro e informacional, sem sombra de dúvidas, pesa para um único lado.
Se Celso Russomanno (PRB) e o Pastor Feliciano (PSC) não tivessem sido os deputados mais bem votados em São Paulo, e se o Rio de Janeiro não tivesse escolhido Jair Bolsonaro (PP) em primeiro lugar, eu poderia jurar que o deputado mais votado no Rio Grande do Sul, Luis Carlos Heinze (PP), que declarou que “quilombolas, índios, gays e lésbicas: tudo o que não presta” era um caso isolado de uma possível patologia gaúcha. Mas infelizmente não é.
Desde junho de 2013, muito tem se falado em guinada à direita ou da onda conservadora. O que poucos mencionam, no entanto, com a devida clareza necessária, é que tem emergido uma multidão raivosa e fascista.
Para ler o texto completo de Rosana Pinheiro-Machado clique aqui

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

MUITO ALÉM DO PESO


Obesidade, a maior epidemia infantil da história. "Um filme obrigatório para qualquer pessoa que se importe com a saúde das nossas crianças" Jamie Oliver Pela primeira vez na história da raça humana, crianças apresentam sintomas de doenças de adultos. Problemas de coração, respiração, depressão e diabetes tipo 2.
Todos têm em sua base a obesidade.
O documentário discute por que 33% das crianças brasileiras pesam mais do que deviam. As respostas envolvem a indústria, o governo, os pais, as escolas e a publicidade. Com histórias reais e alarmantes, o filme promove uma discussão sobre a obesidade infantil no Brasil e no mundo.
Para ver o documentário clique no vídeo aqui

Mortes precoces


O Brasil é o sexto país em mortes de jovens no mundo. Aqui eles são mortos pela polícia, por balas "perdidas", pela guerra entre traficantes e por acidentes de moto ou carro. O dado é da UNICEF. Em números absolutos, o Brasil teve, em 2012, mais de 11 mil homicídios de pessoas entre 0 e 19 anos de idade, atrás apenas da Nigéria, que teve 13 mil.
Para ler o texto completo de Frei Beto clique aqui

Khaled - "C'est la vie"


Para ver a interpretação de "C'est la vie" na voz do argelino Khaled clique no vídeo aqui

"Eu te amo porque te amo" - Carlos Drummond de Andrade


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

 

 

Carlos Drummond de Andrade 

Os mutantes somos nós

Os mutantes somos nós

O biólogo francês Jean-François Bouvet está chamando a atenção internacional com um livro recém-lançado na França, pela editora Flammarion: Mutants: à quoi ressembleronsnous demain? (Mutantes: como seremos amanhã?, em tradução livre). Nele, o professor da Universidade Claude Bernard, em Lyon, após dez anos de pesquisa em neurobiologia, retoma a tese de que as modificações ambientais produzidas pelo homem, desde a Revolução Industrial, estão causando uma transformação inédita na espécie. “O homem provocou um Big Bang químico que agora age sobre ele. Está mudando numa velocidade que não tem mais nada a ver com a evolução darwiniana”, afirma. 
Além da tendência demograficamente comprovada de as novas gerações viverem mais tempo e serem mais altas, Bouvet soma outras características menos desejáveis. Segundo ele, estamos ficando mais velhos, altos, obesos, inférteis e doentes. De acordo com a pesquisa, a altura dos franceses aumentou quase cinco centímetros nos últimos 30 anos, mas, em compensação, mais de 15% da população adulta se tornou obesa. Ao mesmo tempo, atualmente uma entre quatro meninas afroamericanas entra na puberdade por volta dos 7 anos. E, em meio século, a concentração de espermatozoides diminuiu 40% nos homens de todo o planeta, sendo acompanhada por uma diminuição das taxas de testosterona – o hormônio da sexualidade masculina.
Para ler o texto completo de Ricardo Arnt clique aqui

A doença do século XXI

A doença do
 século XXI

Se, durante o século XIX e começo do XX, a histeria era a forma mais evidente de sofrimento, no século XXI esse espaço foi tomado pela depressão. Expressa na ausência de vontade e de projetos futuros, não é exagero chamá-la de epidemia. Em 2000, um relatório da Organização Mundial da Saúde já previa que 15% da força de trabalho mundial abandonaria seus postos por motivos relacionados à doença. No Brasil, o número de quadros depressivos cresceu impressionantes 705% em 16 anos. O problema atinge principalmente a juventude. Já em meados dos anos 80, a psicanalista e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clínica da Contemporaneidade da UFRJ Teresa Pinheiro, 61 anos, viu o seu consultório ficar repleto de jovens deprimidos. Por telefone, a carioca conversou com Carta na Escola sobre as raízes do problema na sociedade de consumo, na mudança da relação da sociedade com o tempo e sobre a importância de retomar o sentido do papel social como forma de combatê-la.   
Para ler a entrevista com a psicanalista Teresa Pinheiro clique aqui

Ricos, mas vulneráveis


Recentemente ressurgiu a discussão sobre um tema efervescente dos anos 1950 aos 70: que o Brasil, como naquela época, estaria passando por um novo momento desenvolvimentista, buscando uma autonomia relativa e ganhando base material para colocar o capitalismo a serviço de um projetonacional, mais democrático e socialmente justo. A observação é do economista Artur Monte Cardoso, cuja dissertação de mestrado, porém, aponta para um processo de reversão das bases do desenvolvimento brasileiro ou, mais que isso, de reversão neocolonial. “Burguesia brasileira nos anos 2000 – Um estudo de grupos industriais brasileiros selecionados” é o título do trabalho orientado pelo professor Plínio Soares de Arruda Sampaio Junior e apresentado no Instituto de Economia (IE) da Unicamp.
Para ler o texto completo de Luiz Sugimoto clique aqui

Como a Dinamarca regula a sua mídia

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Para usar uma palavra, a auto-regulação fracassou miseravelmente na Inglaterra.
Os ingleses entraram em 2014 dando os toques finais num novo sistema de monitoramento da mídia. O ponto principal é que a auto-regulação será substituída por um modelo em que o órgão fiscalizador é independente das empresas jornalísticas. E também — vital — dos partidos políticos e do governo.
O Brasil, cedo ou tarde, e quanto mais cedo melhor, vai ter que enfrentar a mesma realidade: a falência da auto-regulação na mídia e, consequentemente, a necessidade de dar um passo adiante. O maior obstáculo reside nas grandes empresas de jornalismo, que por obtusidade ou má fé, ou uma mistura de ambas as coisas, rechaçam discussão preliminarmente sob o argumento, aspas, de que se trata de “censura” para a “imprensa livre”.
A não ser que consideremos a mídia acima da sociedade, o Brasil não poderá ficar acorrentado eternamente a uma auto-regulação que, como na Inglaterra, é nociva ao interesse público.
Para ler o texto completo de Paulo Nogueira clique aqui

Somos todos doentes mentais?

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Allen Frances (Nova York, 1942) dirigiu durante anos o Manual Diagnóstico e Estatístico (DSM), documento norte-americano que define e descreve as diferentes doenças mentais. Esse manual, considerado a bíblia dos psiquiatras, é revisado periodicamente para ser adaptado aos avanços do conhecimento científico. Frances dirigiu a equipe que redigiu o DSM IV, ao qual se seguiu uma quinta revisão que ampliou enormemente o número de transtornos patológicos. Em seu livro Saving Normal (inédito no Brasil), ele faz uma autocrítica e questiona o fato de a principal referência acadêmica da psiquiatria contribuir para a crescente medicalização da vida.
Para ler e entrevista de Allen Frances clique aqui

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Porque é que o mundo ignora os revolucionários curdos na Síria?


Em 1937, o meu pai ofereceu-se para lutar nas Brigadas Internacionais em defesa da República Espanhola. Um possível golpe fascista foi temporariamente interrompido por uma revolta operária, liderada pelos anarquistas e socialistas, a que se seguiu, em grande parte de Espanha, uma verdadeira revolução social, levando a que cidades inteiras fossem geridas de forma direta e democrática, as indústrias ficassem sob o controle dos trabalhadores e tivesse havido uma participação radical das mulheres.
Para ler o texto completo de David Graeber clique aqui

Marx se une a proletários do século 21 em minissérie argentina


Um rapaz entra em um bar e senta-se no balcão. Leva um susto ao ver um homem de barba branca, tomando cerveja. “O que foi? Nunca viu Marx? Voltei para a Terra porque muito se fala sobre as minhas ideias, porém as estão desvirtuando...”
A cena é uma das viagens entre o passado e o presente que fazem parte da minissérie argentina “Marx voltou”. Trata-se de uma criação do coletivo audiovisual Contraimagen e do Instituto de Pensamento Socialista (IPS). Já foram gravados quatro capítulos com duração de 15 minutos cada um, e o quinto será publicado em breve. Desde o lançamento, os episódios já foram vistos por mais de 300 mil pessoas no YouTube, além de circular em universidades, centros culturais e partidos políticos na Argentina.
“Burgueses e proletários”, “O mercado e as crises capitalistas”, “O Estado e a revolução” e “O comunismo” são os títulos dos quatro episódios, protagonizados pelo ator Carlos Weber, que já interpretou o filósofo alemão na montagem argentina da peça “Marx no Soho”, do historiador e dramaturgo norte-americano Howard Zinn. As ideias de Marx são expostas na minissérie com a ajuda de filmes antigos, achados audiovisuais na internet e animações, entre outros recursos.
Par ver os 4 capítulos desta minissérie argentina clique aqui

Lisboa segue exemplo de Berlim e investe em economia criativa para superar a crise


Will Dyer veio a Portugal em busca de ondas, mas acabou ficando por causa da arte. "Eu esperava um país pobre com uma boa cena de surf, mas Lisboa me impressionou. Há muitos eventos culturais acontecendo aqui", diz o jovem de 28 anos, de Melbourne, na Austrália.
Ele decidiu ficar um mês e explorar lugares como o LX Factory, o coração da nova cena criativa de Lisboa. Este complexo industrial anteriormente abandonado em Alcântara, próximo ao porto, hoje parece uma mistura de cenário de faroeste com um descolado mercado de East London, com longas estradas de terra e galpões cheios de restaurantes da moda, lojas, livrarias e galerias criados por engenhosos habitantes da região e frequentados por turistas interessados em design.
O LX Factory é apenas um dentre os muitos espaços artísticos que surgiram recentemente em Lisboa. Assim como o grafite que se espalha pelos edifícios da cidade, uma nova indústria da criatividade está tomando conta da capital portuguesa.
"Eu realmente não conheço outro lugar que tenha esta atmosfera. É como um vilarejo, mas nossos clientes vêm do mundo todo", diz Margarida Eusébio, proprietária da Wish, uma empresa local de design de interiores.
Este renascimento criativo não é espontâneo, mas resultado de uma política pública que soube aproveitar as oportunidades. Em tempos de crise, a maioria dos governos corta drasticamente os financiamentos para a promoção da arte, do design e do setor editorial. Mas a capital mais ocidental da Europa decidiu, em vez disso, concentrar seus poucos recursos na "economia criativa".
Para ler o texto completo de Laura Secorun Palet clique aqui

Papá em África


Papá em África é uma crítica à dominação racial e colonial que atravessa, ainda hoje, em pleno pós-apartheid, a sociedade sul-africana, mostrando como certas estruturas sobrevivem à destruição dos quadros legais que lhes deram origem. Mas não se enganem, não vão encontrar na obra de Anton, caminhos ou sonhos para uma “nação arco-íris”; nem é oferecida nenhuma reinvenção do lugar do negro na BD ou alguma espécie de “herói” negro da resistência que pudesse ser “voz” da população negra sul-africana, de que Anton, aliás, na realidade não faz parte nem tem a pretensão de ser.
Para ler o texto completo clique aqui

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Os museus na era do 'selfie'


Monalisa, no Museu do Louvre, em Paris, é seguramente a imagem mais famosa do mundo ao lado da criação de Adão (o dedo de Deus)na Capela Sistina. As duas obras-primas do Renascimento, de Leonardo da Vinci e Michelangelo, têm um valor simbólico que vai muito além da arte; mas dividem o mesmo problema: o excesso de visitantes. A sala da Gioconda vive submersa em um constante marasmo, cheia de turistas que dão as costas ao quadro enquanto fazem selfies no meio do rumor constante da multidão, e na capela onde os papas são eleitos se embolam, em qualquer hora do dia em que estejam abertos os Museus do Vaticano, umas 2.000 pessoas (são recebidos cerca de 22.000 turistas por dia).
Para ler o texto completo de Guillermo Altares clique aqui

Chomsky: “Triste espécie. Pobre coruja de Minerva”

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Não é agradável contemplar os pensamentos que devem estar passando pela mente da Coruja de Minerva, que alça voo ao cair do crepúsculo e toma para si a tarefa de interpretar cada era da civilização humana — esta mesma que pode, agora, estar se aproximando de um final inglório.
Nossa era começou há quase 10 mil anos, na região da Crescente Fértil. Estendeu-se, a partir das terras do Tigre e Eufrates, pela Fenícia, na costa oriental do Mediterrâneo, chegando ao vale do Rio Nilo e de lá para além da Grécia. O que está acontecendo nesta região fornece dolorosas lições sobre o abismo ao qual a espécie humana pode chegar.
As terras do rios Tigre e Eufrates têm sido palco de horrores indescritíveis nos últimos anos. A ofensiva de George W. Bush e Tony Blair em 2003, que muitos iraquianos compararam à invasão mongol do século XIII, foi mais um golpe letal. Destruiu grande parte do que havia sobrevivido às sanções da ONU, dirigidas por Bill Clinton contra o Iraque e condenadas como “genocídio” por ilustres diplomatas como Denis Halliday e Hans von Sponeck, que as administravam antes de renunciarem em protesto. Os devastadores relatórios de Halliday e von Sponeck receberam o tratamentos usualmente dispensado a fatos indesejados…
Para ler o texto completo de Noam Chomsky clique aqui

domingo, 12 de outubro de 2014

"Lisboa" - Wendy Nazaré & Pep's


Para escutar a canção "Lisboa" nas vozes de Wendy Nazaré & Pep's clique no vídeo aqui

Afinal, quem realizou a descolonização?


A descolonização portuguesa não tem autores. Ninguém assume a sua paternidade. E como nos explica Helena Matos neste ensaio, ela já era irreversível em Junho de 1974, uma altura de falsa tranquilidade.
Para ler o texto completo de Helena Matos clique aqui
Leia também o texto "Moçambique, 7 de setembro de 1974: os dias do fimde Miguel Freitas Costa clicando aqui 
Leia também o texto "Os retornados começaram a chegar há 40 anos" de Helena Matos  clicando aqui

Menos de 25% dos protagonistas no cinema são mulheres, revela pesquisa


Mulheres em postos de comando, ocupando cargos como a Presidência da República ou ganhando prêmios pelo desempenho acadêmico podem até ser mais comuns nos dias atuais. No entanto, ainda não é essa a representação feita sobre as mulheres no cinema, segundo a publicação Preconceito de Gênero sem Fronteiras: Uma Pesquisa sobre Personagens Femininos em Filmes Populares em 11 Países, feita pelo Geena Davis Institute on Gender in Media, a Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres e a Fundação Rockefeller.
A pesquisa destaca que, embora as mulheres sejam metade da população do mundo, dos 5.799 personagens falantes ou nomeados na tela, 30,9% são do sexo feminino. No caso dos filmes de ação ou aventura, essa participação é ainda menor: elas são 23% dos personagens com falas. Já em relação aos protagonistas, apenas 23,3% das tramas tinham uma menina ou uma mulher no papel principal.
Para ler o texto completo de Helena Martins clique aqui

"O Banqueiro" filme de Craig-James Moncur


Para ver o "O Banqueiro" (5',42) filme escrito, realizado e produzido por Craig-James Moncur e dito por Mike Daviot clique aqui

'Clandestinas': mulheres relatam histórias reais de abortos ilegais no Brasi


No Brasil, o aborto é permitido somente em casos de gravidez em decorrência de estupro, risco de vida para a mulher gestante, e nos casos de anencefalia fetal. Mulheres que por qualquer outra razão precisem ou queiram interromper suas gestações no país são obrigadas a recorrer a clínicas clandestinas e, muitas vezes, a realizar o procedimento em condições insalubres. Segundo estudo da OMS (Organização Mundial da Saúde), são realizados anualmente 22 milhões de abortos inseguros em todo o mundo, e 98% desses procedimentos ocorrem em países em desenvolvimento, onde a prática é majoritariamente criminalizada. A proporção de mortalidade devido a complicações decorrentes de aborto inseguro costuma ser mais alta nos países com restrições ao procedimento, e mais baixa nos países onde as mulheres têm livre acesso a serviços seguros. Na América Latina e no Caribe, a taxa é de 30 mortes a cada 100 mil abortos inseguros; nos Estados Unidos, onde a prática é legal em alguns estados e realizada em condições seguras, a taxa é de 0,7 mortes a cada 100 mil procedimentos legais.
Para ler o texto completo clique aqui

Escritor francês Patrick Modiano vence o Prêmio Nobel de Literatura de 2014


Modiano nasceu em 1945 em Boulogne-Billancourt, nos arredores de Paris, filho de um homem de negócios e uma atriz. O livro mais famoso do autor é "Uma rua de Roma", que conta a história de um detetive que perde a memória. Ele é considerado o principal escritor francês da atualidade.
A estreia de Modiano no mundo da literatura remonta a 1968 com o romance "La Place de L'étoile" e seu último livro chegou às livrarias este ano sob o título de "Pourquoi Tu Ne Te Perdes Pas Dans le Quartier".
As obras do autor, segundo o júri, se centram "na memória, no esquecimento, na identidade e na culpa", com Paris como palco de muitos de seus livros.
Para ler o texto completo clique aqui

Apesar de uso de diferentes métodos, contagem de refugiados continua imprecisa


Quantas pessoas precisam morrer antes que uma tragédia chegue à primeira página? Quantas pessoas precisam deixar suas casas e seus países até que a crise seja grave o suficiente para interessar leitores, espectadores e ouvintes?
Jornalistas precisam de números: de pessoas mortas, desabrigadas, refugiadas. Isto é feito por organizações internacionais, como as Nações Unidas. Elas se fiam em números para descobrir quanto dinheiro e que tipo de recurso deve ser investido em um desastre específico. Grupos humanitários precisam de números para coordenar suas respostas e determinar para onde enviar auxílio em primeiro lugar. Grupos de apoio a diferentes causas humanitárias precisam de números para promover a conscientização sobre essas questões, e de fundos para pagar por seus suprimentos e esforços.
Estes números são a base sobre a qual se constrói a intervenção humanitária. Eles são a moeda corrente no mundo da resposta às catástrofes. Sem eles, as organizações agiriam às cegas: sem conhecimento da escala dos problemas e, portanto, parcamente equipada para lidar com eles de maneira adequada.
Para ler o texto completo de Simon Allison clique aqui

Com o terror racional podemos dialogar?


Do alto de sua sabedoria e de seu “realismo humanista”, experientes jornalistas, analistas internacionais, professores e diplomatas brasileiros estão em estado de indignação após odiscurso da presidenta Dilma Rousseff na ONU.
Tudo isso porque a presidenta condenou o uso da força por parte dos EUA como meio de resolução de conflitos armados que acontecem, atualmente, na Síria e no Iraque, ao mesmo tempo em que solicitou o diálogo com a comunidade internacional e apelou para o uso do direito e das instituições internacionais como instrumentos mais adequados para a paz. Os “indignados” dizem ser favoráveis ao diálogo e apoiam a utilização do direito internacional, mas ressalvam que isso não serve para esses “fanáticos islâmicos”. Segundo um experiente jornalista brasileiro, “nem à força esse tipo de fanáticos se dobra”. Se eu entendi corretamente, o jornalista quer dizer que eles não são passiveis de dissuasão. Bem, neste caso sou obrigado a concluir que é preciso eliminá-los. É isso mesmo?

No mesmo veiculo de comunicação, um diplomata igualmente sábio e experiente condena as “banalidades piedosas” de nossa diplomacia em relação a esses “fanáticos” e “psicopatas”. Estamos diante de verdadeiros humanistas, que valorizam os direitos humanos, a Justiça e a igualdade; mas não são ingênuos e colocam ressalvas em relação àqueles que seriam dignos desses valores.  Do alto de sua sabedoria, compartilhada com aqueles que usam a força, julgam que têm autoridade moral para qualificar quem merece e quem não merece ser agraciado para o diálogo ou, no que dá no mesmo, quem merece e quem não merece morrer. Os gregos chamavam isso de Hybris.

Para ler o texto completo de Reginaldo Mattar Nasser clique aqui

sábado, 11 de outubro de 2014

"Quero apenas cinco coisas...." - Pablo Neruda


Quero apenas cinco coisas.
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser… sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando.


Pablo Neruda

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