sábado, 26 de março de 2016

Rui Knopfli fala das raízes



Rui Knopfli fala das raízes

Nasci moçambicano, em Inhambane, e morri em Lisboa – mas não lisboeta. Fui a vida inteira português, pois nunca tive outro passaporte, e no entanto pouco me interessei por Portugal. Raízes? O que são raízes para um escritor? As raízes de um escritor afundam-se em terrenos que ele, eventualmente, nunca pisou. Versos lidos há muito tempo, de um velho poeta javanês (é só um exemplo), podem ressurgir décadas depois, delidos, ténues, e alimentar outros poemas. Um dos meus detractores sistemáticos há-de acusar-me, lendo-os, de não ter sido eu suficientemente afri­cano, ou de não ter sido suficientemente português – e estará certo. Nunca fui suficientemente nem uma coisa nem outra, ou outra ainda, porque aos poetas, aos romancistas, calha bem ser todos os homens e de todas as nações, às ­vezes simultaneamente. Um escritor exercita-se a vida inteira para conseguir tornar-se fluente em múltiplas nacionalidades, personalidades, etc. Uns poucos conseguem-no.
Sei, não obstante, que me senti sempre mais africano do que europeu e deixei disso testemunho num poema, um tanto ingénuo, mas de maior circulação do que os restantes, talvez por haver muitos leitores que nele se reconhecem. Também para isso servem os poetas – para aju­darem os outros a expressarem-se: «Europeu, me dizem. / Eivam-me de literatura e doutrina / europeias / e europeu me chamam. // Não sei se o que escrevo tem a raiz de algum // pensamento europeu. / É provável... Não, é certo, / mas africano sou. / Pulsa-me o coração ao ritmo dolente / / desta luz e deste quebranto. / Trago no sangue uma amplidão / de coordenadas geográficas e mar Índico. / Rosas não me dizem nada, / caso-me mais à agrura das micaias / ao silêncio longo e roxo das tardes / com gritos de aves estranhas. // Chamais-me europeu? Pronto, calo-me. / Mas dentro de mim há savanas de aridez / e planuras sem fim / com rios langues e sinuosos, / uma fita de fumo ver­tical, / um negro e uma viola esta­lando.»
Os sul-africanos zangaram-se com J.M. Coetzee por este ter abandonado o país, radicando-se na Austrália. Pior: Coetzee deixou a África do Sul após o fim do apartheid e a transição para um regime democrático e não racial, requerendo e obtendo a nacionalidade australiana. Tivesse feito o mesmo, mas cinco anos antes de Mandela irromper, como um deus magnânimo, de Robben Island, e ninguém teria reparado. Assim foi um escândalo, quase uma declaração de guerra contra o país do arco-íris. Também Mario Vargas Llosa – que os peruanos não quiseram como Presidente, preferindo ­votar em Fujimori – abandonou o país, após a vitória do adversário, requerendo a nacionalidade espanhola. Todavia, Coetzee, cidadão australiano, continuou a escrever como Coetzee, escritor sul-africano, embora acrescentando à galeria dos seus austeros personagens uma escritora australiana, Elizabeth Costello, que se assemelha ao próprio Coetzee na fúria (elegante) com que defende o vegetarianismo, e em mais umas poucas opiniões menos convencionais. Mario Vargas Llosa, cidadão espanhol, não deixou nunca de ser Mario Vargas Llosa, escritor peruano (aliás, quase tudo é Peru em Vargas Llosa).
São raros os escritores que ao mudar de passaporte transitaram também para uma nova nacionalidade literária. Talvez Nabokov, ou nem ele, pois o autor de Lolita recebeu desde o berço uma educação cosmopolita, e além disso qualquer um consegue ser americano (já o somos todos). Ser um escritor australiano também não me parece difícil. Canadiano parece-me ser ainda mais fácil. Neste último caso exige-se apenas uma absoluta indiferença, ou desprezo, como quiserem, em relação a raízes, países, narizes, e todas as armadilhas semelhantes; basta ser de toda a parte, e de nenhuma, como muito bem tem vindo a fazer Michael Ondaatje.
Pagaria, isso sim, e pagaria bem, para ver Nabokov, ou Coetzee, ou Ondaajte a transformarem-se em escritores japoneses.

Crónica publicada na edição nº 80 (01.05.09) da LER.

Protestos Sociais em Marrocos e a dita "primavera" dita "árabe"

Manifestação do M20F em Rabat, realizada a 21 de fevereiro de 2012, celebrando o seu primeiro aniversário. No cartaz lê-se 'O regime quer a queda do povo'. Fotografia de Hugo Maia.

Apesar da importância dos bloggers e das redes sociais nas recentes revoltas no mundo árabe, a cobertura mediática a esta série de eventos apresentou uma narrativa pautada geralmente pela ideia de uma movimento social espontâneo gerado exclusivamente à volta de bloggers e internautas do Twitter e do Facebook.
Para ler o texto completo de Hugo Maia clique aqui

É Sábado de Aleluia. Dia de malhar o Judas que sorri para nós no espelho

Renato Mendes/Brazil Photo Press/Folhapress

Hoje é Sábado de Aleluia. Dia da Malhação do Judas.
Para quem não é ou não foi cristão, nem acompanha as notícias, a tradição ibérica consiste em fazer um boneco de pano, papel, serragem, jornal, o que seja, para representar Judas Iscariotes – o delator de Jesus – e humilhá-lo, xingá-lo, surrá-lo, queimá-lo, alfinetá-lo, explodi-lo.
Para ler o texto completo de Leonardo Sakamoto clique aqui

Dirigente da Transparência Brasil avalia a operação Lava Jato

Claudio Weber Abramo / Foto Wikimedia / CC

Claudio Weber Abramo, o vice-presidente da  da organização não governamental Transparência Brasil deu uma entrevista a rádio Deutsche Welle, da Alemanha,  sobre o desenrolar da operação Lava Jato na qual emite uma série de opiniões capazes de provocar algumas reflexões sobre o combate à corrupção no Brasil.  
Para ler a entrevista de Claudio Weber Abramo clique aqui

Humor: Se Fernando Pessoa e seus heterônimos fossem jornalistas


Apenas quatro dos heterônimos ainda trabalhavam na redação. Outros seis ou sete tinham perdido seus empregos após seguidos passaralhos. Fernando Pessoa mesmo, o que deu origem à série, já tinha montado sua própria agência de assessoria de imprensa.
Para ler o texto completo de Duda Rangel clique aqui

A manipulação de contextos na montagem de notícias


Se há um veículo de comunicação na imprensa brasileira que costuma levar a manipulação da informação ao seu estágio mais sofisticado, este é o principal telejornal de Rede Globo de Televisão. Há muito tempo que o JN reduziu a prioridade pela notícia para enfatizar programas e eventos envolvendo interesses comerciais da empresa , bem como o proselitismo aberto em favor das causas político-financeiras apoiadas pelas Organizações Globo.
Para ler o texto completo de Carlos Castilho clique aqui

Qual a diferença entre uma criança em uma manifestação de esquerda e em uma de direita?

Fonte: CUT

O mês de março continua no clima de tensão política acirrado. As manifestações de coxinhas pedindo o impeachment pipocam por todo o país, assim como as manifestações governistas de apoio à Dilma e Lula. Existem também manifestações de pessoas, organizações e movimentos que defendem uma saída à esquerda para a crise, contra as movimentações da direita para ocupar a presidência e também contra os rumos de um governo que segue retirando direitos e igualmente atacando a democracia (Nas últimas semanas, por iniciativa do governo, o congresso nacional aprovou leis que atacam o direito a manifestação).
Para ler o texto completo de Gustavo Belisário clique aqui

domingo, 20 de março de 2016

O quase desconhecido Brasil Cigano

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Os primeiros chegaram em 1574. Hoje, são quase 500 mil, de três etnias. Vivem em 291 acampamentos, em 21 Estados do país. Mas ainda têm dificuldades para acesso a programas sociais e educação para os filhos.
Para ler o texto completo de Hylda Cavalcanti clique aqui

Spotlight: sobre pedofilia e uma mídia que morreu

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Vencedor do Oscar, filme de Tom MaCarthy expõe, enxuto e sem melodramalhões, abusos de crianças por religiosos. Obra relembra um tempo em que jornais comerciais cumpriram papel civilizatório.
Para ler o texto completo de José Geraldo Couto clique aqui

Leonardo Avritzer: Solução para a crise está no interior das instituições políticas


Des-institucionalização é um conceito importante para explicar crises políticas. O pressuposto dos que operam com esse conceito é que a canalização dos conflitos e da sua solução para o interior das instituições políticas é o que produz a estabilidade democrática. Esta por sua vez, exige um equilíbrio entre os Poderes, já que na democracia dois Poderes representam a soberania popular, e um outro, o estado de direito.
Para ler o texto completo de Leonardo Avritzer clique aqui

'Políticas públicas de combate à violência contra mulheres não atingem as negras', diz Djamila Ribeiro


Enquanto taxas de homicídios entre brancas diminuem, as de mulheres e meninas negras tiveram alta de 19,5% em 10 anos; ‘é preciso romper com essa tentação de universalidade que exclui’, diz a filósofa.
Para ler a entrevista com Djamila Ribeiro clique aqui

O ano de 2015 marca o big bang da economia ociosa


A indústria do táxi treme por causa da Uber e outros sectores passarão pelo mesmo. Um dos gurus mundiais da gestão vê múltiplos exemplos. As empresas tradicionais que se cuidem.
Para ler a entrevista de Kenichi Ohmae clique aqui

Grande imprensa brasileira age como organizadora de protestos anti-PT, diz The Intercept


Site diz que Globo noticiou diálogo entre Dilma e Lula 'de modo melodramático' e que principais revistas do Brasil fizeram 'ataques inflamatórios' ao PT.
Para ler o texto completo clique aqui

Assistam a esta fala rápida (2 minutos) de Renato Ortiz* sobre a grande mídia brasileira clicando aqui

*Nascido em 1947, Ortiz é considerado um dos mais importantes sociólogos brasileiros. É Professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) tem graduação em Sociologia pela Université de Paris VIII (1972) e doutorado em Sociologia/Antropologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (1975). Referência nos estudos sobre indústria cultural, modernidade e mundialização, Ortiz foi professor visitante e convidado em diversas instituições fora do país, como New York University, Notre Dame University (Indiana), Stanford University, Institut de l’Amerique Latine (Paris), Leiden University (Holanda) e Universidad de Buenos Aires.

Karla Cunha Pádua, The school as a project for the future: a case study of a new Pataxó village school in Minas Gerais

A professora Karla Cunha Pádua, autora da pesquisa realizada numa aldeia da etnia Pataxó 

O texto apresenta reflexões de professores/as indígenas sobre o papel da escola, numa nova aldeia Pataxó em Minas Gerais. Os dados foram coletados por meio de “entrevistas narrativas” com professores/as dessa aldeia que participaram do primeiro curso de Formação Intercultural de Educadores Indígenas (FIEI), oferecido pela Universidade Federal de Minas Gerais. Nessas narrativas, a escola e a formação são apresentadas como um projeto coletivo, da e para a comunidade e voltados para a realização de seus projetos de futuro. A escola aparece como central na articulação entre modos tradicionais de produzir conhecimento e a formulação de alternativas para projetos futuros. 
Para ler o texto completo de Karla Cunha Pádua clique aqui

sábado, 19 de março de 2016

Ângela Rô Rô & Paulinho Moska - "Feliz da Vida"


Para assistir á interpretação de  "Feliz da Vida" nas vozes de  Ângela Rô Rô & Paulinho Moska clique no vídeo aqui

Boulos: Sérgio Moro, juiz ingênuo?

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As empresas que financiaram o PT abasteceram o PSDB. Os patrocinadores do Instituto FHC são os do Instituto Lula. As delações que citam Aécio foram esquecidas. Por que?
Para ler o texto completo de Guilherme Boulos clique aqui

A pele de Cavaco e os milagres de Marcelo


 Portugal largou Cavaco como se mudasse de pele. Nenhuma transição desde o fim da ditadura gerou este alívio, quase uma libertação nacional. Marcelo tomou posse do momento, impaciente de optimismo e ecumenismo: apaziguar, unir, sorrir, curar. Descendo a minha rua, vi lágrimas no meio do povo, aos pés da Assembleia. No item empatia, foi a passagem do zero para a maioria absoluta. E aí vai Portugal para a Primavera de 2016, cheio de fé renovada.
Para ler o texto completo de Alexandra Lucas Coelho clique aqui

Fim da Nova República?

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A ofensiva contra o governo Dilma e a principal liderança petista, Luiz Inácio Lula da Silva, parece encerrar um ciclo iniciado no Brasil a partir da abertura em 1979, que condicionou o processo político no país a avanços democráticos, lentos, graduais e seguros para as classes dominantes, responsáveis pelo Golpe de 1964 e por seu modelo econômico.
Para ler o texto completo de Carlos Eduardo Martins clique aqui

'Vigilância não tem a ver com segurança, tem a ver com poder', diz Edward Snowden


Em entrevista, ex-analista da NSA diz se arrepender de não ter vazado documentos antes e alerta para fato de que vigilância massiva não ajudou a prevenir ataques terroristas ao redor do mundo.
Para ler a entrevista de Edward Snowden clique aqui

Ser africano em Cabo Verde é um tabu

Adriano Miranda

Cabo Verde não é África, os cabo-verdianos são “pretos especiais” e os mais próximos de Portugal. É o país da mestiçagem, a “prova” da “harmonia racial” do luso-tropicalismo. Durante anos esta foi a narrativa dominante. Ser ou não ser africano ainda continua como ponto de interrogação. 
Para ler o texto completo de Joana Gorjão Henriques clique aqui

Eleição ou farsa nos Estados Unidos?

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O povo, nos Estados Unidos, é bastante ingênuo, fruto de muitos anos de alienação e manipulação de sua consciência. De um lado, assumem um fundamentalismo ético religioso, apoiam “guerras santas” contra os demônios da vez, e de outro lado se deixam enganar por uma elite e ajudam a perpetuar o sistema de dominação gerador de crises e de guerras.
Para ler o texto completo de Paulo Cannabrava Filho clique aqui

quarta-feira, 16 de março de 2016

ELIANE BRUM: Na política, mesmo os crentes precisam ser ateus


O momento do Brasil, culminando com as manifestações de 13 de março, mostra os riscos de uma adesão pela fé: é preciso resistir pela razão. 

Para ler o texto completo de Eliane Brum clique aqui

Inspiração da Lava Jato a operação Mão Limpas gerou corrupção 2.0, diz pesquisador italiano

O cientista político Alberto Vannucci, professor da Universidade de Pisa

Inspiração da Lava Jato a operação Mãos Limpas gerou corrupção 2.0, diz pesquisador

FERNANDA MENA

DE SÃO PAULO

16/03/2016 

As manifestações do último domingo (13) exaltaram a Operação Lava Jato e seu mais célebre protagonista, o juiz federal Sergio Moro.
Se a iniciativa anticorrupção italiana, chamada Operação Mãos Limpas, que inspirou a brasileira, ditasse também seu desfecho, haveria pouco a comemorar.
Ao investigar milhares de políticos italianos, incluindo quatro ex-primeiros-ministros e centenas de empresários, a Mãos Limpas paradoxalmente promoveu uma espécie de "corrupção 2.0", difusa e de difícil combate.
O diagnóstico é do cientista político Alberto Vannucci, 52, professor da Universidade de Pisa e principal referência de Moro em artigo de 2004 sobre a operação italiana.
Segundo Vannucci, a falta de medidas de promoção de transparência e prestação de contas fez com que o esforço daquele grupo de juízes acabasse em pizza.
Leia trechos da entrevista.
*
Folha - A Itália tem hoje índices de percepção de corrupção semelhantes àqueles pré-Operação Mãos Limpas. O que deu errado?
Alberto Vanucci - Há uma série de motivos para isso. O primeiro deles é que a Mãos Limpas foi uma ação judicial que obteve sucesso parcial na repressão e sanção de certas atividades criminosas cometidas pela classe política e econômica italianas, mas foi um fracasso completo na renovação da política italiana.

Não promoveu nenhuma melhora na transparência, na prestação de contas nem na capacidade de resposta das instituições políticas italianas. Ao contrário, até duas décadas depois da operação, não havíamos criado nenhuma lei anticorrupção.
Pior: várias medidas, propostas e aprovadas pelos partidos de centro direita e de centro esquerda, aumentaram a imunidade da classe política ao criar obstáculos para investigações. Eles aprenderam a lição e, no ano seguinte ao término da operação, recobrado o direito de criar e aprovar leis, criaram condições para o desenvolvimento de uma corrupção mais difusa e de mais difícil detecção. Uma corrupção 2.0.
A indignação da sociedade com a corrupção revelada pela operação não teve continuidade após seu término?
O apoio popular às ações anticorrupção da Mãos Limpas teve vida curta. Talvez a maior causa da falta de reação do eleitorado ao que se seguiu à Mãos Limpas tenha sido o fato de seu desenvolvimento ter partido da investigação das elites política e econômica para a apuração de uma cultura de corrupção que envolvia atores da chamada sociedade civil: médicos, pequenos empresários que pagavam propinas regulares etc. Quando a percepção de risco de envolvimento nas denúncias cresceu entre a maior parte da população italiana, a corrupção deixou de ser um assunto.

Qual foi o papel da mídia?
No início da operação, havia um interesse intenso da mídia. O nível dos políticos envolvidos tendia a aumentar a cada fase da Mãos Limpas.

Em poucos meses, as lideranças dos partidos políticos mais importantes da Itália estavam sendo acusados.
Depois desse impacto inicial, no entanto, tiveram início os processos judiciais, que foram muito morosos.
Muitas vezes tão lentos que os crimes prescreviam antes de terminarem os julgamentos em todas as instâncias. Muita gente se livrou das acusações por causa disso.
Como a Mãos Limpas colaborou, de certa maneira, para a ascensão de Silvio Berlusconi a primeiro-ministro?
Diretamente. A escalada de Berlusconi é uma consequência direta da operação. Antes de 1992, ele era um empresário de vários setores, como mídia, futebol, finanças e seguros. São atividades que estavam sobre algum tipo de regulação pública, e ele havia comprado proteção política, em especial entre as lideranças de centro direita e centro esquerda, que foram varridas da cena institucional durante a operação Mãos Limpa.

O Partido Socialista Italiano, que tinha 15% do eleitorado o apoiando, ficou com menos de 1% em 1994, dois anos após o início da operação. O Partido Democrata Cristão caiu de 30% para menos de 11%. Berlusconi percebeu este vazio político, este vácuo de representação, e, com seu talento empresarial, criou seu próprio partido, batizado de Forza Itália, algo que se grita nos estádios durante jogos de futebol.
Como a população não queria mais votar nos velhos partidos envolvidos nos escândalos de corrupção, Berlusconi obteve esses votos.
Seu partido foi fundado em janeiro de 1994 e, em março, obteve mais de 20% dos votos e conquistou maioria na Câmara dos Deputados, o que o tornou primeiro-ministro.
A tal crise de representatividade política.
Sim. A completa deslegitimação da classe política dominante fez surgir uma nova safra de atores profundamente envolvida no sistema de corrupção que existia antes da operação, da qual Berlusconi é o maior exemplo.

A percepção dos eleitores se tornou binária: se o político era antigo, era ruim e corrupto; se era novo, era bom e presumivelmente honesto. Berlusconi era novo, apesar de não ser honesto. Sua condenação por fraude fiscal, no entanto, ocorreu apenas em 2012.
Ou seja, eliminar um circuito de corruptos e corruptores pode simplesmente promover um novo circuito de corrupção ainda pior?
Infelizmente, sim. No ambiente de corrupção pós-Mãos LImpas, os novos partidos políticos não podiam exercer o papel de garantidores do sistema nacional de corrupção, mas outros atores, como empresários, intermediários, políticos ou mesmo integrantes do crime organizado, passaram a ser os garantidores de um sistema local e mais restrito de corrupção. Agora temos um sistema policêntrico.

O efeito dominó que a Mãos Limpas teve se tornou algo impossível de se repetir, e a corrupção, mais difícil de ser punida.
Qual foi a importância das prisões preventivas para a operação Mãos Limpas?
Foi muito importante para dar início à bola de neve que deu à Mãos Limpas a proporção que ela teve. O primeiro político preso, Mario Chiesa, pode ficar até três meses em prisão cautelar, de acordo com a legislação italiana. Por dois meses, ele resistiu, até que as evidências reunidas contra ele se tornaram tão consistentes que ele foi expulso do seu partido. Sem apoio, confessou e começou a colaborar com as autoridades.

Ao denunciar o envolvimento de outros políticos e empresários, criou um fluxo de informações sobre quem havia pago o quê e para quem.
Como a corrupção é um crime do colarinho branco, geralmente envolve as elites, gente que não imaginava que poderia ser presa. Reunidas as evidências que justificassem a prisão cautelar, um curto período de tempo atrás das grades se mostrava suficiente para que essas pessoas cooperassem. isso porque, apesar de serem criminosos, em geral não são violentos e não se consideram ladrões.
Esses poucos dias, semanas ou meses na prisão acabaram se tornando a única pena por eles cumprida porque a cooperação em muitos casos levou à extinção da punição por aquele crime.
Era a contrapartida das delações?
A prisão preventiva só pode ser justificada quando há razões como a possibilidade de repetição do crime, de atrapalhar as investigações, de coagir testemunhas etc.

Quando há uma confissão completa e verossímil, as razões para a manutenção para a prisão cautelar desaparecem e o preso era enviado para prisão domiciliar ou mesmo libertado, o que se tornou um grande incentivo para cooperação.
Quem pagou pelos crimes, então? Não houve, em certa medida, impunidade para os crimes de corrupção descobertos pela Mãos Limpas?
Há estatísticas que mostram que mais ou menos 25% dos investigados na operação foram condenados, o que é mais que média de condenação para os crimes comuns na Itália. Menos de 2% dos condenados cumpriu pena restritiva de liberdade, ou seja, prisão em regime fechado. A grande maioria recebeu penas alternativas de prestação de serviços à comunidade e coisas do gênero.

De que maneira este resultado pode configurar incentivo à corrupção?
É dramático dizer, mas acredito que seja, sim, um incentivo. Essa não é uma opinião minha apenas. Muitos dos juízes que participaram da Mãos Limpas admitiram, de forma melancólica, que a operação foi inócua em muitos aspectos, numa visão otimista, quando não prejudicial porque ensinou algumas lições para aqueles envolvidos no circuito de corrupção sistêmica de forma que eles pudessem criar novos modelos de atividade ilegal com altas expectativas de impunidade.

Neste sentido, teria a Mãos Limpas fomentado um processo de deslegitimação do próprio Judiciário e de sua eficácia?
Sim, certamente. Isso é exatamente o que observamos após a ascensão de Berlusconi, quando a grande questão de debate na esfera pública deixou de ser a corrupção política e passou a ser a medida em que os operadores do Direito poderiam investigar e processar políticos uma vez que não eram figuras eleitas democraticamente. Ou seja, de onde viria o poder e a legitimidade desses juízes se não haviam sido eleitos pelo povo?

Surgiram ainda questões como: por que os juízes estão investigando e processando certos políticos e não outros? Suas ações são isentas ou orientadas politicamente?
Apesar desses questionamentos terem sido levantados tanto pela centro direita como pela centro esquerda italianas, o primeiro a fazê-lo foi Berlusconi, que foi acusado de corrupção apenas alguns meses depois de ter se tornado primeiro ministro. Ele começou uma campanha muito dura contra essas acusações. E inquéritos judiciais se tornaram instrumentos de conflito político.
Como é esperado do juiz que siga suas obrigações institucionais com isenção, seguindo princípios do Estado de Direito, a acusação de que o Judiciário havia se politizado traiu a confiança da sociedade e deslegitimou as ações.
Claro que o risco de juízes se orientarem por suas posições pessoais sempre existe em qualquer sistema institucional. Mas quando o Estado de Direito funciona, haverá sempre outros juízes que poderão impedir alguém com motivações pessoais de práticas enviesadas. 

FONTE: Aqui

As relações humanas em "As invasões Bárbaras"

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As Invasões bárbaras trata-se de um filme canadense, de 2003, e dirigido pelo cineasta Denys Arcand, que possui em seu currículo filmográfico obras importantes como O declínio do Império Americano, 1986, O Jesus de Montreal, 1989, Amor e Restos Humanos, 1993, A Era da Inocência, 2007, entre outros.
Para ler o texto completo de Ana Karla Farias clique aqui 

Quero te contar por onde andei

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O chão que eu piso: Projeto fotográfico coletivo e colaborativo que mostra a beleza e a importância de olhar para o chão.
Para ler o texto completo de Michelle Oliveratto clique aqui

"Entre mim e o mundo" - PRÉ-PUBLICAÇÃO


Entre mim e o mundo, de Ta-Nehisi Coates (editora Ítaca) é uma reflexão profunda e pessoal, muitas vezes indignada, sobre o racismo. Numa carta ao filho adolescente, Ta-Nehisi Coates recorda a sua infância e juventude num bairro violento de Baltimore, o despertar intelectual por via dos livros, dos discursos de Malcolm X e de mulheres amadas. Dolorosamente, relembra ainda a perda de um colega de faculdade, também ele negro, vítima de uma perseguição policial.
Para ler as primeiras páginas do livro clique aqui

Universidade do Estado de Minas Gerais: Demissão em massa, salários reduzidos, calote de férias, 1ª colocada não admitida


UEMG: Demissão em massa, salários reduzidos, calote de férias, 1ª colocada não admitida

Hudson Lacerda

Após dispensar 92% de seus professores em 31/12/2015, a UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) ficou com apenas 127 professores estáveis. Por quase dois meses, unidades ficaram sem coordenadores, sem chefes de departamentos, e mesmo sem diretores e vice-diretores. Até servidores recém designados, que poderiam ter seus contratos renovados por mais um ano, foram desligados. Servidores afetados pela Lei 100/2007 saíram sem sequer receber o pagamento de férias; a UEMG ficou praticamente sem pessoal; e o governo economizou na folha de pagamento.
Então, às pressas, foi realizado um Processo Seletivo Simplificado.
(PSS) para designar temporariamente outros professores. Por falta de professores efetivos suficientes para realizar as avaliações no formato tradicional, a seleção fez-se apenas por análise dos currículos dos candidatos.
Nesse processo, chamam a atenção pelo menos dois incidentes recentes:
Primeiro, houve o caso de uma candidata que foi classificada em 1ª para uma vaga na Escola Guignard, mas não foi designada para o cargo. Ela obteve 91 pontos, a terceira maior pontuação na unidade. Sentindo-se injustiçada, a Profª Rosvita escreveu uma carta aberta que pode ser lida em:
O segundo incidente foi que os Editais foram alterados após a seleção, após os resutados finais, após a designação de classificados (sem a Profª Rosvita!) e após o primeiro mês de trabalho dos designados.
Para ser mais exato, o Editais foram alterados no dia do primeiro pagamento (07/03/2016), com a informação de que as remunerações seriam menores do que inicialmente anunciado. Veja-se o Documento 5, Errata de
Certo é que eu nunca vi nem ouvi falar de errata em edital de seleção aparecer depois da seleção, depois dos resultados finais, depois da contratação e depois do primeiro mês trabalhado!
Para além desses incidentes, é importante saber que a UEMG, que passa por franca expansão em número de unidades, ainda precisa regularizar a situação de seus servidores, contratados de forma precária. Nunca houve concursos públicos para cargos efetivos, excetuadas algumas raríssimas vagas a partir de 2009. (Ao contrário da educação básica, na UEMG não há concursados aguardando nomeação.) Em mais de duas décadas de existência da universidade, nenhum governo cumpriu a promessa de realizar concursos -- promessa ouvia ao longo de todo esse tempo, juntamente com a promessa da construção do “Novo Campus”.
Os professores afetados pela Lei 100 foram, primeiramente, alvo de calote de suas contribuições para a Previdência, então usados para salvar as contas de Aécio/Anastasia, agora outra vez usados para salvar as contas de Pimentel, jogados no lixo sem sequer receber pagamento do rateio de férias. Aqueles que retornaram designados amargam perdas salariais de mais de 40%, e, agora, são surpreendidos com essa informação de a remuneração é menor do que a prometida.
O calote das férias mereceria um texto à parte. Vários colegas telefonaram para o Departamento de Recursos Humanos (DRH) da UEMG para saber por que não foi pago no início de 2016 o valor das férias do ano de 2015; a resposta que obtiveram é que ele já teria sido pago em janeiro de 2015, porque as férias são pagas antes do ano trabalhado...!!! Eu, no entanto, ao invés de telefonar, fiz a pergunta por escrito. Não sei por quê, após diversas tentativas, não obtive resposta nem da SEPLAG, nem do setor de pagamento, nem do DRH da UEMG.
Continuo aguardando que a SEPLAG analise e responda objetivamente o que aconteceu. O Sind-UTE/MG também tem cobrado do governo Pimentel que pague essas férias:
Enquanto isso, a UEMG continua com 92% de professores temporários, sem infra-estrutura adequada, com funcionários mal remunerados (os servidores técnico-administrativos não são promovidos quando se qualificam), unidades sem prédios próprios, funcionando em locais cedidos ou alugados, ou simplesmente inadequados, sem professores efetivos suficientes para assumirem pesquisas, direções, chefias e coordenações, cargos que são ocupados por bravos designados (sem remuneração ou norma para isso). Além de tudo, e apesar de tudo, a UEMG seguiu ao longo do tempo agregando novas unidades, triplicando suas despesas, sem resolver os antigos problemas das unidades preexistentes e descartando professores que construíram as histórias de cada unidade (nova ou antiga).
Que venham dias melhores para a Universidade do Estado de Minas Gerais, seus funcionários, professores e estudantes.
Para mais informações sobre a situação da UEMG, recomendo a leitura deste texto da Profª Liliana Borges:
Hudson Lacerda - www.hudsonlacerda.com

Indicado pela Fuvest, Pepetela defende que brasileiros leiam mais africanos

Pepetela

Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos. Se chamar pelo nome, pouca gente conhece, mas é o que consta na certidão de nascimento de Pepetela, escritor angolano e um dos principais autores africanos da atualidade. Aos 74 anos, está em evidência no Brasil porque a Fuvest, o maior vestibular do país, colocou um de seus livros dentre as leituras obrigatórias para a prova que dá acesso a diversas de nossas universidades, dentre elas a USP. O título em questão é “Mayombe”, de 1980, sobre a vida dos guerrilheiros – o autor era um deles – do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) durante a guerra contra os portugueses, entre as décadas de 60 e 70, pela independência do país.
Para ler o texto completo de Rodrigo Casarin clique aqui

terça-feira, 15 de março de 2016

Para Jessé de Souza, classe média é sadomasoquista ao apoiar elites

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Os últimos seis meses foram de tormentas para o sociólogo potiguar Jessé Souza, 55 anos. Sua obra – até então festejada nos redutos acadêmicos – tem saído das estantes direto para as mãos daqueles que procuram uma explicação para o caos econômico e político em que se meteu o país. O que diz nem sempre agrada. Algumas polêmicas rendem réplicas e tréplicas nas páginas dos jornais, acrescidas de golpes baixos nas redes sociais e menções nas apaixonadas rinhas políticas da era Lava Jato. “Até agora, só me xingaram. Estou à espera de um debate de verdade”, provoca o autor de A tolice da inteligência brasileira, A ralé brasileira e de Os batalhadores brasileiros.
Para ler a entrevista de Jessé de Souza clique aqui

António Zambujo - "Canção de Brazzaville" (ao vivo no "La Cigale" - Paris)


Para assistir à interpretação "Canção de Brazzaville" (ao vivo no "La Cigale" - Paris) na voz de  António Zambujo clique no vídeo aqui

Fotos inusitadas

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Para ver um conjunto de fotos inusitadas clique aqui

Eficácia de direitos trabalhistas: a moralidade seletiva em xeque


O Brasil vive uma onda de moralidade. Isso, obviamente, não é ruim. O ruim é se o argumento da moralidade for seletivo, servindo unicamente ao propósito de atender a alguns interesses, nos quais não se incluam os anseios da classe trabalhadora.
Para ler o texto completo de Jorge Luiz Souto Maior clique aqui

A importância dos saberes docentes para o ensino aprendizagem


O presente artigo discute a importância do conhecimento docente no processo de ensino-aprendizagem na sala de aula. Partiu-se de um estudo teórico sobre as concepções mais usuais que influenciaram as tendências didático-pedagógicas, considerando-se as exigências que as transformações político-econômicas da sociedade moderna exercem na vida das pessoas. As mudanças de valores, de hábitos e atitudes, exigem uma reorganização das instituições sociais, dentre as quais, a escola. Levou-se em consideração questões sobre a formação e postura do professor frente às mudanças científico-tecnológicas atuais. Enfatizou-se a teoria sócio-interacionista de Vygotsky, bem como uma breve investigação sobre a didática, responsável para a consecução de uma práxis adequada ao novo contexto.  Nos dias atuais, existe a necessidade da construção de propostas que integrem as diversas áreas do conhecimento, como forma de interdisciplinaridade, sendo que ao professor cabe a responsabilidade pelo diálogo e articulação dos conhecimentos com o intuito de favorecer a formação do aluno. Por isso, ao pensar em saberes docentes, deve-se levar em conta o contexto no qual se constroem e se aplicam estes saberes, ou seja, as condições históricas e sociais nas quais se exerce os saberes e práticas pedagógicas. 
Para ler o texto completo de Magali Aparecida Mendes de Queiroz clique aqui

Chegou a hora dessa gente branca mostrar o seu valor - Por Atila Roque

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A crise política que atinge a democracia brasileira com a força de uma tsunami exige de cada um e cada uma de nós um enorme esforço para não cair prisioneiro dos acontecimentos diários. É fundamental não perder de vista as correntes profundas e densas que há séculos atolam o Brasil na areia movediça das desigualdades e injustiças. O Brasil não é para principiantes. Somos mestres em mudar tudo para que tudo permaneça onde sempre esteve.
Para ler o texto de Atila Roque clique aqui

Os principais argumentos contra o aborto: ponderações científicas


Só na semana passada, o aborto causou controvérsias nos EUA, Reino Unido e Chile. A ciência médica é muitas vezes reivindicada em ambos os lados do debate, mas o que há de evidências em algumas das principais reivindicações em torno do aborto?
Para ler o texto de David Robert Grimes clique aqui

domingo, 13 de março de 2016

Apesar de criticar capitalismo, papa Francisco segue pregando discurso mais tradicional da Igreja, diz sociólogo


“Quando me perguntam: Francisco é tradicional ou progressista? respondo: ele é católico. Ao mesmo tempo em que é um crítico furioso da globalização excludente, do capitalismo, dos empresários, continua pregando o catecismo, a doutrina, o discurso mais tradicional da Igreja Católica”. É o que afirma o autor do livro “El mito de la Argentina laica” ("O mito da Argentina laica", sem edição no Brasil), o sociólogo argentino Fortunato Mallimaci.
Para ler a entrevista de Fortunato Mallimaci clique aqui

A culpa que atormenta


A questão da semana é o caso da internauta que descobriu que o marido sempre a traiu. Sofreu muito, mas depois acabou se envolvendo com um antigo namorado. Ela diz que o problema é culpa imensa que sente.
Apesar dos conflitos, medos e culpas, da expectativa dos parentes e amigos, dos costumes sociais, e dos ensinamentos estimularem que se invista toda a energia sexual em uma única pessoa — marido ou esposa —, homens e mulheres são profundamente adúlteros.
Para ler o texto completo de Regina Navarro Lins clique aqui 

Capitalismo em crise e o declínio do trabalho

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“Quando os postos de trabalho na indústria eram eliminados, podiam ser substituídos por postos de “colarinho branco”. Mas hoje, se estes desaparecerem, onde serão criados os novos empregos?”

Wallerstein analisa: revolução robótica, capturada pela ideologia do “mercado”, ameaça destruir empregos em massa. Até FMI alarma-se. Mas sistema já parece incapaz de se corrigir.
Para ler o texto de Immanuel Wallerstein clique aqui

Bauman examina crise da internet e da política

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Redes sociais criaram redomas de pensamento único. Democracia é devastada por poderes globais. Há saídas, mas vivemos a “hora mórbida”.
Para ler a entrevista de Zigmunt Bauman clique aqui

O papel da Globo na perseguição a Lula

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Noticiário deu amplo destaque às hipóteses policiais, tentou minimizar fala de Lula, valorizou “mercado” e omitiu violação de direitos. Emissora continua recebendo verba farta do governo Dilma.
Para ler o texto de Bia Barbosa clique aqui

Belo Monte: Antes de denúncias de corrupção, um crime contra a humanidade


Muito antes das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte começarem, movimentos sociais, organizações da sociedade civil e entidades que congregam povos indígenas vieram a público alertar sobre a tragédia que seria essa construção. E, por anos, mantiveram-se protestando, dentro e fora do Brasil, nas ruas, no Congresso, na Justiça, contando apenas com a ajuda do Ministério Público Federal do Pará e de alguns parlamentares que resistiam e defendiam os direitos humanos.
Para ler o texto completo de Leonardo Sakamoto clique aqui

E agora, quem poderá nos defender?


Um dos traços da falência da atual república é a falta de um vértice político e social apto a construir alternativas que elevem a condição do povo brasileiro. Não existem paladinos da moralidade de plantão e a própria Operação Lava Jato é uma expressão disso, pois entre delações e revelações não ficou de fora PT, PMDB, nem muito menos PSDB.
Para ler o texto completo de Sammer Siman clique aqui

sábado, 12 de março de 2016

"Oceano" - Maria Teresa Horta


Oceano

Nado o oceano do teu corpo
quando as águas se fecham
e se alargam

e devagar
no suor
te bebo a mágoa

pois já não sei se nado
ou se te sei
de borco
se me afasto de ti
ou se nadando invoco dos teus lábios
os beijos que me alagam

Maria Teresa Horta

Donald Trump e o fascismo à americana

Um fascismo americano não terá suásticas, mas listras e estrelas (ou estrelas e barras de ferro…), além de cruzes cristãs.

Por que candidato republicano atrai brancos ressentidos, que desejam liberdade de odiar. Como Hannah Arendt e Walter Benjamin enxergaram fenômeno semelhante, na Europa.
Para ler o texto de Chris Hedges clique aqui

Sobre a Diáspora africana - Entrevista a Elikia M'Bokolo

Elikia M'Bokolo

Elikia M’Bokolo é historiador e Directeur d’Études na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Membro do Comité de redacção dos Cahiers d’études africaines e Produtor na Radio France Internationale de Mémoire d’un Continent, emissão semanal de História de África.
O seu principal tema de investigação é a História moderna e contemporânea de África. O enfoque é colocado na evolução e nas transformações políticas, em relação estreita com os processos intelectuais, culturais e sociais. Mais do que as peripécias do tempo presente e a sua interpretação, interessa-lhe compreender o conjunto dos fenómenos de longa duração – permanências e recorrências, rupturas e inovações, captações e reapropriações – na sua interação com as dinâmicas contemporâneas. 
Para ler a entrevista de Elikia M'Bokolo clique aqui

O debate político se transformou numa polêmica religiosa

discurso do ódio

As ideologias são fenômenos religiosos. Mais precisamente, são fenômenos religiosos que fazem parte de uma categoria mais ampla: a idolatria. A ideologia é um tipo especifico de idolatria. Essa percepção foi desenvolvida, principalmente, por dois cientistas políticos cristãos: Bob Goudzwaard (Idols of Our Time) e David Koyzis (Visões e Ilusões Políticas). A tese é muito valiosa para compreendermos a atual situação da política brasileira – bem como o que acontece nas redes sociais.
Para ler o texto completo de Bruno Ribeiro Nascimento clique aqui

O homem que derrubou as terapias alternativas com a ciência


Edzar Ernst passou duas décadas estudando pseudomedicinas, como a homeopatia, até que o príncipe Charles o afastou de seu cargo.

Para ler o texto de Javier Sallas clique aqui

Também em Natal, Ignorância é Força

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Crônica da sessão em que a Câmara de Vereadores deu razão a George Orwell, ao vetar a formação dos professores em temas de gênero, atribuindo a Karl Marx perigosas teorias, com as quais ele jamais sonhou.
Para ler o texto de Berenice Bento clique aqui

Os desafios da esquerda e a "primavera secundarista"


Num artigo publicado em agosto de 2015 no Le Monde Diplomatique Brasil, intitulado “Uma frente para disputar as ruas”, Guilherme Boulos assinalou que com o avanço das pautas conservadoras (ampliação das terceirizações, contrarreforma política, redução da maioridade penal, entre outras medidas) somado à crise do governo petista, “unir forças tornou-se uma questão de sobrevivência para a esquerda brasileira”. Na entrevista a seguir, Boulos reiterou a necessidade da formação de uma frente que seja capaz de mobilizar as forças populares, “fazendo das ruas palco principal de um projeto político de esquerda”. O entrevistado também destacou a importância do movimento secundarista na conjuntura política atual, sem deixar de situá-lo num contexto mais amplo de ascensão das lutas populares no país.
Para ler a entrevista de Guilherme Boulos clique aqui

sexta-feira, 11 de março de 2016

12 livros feministas que você precisa conhecer

livros feministas boitempo

As reflexões produzidas pelo feminismo – numa economia expressiva, já que se trata na realidade de feminismos, no plural – colocam questões fundamentais para a análise da opressão às mulheres nas sociedades contemporâneas. Mas não é só da posição relativa das mulheres que trata a crítica feminista.
O conjunto cada vez mais volumoso dos estudos feministas expõe os limites das democracias quando estas convivem com a exploração e a marginalização de amplos contingentes da população.
Para ler o texto completo de Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel clique aqui

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