Compre um juiz por R$ 750: CNJ já condenou 11 magistrados por venda de decisões
Em São Francisco do Conde, na região
metropolitana de Salvador, uma decisão judicial para livrar um político de uma
acusação de corrupção saiu por R$ 400 mil. Em Xinguara, no Pará, um habeas
corpus para um acusado de assassinato, por R$ 70 mil. Na pequena Ceará-Mirim,
no interior do Rio Grande do Norte, o valor foi mais humilde: R$ 750 cada
liminar.
Esses
são apenas alguns exemplos do lucrativo mercado de venda de sentenças
envolvendo juízes e desembargadores – alguns até corregedores – que encontrei
em dezenas de processos investigados pelo Conselho Nacional de Justiça. Há
casos em nove tribunais estaduais e três tribunais federais.
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O presidente mente
Marcelo Leite*
Bolsonaro desconhece a busca pela verdade
pois permanece escravo da ignorância, da soberba e de uma ideologia sinistra
·
29.set.2019
O
presidente Jair Bolsonaro (PSL) gosta de recorrer às palavras de Jesus no
Evangelho de São João (8, 32): “E conhecereis a verdade, e a verdade vos
libertará”. Repetiu-as
ao abrir os debates da Assembleia Geral da ONU na terça-feira (24),
quando em realidade mentiu a torto e a direito.
Bolsonaro nunca cita o início do trecho citado, no versículo 31: “Se
permanecerdes na minha palavra, sereis, em verdade, meus discípulos”.
O presidente parece confundir a libertação, que na Bíblia decorre de acatar a
palavra divina, com o que ele (e não Ele) arbitrariamente dá por verdadeiro.
Para o fiel cristão, a verdade de Jesus é. A de Bolsonaro, para a sociedade
civil, discute-se.
O capitão exige lealdade absoluta —da
família, dos ministros, dos generais, dos puxa-sacos, dos eleitores, dos empresários.
Quem não rezar pelo seu credo que caia fora. Ame-o ou deixe-o.
Há
falsidades em muito do que ele profere como verdades absolutas, falsidades
tomadas por verdadeiras por um oitavo da população brasileira que devota fé
cega em sua palavra. Bolsonaro recita seus dogmas para correligionários, não
cidadãos.
Nem o fato de discursar perante chefes de Estado teve o condão de inibir suas
contrafações. O trabalho de verificar ou desmentir as batatadas presidenciais
já foi realizado, com mais prontidão e acúmen, pelas agências Lupa e Aos Fatos;
aqui se reproduzirão só as mentiras deslavadas.
O presidente mentiu na ONU quando afirmou que os cubanos do programa Mais
Médicos teriam sido impedidos de trazer cônjuges e filhos ao Brasil. E, também,
ao dizer que eles não tinham formação qualificada para exercer a medicina.
O presidente mentiu na ONU quando disse que seu governo tem compromisso com a
preservação do meio ambiente. Sob seu jugo, o bilionário Fundo Amazônia foi
esnobado; as verbas para pesquisa climática, reduzidas a 5%; o Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), vilipendiado; seus dados de satélite
sobre desmatamento, desqualificados como falsos.
O Ibama e o ICMBio foram manietados; as multas por infrações ambientais,
rebaixadas ao menor montante em 11 anos; as queimadas, denegadas (mesmo após
enviar tropas para apagá-las).
O presidente mentiu na ONU quando declarou que a Amazônia permanece
praticamente intocada. Não faltam estudos, imagens, dados e registros oficiais
mostrando que quase um quinto do bioma já virou fumaça.
O presidente mentiu na ONU quando se jactou de ser o Brasil um dos países que
mais protegem o ambiente. Ranking das universidades Columbia e Yale com o Fórum
Econômico Mundial, fundado em 24 indicadores, o relega à 69ª colocação entre
180 nações. Para o Banco Mundial, está em 32º lugar em preservação de
florestas.
O presidente mentiu na ONU quando acusou a terra indígena Yanomami de abrigar
15 mil pessoas em área maior que Portugal. São mais de 25 mil.
Isso não é nem pouco nem muito, mas o que manda o art. 231 da Constituição:
“São reconhecidos aos índios [...] os direitos originários sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer
respeitar todos os seus bens”.
O presidente mentiu na ONU quando declarou que se usam aqui só 8% das terras
para produzir alimentos. As pastagens onde ruminam vacas e bois cobrem outros
21% do território nacional.
O presidente mentiu na ONU quando encheu a boca para recitar João, 8, 32. Ele
desconhece a busca pela verdade, pois despreza as evidências, e permanece
escravo da ignorância, da soberba e de uma ideologia sinistra.
*Marcelo Leite
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